Fanfic: Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada
As semanas seguintes passaram-se em meio a um turbilhão de atividades. As notícias sobre a gravidez de Annie e o casamento iminente circularam logo por todo hospital, e ela já se acostumara a receber congratulações.
Várias mulheres, algumas das quais alimentavam suas próprias esperanças em relação a Poncho, faziam comentários. Mas, em geral, a maioria se mostrava muito feliz por Annie.
Embora se sentisse muito melhor à medida que a gravidez progredia, Annie também se cansava com mais facilidade. Para piorar tudo, depois de cuidar de suas tarefas no hospital, passava o restante do tempo organizando os detalhes para a discreta cerimônia que planejavam.
Como era muito difícil agendar um salão para recepção em tão curto período, Annie conseguiu convencer Poncho a receber os convidados na nova residência. Sob sua supervisão e ajuda, Kevin e Ellen trocaram os papéis de parede da sala de estar e de todos os outros aposentos do andar inferior, enquanto Poncho ajudava sempre que podia.
Porém, ao se aproximar a data do enlace, as inseguranças que Annie sentira no princípio ficavam mais fortes. Em seus sonhos, teria preferido se Poncho tivesse dito que queria casar-se porque não podia viver sem ela. A realidade, no entanto, era diferente.
Com muita frequência, perguntava-se se poderia mesmo convencê-lo de que era a pessoa adequada para ele. De qualquer forma, não voltaria atrás com sua palavra. Concordara em casar-se para assegurar o futuro de Kevin e do bebê, e não pretendia mudar de idéia.
Embora Annie estivesse contente com o fato de a rotina agitada não permitir que refletisse muito, seu ritmo cotidiano estava ficando cada vez mais extenuante. A chegada de uma nova enfermeira aumentou suas expectativas de ter um pouco de alívio. Entretanto, alguns desentendimentos com a jovem a fizeram mudar de opinião.
— Achei que havia explicado o quanto é importante seguir a lista de procedimentos passo a passo antes de dar alta para um paciente, Jacqueline.
— Eu chequei, Annie. —A jovem ajeitou os cabelos loiros.
— Sendo assim, como pode ter se esquecido de dar à sra. Lytle a dose de RH imunoglobulina antes de liberá-la?
— Imaginei que você iria cuidar da injeção.
Annie mordiscou o lábio. Como membro mais antigo da equipe, era dela a responsabilidade de checar o trabalho da nova integrante da unidade.
— Não. Disse que você devia ir até o banco de sangue apanhar a medicação.
— Pensei que você ia fazer isso.
— Não, eu não ia.
Jacqueline deu de ombros.
— É sua palavra contra a minha.
Daquela vez, Annie quase rangeu os dentes. Jacqueline estava certa. Contudo, não seria fácil lidar com aquela situação. A moça era uma enfermeira registrada, e assinara o termo de responsabilidade cientificando-se de todos os procedimentos que precediam uma alta. Porém, Annie fora orientada a acompanhar Jacqueline na unidade, e era responsável pelo treinamento da jovem.
O diretor de obstetrícia decerto não levaria em consideração a pesada carga de trabalho de Annie, e reportaria o incidente como um erro profissional. Que complicação...
Nas últimas vinte e quatro horas, aliás, Jacqueline demonstrara um verdadeiro talento para fazer o menor esforço possível. Do ponto de vista de Annie, aquele episódio em particular prenunciava uma série de incidentes desagradáveis à frente. A nova funcionária parecia mais interessada em sua manicure e em estar livre quando os jovens médicos faziam sua ronda do que em cuidar de seus pacientes.
— Ligue para a sra. Lytle e peça que ela retorne assim que possível, Jacqueline. E importante que ela receba sua RH imunoglobulina até setenta e duas horas depois do parto. Não preciso relembrá-la das sérias complicações que isso pode causar para os futuros filhos dela. Sem mencionar a possibilidade de uma ação judicial.
Jacqueline suspirou.
— Sim. Qual é o número de telefone dela?
Mais uma vez, Annie teve de se esforçar para manter calma.
— Cheque na ficha de admissão. Depois de contatá-la, e avise. Estarei com a sra. Sanders.
