Seguiram o caminho do meio, até que de repente, estava escuro. Não tinham notado, mas entardecera muito rápido e agora se viam no meio do nada, sem ter onde se abrigar durante a noite.
- Devíamos ter parado antes! - disse Chris, claramente preocupado.
- Temos Lua Cheia. Podemos andar mais até encontrar alguma coisa. Será que tem uma... pousada, taberna ou algo assim?
- Sei lá... Talvez.
- Então vamos continuar até achar!
Chris não estava muito certo disso, mas também não queria ficar parado num caminho absolutamente deserto. Dulce sentiu que ele segurava sua mão. Ficou feliz, embora soubesse que ele só fizera isso para não perdê-la de vista.
Mais a frente, viram luzes cercando o caminho.
- O que é aquilo? - perguntou Dulce.
- Não sei, mas vamos com cautela.
As luzes não se moviam, mas tremulavam, e perceberam ser tochas acesas para iluminar o caminho. Entre cada uma delas, havia uma fada verde sentada observando-os passar. Não disseram nada, apenas os fitaram longamente. Eram 26 fadas, 13 de cada lado, e quando terminaram de passar, elas simplesmente desapareceram.
- O que foi isso?
Chris pareceu confuso.
- Não tenho certeza... Acho que eram um tipo estranho de fadas...
- Olhe!
Eles não tinham notado, mas tinham chegado na estrada que Angelique disse para ter cuidado. Era larga e tinha árvores imensas ao longo dela, assim como grande formações de pedras e muito matagal. Uma fina neblina baixou e eles sentiram o coração gelar.
- Essa é a estrada assombrada... - disse Dulce.
- O problema é... Assombrada pelo quê?
Um som assustador os fez tremer, seguido de um estranho tilintar.
- O que foi isso? O que foi isso? - Dulce estava pronta para correr na direção oposta, mas não conseguia discernir de onde vinha o som.
Não sabiam para onde correr. O som ecoava e não tinham noção de que direção ele vinha.
Era um barulho como um grande martelo no chão que fazia as pedras tremeram.
- Estou com medo, Chris!
- Eu também!
Se deram as mãos e ele a puxou para a lateral da estrada. O lugar era mais escuro ainda, e ele não quis se afastar muito, pois sabia que podiam cair num precipício ou num pântano e nunca mais serem vistos. Ficaram atrás de uma grande pedra, ouvindo o som se aproximar.
A cadência começou a revelar o que era aquele barulho e não era uma boa revelação. Aqueles sons que faziam o chão tremer, que pareciam trovões, eram passos!
Os sons pararam. Sentiam, no entanto, que havia algo muito próximo deles, algo esperando que cometessem um único erro. O silêncio se estendeu como a neblina que cobria todo o chão a perder de vista. Chris se esticou um pouco para tentar ver o que era e voltou a se encostar na pedra como se tivesse visto Godzila.
- O que foi? - sussurrou Dulce.
- É Jack!
- Que Jack?
- Jack, o Acorrentado!
- Amigo seu?
- Ele não é amigo de ninguém...
O gigante voltou a se movimentar e passou para uma posição em que Dulce também pode ver. Era tão assustador que Chris teve que tapar sua boca para que ela não gritasse.
O gigante merecia este nome, pois media cerca de cinco metros. Seus braços encostavam nos joelhos e ele carregava uma clava repleta de pregos. Havia correntes por todo o seu corpo, o que fazia o barulho de tilintar a cada vez que ele andava. Seus olhos eram maus e sua boca era enorme.
Mas nada dava o requinte de terror como as 16 cabeças que ele trazia penduradas em sua cintura.
Chris foi puxando Dulce para que contornassem sutilmente a pedra, saindo da visão do gigante que parecia saber que havia alguém ali. Quando conseguiram sair do seu campo de visão, tentaram pensar no que fazer.
- Precisamos sair daqui - sussurrou Chris - Se ficarmos, ele vai nos descobrir.
- Mas se corrermos, ele vai nos pegar! - retrucou ela.
- Não temos escolha! Ele está vindo pra cá.