Fanfics Brasil - Capítulo 22 - Escura Noite Lua das Fadas

Fanfic: Lua das Fadas | Tema: Vondy-Adaptada


Capítulo: Capítulo 22 - Escura Noite

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Eles voaram e atravessaram as nuvens douradas do entardecer.


Dulce estava sorridente, e Chris não tinha a menor ideia de por quê. De


repente, ele gritou para ela que precisavam voltar e puxou o grifo,


comandando-o para a direção contrária. Dulce voltou com ele, juntando os


animais.


– O que você está fazendo?! – gritou ela.


– Precisamos voltar! – respondeu ele de cenho franzido e cabelos


contra o vento. – Você conquistou o elixir! Não é justo sair sem ele!


– Desça aqui! – disse ela, indicando o alto de uma colina verdejante.


Ele a acompanhou e eles pousaram na relva verde. Desceram dos


animais que brilhavam com o Sol da tarde. Chris estava zangado. Já tinha


recolhido as asas e andava nervosamente como se não soubesse pra onde ir


e com a necessidade de quebrar alguma coisa ou bater em alguém. Estava


seguindo as regras que lhe foram impostas e, ainda assim, sentia-se


totalmente injustiçado.


– Acalme-se, Chris, ou você vai ter um treco!


– Como pode estar tão calma?! – perguntou ele, achando que Dulce


não tinha noção da situação. – Isso foi... injusto!


Ele olhou um pouco para o céu como se tirasse satisfação com


alguém muito acima dele.


– Eu sei que as coisas no Mundo Encantado tem seu próprio ritmo,


suas próprias leis, e que eu devia respeitar isso, mas mesmo fazendo tudo


certo, você foi perseguida, ferida e quase morreu tentando fazer o que


mandaram. Eu fui feito de refém, fui agredido e ameaçado, e tudo isso pra


quê?


Ele se voltou para Dulce, agitando os braços com os olhos cheios de


raiva.


– Pra nada! Pra, no final, você abrir mão da única coisa que pode


levar você de volta pra casa! Não podia ter aberto mão do elixir, Dulce!


– Ah! Desculpe, eu devia ter deixado que cortassem sua cabeça! –


respondeu ela, que esperava um pouco mais de gratidão e não uma bronca.


– Tá vazia mesmo, não ia fazer diferença!


– Você não entende! Sem aquilo, você não pode voltar! – ele respirou


fundo, deixando os ombros caírem. – Sem aquilo, você está presa aqui... Pra


sempre...


Dulce se comoveu porque ele realmente parecia frustrado.


– Eu jamais mandaria matar o soldado, Chris... – disse ela.


Ele se virou para ela, surpreso.


– E eu jamais deixaria que o ferissem... – continuou ela.


Então, ele pareceu entender. A frustração deu lugar a um brilho


diferente que ela não tinha visto antes nele.


– Obrigado – disse ele.


–Não tem de quê – ela respondeu.


E finalmente ele pareceu se conformar com a derrota.


– Nunca pensei que Belinda  pudesse ser tão...


– Belinda  é maravilhosa, a mulher mais linda que já vi e não vou


deixar que fale mal dela!


Ele a olhou confuso enquanto ela pegava algo dentro de sua mochila.


– Afinal, que tipo de rainha dá lembranças bonitinhas como essa


para seus visitantes? A garrafa de prata brilhou nas mãos dela e o queixo de


Chris caiu, enquanto seus olhos se arregalaram, primeiro de espanto e depois


de pânico.


– Você roubou? Você roubou isso? Não pode roubar a rainha!!! Ela


vai te destruir!


– Calma, Chris! Eu não roubei! Ela me deu!


Ele não pareceu acreditar. Inclinou ligeiramente o rosto com o


cenho franzido.


– Por que ela faria isso?


– Acho que ela não é tão má assim. Afinal, você tem razão. Eu


mereci!


Então ele abriu um imenso sorriso, daqueles que iluminam o rosto


inteiro e a agarrou pela cintura, erguendo-a e girando. Comemoraram a


vitória da qual tudo dependia e se abraçaram. Quando ele a colocou de


volta no chão, seus olhares se encontraram e não desviaram. Dulce tinha


agora certeza de que estava apaixonada, porque ao olhar para ele, sua visão


embaçou e seus ouvidos se tamparam, como se tudo ficasse muito, muito


distante.