Cruzando os dedos para que a jovem fizesse tudo direito, Annie foi até o quarto de Nina Sanders.
— Como está?
O rosto de Nina brilhava por causa da transpiração.
— Nada bem. — Levou a mão ao ventre.
Nina estava no sexto mês de sua primeira gravidez, e Annie desconfiava que Poncho iria indicar sulfato de magnésio para deter suas contrações, sobretudo porque não havia nenhum sinal de dilatação. Mesmo assim, algo sobre aquele caso não parecia muito certo.
— Estamos esperando pelo resultado do laboratório, e o dr. Herrera está a caminho. — Annie tentava manter a sra. Sanders e o marido calmos.
Mais uma vez, ela checou os sinais vitais, notando que a temperatura de Nina não baixara.
"Apresse-se, Poncho..."
Como se seus desejos o tivessem materializado, Poncho entrou no quarto naquele exato momento.
— Diga-me o que está acontecendo.
Nina assentiu.
— Comecei a sentir dores, mas não sei se são contrações, porque são muito constantes.
— Trata-se de dores localizadas ou você pode senti-las por todo o abdome?
A mulher indicou seu lado direito.
— Dói aqui, doutor... mas ainda mais aqui.
Poncho, pensativo, olhou para o monitor que Annie posicionara ao lado do leito e tirou a pulsação da paciente.
— Parece que está tudo bem com o bebê, Nina.
Nina fechou os olhos por um breve instante.
— Isso é bom, não é?
— Claro — Poncho disse com firmeza, colocando um par de luvas de látex.
Depois de fazer um exame rápido, ele tirou as luvas e procurou pela ficha médica.
— Os resultados dos exames já saíram, Annie?
— Vou ver se já colocaram no escaninho.
Annie apressou-se e acabou encontrando o relatório recém-chegado na bandeja da impressora da sala das enfermeiras. Então, voltou depressa ao quarto.
Antes de entregar os resultados a Poncho, notou a elevada taxa de glóbulos brancos indicada nos testes.
Poncho, por sua vez, estudou os relatórios por minutos antes de falar qualquer coisa.
— Não acho que esteja em trabalho de parto, Nina.
Ela fitou o ventre.
— Sendo assim, por que está doendo?
— Você pode estar com apendicite.
— Apendicite?
— Isso acontece — Poncho murmurou. — Vou providenciar uma laparotomia.
— E quanto ao bebê?
— Tanto você quanto a criança ficarão bem. Temos um excelente anestesista.
Daquela vez foi o sr. Sanders que interveio:
— Você disse que pode ser que ela tenha apendicite. Não tem certeza?
— Não — Poncho admitiu, com honestidade. — Às vezes é muito complicado diagnosticar uma apendicite, e a gravidez torna tudo ainda mais difícil. De qualquer forma, a taxa de mortalidade de mulheres grávidas com o apêndice supurado é muito alta. Por isso, preferimos arriscar uma cirurgia.
O homem empalideceu, e concordou com a decisão de Poncho.
Os próximos trinta minutos passaram rápidos, enquanto a sra. Sanders era preparada e encaminhada para a unidade cirúrgica. Quando tudo já estava pronto, Annie deixou a tarefa a cargo da enfermeira de plantão e voltou para procurar Jacqueline.
— Localizou a sra. Lytle?
Jacqueline encarou-a ajeitando os cabelos mais uma vez.
— Ela está a caminho, e não parece muito feliz com isso. Disse a ela que pode falar com você quando chegar aqui.
— Ótimo! Eu me entendo com ela. Nesse meio tempo, por favor, preencha o relatório de qualidade relatando o incidente.
— Isso é necessário? Quero dizer... a mulher está voltando, e vai receber seu medicamento. Por que complicar as coisas? Não aconteceu nada ruim.
Mais uma vez, Annie se esforçou para manter a fleuma.
— Notificar o departamento de qualidade sobre erros médicos é o procedimento padrão. Tivemos sorte de perceber o equívoco antes que algo mais grave tivesse acontecido. Lembre-se disso.
Jacqueline revirou os olhos desgostosa.
— Ainda não acho que isso seja necessário.
— Não importa o que você acha. Apenas faça — Annie ordenou.
