Fanfics Brasil - Uma proposta de amor – capitulo 13 Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada

Fanfic: Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada


Capítulo: Uma proposta de amor – capitulo 13

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Não posso acreditar que isso está acontecendo outra vez! — Heidi Detrich deixou a cabeça cair no travesseiro. Sua pele era tão clara que rivalizava com o branco dos lençóis. — Devia estar aproveitando o começo de minha gravidez.


Annie simpatizava com a moça, desejando que seu próprio estômago também cooperasse. Contendo um suspiro, injetou o complexo de vitaminas B e C no braço da paciente.


— Você já teve enjôos matinais antes?


Heidi assentiu, mantendo uma expressão séria.


— Sofri do mesmo jeito quando tive meu filho mais velho. Na verdade, foi como descobri que estava grávida. Essas mulheres que atravessam o primeiro trimestre sem nenhum problema me deixam louca de inveja.


— Chegou a ser internada na época?


— Por uma semana. Parece-me que daquela vez a médica falou o mesmo que você, mas não consigo me lembrar das palavras exatas.


Vamos deixar que o médico faça o diagnóstico, está bem, sra. Detrich? — Ao dizer aquilo Annie retirou a agulha e passou um algodão embebido numa solução anti-séptica no braço da paciente.


Heidi fechou os olhos.


— A senhora tem um garoto ou uma garota?


— Garota. Está com minha mãe porque Rick não pôde largar o trabalho. Lucy está com três anos e é muito travessa.


— Aposto que sim. Mas, enquanto estiver aqui, só terá de se preocupar com seu repouso. Receberá alimentação sólida apenas pela amanhã, mas o soro vai nutri-la de forma satisfatória até lá.


Heidi esboçou um sorriso desanimado.


— Ótimo, porque estou cansada de me sentir péssima.


Annie a fitou com simpatia.


— Nesse meio tempo, descanse e aproveite esse período. Fecharei a porta para diminuir um pouco o barulho. Às vezes isto aqui fica uma loucura no horário de visitas.


Em seguida, Annie voltou à sala de enfermagem e co­meçou a tomar notas no registro médico da sra. Detrich. Precisava ficar atenta a qualquer mudança, mesmo as su­perficiais como febre leve ou pressão um tanto alta.


Maite Perroni saiu de um outro quarto naquele mo­mento. Seu rosto tenso demonstrava que estava exausta.


— Pensei que tivesse ido para casa. — Annie observava a médica sentar-se a seu lado e anotar instruções em uma ficha.


— Quem me dera, Annie... Ainda tenho uma recepção cheia de gente doente para ver antes que possa dar o dia por encerrado.


— Por falar nisso, está aceitando novos pacientes?


— Claro, minha agenda não fica sempre lotada. Por quê?


— Gostaria de fazer uma consulta.


— De rotina ou emergência?


— Rotina. Vou pedir que o dr. Ferguson lhe mande meu registro médico.


A dra. Perroni encarou-a. Seus olhos estreitaram-se, como se estivesse ponderando a razão para a mudança de profissional.


Estou grávida — Annie murmurou num tom de voz que só pôde ser ouvido por MAite.


Entendo... Fale com minha secretária, e ela marcará meu primeiro horário vago para você.


Obrigada.


Maite levantou-se e esticou os braços atrás da cabeça ara eliminar um pouco da tensão.


— Chame-me quando o restante dos exames de laboratório da sra. Detrich chegarem. Você sabe o número do bip.


Annie assentiu e foi ver a nova paciente, Dolores Gonzales.


  Como vai? — perguntou à bela morena.


  Tudo bem, acho. Sabe quando o dr. Herrera vai chegar para minha cirurgia?


— A operação está marcada para o meio-dia, portanto, a senhora não terá de esperar muito.


A sra. Gonzales segurou com firmeza a mão do marido.


— Estou tão nervosa sobre isso... E se não funcionar?


Pelos registros médicos, Annie soube que Dolores sofria de cervicite, por isso tivera a gravidez interrompida duas vezes antes. Para prevenir que isso acontecesse com o ter­ceiro bebê, Poncho queria intervir. Como a gestação estava na décima-quarta semana, aquele era o momento exato.


— Não precisa se preocupar, sra. Gonzales. Garanto que é uma intervenção bastante simples, e o dr. Herrera é muito bom no que faz. Ele só vai cuidar da inflamação e fazer uma pequena sutura, que manterá a bolsa amniótica no lugar, impedindo-a de romper-se antes da hora.


