Fanfic: Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada
— Estou a caminho — Poncho avisou, tenso.
— Estarei pronta. — Annie lutava contra o pavor, ao colocar o fone no gancho.
Desde que a dra. Perroni ligara, sentia que estava à beira da histeria. Falar com Poncho fizera com que se sentisse um pouco melhor, pois sabia que ele a ajudaria naquele tipo de coisa. Entretanto, cada pequeno problema de gestação que conhecera em seus anos de trabalho veio-lhe à memória.
Quinze minutos depois, o carro de Poncho estacionou na frente da casa. Mas antes mesmo que ele tivesse freado por completo Annie já estava correndo em sua direção.
— Diga-me o que Maite lhe disse — Poncho pediu assim que Annie entrou e colocou o cinto de segurança.
— Não foi muito. Apenas solicitou que eu fosse a seu consultório no primeiro horário livre para discutir o resultado de meus exames. — Engoliu com dificuldade, pois sentia a garganta seca. — A dra. Perroni não iria me alarmar se o resultado desses testes fosse normal, não é mesmo?
O silêncio momentâneo de Poncho quase servia como uma resposta.
— Até que ouçamos o que Maite tem a dizer, estaremos tentando adivinhar, só isso.
Annie respirou fundo.
— Você está certo. Numa ocasião dessas, minha experiência profissional é um tormento... Eu sei demais.
Poncho tocou os dedos dela, tranquilizando-a.
— Vamos nos informar antes de tirar qualquer conclusão precipitada.
— Certo. — Annie se esforçou para sorrir.
O casal entrou na ala clínica do hospital, dirigindo-se ao consultório da dra. Perroni. Annie assinou o registro antes de se sentar em uma cadeira ao lado de Poncho, tentando não notar o grande número de mulheres grávidas e mães com seus bebês nos braços, aguardando sua vez.
— De qualquer forma, lembra que eu havia mencionado sua idéia de organizar um comitê de fundos para Greg Olivier?
— Sim. — Annie apreciava aquele esforço de Poncho para distrair sua atenção.
— Greg esteve sondando algumas pessoas nos últimos dias. Depois de ter ouvido comentários positivos, quer montar um grupo para dar andamento.
Excitada pela novidade, Annie apertou a mão do marido.
— Que maravilha!
— Vai levar algum tempo para organizar os detalhes, mas acho que dará para organizarmos um evento que coincida com o Dia da Independência.
— Isso nos dá várias semanas, Poncho. Não é muito, admito, mas, se concentrarmos esforços, poderemos fazer que aconteça.
— Também creio nisso.
— O excesso de trabalho tem demonstrado que nosso espaço é insuficiente. Por isso acho que a maioria da equipe nos apoiará.
Antes que Poncho pudesse responder, a enfermeira da dra. Perroni chamou por Annie. Ela levantou-se com o pulso acelerado.
Maite entrou na sala de exames logo depois que a enfermeira saiu, e sua expressão era solene.
— Estou feliz que tenha vindo também, Poncho.
— O que está acontecendo, Maite?
O medo que Annie tinha tentado controlar desde que recebera o telefonema da médica dominou-a por completo.
Seu olhar não parava de alternar-se entre Poncho e Annie, como se estivesse se preparando para o pior.
— Cerca de dez dias atrás fizemos uma bateria de exames de rotina, e os resultados chegaram ontem. — A doutora olhou para Annie e para o envelope que segurava. — Incomoda-se se ele vir isto?
Annie fez que não. A médica entregou o relatório, e Poncho começou a analisá-lo.
— Diga o que há, doutora.
— Sua alfa-fetoproteína é elevada, Annie. Isso pode significar...
— Eu sei o que pode significar.
O nenê poderia apresentar defeitos neurológicos, deformidade neurotubal, anencefalia e outros problemas. Já vira crianças naquelas condições, e seu coração enchera-se de dor por causa dos pais. Não era possível que estivesse acontecendo com ela.
— Precisamos fazer um ultra-som anatômico completo.
— Você não fez nenhum ultra-som antes, Maite? — Poncho a fitou com dureza.
A médica meneou a cabeça.
— Como Annie pôde determinar a data exata da concepção, não vi necessidade de fazer isso antes. Agora não teremos outra escolha.
Poncho tentou falar, mas Maite impediu-o.
— Nosso técnico de ultra-sonografia vem a meu consultório toda sexta-feira. Vocês podem esperá-lo por alguns dias ou devo mandá-los até ele hoje mesmo?
