Fanfics Brasil - Capítulo 20 - O raio de Sol Lua das Fadas

Fanfic: Lua das Fadas | Tema: Vondy-Adaptada


Capítulo: Capítulo 20 - O raio de Sol

525 visualizações Denunciar


 


 


Quantas vezes seguimos nossa intuição? Não estou falando de um


palpite na loteria, mas num sentido mais geral. São pequenas coisas que se


tornam grandes. Não pegar aquele caminho, não aceitar aquele convite, ir


naquela festa, comprar aquele livro... São pequenos gestos que podem


mudar completamente o curso de nossa história. A intuição é algo


fantástico e pode fazer grande diferença. Felizmente, todos a temos.


Infelizmente, nem todos a usamos.


 


Dulce  sempre foi muito intuitiva. Parecia farejar quando aquela


festa seria uma tremenda furada ou quando aquele passeio seria


maravilhoso. Sim, Dulce  sempre soube usar sua intuição.


 


E essa foi sua sorte. Quando saltou, só tinha dois caminhos a seguir.


Para cima ou para baixo. Para cima, tinha as estrelas, a Lua, a liberdade e,


um pouco a frente, a taça que precisava pegar. Para baixo, tinha seres


medonhos com bocas repletas de dentes afiados ávidos por devorá-la viva.


 


Pois, por mais que a lógica lhe dissesse que o salto a levaria para baixo e,


consequentemente, para a morte, sua intuição lhe disse ao contrário. E,


como muitas vezes antes, ela acertou.


 


Abriu os olhos com o coração aos saltos, esperando a queda


iminente. Mas nada aconteceu. Ouviu sons horríveis de madeira se partindo


e olhou para baixo. As criaturas marinhas estraçalhavam o barco com


pancadas das caudas espinhosas. Perceber-se voando foi mais do que


surreal. Foi físico. Ela se desequilibrou ao ver que nada a sustentava, mas


não caiu.


 


 Então, procurou se acalmar e recuperar o controle. Olhou para a


taça, brilhando prateada a poucos metros dela. Com um impulso mental,


voou até lá. Voar era maravilhoso, como imaginara. Parou diante da taça e


ficou imaginando se podia simplesmente pegá-la. As criaturas lá embaixo


ainda rodeavam, esperando uma chance para dar o bote.


 


Esticou a mão delicada e pegou a taça com cuidado. Se ela caísse na


água, era o fim. Não houve resistência e seu brilho prateado, como se ela


emitisse luz própria, continuava, iluminando o rosto surpreso da garota.


 


Um som de água alertou Dulce  para um rápido salto de uma das criaturas


que por pouco não a alcançou. A menina então subiu um pouco mais e


olhou em volta. Havia duas possibilidades. Voltar para a praia de onde viera


ou seguir adiante, onde só via uma ilha sob a luz da lua.


 


– “Passo a frente não se volta atrás” – disse para si mesma.


 


Então, seguiu seu nariz o mais rápido que pôde na direção da


mancha escura que estava alguns quilômetros a frente. Sentiu o vento no


rosto e a liberdade de voar junto das estrelas e, apesar da adrenalina ainda


fazendo seu trabalho, do susto enorme que levara e das pernas arderem


nos arranhões que lhe tiraram sangue, ainda sorria. 


 


Como Chris podia dizer que abriria mão disso só pra ser um simples humano? O que humanos fazem de tão especial afinal? 


Certamente, nada que se comparasse a voar.


 


Olhou para baixo e viu as criaturas ainda a acompanhando, saltando


eventualmente, tentando a sorte. Ela estava alto demais para que a


alcançassem, mas Dulce  começou a perceber que estava perdendo


altitude. O efeito estava terminando.


 


Olhou para a ilha e ela já estava bem mais perto, mas ainda longe.


Aumentou a velocidade, tentando usar o poder da mente para poder parar


de descer, mas a cada minuto, voava mais baixo. As criaturas continuavam


saltando, cada vez mais ávidas, esticando os braços compridos e ossudos na


sua direção. Dulce  agarrou os dois vidros restantes, pensando que talvez


tivesse que usar um deles. Um deles falava da velocidade do vento, isso


poderia ajudar. 