— Se eu perder este bebê... não sei se poderei aguentar isso outra vez.


— Sei que é muito desagradável, mas não perca as es­peranças. Garanto que o procedimento funciona muito bem para ajudar mulheres com seu tipo de dificuldade.


Dolores assentiu.


— Foi o que o dr. Herrera disse. Porém, acho que preciso ouvir mais algumas vezes antes de me convencer.


— Isso é compreensível. Por acaso teve alguma cólica forte ou sangrou nos últimos tempos?


Aqueles sintomas contra-indicariam qualquer tipo de cirurgia.


Não.


— Isso é bom. O dr. Herrera deve ter lhe dito que evitasse qualquer tipo de atividade sexual.


O casal trocou um olhar cúmplice, e logo depois os lábios de Dolores curvaram-se num sorriso desajeitado.


— Sim, e isso foi tão estranho... Primeiro, tivemos de fazer tantas vezes para que eu ficasse grávida, e agora que consegui, precisamos parar.


— Não parece justo, não é? — Annie comentou, com sim­patia. — Entretanto, quando estiver com seu bebê nos bra­ços, garanto que toda essa frustração terá valido a pena.


Dolores assentiu.


— Voltarei daqui a pouco para checar como está.


Poncho chegou, parecendo mais bonito do que nunca com sua calça, camisa branca e gravata de seda. Ao vê-lo, Annie não conseguiu evitar que seu coração se acelerasse, mas, no instante seguinte, passou a considerar irritante aquela aparência máscula, sobretudo por afetá-la tanto.


— Olá, Annie.


— Doutor... — ela respondeu, evitando encará-lo. Poncho ergueu uma sobrancelhas.


— Não dormiu muito bem na noite passada?


"Como ele pode saber?", ela pensou, contendo um suspiro. Já notara os círculos escuros sob os olhos na última visita ao banheiro. Sua pele também não tinha uma cor muito boa, e as roupas pareciam sempre estar apertadas. Estendendo o braço, entregou a Poncho o registro médico da sra. Gonzales.


Não.


— O que há de errado?


— Tudo... Nada.


Annie não se sentia à vontade para falar sobre suas náu­seas, que nos últimos dias haviam tomado proporções cada vez maiores. Jamais imaginara ser uma pessoa tão sensível.


Estivera arrumando desculpas para chegar em casa após o jantar para que sua avó não notasse sua falta de apetite, mas cada vez a estratégia parecia funcionar menos.


— Eu vi Maite Perroni quando estava chegado — Poncho comentou.


Annie não se iludia com o comportamento casual dele. Poncho não mencionara o assunto desde a semana anterior, mas era óbvio que estava ansioso para saber se ela já se programara para o exame pré-natal. De certa forma, sentia-se irritada por aquele tipo polido de manipulação.


— Que ótimo...


— Vai fazer exames hoje, Annie?


— Que ocasião seria melhor? Estamos com falta de pes­soal, minha cabeça e meus pés doem, e não posso beber, nem comer. Isso sem contar um certo doutor que não me deixa em paz.


Poncho piscou, triste pelo tom rude daquelas palavras, e isso a fez arrepender-se de seu comportamento.


Desde a ocasião em que sua avó o convidara para jantar, Poncho aparecia todos os dias para dizer olá. Até mesmo passara a tarde de sábado com Kevin, passeando pelos ar­redores da cidade e visitando os ranchos nas imediações, à procura de um filhote de labrador.


Annie esfregou as pálpebras com as costas da mão, e deixou os ombros relaxarem, num gesto de desânimo.


— Sinto muito, Poncho, não deveria atirar minhas frustra­ções sobre você. Sim, eu vi a dra. Maite, e ela me aceitou como sua paciente.


— Ótimo! Informe-me qual será seu... — Ele fez uma pequena pausa enquanto outra enfermeira passava ao lado dos dois. — Como ia dizendo, me diga qual será o horário marcado. Organizarei minha agenda de acordo com isso.


Annie ficou tensa.


— Você quer ir?


— Prefere que eu não vá? — Poncho a encarou, curioso.


Ele era o pai da criança, Annie lembrou-se. Tinha, por­ tanto, o direito moral de estar presente.


— Não havia pensado nessa possibilidade, Poncho.