Ele a segurou antes que ela caísse e ela voltou a ouvir sua voz,


embora tudo ainda parecesse meio escuro a sua volta. Ele a ajudou a se


sentar e lhe deu um pouco de suco. Imediatamente, a visão clareou.


– O que foi isso? – perguntou ela, imaginando se era efeito da paixão


ou de algum dos estranhos habitantes daquele mundo.


– Fome – respondeu ele. – Você não comeu nada o dia inteiro. E


pode apostar que gastou toda a sua energia lutando contra os merrows e os


leões alados.


Ela o olhou se perguntando quando tinha contato sobre suas


aventuras para conseguir o elixir.


– Melhor comermos alguma coisa.


Sentaram diante do pôr do Sol, que dava seu adeus dourado no vale


distante, onde o ouro também cobria rios e lagos. Os grifos permaneciam


deitados graciosamente aguardando seus cavaleiros, dando um ar ainda


mais fantástico àquele momento. Dulce deu um sanduíche para Chris e ele


aceitou. De fato, ela já o vira comer de tudo naquele mundo, algo que


alimentava sua inveja, mas não o vira ainda comer de sua comida. Talvez


porque ela não tivesse oferecido. Ofereceu-lhe também o suco de pêssego,


que ele prontamente aceitou. “Vamos beber da mesma garrafa...”, pensou


ela. “Será que isso conta como um beijo?”


Ficou vermelha sozinha, pensando em como seria beijá-lo de


verdade. Não acreditou quando ouviu sua própria voz.


– Senti sua falta.


Ele a olhou longamente, como se tentasse entender alguma coisa.


Dulce ainda não acreditava que tinha dito aquilo.


– Queria estar ao seu lado lá – respondeu ele.


Dulce sorriu.


– Eu teria ajudado com os merrows, com certeza. Sabe o que são


merrows?


Dulce não sabia o que eram merrows, mas eles tinham quebrado


completamente o clima. Voltou a comer seu sanduíche, decepcionada.


Sentiu-se estúpida. Por que ele iria sentir algo por ela? Ele era um anjo. Um


anjo lindo de morrer. Ela? Ela era uma humana desengonçada que falava


mais do que a boca, que não tinha absolutamente nada de especial, que


estava numa missão em busca de sua única amiga porque era de fato uma


criaturinha patética e carente. Chris continuou explicando que merrows eram


o povo do mar no Mundo Encantado e que as sereias, as fêmeas,


frequentemente se apaixonavam por pescadores e marinheiros humanos,


enquanto os machos eram feios e hostis.


– Eu fiquei preocupado com você...


Dulce o encarou ao ouvir a última frase. E dessa vez, foi ele quem


desviou, um tanto tímido, o olhar, voltando a comer seu sanduíche.


Comeram dois sanduíches, cada um. Também comeram bolinhos e


frutas. Dulce levara uma maçã, um pêssego, uma laranja, algumas uvas,


nozes e passas. Não tinha muito de cada, mas felizmente, tudo se renovava


assim que saída da bolsa. Beberam água e admiraram o pôr do Sol,


enquanto Dulce contava animada sobre sua aventura, sem saber que Chris


acompanhara cada passo seu com o coração na mão.


– Como sabia que a música funcionaria com eles? – perguntou


Dulce, dando metade de seu sanduíche para um dos grifos, enquanto o


outro se aproximava para pegar seu pedaço também.


– Não sabia – respondeu Chris, sorrindo. – É que muitos seres aqui no


Mundo Encantado são suscetíveis à música. Naquele momento, era a única


coisa que poderíamos fazer.


Ele afagou os grifos, que se mostraram muito fãs de sanduíche de


queijo. Quando o dourado virou um tom mais escuro de violeta, voltaram às


suas montarias e alçaram voo. Em circunstâncias normais, Chris não teria


prosseguido de noite, quando as piores criaturas do reino vagam em busca


de vítimas desavisadas. Mas com os grifos, a história era diferente. Eram


animais muito bravos que lutavam praticamente até a morte. Poucas


criaturas se atreveriam a enfrentá-los.


Assim, voaram pelo céu até que as estrelas começassem a salpicá-lo


em sua negritude crescente. Voaram por horas e Chris estava pensando em


parar em algum lugar para que pudessem descansar um pouco, mas os


animais começaram a descer antes que ele dissesse qualquer coisa. Dulce


o olhou sem saber o que estava acontecendo.


– Já chegamos?


– Acho que não!


Os animais sabiam para onde deveriam ir. Eram inteligentes.