 


Ou o que a deixaria invisível. Porém, eram apenas três


vidros para três ingredientes. Não podia usar dois numa única tarefa. Uma


criatura conseguiu arranhar sua barriga, rasgando sua blusa e fazendo-a


gritar. Por outro lado, se morresse ali, aqueles vidrinhos não teriam muito


uso mesmo.


 


Avistou as areias brancas e, mais do que isso, avistou uma porta


dourada. Não tinha paredes em volta dela. Era, literalmente, uma porta


sozinha no meio do nada.


 


– Vou conseguir! – disse pra si mesma, com convicção.


 


Ignorou os sons de água e os saltos das criaturas e focou na porta.


 


Conseguiria. Quando já estava baixo demais, começou a ziguezaguear,


confundindo os monstros d’água. Até que finalmente o efeito acabou e ela


caiu de cara na areia macia.


 


Deu algumas cambalhotas até parar totalmente, pousando menos


graciosamente que um albatroz. Mas assim que parou de rolar, agarrou a


areia com as mãos, feliz em ter conseguido a tão poucos metros da água. As


ondas baixas estouravam em espuma branca a apenas alguns passos dela.


 


– Acho que vocês vão ter que comer peixe hoje no jantar! – gritou


ela, dando uma banana para a água e as criaturas que a perseguiram.


 


Levantou-se e sacudiu a areia das pernas, que ardiam. Viu o estrago.


É. Estava feio. Melhor não pensar nisso agora. Foi quando ouviu um som


esquisito, como se alguma coisa rastejasse. Levantou a cabeça e viu


horrorizada cinco daquelas criaturas monstruosas saindo da água e se


arrastando em grande velocidade em sua direção.


 


Dulce  virou-se e saiu correndo imediatamente, apavorada com a


visão. Correu o quanto pôde, as pernas começando a falhar, a areia


puxando-a pra baixo, ao mesmo tempo em que facilitava para os seres


rastejantes. Sentiu algo roçar suas pernas e correu ainda mais com a taça


na mão e lágrimas nos olhos, achando que talvez não fosse conseguir.


 


E então sua mão tocou a maçaneta e ela entrou sabe-se lá pra onde


sem olhar pra trás. Do outro lado, fechou a porta e encostou-se nela,


sentindo os seres trombarem contra ela em fúria incontida.


 


Até que, finalmente, só ouve silêncio.


 


Dulce  deixou-se escorregar, ainda encostada na porta, tomando


fôlego. Limpou a testa que suava e uma ou duas lágrimas de desespero.


Somente então, olhou com atenção o lugar onde estava.


 


A primeira coisa que lhe chamou a atenção é que era dia. Acabara de


sair de uma noite de Lua alta e agora estava num lugar onde o Sol regia


soberano no alto do céu. Levantou-se, sentindo-se ainda trêmula. Respirou


fundo duas vezes e se recompôs. Pegou um lenço do bolso, um que tinha


suas iniciais bordadas, e amarrou a taça dentro dela, fazendo uma espécie


de bolsa improvisada.


 


 Deu nós seguros, para se certificar de que a taça não


cairia em hipótese alguma. Então, amarrou firmemente no cinto de seu


short. Depois do que acabara de viver, tinha que contar que precisaria de


toda a sua atenção, de todas as suas pernas e de todas as suas mãos. Então,


depois de mais um suspiro para tomar coragem, passou as mãos nos


cabelos fartos e escuros e seguiu em frente.


 


Estava desconfiada de tudo. Qualquer folhinha que encostasse em


sua pele já a sobressaltava. Passou por um trecho de mata densa, até


perceber um brilho dourado por trás de alguns arbustos. Ao passar por


eles, deparou-se com uma enorme pirâmide dourada. O Sol parecia brilhar


bem em cima dela, onde algo refletia sua luz como um diamante.


 


– Espero que não seja aquilo lá! – disse Dulce , olhando para cima.


 


Não demorou muito para perceber que a pirâmide tinha uma porta.


Com muito cuidado, entrou. Dentro, ela era muito maior por dentro do que


por fora, seguindo um clichê de mundos fantásticos que não chegou a


surpreender Dulce . No centro da pirâmide, havia uma enorme escultura


de um sol de ouro.