— Eu quero estar lá, Annie. Jamais me perdoaria se não estivesse.


"Claro! Está preocupado com seu filho..."


— Ligarei para você à tarde para passar o horário.


— Combinado, Annie. Como está a sra. Gonzales?


— Tensa. Ela tem medo de perder a criança, como acon­teceu com as outras. Fiz o melhor para encorajá-la.


— Então acho que agora é minha vez.


Poncho desapareceu pelo corredor, e retornou dez minu­tos depois.


— Todos os sistemas já estão preparados, Annie. Irei até a ala de cirurgia para verificar se o anestesista está pronto.


Pouco depois, toda a equipe de cirurgia se encontrava a postos.


Quando a intervenção terminou, passava da uma da tar­de, e Annie estava pronta para seu horário de almoço.


É melhor você comer alguma coisa, ou então vai parar no hospital — Dulce advertiu-a. — Como Heidi Detrich.


— Eu faria isso se conseguisse manter algo no estômago. Já bebi chá e comi biscoitos de água e sal o bastante para não suportar mais o gosto e o cheiro de qualquer um deles.


— Vem se pesando?


— Sim, e perdi alguns gramas.


— E quando verá um médico?


— Em dois dias, na sexta-feira.


Dulce aproximou-se mais.


— Como vai indo todo o resto, Annie?


— Se está querendo saber sobre Kevin, meu tio virá a Crossbow no sábado. Acho que ele vai concordar que meu irmão apenas passou por um período ruim, e não é um candidato a se tornar criminoso por isso. Logo, a carreira política de Bert não corre nenhum risco.


— E quanto a Alfonso?


Annie sorveu um gole de chá.


— Odeio admitir, mas Poncho está sendo excelente. Kevin e vovó também gostam muito dele.


— E quanto a você?


— É um bom sujeito.


Na verdade, considerava aquele adjetivo muito insípido para descrevê-lo. Poncho era maravilhoso. Conseguira um milagre com Kevin em apenas uma semana. Seu irmão es­tava mais calmo, senhor de si, agindo como se tivesse al­cançado uma paz de espírito que jamais experimentara antes. Nem parecia o adolescente que parecia uma bomba prestes a explodir.


Angelique julgara Poncho por ser estruturado e controlado demais, e Annie até concordara com ela. Entretanto, en­quanto Angelique considerava essas características como defei­tos, Annie as classificava como qualidades. Se não fosse cuidadosa, acabaria se apaixonando pelo pai de seu filho.


— Sua avó ligou para meu consultório esta manhã — Poncho contou a Annie, à tarde, quando saíram do trabalho. Pretendia usar o tempo para relaxar, e dirigia sem rumo pela cidade.


— É mesmo?


— Está bastante preocupada com você. Para ser honesto, eu também estou.


— Sinto-me ótima. E tenho certeza de que a dra. Perroni dirá o mesmo.


— Temos de contar a sua família sobre o bebê.


— Nós faremos isso. No sábado, depois que tio Bert for embora.


— Não vou mesmo convencê-la a fazer isso antes?


Annie meneou a cabeça.


— Não. Não quero deixar escapar nenhuma sílaba a esse respeito antes da visita de titio. Depois que ele estiver convencido de que sua preciosa imagem política não será afetada, creio que desaparecerá por anos. E então tudo ficará mais fácil para nós.


Poncho sorriu ao notar o pronome "nós", que ela pronun­ciara quase sem querer. Fazia progressos...


O que foi mesmo que disse que pretendia fazer hoje, Poncho?


Eu não disse. Na verdade, estava pensando em rap­tá-la, para que me ajudasse a comprar uma casa.


Annie arregalou os olhos.


Como é?


Meu contrato de aluguel acaba no final do mês, e, já que pretendo ficar em Crossbow, adquirir um imóvel me parece uma boa idéia e um bom investimento. Tive medo de que você recusasse, se soubesse antes de meus planos, por isso decidi não revelá-los...


Acertou, eu não teria vindo. — Annie cruzou os braços e mordeu o lábio.


Por que não?


Você está me pressionando.


Poncho estacionou em frente a uma imobiliária chamada Texas Homes.


Preferia que eu vivesse em uma tenda, ou em um dos quartos do hospital?


Não seja ridículo!


Não estou fazendo pressão, Annie. Preciso de um lugar para viver. Detesto apartamentos, e recuso-me a morar em um trailer. Tudo isso limita minhas opções a casas ou cavernas. E acredite: lugares frios e úmidos não são os ideais para se viver.