Também sabiam que podiam pegar um atalho. Voaram baixo por um


campo onde apenas duas árvores se entrelaçavam, formando um arco.


Passaram por baixo, e Dulce e Chris abaixaram a cabeça para não ficarem


para trás. Quando ergueram novamente a cabeça, o campo havia


desaparecido e se transformado em um bosque. Subiram e perceberam


estar num lugar totalmente diferente.


– Eles pegaram um atalho! – disse Chris, animado com a boa surpresa.


– Adorei esses bichos! Posso levar um comigo pra casa?


– Nem pense nisso...


Continuaram voando sobre as árvores, vendo pontos coloridos


brilhantes em círculos, fadas dançando em roda. Uma luminosidade mais


adiante, no entanto, não parecia tão graciosa.


– O que é aquilo?


Somente então perceberam que aquele bosque era o mesmo que


atravessaram ao sair da Vila das Fadas D’Água. Não precisaram de muito


raciocínio para perceber que a luminosidade que viam eram chamas na vila


que os acolhera. Quanto mais se aproximavam, mais viam que havia gente


em pânico, luta e seres monstruosos atacando.


– É a Corte Unseelil! – gritou Chris.


Comandaram os animais para um ataque pelo ar e desceram como


raios sobre os monstros que atacavam pessoas, fadas, anões e sátiros nas


ruas, erguendo-os e soltando-os no ar, vendo-os cair às gargalhadas. O grifo


de Chris agarrou um goblin que estava sobre uma mulher, estrangulando-a.


Com o bico afiado, o grifo rasgou o monstro e jogou sua carcaça sangrando


no chão. O grifo de Dulce se limitou a agarrar dois monstros de uma vez,


erguê-los e jogá-los contra uma casa em chamas. Chris viu que Maite e


outras mulheres tentavam defender seus lares com arcos e flechas,


enquanto Christian comandava os homens num confronto direto. Apesar de


Christian ter instalado um sistema de alerta na Vila assim que soubera que a


Corte andava por ali, isso não impedira um ataque maciço e cruel no meio


da noite.


A situação não era boa. Várias casas estavam em chamas, havia


muitos feridos e talvez alguns mortos, já que alguns seres no chão não se


mechiam. Ao que parecia, a Corte ainda estava escolhendo sua presa. Num


primeiro momento, tudo o que queriam era destruir. Chris pousou com seu


grifo bem na frente de Christian e seus homens no exato momento em que


iam ser atacados por uma horda de goblins com dentes afiados e asas de


morcego. Um guincho estridente do grifo foi o bastante para assustar as


criaturas que voaram estabanadas para longe.


– Uma espada! – pediu Chris.


Christian jogou-lhe sua própria espada, que tinha um cabo negro e


uma lâmina experiente. Imediatamente, Chris voltou a levantar voo e usar a


espada e o grifo para investir contra os monstros. Eram mais de cem e


todos voavam, todos tinham garras e dentes e isso lhes dava uma vantagem


assustadora sobre uma vila onde havia apenas famílias e crianças de


humanos e outros seres pouco dados a lutas em campo. Após um golpe de


espada, Chris viu o corpo e a cabeça de um goblin caírem dos céus, enquanto


seu grifo despedaçava outro com suas garras. Chris procurou por Dulce.


Tinha que mandá-la se esconder, ficar fora disso, pois aquilo era perigoso


demais para uma humana, a caça principal daquelas feras assassinas. No


entanto, o que viu foi Dulce usando o grifo para resgatar pessoas que


ainda tentavam escapar. Não podia mandá-la sair da batalha. Pra começar,


ela não o obedeceria. Pra terminar, não podia abrir mão dela na batalha


com o grifo. Sabia que ninguém, além deles, conseguiria montar aqueles


animais.Então, continuou atacando e se defendendo ao mesmo tempo em


que mantinha os olhos nela. Não demorou muito para que os seres mais


poderosos da Corte Unseelil percebessem os dois humanos e suas


montarias raras. Em poucos minutos, investiram contra eles. Felizmente,


Maite e as outras mulheres estava prontas com seus arcos e flechas. Uma


flecha incandescente acertou um goblin monstruoso que tentou arrancar


Chris de sua montaria e o monstro caiu em gritos e em chamas, batendo suas


asas de morcego.