Na meia hora seguinte, a sra. Sanders foi para o centro de recuperação após a remoção de seu apêndice, e outra jovem mãe foi admitida em trabalho de parto.
Quando Annie estava se perguntando se deveria ligar de novo, o casal Lytle chegou. Depois de soltar um suspiro aliviado, ela desculpou-se pela inconveniência e conduziu-os até a enfermaria para aplicar a medicação.
Depois que Dulce chegou para substituí-la, Annie ainda teve de participar de uma reunião sobre infecções hospitalares, e, quando retornou, encontrou Poncho e Jacqueline discutindo.
— Oh, aí está você! — a nova enfermeira esboçou um sorriso falso. — Eu vi o dr. Herrera e achei que seria melhor explicar o problema que você teve com a sra. Lytle.
Annie ergueu as sobrancelhas.
— O medicamento já foi administrado, e agora nós duas vamos preencher o relatório de qualidade sobre o incidente.
O tom glacial de Poncho pegou-a de surpresa:
— Espero que sim. E acho que não preciso lembrar o quanto seu erro poderia ter custado para os futuros filhos dela.
— Não, você não precisa. — Annie olhou pára Jacqueline, procurando apoio. — Você não explicou o que houve?
Jacqueline limitou-se a dar de ombros numa atitude inocente.
— Sinto muito. Tentei explicar que você estava muito ocupada, e a sra. Lytle tinha pressa de sair. Eu devia ter questionado o lapso, já que havia assinado o prontuário de alta. Mas sendo nova na casa...
— Não deixe isso tornar a acontecer, Anahí — Poncho pediu, como se considerasse que a culpa era dela.
Annie enfiou as mãos nos bolsos e cerrou os pulsos. Foi necessário um grande esforço para conter a língua. Dadas as circunstâncias extenuantes, concluiu que estava mesmo em uma situação delicada.
— Não se preocupe, doutor.
No instante seguinte à partida do médico, confrontou Jacqueline:
— Por que não contou a verdade a ele?
— Eu contei.
— Não tenho tempo para fiscalizar cada movimento que fizer, mas acredite: estou de olho em você. E se não puder arcar com suas responsabilidades não vai ficar aqui por muito tempo.
— Não me ameace, Anahí. Meu pai é o administrador do hospital. Posso garantir que ficarei no cargo mais do que você.
Dizendo aquilo, a moça se afastou, deixando Annie furiosa, tanto com ela como com Poncho.
Quando o viu de novo, vinte minutos mais tarde, sua raiva não havia diminuído.
Annie estava na sala das enfermeiras, trabalhando no computador, quando Poncho entrou e sentou-se a seu lado.
— Você está irritada.
— Que observador!
— Não devia ter levado aquela advertência para o lado pessoal.
— Pareceu bem pessoal para mim.
— Eu tinha todo o direito de estar zangado. Minha paciente poderia ter sofrido por causa daquela negligência.
— Eu sei disso. Também fiquei brava comigo mesma quando descobri o erro.
— Então por que está assim?
— Porque você preferiu aceitar a palavra de uma desconhecida, com quem nunca trabalhou antes, em vez da minha. O mínimo que poderia ter feito era me deixar explicar.
Poncho ajeitou-se na cadeira, cruzando os braços.
— Certo. Então, explique.
Annie voltou-se para a tela do computador.
— Estou ocupada.
De soslaio, notou que Poncho permanecia imóvel como uma estátua, parecendo disposto a esperar até que ela conseguisse recuperar o autocontrole. A pressão daquele silêncio a fez falar outra vez:
— Eu até explicaria, mas agora meus argumentos iriam parecer meras desculpas, uma vez que Jacqueline já deu a versão dela. Mesmo assim, lá vai... Sim, toda a confusão foi minha culpa por deixar Jacqueline sozinha enquanto eu cuidava da sra. Sanders, e por julgar que ela seria capaz de trabalhar sozinha. Mas o que me feriu mesmo foi sua atitude. Pelo menos poderia ter me dado o benefício da dúvida.
A pulsação de Annie estava acelerada quando ela terminou seu pequeno discurso.
— Eu não imaginava...