Não conheço seus gostos. Pode ser que não aprecie as mesmas coisas que eu.


Apenas ajude-me a ver o imóvel sob um ângulo femi­nino. Se não gostar de algo, também lhe direi.


Annie passou os dedos pelos cabelos. No fundo, Poncho queria ajudá-la a desembaraçar cada mecha, mas não podia fazer aquilo. Não era a hora nem o lugar.


"Em breve", disse a si mesmo. "Paciência e autocontrole são a chave do sucesso."


— O que há de errado com um trailer, Poncho?


— Vivi em um deles por um ano. Certo dia, uma tem­pestade se abateu sobre nós, vinda do nada. Antes que eu e meu amigo pudéssemos ir até o quintal do vizinho, o vento já havia feito o maior estrago. — Mostrou uma cicatriz perto da têmpora, quase na linha do couro cabeludo. — Isto acon­teceu quando uma das janelas se estilhaçou.


— Tudo bem, vamos encontrar um lugar para você.


Poncho tomou a mão dela, afagando-a por alguns ins­tantes antes de sair do automóvel.


Um minuto depois, entravam na imobiliária para encon­trar a corretora Myra Kingsbury.


A primeira visita foi a um belo sobrado com pilares bran­cos na fachada, uma varanda imensa e uma imponente es­cada em caracol no hall de entrada, que possuía um pé-direito muito alto. Do teto pendia um enorme lustre de cristal.


Annie sentiu-se desconfortável diante de tanta imponên­cia. Jamais imaginara que Poncho pudesse gastar uma for­tuna numa casa para morar sozinho.


Myra os deixou a sós na sala de jantar.


— O que acha, Annie?


— É linda. Perfeita para espetáculos.


— Tenho a impressão de que você não gostou.


Ela hesitou, mas resolveu dar sua opinião. Afinal de con­tas, fora Poncho quem pedira por isso.


— A decoração é maravilhosa, mas acho que é impraticável para uma família. Olhe para o carpete: é branco.


Aquele era o tipo de lugar que Angelique teria escolhido. Mas, se Annie comprasse uma residência preferiria uma onde pudesse viver de verdade.


— Não quero contrariá-lo, mas este lugar não é imenso, sendo só para você? Pergunto-me por que um rapaz solteiro precisaria de cinco dormitórios.


— Espaço nunca é demais. Mais alguma observação?


Não...


Poncho dirigiu-se a Myra assim que a encontraram na varanda:


— Vamos ver a próxima.


Por volta das cinco e meia da tarde, Annie já estava exausta. Jamais imaginara quantas casas luxuosas esta­riam disponíveis em Crossbow.


Suas amigas viviam no mesmo bairro de classe média onde ela morava, por isso era difícil passar por aquela parte da cidade no caminho para o trabalho ou para as compras.


A despeito do esplendor e da decoração exuberante de todas, nenhuma despertara nela um interesse verdadeiro.


"Nada disso é para você", disse a si mesma ao entrar no carro de Myra mais uma vez para a última visita da lista.


— Baseada em seus critérios, creio que a próxima será a menos indicada — Myra comentou assim que entrou no veículo, virando-se para encarar o casal sentado no banco de trás. — Tem o espaço que o senhor pediu, mas precisa de algumas reformas.


As sobrancelhas de Poncho se arquearam.


— De que tipo?


— A maior parte é só decoração. Nada estrutural.


Annie notou a expressão duvidosa dele.


— Bem, não vai doer se você checar.


Poncho deu de ombros.


— Acho que não.


Vinte minutos mais tarde, pararam numa alameda calma e refinada.


        — Essas casas foram construídas na virada do século, e a maior parte delas foi modernizada.


Presumo que essa não foi. — Poncho olhava de relance para a construção em estilo neovitoriano.


         — Os proprietários fizeram isso há uns quinze anos. Mas, de qualquer forma, o papel de parede tem de ser trocado. A pintura também está péssima. O sr. Ross morreu cinco anos atrás, e sua mulher não quer arcar com os custos de manu­tenção da propriedade. Ela planeja se mudar para um lugar menor. Como podem ver, os quarteirões desta área têm apenas dois imóveis cada. Quando Crossbow foi fundada, as famílias ricas moravam aqui. Hoje em dia, a localização dará a vocês um ar tranquilo e rural, ao mesmo tempo que poderão des­frutar as vantagens de viver na cidade.