Dulce se ocupava em tirar as pessoas do caminho e devolvê-las


para uma enorme casa onde todos estavam se abrigando. Para fazer este


trabalho, precisava voar baixo. Num desses voos, um goblin de mais de dois


metros trombou violentamente contra seu grifo, derrubando-a no chão.


Dulce rolou várias vezes no chão de terra, até conseguir parar. Levantouse


rapidamente, procurando por sua montaria, à qual já tinha se afeiçoado.


O grifo estava agora voando alto, atracado com um goblin que mordia seu


pescoço.


Ela olhou em volta, procurando Chris para pedir sua ajuda para o


grifo, mas acabou vendo uma cena terrível. Eileen estava no meio da rua,


paralisada, enquanto uma horda voava em sua direção.


– Eileen!!! – gritou ela, mas a menina não se mexia, os olhos vidrados


lembrando os horrores que passara nas garras daqueles seres hediondos.


Dulce correu desesperadamente na direção da menina. Neste


momento, Chris a viu e gritou seu nome. Dulce pegou Eileen e a jogou para


Maite, que estava a apenas alguns passos de distância, pois também tinha


corrido para salvar a menina. Dulce a jogou porque sabia que não teria


tempo para mais nada. No exato momento em que jogou a menina-fada,


sentiu garras a tirarem do chão e gargalhadas ecoarem como gritos em sua


cabeça. O chão se afastou e em sua tentativa de se livrar dos monstros, sua


mochila caiu. Gritou, tentando segurá-la, mas a visão que tinha dos seres


que a arrastavam a encheu do mais profundo pavor, fazendo-a gritar e se


debater. No chão, Maite colocara Eileen atrás de si e lançou várias flechas na


direção das criaturas que se afastavam enquanto Chris passava com seu grifo


por ela.


– Dulce!


A moça olhou e viu Chris lutando com as criaturas ao seu lado,


tentando libertá-la. Ela teve esperança, embora o pânico que a assolava


parecesse simplesmente maior que qualquer sentimento que pudesse ter


naquele momento. As garras a feriam e rasgavam suas roupas, puxavam


seus cabelos e as presas afiadas em bocarras escancaradas em risadas


insanas ou gritos de vitória eram o pior pesadelo que qualquer ser, deste


ou de outro mundo, poderia ter.


Chris lutou com ferocidade, como se luta por algo mais precioso que


sua própria vida, mas eles eram muitos e ele era um só. Além do mais,


aqueles seres podiam não estar habituados à resistência, mas isso não quer


dizer que não estivessem preparados para ela. Quando se juntavam, as


criaturas eram praticamente imbatíveis e essa era a verdadeira força e


terror da Corte Unseelil. Chris matou uma e feriu outras duas, e foi só o que


pôde fazer até o agarrarem e o tirarem de sua montaria. O grifo começou a


descer, perdendo altitude e equilíbrio com três goblins enfiando-lhe facas e


dentes. Chris gritou quando sentiu uma mordida em seu ombro. A espada


caiu, decretando o fim da luta e selando um infeliz destino. Dulce olhou


para ele, o rosto coberto de lágrimas. Viu os olhos dele, olhos que


lamentavam profundamente que tivesse falhado com ela, olhos que ele não


tirou dos olhos dela, até que fosse completamente envolvido pelas


 criaturas.


 


 



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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:00:54

    Livro 2 - Continuação- https://fanfics.com.br/fanfic/55332/o-trono-sem-rei-vondy-adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 04:55:32

    Livro 2 - Continuação https://fanfics.com.br/fanfic/55332/o-trono-sem-rei-vondy-adaptada Livro 3 - Continuação https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-vondy-adaptada

  • candy1896 Postado em 03/12/2016 - 21:58:10

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 13/11/2016 - 21:12:15

    Continua

  • mky Postado em 20/07/2016 - 15:58:32

    Continua

  • tay_Vondy Postado em 16/07/2016 - 18:13:00

    Continua

  • pacheco_vondy Postado em 15/07/2016 - 16:09:45

    Pena que não rolou beijo!!!

  • pacheco_vondy Postado em 15/07/2016 - 15:13:56

    Fudeu!! Se correr o Jack pega e Se ficar o Jack come!!

  • pacheco_vondy Postado em 07/07/2016 - 21:00:45

    Continuaaa!!!

  • pacheco_vondy Postado em 05/07/2016 - 21:47:10

    Bom, pelo visto eu ganhei esse capítulo completo, como um presente por ser leitora nova!!!mesmo q não intencionalmente!!!


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