 


 Algumas torres cercavam o lugar e desenhos egípcios


habitavam as paredes. Dulce  caminhou lentamente, sem fazer barulho,


esperando não disparar nenhuma armadilha mortal, porque ela não era


Indiana Jones e temia não conseguir correr mais do que uma pedra gigante


rolante. Rodeou o lugar, sem, no entanto, disparar qualquer tipo de alarme


ou coisa do tipo.


 


 Então, entrou no círculo iluminado pelo Sol através do


grande cristal acima da pirâmide. Naquele instante, enormes leões


dourados com asas gigantescas saltaram diante dela. Dulce  virou-se e


contou seis. Eles emitiram um rugido ameaçador e mostraram suas


enormes presas. Cada um devia medir cerca de três metros e seus corpos


eram opulentos e musculosos.


 


Lembrou-se dos grifos, mas algo lhe dizia que não adiantaria muito


 


cantar para aqueles animais. Então, lentamente pegou um dos vidrinhos,


olhando rapidamente para ver se era o certo. Os animais a rodeavam,


rosnando e se aproximando, preparando o salto mortal. Dulce  tirou a


tampa sem problemas e uma fumaça verde fosforescente subiu pelas suas


narinas, ao mesmo tempo em que o vidro evaporou e desapareceu em sua


mão.


 


Uma das feras saltou sobre Dulce , mas não havia mais nada lá.


Confusos, os animais começaram a procurar e farejar o ar. Três deles


levantaram voo, procurando por trás das torres ou qualquer recanto onde


o brilho do sol não fosse tão intenso.


 


Enquanto isso, Dulce , que tinha saltado segundos antes da fera


atingi-la, se arrastava rapidamente tentando evitar as criaturas. Correu até


a grande escultura de sol dourado esperando encontrar ali o que


procurava. No entanto, uma das feras a ouviu e outra a farejou. Ambas


correram em sua direção, no trotar típico dos leões, balançando suas asas.


 


Dulce  estava invisível, mas ainda era feita de carne e osso. Se a pegassem,


seria destroçada. Pegou um dos raios da escultura e se surpreendeu ao ver


que eram adagas douradas encaixadas. De posse da adaga, que agora a


tornara um alvo, já que a adaga era um objeto dourado que flutuava


sozinho,


 


 Dulce  correu para trás do enorme sol, fora da vista das feras.


Havia uma mesa semelhante a um altar, coberta com um tecido dourado.


Dulce  enfiou-se ali embaixo, enquanto as feras a procuravam.


Procurou a próxima porta. Só precisava ser rápida e encontrar uma


brecha. Viu um brilho surgir num dos lados da pirâmide. Era uma porta de


cristal, parecida com um espelho. 


 


Dulce  quase chorou ao ver que a porta


ficava do outro lado de onde estava e que teria que passar pelas feras para


chegar até ela.


 


Pensou por um segundo. Precisava mudar o foco da atenção deles


para correr na direção oposta. Ainda invisível, saiu de debaixo da mesa e


viu uma urna na lateral. Deitou-a rapidamente e deu-lhe um empurrão,


fazendo-a rolar na direção de uma das feras. Sem esperar o resultado,


correu e pegou o tecido que cobria a mesa e o jogou em cima da segunda


fera, deixando-a momentaneamente cega. 


 


A primeira fera alçou voo para


evitar a urna que rolou e se partiu do outro lado. A segunda se enrolou e


tentando se livrar do pano, sacudiu-se e quebrou mais dois vasos. Todas as


outras feras voaram para aquele canto que ficava atrás da enorme


escultura do sol, enquanto Dulce  correu na direção oposta.


 


A primeira fera, no entanto, a que tinha levantado voo para se livrar


da urna, ainda observava e viu uma adaga dourada correndo sozinha. Deu


um rasante, esperando pegar alguma coisa com suas garras afiadas. Ouviuse


um grito e um tombo, mas a fera não tinha nada consigo. Sentira que


roçara algo, mas não calculara bem o bastante para pegar sua presa, erro


que não se repetiria.


 


 Deu uma volta para pegar impulso e tentou de novo.