— Mas deveria, Poncho!
Annie respirou fundo.
— Não tornarei a fazer isso.
O comentário dele não era uma desculpa clássica, mas Annie desconfiava que era o mais próximo disso a que Poncho poderia chegar. Já era experiente o bastante para saber que poucos homens eram capazes de dizer aquelas duas palavrinhas: "sinto muito".
Poncho se inclinou para sussurrar-lhe ao ouvido:
— Vamos fazer as pazes?
Sua expressão de arrependimento conseguiu fazer Annie sorrir.
— Muito bom, Annie!
Como muitas pessoas estavam ao redor, Poncho despediu-se com discrição, batendo de leve no braço de Annie.
Dali em diante, Annie passou a tratar Jacqueline de forma polida, mas distante. Sempre gostara de ter consigo as outras colegas da unidade, por isso achava aquele tipo de comportamento desconcertante.
Caminhando para o estacionamento com Dulce, ao final de seu turno, uma semana depois, sentiu necessidade de externar como estava frustrada diante da situação.
— Apenas ignore-a, Annie. Pelo que reparei, a garota está louca para ir logo trabalhar como assistente no escritório de um dos médicos. Se não estou enganada, creio que vai deixar nossa unidade por pastos mais verdejantes muito antes do que imaginamos.
— Acho que sim.
— Esqueça toda essa história e concentre-se em seu casamento. Está tudo certo para amanhã?
Confortada pela amiga, Annie assentiu.
— Acha que estou fazendo a coisa certa, escolhendo uma cerimônia simples e convidando apenas nossos amigos mais íntimos, Dul?
— Para mim, foi uma idéia maravilhosa. Casamentos suntuosos estão fora de moda.
— Sim, mas não consigo deixar de imaginar que Poncho vai comparar nossa pequena recepção com o acontecimento social brilhante que teria se fosse Angelique a entrar na igreja, e não eu.
— Vocês não cuidaram de tudo juntos?
— Sim.
— Então não pense bobagem. Se Poncho quisesse o evento que você descreveu, teria lhe dito.
Annie passou a mão sobre o ventre.
— Talvez devêssemos ter esperado até depois que a criança nascesse. Estou ficando gorda.
— Tolice, Annie. E, com aquele vestido que você escolheu, sua barriguinha nem vai ser notada.
— Para ser franca, Dul, não estou preocupada com o casamento, e sim com o que virá depois.
A amiga achou que era hora de fazer uma brincadeira:
— Ah, a cena no quarto de dormir... Olhe, Annie, Poncho não vai notar. E, se notar... Ora, bolas, é o bebê dele! — Sorriu. — Se quer que eu seja franca, acho que os homens até acham isso muito sexy.
Sentindo o rosto queimar de embaraço, Annie deu um tapinha amistoso na amiga.
— Dul!
— Acredite em mim, querida. Tudo vai funcionar perfeitamente.
Autor(a): narynha
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Aquilo foi o que Annie disse a si mesma ao entrar na capela do hospital, no dia seguinte, usando um vestido branco simples e com os cabelos presos num arranjo com pérolas e flores do campo. Tudo estava mudando, e apenas o tempo diria se seria para melhor. Ao chegar ao altar, olhou para o homem a seu lado, e seu coração acelerou. Vestindo um elegant ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 135
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:41
AAAAA acabei de ler *-*
Meio tarde mais li
hihihi
Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:37
AAAAA acabei de ler *-*
Meio tarde mais li
hihihi
Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:33
AAAAA acabei de ler *-*
Meio tarde mais li
hihihi
Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:28
AAAAA acabei de ler *-*
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Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:23
AAAAA acabei de ler *-*
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Muito boa essa adaptação, parabens *-*
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:19
AAAAA acabei de ler *-*
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:15
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Muito boa essa adaptação, parabens *-*
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kikaherrera Postado em 19/03/2010 - 02:55:30
Linda essa web o final então melhor ainda
AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII -
rss Postado em 18/03/2010 - 13:29:06
eu tou lendo agora pena que já terminou.
besossssssssssssssss -
rss Postado em 18/03/2010 - 13:29:06
eu tou lendo agora pena que já terminou.
besossssssssssssssss