Os olhares de Poncho e Annie se encontraram.
— Não sou muito boa quando se trata de esperar.
— Iremos — ele decidiu.
— Providenciarei os detalhes. Embora a família de Annie não apresente um histórico a esse respeito, sua profissão a coloca em alto risco, por isso devemos cobrir todas as possibilidades.
Annie recordava ter lido estatísticas mostrando como enfermeiras pediátricas e de quimioterapia corriam maior perigo de apresentar tal distúrbio do que a maioria das pessoas.
— Depois dos resultados, terão pouco tempo para decidir se vão querer interromper a gravidez ou não — Maite advertiu.
O instinto maternal de Annie entrava em conflito com seu julgamento profissional, mas ela preferia evitar pensar naquilo.
— Algo mais pode causar uma alta taxa de alfa-fetoproteína, doutora?
Foi Poncho quem respondeu:
— Hemorragia fetal, por exemplo... ou gêmeos. Existe algum histórico de múltiplos nascimentos entre seus familiares?
— Não. — Annie jamais imaginara estar esperando gêmeos. Mas, considerando as opções, até que era uma possibilidade agradável.
— Vamos cuidar de uma coisa de cada vez. — Maite estendeu o estetoscópio para Poncho. — Já que perdeu a consulta do último mês, gostaria de ter a honra de ouvir os batimentos?
Poncho não precisou de um segundo convite. Num instante, colocou o aparelho nos ouvidos, pressionando a outra ponta na região abdominal do diafragma. Um sorriso surgiu em seus lábios ao ouvir o familiar som das batidas do coração do bebê.
Um instante depois, devolveu o estetoscópio para Maite com certa relutância.
— É diferente quando o filho é seu, não é? — A médica sorriu.
Poncho assentiu.
— Tudo bem, então. Annie, enquanto telefono, comece a beber água.
Menos de uma hora depois, a técnica espalhou o gel sobre o ventre de Annie, começando o exame. Embora soubesse que era infrutífero, seus pensamentos concentravam-se no desapontamento que Poncho sentiria se o teste revelasse uma deformidade. Ele já desistira do tipo de mulher que desejava por causa da criança.
Poncho permaneceu ao lado dela, cheio de carinho, enquanto a técnica fazia seu serviço.
Desejando ver-se livre de qualquer preocupação, Annie se virava a cada instante para o monitor, tentando identificar as estruturas fetais, a cabeça, os braços, as mãos. Mas esse esforço não parecia fazer efeito.
A pressão dos dedos de Poncho sobre seu pulso aumentou. O olhar dele estava fixo na imagem cinzenta e granulada. De repente, ele inclinou-se para a frente, tenso.
— O que você está procurando, Poncho?
— Sinais. Como você sabe, a pista para se identificar defeitos neurotubais pode ser uma espinha aberta. Outras pistas são uma cabeça com circunferência em forma de limão, ou um cerebelo longo.
A ultra-sonografia mediu a cabeça do feto com marcas computadorizadas. Por fim, desligou o equipamento e começou a limpar o gel do abdome de Annie.
— Terminou — ela disse, num tom neutro.
— Você encontrou alguma coisa? — Annie demonstrava toda sua angústia, rezando para que a atitude despreocupada da jovem fosse um bom sinal.
— Bem... As proporções do bebê parecem estar nos padrões.
— Isso quer dizer que ele está bem, Poncho?
Ele fez um gesto vago.
— Ainda não podemos dizer com certeza. Muito embora essa notícia seja muito encorajadora.
— E o que vem a seguir? — Annie indagou.
— Vamos ter de fazer uma análise do líquido amniótico.
— Isso nos dará o diagnóstico final?
Poncho suspirou.
— Uma taxa normal de alfa-fetoproteína no líquido amniótico é um bom sinal. Já níveis elevados podem confirmar ma deformação.
— Quer dizer que, nesse caso, precisaremos nos preparar para ter uma criança deficiente... — Poncho esperou pela reação de Poncho, que permaneceu com uma expressão límpida e impenetrável como uma estátua.
— Não necessariamente. Mesmo que o resultado seja positivo, há uma margem de erro de dez por cento.
Os ombros de Annie ficaram mais tensos, ao preparar-se para a resposta de Poncho para a próxima questão:
— E o que vamos fazer?
"Por favor, Poncho, não sugira um aborto."
— Isso depende de quanta sorte acha que tem.
Ela lembrava-se de um comentário que o marido fizera certa vez: "Uma pessoa faz sua própria sorte". Sem dúvida nenhuma, Poncho não era do tipo que gostava de deixar as coisas acontecerem ao acaso.