Annie fechou o zíper do casaco ao sair do automóvel, e logo massageou as costas, que doíam demais. Porém, ins­tantes depois, sua atenção concentrou-se na imponência da construção. Caminhou até a porta da frente, tendo a mão de Poncho em sua cintura. Myra os acompanhava, poucos passos atrás.


Visitaram todos os aposentos, e Annie se entusiasmou com o estilo do ambiente. Sua mente trabalhava rápido, tentando imaginar como tudo ficaria se ganhasse novas co­res, assim como outros papéis de parede.


Poncho a seguiu até a cozinha, onde apoiou-se no batente para observá-la examinar toda a mobília de carvalho.


— Não preciso nem perguntar se você gostou — Poncho disse, com um sorriso.


Annie se virou para ele.


— Sou muito transparente, mesmo.


— Esta é uma ótima casa. Entretanto, há muitos pontos a serem considerados.


— Por exemplo?


A redecoração. Teremos que contratar alguém que possa...


Erguendo a mão num gesto imperativo, ela interrompeu-o.


— Pintura e papel de parede não são grande problema. Eu e vovó somos boas nisso, e podemos ajudá-lo.


— O jardim também parece que vai tomar bastante tempo e energia.


— Kevin gosta de trabalhos manuais. Na verdade, ele estava pretendendo fazer alguma coisa no verão, para con­seguir um dinheiro extra. — Annie piscou, sorrindo para Poncho. — Tenho certeza de que meu irmão lhe dará um bom desconto.


— Isso me parece bom.


Então, Annie percebeu que estava fazendo planos que não eram de sua conta.


— Não se sinta obrigado a contratar Kevin.


— Eu não me sinto, Annie. 


— E quanto a você? Por acaso gostou daqui?


— Admito que sim. Agrada-me muito não ter vizinhos por perto para ouvir minha voz ou minha televisão. Além disso, o jardim será perfeito para o cachorro. Tem bastante espaço.


— A manutenção desta propriedade não deve ser barata, Poncho. Talvez devesse escolher a primeira que vimos. — Annie não conseguia imaginar a glamourosa Angelique vivendo ali. Era um local muito antiquado para uma pessoa de gosto sofisticado.


— Aquela com o carpete branco? Sem chance.


— E quanto à outra, com sauna e piscina?


— Não quero ficar preocupado o tempo todo com a pos­sibilidade de alguém estar se afogando.


  Santo Deus! — Por um instante Annie esquecera que seu filho iria passar bastante tempo na casa de Poncho. — Bem pensado. Qual vai escolher?


Poncho deu um passo à frente.


— A que você tiver gostado mais.


Aquele não era um jogo limpo. Ele não estava sendo justo.


— Gostei de todas.


— Mas deve ter uma favorita.


— Não seja bobinho...


— Você ficou apaixonada por esta.


— É mesmo?


— Posso apostar. — Aproximou-se ainda mais.


Os dois estavam tão próximos que Annie podia sentir o hálito quente que saía dos lábios sedutores de Poncho.


— Como sabe?


Ele deu de ombros, tomando as mãos delicadas entre as suas.


  É difícil explicar.


  Tente.


Annie procurava se concentrar na conversação, ignorando o afago dele, mas não conseguiu.


Enlaçando-a num abraço, Poncho encarou-a.


— Vejo isso em seus olhos.


Quase hipnotizada, Annie lembrava-se claramente da ou­tra ocasião em que estivera naqueles mesmos braços.


  Não diga...


  Digo, sim. Eles brilham. E seu rosto... — Acariciou-a com o indicador.


Annie começou a ficar tensa demais. Cada nervo parecia gritar para que Poncho continuasse.


  O que tem o rosto?


  Fica ainda mais bonito como está agora. — Ao dizer aquilo, tocou os lábios carnudos. — Essa é outra pista.


O tempo pareceu parar, e ambos fitavam-se com a res­piração suspensa.


— Você é linda.


Em seguida, Poncho beijou-a, mais possessivo do que gentil. Quando ergueu a cabeça, via-se em seu semblante a mes­ma paixão que consumia Annie por dentro.


É assim que eu sei, querida.


Já chegaram a uma decisão? — A voz animada de Myra, do outro lado da porta, fez todo o ardor de Annie evaporar.