Só precisava mirar a adaga dourada que agora jazia no chão.


Dulce  tinha caído, sentindo as costas em fogo. Levantou-se com


dificuldade, só para se atirar de novo no chão ao ver o leão alado num novo


rasante.


 


 Dessa vez, no entanto, ele não a acertou. Tentou pegar algo no chão


que não estava lá, fazendo com que ele apenas pegasse o nada. Frustrado,


voara novamente com um urro voraz. Dulce  rapidamente entendeu que a


adaga dourada era o que a denunciava. Então, correu e chutou-a para


frente. 


 


Como esperara, o leão tentara mais uma vez pegar alguma coisa que


não estava lá. Dulce  repetiu o plano. Correu mais um pouco e chutou-a o


mais longe que pôde, até que ela fosse parar perto da porta de espelho. O


leão dessa vez demorou, parado no ar, tentando ver algo além da adaga. Viu


a porta espelhada se abrir sozinha. 


 


Investiu num mergulho para abocanhar


mortalmente sua presa. A adaga voou em poucos segundos do chão para o


outro lado da porta, que imediatamente se fechou, fazendo o leão bater


com tudo na parede que surgiu em seu lugar.


 


A rainha e seu conselheiro observavam Chris, que parecia a ponto de


pular dentro da bola cristalina para interferir. Percebendo que ela tinha


conseguido escapar das feras aladas, o anjo agitou nervosamente suas asas,


sem tirar os olhos dos próximos passos de sua protegida.


 


– Ela é boa, anjo... – disse a rainha. – O último que tentou não chegou


a tocar aquela taça...


 


O anjo a olhou de lado, sem querer parecer desrespeitoso, mas


visivelmente nervoso em estar de mãos atadas.


 


– Poderia ter me deixado ir com ela – pediu o anjo.


 


– Poderia, mas não seria justo – respondeu a rainha em seu trono. –


 


Veja bem, o elixir é para ela, então é ela quem deve conseguir.


Chris já imaginava a resposta, mas achou que não custava nada tentar.


 


Voltou a olhar para a bola. Faltava pouco agora.


 


– Não deveria estar tão nervoso, anjo – disse o conselheiro, cuja voz


ecoava grave pelo aposento. – Se ela falhar, você estará livre da missão a


que está preso. E ela estará livre desse corpo mortal e cheio de limitações.


 


– Ela não vai falhar! – respondeu o anjo.


 


Ele voltou a olhar Dulce , caindo do outro lado daquela porta. O


Conselheiro e Belinda trocaram um olhar de cumplicidade. Então, todos


voltaram a acompanhar o jogo.


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): vondynatica

Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

      Assim que bateu a porta, Dulce  se tornou novamente visível.   Segurou a porta com as costas, tentando impedir que a fera atravessasse e uma pancada atrás dela a jogou para frente, onde ela caiu de joelhos. Imaginou que o enorme e persistente leão dourado que a perseguia tivesse batido com tudo na porta quando ela a ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:00:54

    Livro 2 - Continuação- https://fanfics.com.br/fanfic/55332/o-trono-sem-rei-vondy-adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 04:55:32

    Livro 2 - Continuação https://fanfics.com.br/fanfic/55332/o-trono-sem-rei-vondy-adaptada Livro 3 - Continuação https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-vondy-adaptada

  • candy1896 Postado em 03/12/2016 - 21:58:10

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 13/11/2016 - 21:12:15

    Continua

  • mky Postado em 20/07/2016 - 15:58:32

    Continua

  • tay_Vondy Postado em 16/07/2016 - 18:13:00

    Continua

  • pacheco_vondy Postado em 15/07/2016 - 16:09:45

    Pena que não rolou beijo!!!

  • pacheco_vondy Postado em 15/07/2016 - 15:13:56

    Fudeu!! Se correr o Jack pega e Se ficar o Jack come!!

  • pacheco_vondy Postado em 07/07/2016 - 21:00:45

    Continuaaa!!!

  • pacheco_vondy Postado em 05/07/2016 - 21:47:10

    Bom, pelo visto eu ganhei esse capítulo completo, como um presente por ser leitora nova!!!mesmo q não intencionalmente!!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais