Fanfics Brasil - Capítulo 25 - Mundo pequeno este... Lua das Fadas

Fanfic: Lua das Fadas | Tema: Vondy-Adaptada


Capítulo: Capítulo 25 - Mundo pequeno este...

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O voo que seria de vitória se tornou sombrio e preocupante. Dulce 

trazia Chris  em seus braços. Ele respirava, mas não tivera forças nem para

retrair as asas, que estavam muito feridas. Sachti era o nome do dragão que

os ajudara. 

 

Havia sido capturado há dez anos e, graças à corrente presa a

uma pedra mágica, não podia usar nenhum dos seus poderes, como voar ou

baforar fogo. Preso, era usado como diversão nas arenas. Já fazia tanto

tempo que estava no escuro que começara a se esquecer de quem era. O

pequeno vidro que Dulce  usava no pescoço o ajudou a lembrar.

Finalmente, Dulce  soubera o nome da criatura que encontrara

antes.

 

 Era o Urisk. Um ser bondoso, mas cuja aparência sempre assustava

fadas e homens. Urisk não era só generoso, mas portador de um dos

maiores mistérios da magia do Reino, um líquido mágico que até o

momento não encontrara comparação ou explicação. Sachti não podia dizer

o que o líquido fazia, pois variava de pessoa para pessoa, mas foi com a

ajuda do Urisk que Sachti encontrara seu filhote perdido.

 

No Mundo Encantado, portais para o Reino dos Dragões podem ser

encontrados. Filhotes não avisados às vezes passam e facilmente se

perdem. Com um pouco de azar, podiam ser capturados por magos, bruxas

ou feiticeiras, todos visitantes frequentes deste mundo. Com um pouco

mais de azar, podiam ser capturados pela Corte Unseelil.

 

Por algum tempo, houve apenas silêncio. Dulce  queria saber mais e

a conversa com Sachti era agradável. Mas estava preocupada com Chris .

 

– Acharemos uma cidade ou vila – disse o dragão, percebendo a

angústia da menina. – Lá poderemos encontrar ajuda para seu amigo.

 

O silêncio continuou e Sachti o interpretou mal.

 

– Eu sinto muito – disse a voz grave. – Eu fiz isso. Sinto muito.

 

– E você também nos tirou de lá – respondeu Dulce . – O Rei tinha

questões familiares e pessoais muito complicadas com Chris . Iria fazer um

estrago nele com ou sem sua ajuda. Além do mais, ele já estava ferido...

 

Dulce  olhava para o rapaz em seus braços, o rosto machucado, as

asas feridas, as roupas manchadas de vermelho. Acariciou seus cabelos e o

puxou para mais perto, sentindo as lágrimas subirem. Não podia perdê-lo.

 

Não podia viver num mundo sem ele, fosse este mundo ou outro qualquer.

 

– Como vocês se conheceram? – perguntou Sachti, interessado na

história na qual acabara de entrar.

 

Dulce  deixou seus pensamentos sombrios e tristes de lado. Eles não

a ajudariam em nada. Disse para si mesma que ele ficaria bem, que

encontrariam ajuda, que o pior já tinha passado. Então, contou para Sachti

um pouco de suas aventuras. E suas histórias embalaram o voo na noite

escura.

 

– Veja!

 

Dulce  estava quieta há algum tempo quanto Sachti chamou sua

atenção. Ela olhou lá embaixo e viu uma cidade no alto de uma colina, com

um belo castelo no meio e casas a sua volta. Havia iluminação por lampiões

e lanternas nas ruas.

 

– Um reino!

 

– É onde podemos conseguir ajuda. Mas antes, devo avisar que

dragões nem sempre são bem recebidos por aqui.

 

– Por quê?

 

– Nossa dieta exigente.

 

– Ah... Bom, não se preocupe. Qualquer coisa, eu defendo você.

 

– Que bom...

 

O dragão sobrevoou a cidade e, não vendo perigo, pousou na grande

praça deserta. Com a ajuda do dragão, Dulce  desceu com Chris , ainda

inconsciente.

 

 Ela desceu primeiro e o dragão fez com que o anjo ferido

escorregasse gentilmente por suas asas, até ser amparado por ela. Assim

que tocaram o chão, guardas surgiram correndo, apontando lanças,

cercando o pequeno e estranho grupo.

 

O capitão da guarda, um homem alto e de cabelos escuros, se

aproximou de espada em riste.

 

– Quem são vocês e o que querem?

 

– Somos amigos – respondeu Dulce , emocional e fisicamente

exausta. – E queremos ajuda.

 

Não foi exatamente uma recepção calorosa. Os guardas estavam

muito, muito, MUITO preocupados com a presença do dragão. O capitão se

aproximou, guardando a espada, mas ainda de olho no dragão. Abaixou-se

para verificar o estado do anjo. Balançou o rosto preocupado, vendo que o

estrago tinha sido muito grande.

 

– Quem fez isso com ele? – perguntou o capitão.

 

– EU – respondeu o dragão.

 

– Mas foi sem querer – explicou Dulce , tentando não assustar o

homem.– Homens! Ajudem aqui!

 

Outros guardas se aproximaram e levaram Chris  para o castelo.

 

Dulce  se virou para o dragão.

 

– Vou ficar por perto, até ter certeza de que estão bem e seguros –

disse Sachti.

 

– Obrigada.

 

O dragão levantou voo, provocando uma ventania ante os olhos

espantados dos guardas. Somente então Dulce  notou que os guardas eram

todos humanos. Ou, ao menos, pareciam.

 

Dulce  viu Sachti desaparecer no negro do céu e então correu atrás

dos guardas que levavam Chris  para dentro do castelo.

 

Seguiram por corredores e Dulce  ouviu o Capitão dando ordens

para chamar Muriele. Entraram num quarto simples onde havia uma

grande cama, alguns móveis e cortinas simples na única janela. Os guardas

colocaram o anjo ferido na cama com cuidado.

 

– Devemos avisar ao Rei e à Rainha, senhor? – perguntou um dos

guardas.O Capitão pensou por um minuto e Dulce  não gostou da

preocupação em seu rosto. Uma mulher de tez morena envolta num roupão

marrom entrou apressada no aposento, seguida de outras mais jovens.

 

– O que aconteceu? – perguntou ela, abrindo caminho entre os

guardas para olhar o rapaz.

 

– Ao que parece, uma briga com um dragão – respondeu o Capitão.

 

A mulher colocou a mão na testa de Chris  e fechou os olhos. Dulce  viu

o rosto dela se contorcer, como se constatasse algo muito ruim. Seu rosto

balançou negativamente. Dulce  sentiu o corpo gelar e então segurou a mão

de Chris  e apertou. O rosto da mulher mudou e passou para uma curiosa

surpresa. 

 

Abriu os olhos e viu a menina segurando a mão do anjo. Então,

virou-se para o Capitão:

 

– Pode ir, Capitão. Agora é comigo e as meninas. Pode ir.

 

– Deixarei dois guardas, caso precise.

 

– Não preciso, pode levá-los.

 

A mulher, que Dulce  identificou como uma xamã, pelo tom de pele

e cabelos lisos e negros de uma índia, virou-se então para ela.

 

– Menina, qual é o seu nome?

 

– Dulce . E o dele é Chris . Chris ariel.

 

– Muito bem, Dulce . Você está ferida? Precisa de alguma coisa?

 

Dulce  negou com a cabeça.

 

– Ótimo, porque preciso que você ajude aqui. Tudo bem pra você?

 

– Faço o que você quiser, mas por favor, ajude-o.

 

A mulher concordou com a cabeça sem sorrir. Pegou uma tesoura e

cortou a camisa ensanguentada do rapaz, revelando ferimentos muito feios

no estômago. A mordida no ombro estava negra. Dulce  tentou se

controlar. Não ia desabar. Olhou para o rosto dele e acariciou seus cabelos.

 

– Fique... – murmurou ela. – Por favor, fique...

 

Uma das moças tirou os tênis e meias e Muriele terminou de cortar

as roupas. As pernas do anjo também estavam machucadas, mas era

evidente que a maior gravidade estava nos ferimentos do estômago.

 

 As três

moças que acompanhavam Muriele começaram a limpar o sangue dos

ferimentos e das asas, enquanto a xamã pegou um monte de ervas e

queimou, enchendo o quarto com um perfume de alecrim.

 

– O que eu faço? – perguntou Dulce .

 

– Já está fazendo, filha – respondeu Muriele, começando a entoar um

cântico enquanto passava a fumaça do facho de ervas pelo corpo do anjo.

 

Dulce  não tirou os olhos de seu rosto e jamais soltou sua mão. Não

chorou nenhuma vez, por mais que as lágrimas lhe subissem e a

sufocassem. Tentou não pensar em como seria seu mundo sem ele. Seria

um mundo triste e vazio, sem perspectiva ou propósito. Como conseguiria

viver assim? Ela não pensou que todos perdemos pessoas amadas em

algum momento de nossas vidas. 

 

Ou partem eles, ou partimos nós. E todos

continuam, a vida prossegue. Mas, quando se está diante da dor e da

iminência de uma perda inimaginável, o coração não concebe a

sobrevivência. Simplesmente, não é possível acreditar que a vida pode

continuar sem alguém por quem bate nosso coração. Seu coração pararia.

 

Dulce  teve certeza disso. Ele pararia. Talvez não imediatamente no

momento em que ele partisse, porque a vida tem seu apreço pela crueldade

e não teria tanta misericórdia. Mas em algum momento, cedo ou tarde, seu

coração, sem ele, simplesmente pararia.

 

Afastou esses pensamentos assustadores e tristes que a fizeram

brigar contra as lágrimas.

 

 Fechou os olhos e respirou profundamente. Viu

seu sorriso, ouviu sua voz e olhou em seus olhos, não ali, não enquanto ele

estava às portas da morte em uma cama, mas quando desceram a

montanha numa casca de árvore, quando ele tirou as folhas de seu rosto,

quando dançou em roda e espiral na Vila, quando ele fez Eileen sorrir de

novo, quando correram pelos campos de Paralda, quando voaram juntos

pelo céu de estrelas...

 

Abriu os olhos lentamente e fez uma escolha. Escolheu imaginar

como seria quando ele ficasse bom, quando pudessem estar juntos de novo.

 

Imaginou seu mundo e sua vida com ele, e não se importava se ele era um

anjo e ela era uma humana, se ele era de Marte e ela era de Vênus. Em sua

imaginação, não havia barreiras nem limites.

 

A cantilena continuou por horas e ervas maceradas foram colocadas

nos ferimentos. As moças começaram a enfaixá-lo e Muriele tocou

levemente Dulce , chamando-a para o mundo real.

 

– Fizemos o possível. Agora, vamos cuidar um pouco de você...

 

Dulce  resistiu. Disse que não sairia do lado dele. Mas Muriele a

tranquilizou, prometendo que em alguns minutos estariam juntos de novo.

Então, Dulce  soltou pela primeira vez sua mão e foi levada para fora do

quarto, onde deu sua última olhada no anjo que era cuidado pelas moças e

por Muriele.

 

Foi guiada por uma das moças até uma sala de banhos onde havia

um grande espelho de corpo inteiro. A moça lhe mostrou a banheira

redonda de madeira, já com água. Dulce  viu uma pessoa esfarrapada

observando-a e olhou um tanto assustada. 

 

Levou alguns segundos para

perceber que essa pessoa era seu reflexo em um espelho. Começou a tirar a

roupa, toda rasgada, até ficar completamente nua. Entrou com cuidado na

banheira e deixou que a moça, cujo nome se esqueceu de perguntar e não

ouviu quando ela disse, a ajudasse. A moça verteu água fria em sua cabeça

lentamente. Dulce  estremeceu e sentiu-se anestesiada. Aquela noite jamais

teria fim.

 

Quando terminou, recebeu uma toalha e um vestido simples, mas

confortável. A moça estava levando suas roupas em frangalhos quando ela

se lembrou de uma coisa.

 

 Deu alguns passos rápidos para alcançá-la e

pegou em seu short a foto, já muito amassada. Olhou para a imagem

brevemente e ela lhe pareceu distante, como se já tivessem se passado

cinquenta anos. Colocou em cima de uma cômoda com cuidado e terminou

de se secar.

 

Quando estava pronta, a mesma moça a esperava na porta. Guiou-a

de volta até o quarto do anjo. Dulce  viu Chris  na cama, agora com lençóis

limpos e com uma fina calça de algodão, sendo coberto por uma das

meninas que tinham ficado. Muriele não estava mais lá e as moças

simplesmente saíram e deixaram Dulce  com ele, sem maiores explicações.

 

Ela caminhou lentamente até ele. O cinza da madrugada anunciava um

novo dia, mas dentro dela ainda era noite e temeu ficar na escuridão para

sempre. Ele não tinha camisa e as faixas cobriam o estômago e se cruzavam

no ombro. Dulce  se ajeitou com cuidado ao lado dele, encolhendo-se e

recostando a cabeça cansada ao seu lado.

 

Ela ficou ao seu lado o tempo inteiro. Estava determinada a não

pregar os olhos antes que o anjo abrisse os dele. No entanto, o corpo e a

mente estavam cansados demais para obedecer e, depois de algumas horas,

quando o dia já estava claro, adormeceu ao lado dele, antes que ele

acordasse.

 

Chris  abriu os olhos com dificuldade. As memórias do dia anterior

pareciam um grande borrão que lhe deixavam um gosto amargo na boca.

 

Olhou em volta e viu Dulce . Não quis acordá-la, já que ela parecia

extremamente cansada. Com cuidado, sentou-se na cama, recostando-se na

cabeceira. Respirou fundo, sentindo dores ao se mover e levou a mão aos

ferimentos enfaixados.

 

 Dulce  se moveu ao seu lado e acordou de uma só

vez, já em alerta. Quando o viu, ela não conseguiu dizer nada. As lágrimas

contra as quais tanto lutou começaram a cair pesadamente.

 

– Arrependida? – perguntou o anjo, lhe dando o sorriso do qual ela

tanto se lembrou e do qual tanto sentiu falta.

 

Ela não conseguiu responder. Com cuidado, abraçou-o e chorou. Ele

a consolou, puxando-a para si, como se ela fosse uma criança, cobrindo-a

com suas grandes asas brancas e embalando-a enquanto ela desabava em

pranto.

 

Uma das moças lhes trouxe sopa. Dulce  colocou o prato dela de

lado e ajudou Chris  a tomar a dele. Esperavam que Muriele viesse vê-los, mas

foi o Capitão quem surgiu à porta assim que Chris  terminou de comer.

 

– Está melhor? – perguntou o Capitão.

 

– Sim, senhor – respondeu o anjo. – Agradeço a ajuda.

 

O Capitão fez um movimento cordial com a cabeça, mas não estava

sorrindo.

 

– O Rei Oldebaran e a Rainha Nistka desejam vê-los. Pode andar?

 

Chris  ganhou uma camisa que acompanhou as calças de algodão.

Dulce  o ajudou a calçar os tênis. Não era uma roupa muito formal para

estar na presença da realeza, mas era o que tinha. Foram escoltados até o

rei e a rainha. 

 

Dulce  apoiava Chris , que andava com dificuldade, e achava um

tanto estranho que exigissem de alguém tão ferido tal esforço. Não podiam

rei e rainha irem lá no quarto dele? Lera no livro das fadas sobre o

protocolo dos encantados e como suas regras de educação eram diferentes

e exigidas a todos, mesmo aos que não tinham conhecimento delas. Mesmo

assim, achou aquilo uma tremenda grosseria, seja neste mundo ou em

qualquer outro.

 

– Você está bem? – perguntou Chris .

 

– Estou zangada. Não deveriam ter tirado você da cama.

 

– Estou bem – mentiu ele. – Tudo vai ficar bem.

 

Passaram por um caminho ao ar livre que mostrou o Sol se

despedindo. Pela primeira vez, Dulce  teve uma noção mais clara de tempo.

 

A noite que achou que nunca mais terminaria já tinha se transformado em

dia e em alguns momentos, se transformaria em noite de novo.

 

Chegaram numa sala de tapete vermelho e colunas de pedra. Muitos

curiosos, entre humanos e elfos, os observavam enquanto eles passavam.

No final do tapete, duas figuras imponentes os aguardavam no trono. Os

guardas se mantinham a postos.

 

– Estou preocupada... – murmurou Dulce , que começava a se

preocupar com tudo.

 

– Fique calma – respondeu o anjo. – Estamos num reino grande e

não numa pequena vila. É normal que tenham esse cuidado todo...

 

O rei e a rainha os olharam curiosos. A Rainha Nistka era linda e

suas orelhas ligeiramente pontiagudas denunciavam sua natureza de ser

encantado. O Rei Oldebaran, no entanto, de rosto quadrado e moreno, tinha

o porte real, mas parecia humano. Chris , que ainda não conseguia recolher as

asas por causa dos ferimentos, tentou fazer uma reverência, mas não

conseguiu muito mais do que baixar um pouco a cabeça.

 

– Sou Chris ariel, anjo de Derrick – disse ele. – E agradeço a acolhida.

 

– Uma humana, um anjo e um dragão chegaram às nossas portas em

plena madrugada – disse o rei. – Estamos curiosos em saber como isso

aconteceu. Especialmente, porque sabemos que o dragão continua nos

arredores e nos espreita.

 

– Não, não precisam se preocupar! – disse Dulce . – Ele é amigo! Só

está preocupado conosco, só isso!

 

– Seu amigo come elfos – respondeu a rainha, com voz firme e fria.

 

O silêncio foi constrangedor.

 

– Claro... – resmungou Chris , que não esperava por essa. – Todo

mundo tem um passado... Por que não estou surpreso?...

 

– Bom... – disse Dulce . – Poderiam nos dar abrigo só mais alguns

dias, só o bastante para que ele se recupere?

 

–– Lamento, menina – respondeu secamente o rei. – Temos muitos

elfos aqui e estão todos muito nervosos. Por isso, pedimos que se retirem

imediatamente de nossas terras. Nossos guardas vão escoltá-los até os

limites do reino.

 

Dulce  e Chris  ficaram em silêncio, imaginando que logo escureceria e

não teriam abrigo lá fora.

 

– Agora! – ordenou o rei.

 

Os guardas se aproximaram e Chris  pegou no braço de Dulce ,

puxando-a para saírem. Viraram-se e começaram a andar, ante os olhares

de dezenas de elfos e humanos que os observavam. 

 

Dulce  se sentiu mal.

Ninguém gosta de ser expulso, seja lá de onde for. Então, de repente, ficou

brava. Desvencilhou-se facilmente do anjo e se virou-se para o rei e a

rainha, dando alguns passos a frente.

 

– Vocês estão expulsando um anjo, sabiam? – disse ela, em alto e

bom tom. – Um anjo ferido! Lá na minha terra isso é pecado e dá pelo

menos umas sete vidas de azar! E estão com medo de um dragão que, junto

com o anjo que estão expulsando, acabou com a Corte Unseelil! Eles fizeram

um serviço de detetização eliminando aquelas pragas do seu mundo e é

assim que vocês agradecem? Só porque estão com medo de ferir os

sentimentos de alguns elfos frutinhas!

 

Um elfo alto e de vestes pomposas surgiu, saído de algum lugar na

frente, onde havia pessoas ricamente vestidas. Seus olhos eram verdes e

profundos e colocou sua mão sobre o sabre na cintura.

 

– O que você disse sobre os elfos?

 

– Dulce ... – disse Chris , totalmente consciente de que não estava em

condições de entrar em outra briga tão cedo. – Vamos embora antes que

nos matem...

 

Dulce  podia ter ouvido Chris . Podia ter se lembrado do quanto ficou

preocupada com ele, do quanto ele se machucou nas garras da Corte

Unseelil e das terríveis consequências de ofender as pessoas mais

poderosas de um reino daquele tamanho. Sim, ela podia ter pensado nisso

tudo. Mas não pensou. Deu um passo a frente e aumentou o tom de voz,

olhando diretamente para o elfo que tentara intimidá-los.

 

– Falei que vocês são frutinhas!!! – gritou Dulce , com as mãos nas

cadeiras e balançando a cabeça provocativamente. – Por quê? Vai jogar

purpurina em mim?

 

Os olhos do elfo brilharam por um segundo e então ele deu passos

firmes em sua direção. Dulce , vendo o elfo crescer diante dela, deu alguns

passos pra trás até sentir alguém puxá-la. Chris  segurou o seu braço e tomou

a sua frente, encarando o elfo e abrindo as asas.

 

– Dulce ?

 

O elfo parou ao ouvir a voz conhecida para ele. Dulce  achou ter

reconhecido, mas lhe pareceu tão fora de contexto que não soube quem era

no começo. Foi então que uma donzela ricamente vestida e com uma coroa

de princesa na cabeça surgiu alguns passos atrás do elfo, saindo da

pequena platéia que assistia o quase duelo.

 

 Com um toque gentil no ombro

do elfo, a moça empurrou-o para o lado para que saísse do caminho,

enquanto olhava de perto a estranha que ofendera todo mundo em umas

três frases. Só conhecia uma pessoa com este talento.

 

– Dulce ! É você!

 

Dulce  continuou olhando, sem entender como aquela princesa a

conhecia.

 

– Sou eu! Não lembra de mim?

 

E quando ela sorriu, a imagem se completou em sua cabeça,

preenchendo dezenas de fotos da memória onde aquele sorriso sempre

estava.

 

– Anahí?

 

Dulce  saiu devagar de trás do anjo que continuava a protegendo e

se aproximou da amiga que lhe estendia os braços com um sorriso aberto.

Elas se abraçaram e choraram juntas. O elfo tirou a mão do sabre,

quase decepcionado em não ter podido brigar, enquanto rei, rainha, anjo e

platéia observavam o desfecho inesperado daquela estranha audiência.

 

 


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Autor(a): vondynatica

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 05:00:54

    Livro 2 - Continuação- https://fanfics.com.br/fanfic/55332/o-trono-sem-rei-vondy-adaptada

  • vondy_170 Postado em 25/01/2017 - 04:55:32

    Livro 2 - Continuação https://fanfics.com.br/fanfic/55332/o-trono-sem-rei-vondy-adaptada Livro 3 - Continuação https://fanfics.com.br/fanfic/55691/a-cancao-dos-quatro-ventos-vondy-adaptada

  • candy1896 Postado em 03/12/2016 - 21:58:10

    CONTINUA

  • candy1896 Postado em 13/11/2016 - 21:12:15

    Continua

  • mky Postado em 20/07/2016 - 15:58:32

    Continua

  • tay_Vondy Postado em 16/07/2016 - 18:13:00

    Continua

  • pacheco_vondy Postado em 15/07/2016 - 16:09:45

    Pena que não rolou beijo!!!

  • pacheco_vondy Postado em 15/07/2016 - 15:13:56

    Fudeu!! Se correr o Jack pega e Se ficar o Jack come!!

  • pacheco_vondy Postado em 07/07/2016 - 21:00:45

    Continuaaa!!!

  • pacheco_vondy Postado em 05/07/2016 - 21:47:10

    Bom, pelo visto eu ganhei esse capítulo completo, como um presente por ser leitora nova!!!mesmo q não intencionalmente!!!


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