Tentou desvencilhar-se, mas Poncho manteve-a junto a si. Não dava a mínima por ter sido surpreendido em um momento romântico.


E, pelo sorriso compreensivo de Myra assim que os viu, aquela novidade logo se espalharia pelos quatro cantos.


Um pensamento desagradável passou pela mente de Annie: será que Poncho a beijara de propósito? Teria ele espe­rado pela aparição de Myra para alimentar um boato que deveriam evitar a todo custo?


Precisarei de alguns dias para tomar uma decisão — Poncho afirmou.


Sem problemas. Qualquer uma das propriedades será um maravilhoso lar para uma família. Apenas me informe qual vai escolher, e eu cuidarei dos papéis.


Durante a volta, os pensamentos de Annie retornaram ao beijo. A excitação que experimentara nos braços de Poncho na noite do baile não diminuíra com o tempo.


Precisara daquele encontro para exorcizar os fantasmas relacionados a Rodrigo, e alcançara seu objetivo. Entretanto, ainda não conseguira lidar com os resultados do que houvera, como imaginara ser capaz de fazer. Embora tivesse procurado negar, a partir de então um cordão invisível a ligara a Poncho. Mesmo antes que soubesse da própria gravidez.


Como poderia passar tanto tempo com ele sem sofrer as consequências emocionais?


Annie queria viver naquela casa com ele. Não podia ima­giná-lo dividindo aquele espaço com outra mulher. Sim, Poncho sugerira que se casassem, mas pelos motivos errados.


Annie desejava ouvi-lo dizer coisas diferentes. Queria sentir-se a pessoa mais importante da existência daquele ho­mem. Nada menos que isso.


Quando o automóvel parou, Annie virou-se para encarar Poncho, mantendo a mão na maçaneta.


— Se não se incomodar, vou dizer boa-noite aqui mesmo. Estou exausta.


— Só entrarei um instante para dizer alô a Kevin.


Cumprindo o prometido, Poncho não demorou-se muito na visita. Em quinze minutos, Annie acompanhou-o até a saída, onde beijaram-se de novo. Porém, dessa vez, os lábios se encontraram apenas por um segundo, e o fogo da paixão que haviam experimentado não se repetiu.


  Durma bem, Annie.


  Eu dormirei.


         Poncho a estudou, atento.


  Você está bem?


Annie sorriu diante daquela questão que já estava se tornando familiar.


  Estou ótima, apenas cansada. — Preferia não men­cionar a dor nas costas.


  Certo. Vejo-a amanhã.


Apesar de ainda ser cedo, Annie tomou uma caneca de chá e foi direto para a cama, exaurida. Mas, por volta da meia-noite, um forte enjôo acabou obrigando-a a despertar.


Correu para o banheiro sentindo uma pontada no abdome. Quando o desagradável ataque de náusea diminuiu, encostou-se na parede, sentada no chão, incapaz de se mover.


Ellen apareceu à porta.


  O que está errado?


  Problemas com o estômago, vovó.


Mal percebeu as mãos frias de Ellen tomando sua temperatura.


— Vou chamar Poncho.


Annie assentiu. Ele saberia o que fazer.


"Oh, meu Deus, não me deixe perder este bebê!"



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Autor(a): narynha

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Poncho atendeu ao telefone, ao mesmo tem­po que esfregava os olhos. — Sim? A entonação preocupada de Ellen atingiu-o em cheio, fazendo-o sair de imediato daquela letargia. — Annie está doente, Poncho. Não sei o que há de errado... Pode vir até aqui? — Dê-me apenas alguns minutos. Poncho vestiu uma cal ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 135



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  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:41

    AAAAA acabei de ler *-*
    Meio tarde mais li

    hihihi
    Muito boa essa adaptação, parabens *-*
    Adorei *o*

  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:37

    AAAAA acabei de ler *-*
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    hihihi
    Muito boa essa adaptação, parabens *-*
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  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:33

    AAAAA acabei de ler *-*
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  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:28

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  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:23

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  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:19

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  • jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:15

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  • kikaherrera Postado em 19/03/2010 - 02:55:30

    Linda essa web o final então melhor ainda
    AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • rss Postado em 18/03/2010 - 13:29:06

    eu tou lendo agora pena que já terminou.
    besossssssssssssssss

  • rss Postado em 18/03/2010 - 13:29:06

    eu tou lendo agora pena que já terminou.
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