— O que você gostaria de fazer, Annie?
— Quero esperar que o bebê nasça, Poncho.
— Se ele ou ela tiver algum defeito, não será fácil para você.
— Eu sei.
— Só queria ter certeza de que você compreende as consequências.
— Claro que sim. Porém, vamos fazer os exames primeiro, e depois decidimos.
— Está bem.
Na semana seguinte, os exames mais detalhados foram realizados, e Poncho esteve sempre ao lado de Annie, terno e amoroso.
Annie voltou ao trabalho, determinada a não atormentar-se mais até a próxima consulta. Para isso, contou com a ajuda do fluxo ininterrupto do hospital.
Quando voltou ao consultório da dra. Perroni, Poncho mais uma vez estava presente.
— Esperava que a taxa de alfa-fetoproteína estivesse normal.
— Eu também. — As mãos de Annie tremiam muito, e seu desapontamento era óbvio.
— Entretanto, isso não aconteceu. Contudo, como o ultra-som não revelou nenhuma anormalidade, há uma chance de tudo estar bem com a criança.
— Mas não podemos ter certeza, Maite.
— Não saberemos até que o bebê nasça, Poncho. Enquanto isso, vocês devem se preparar para o pior. Se quiserem, faremos outra ultra-sonografia.
— Não — Annie cortou-a. — Não pretendo passar os próximos três meses procurando por problemas. E, mesmo que aparecesse alguma anormalidade, seria tarde demais para tomar uma atitude.
Poncho espantou-se com a veemência de sua mulher. Por alguns minutos, um pesado silêncio os envolveu.
— Se é assim que você se sente...
— É sim, Poncho.
Poncho encarou Maite Perroni, sem conseguir esconder sua apreensão.
— Você a ouviu.
Os olhos da médica se estreitaram.
— Parece justo.
Algumas semanas se passaram. Annie e Poncho voltaram à rotina. O único problema era o comportamento de Poncho, cada vez mais arredio. Desde que haviam saído da consulta da dra. Perroni, ele se recusava a comentar sobre a possibilidade de o bebê vir a apresentar anomalia, e mudava de assunto sempre que Annie tentava conversar.
Como se comprometera a chefiar o comitê para angariar fundos para o hospital, usava aquilo como desculpa para trabalhar horas a fio, primeiro em seu consultório, depois com a organização de um grande jantar beneficente.
Jacqueline Olivier também fazia parte do comitê, graças a seu grande "traquejo social", e observá-la ao lado de Poncho dia após dia não era nem um pouco agradável para Annie.
A mulher fazia questão de provocar Annie, contando como era estimulante o serviço com Poncho, e descrevendo os grandes planos que faziam para o banquete.
Annie, muito ocupada para fazer parte da organização, limitava-se a ver Jaqueline ganhar a fama por uma idéia que fora dela.
Porém, o pior era pensar que o comportamento de Poncho na verdade podia ocultar o fato de ele estar questionando seu casamento. O marido talvez estivesse ponderando se valia mesmo a pena manter um relacionamento tão complicado, comparando sua mulher com aquela jovem loira sofisticada e poderosa.
E Annie sabia que, se fosse esse o jogo, estava em franca desvantagem. Jamais poderia competir com uma moça que parecia ser a materialização dos sonhos de Poncho.
Autor(a): narynha
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O tempo parecia passar cada vez mais depressa, e Annie logo atingiu o sétimo mês de gestação. As coisas entre ela e Poncho não haviam mudado, mas Annie esperava que, após a realização do banquete, na noite seguinte, tudo voltasse ao normal. Enquanto isso, também usava o trabalho para fugir de suas preocu ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 135
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:41
AAAAA acabei de ler *-*
Meio tarde mais li
hihihi
Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:37
AAAAA acabei de ler *-*
Meio tarde mais li
hihihi
Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:33
AAAAA acabei de ler *-*
Meio tarde mais li
hihihi
Muito boa essa adaptação, parabens *-*
Adorei *o* -
jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:28
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:23
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:19
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jl Postado em 15/02/2011 - 10:17:15
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kikaherrera Postado em 19/03/2010 - 02:55:30
Linda essa web o final então melhor ainda
AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII -
rss Postado em 18/03/2010 - 13:29:06
eu tou lendo agora pena que já terminou.
besossssssssssssssss -
rss Postado em 18/03/2010 - 13:29:06
eu tou lendo agora pena que já terminou.
besossssssssssssssss