Fanfic: Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada

Estendendo o braço e tocando-a nas costas nuas, o dr. Herrera conduziu-a adiante. Até aquele momento, Annie não percebera quão alto ele era. Devia ter quase vinte centíme­tros a mais que ela. O vestido justo agora parecia expô-la demais, revelando detalhes de sua figura muito feminina.

Juntaram-se ao grupo e ficaram alguns minutos à mesa, mas logo depois já estavam dançando no meio do salão.

Annie encontrava-se tão perdida em conjecturas que nem mesmo notou a presença de Rodrigo, parado à entrada. Annie, aliás, só o percebeu quando a dança chegou ao fim, e os casais começaram a retornar a seus lugares.

Rodrigo também usava smoking, como os demais convidados, mas seus cabelos se mostravam em desalinho, e a gravata, fora do lugar. Quando o ex-namorado se aproximou, Annie concluiu que o odor de álcool que emanava de seus lábios tinha muito a ver com seu jeito beligerante.

— Bem, olhe só! Não é uma bela visão? — Rodrigo colocou-se no caminho deles.

— Você está bêbado. — Annie tentou passar a seu lado, mas ele segurou-a pelo pulso com muita força.

— Se estivesse, não seria por ver o que está fazendo. — Rodrigo encarou Poncho, antes de continuar: — Suponho que a moça já lhe contou sua história triste.

— Solte-a — Poncho ordenou. — Nós estamos indo embora.

Rodrigo suspirou, com desprezo.

— Indo embora para onde? Ou eu deveria indagar: para fazer o quê? Se estiver com alguma idéia em mente, é melhor levá-la para sua casa, porque não pode ir até a dela. Annie jamais ofenderia sua avó ou o garoto, sabe como é...

Livrando-se dele, Annie deixou escapar um suspiro.

— Vá embora, Rodrigo.

O homem ignorou-a, continuando a dirigir-se a Poncho.

— De qualquer forma, foi avisado, rapaz. Essa garota é problemática. Não vai chegar muito longe, a não ser que coloque um anel em seu belo dedinho. A srta. Certinha jamais agirá como uma mulher de carne e osso. Não, não senhor. Annie sempre parece observar o mundo de um pedestal muito alto, bem acima do resto de nós, reles mortais.

Rodrigo respirou fundo.

— Como já disse a ela, vai ser difícil encontrar um sujeito que se responsabilize por toda aquela gente. Ninguém em seu juízo perfeito poderia fazer isso. E esse é meu caso.

— Verdade? — Poncho provocou-o. — Posso ver...

Poncho se virou para Annie.

— Venha cá, boneca. Quero lhe dar um beijo de despedida.

Por um instante, Rodrigo hesitou, como se fosse deixá-la passar.

Contudo, acabou se inclinando para a frente e estendeu a mão, como se desejasse pegá-la pelo pescoço. Mas a reação defensiva de Annie fez com que atingisse apenas a alça de seu vestido.

Num gesto brusco e violento, os dedos dele arrancaram a alça, e a parte da frente do traje desabou.

Segurando o fino tecido diante dos seios para evitar uma humilhação total, Annie desejou por um segundo que o chão se abrisse sob seus pés antes que morresse de embaraço. Ao erguer a cabeça, notou, surpresa, que o maxilar de Poncho parecia tenso, e ordenou-lhe:

— Fique para trás, Annie.

Rodrigo gingava de um lado para o outro, como um lutador de boxe num ringue.

— Quer dizer que o sr. Fala Mansa vai lutar comigo por sua honra, Annie? — Chegou mais perto de Poncho. — Vamos ver se conseguirá impressionar a garota, bonitão.

Antes que Annie pudesse se mover, o punho de Poncho atingiu a face de Rodrigo com força suficiente para atirá-lo longe. O ex-noivo inconveniente apoiou-se nos cotovelos um instante depois, e tocou o lábio inferior, olhando em seguida para a ponta dos dedos, que estavam manchadas.

—  Estou sangrando! — Rodrigo massageou a mandíbula. — Você deixou meu dente solto!

—  Considere-se com sorte por ser apenas um. — Poncho tirou o paletó.

— Não vai sair daqui desse jeito! — Rodrigo advertiu-o.

Annie arrepiou-se quando Rodrigo cobriu sua pele nua.

Como se fosse uma criança, ele a tomou nos braços num gesto muito protetor. O calor e o aroma que desprendiam-se daquele corpo másculo fizeram-na perceber o quão fria estava, tanto por dentro como por fora. E a constatação a fez tremer.

— Vamos, Annie. — O doutor conduziu-a para que pas­sasse ao lado de Rodrigo, que continuava estendido no piso.

— Sinto muito...

— Fique calma. Foi ele quem pediu. Além disso, não foi culpada de nada. Não é uma vergonha ver um homem adulto agindo dessa forma?

— Vai viver para se arrepender disso, ouviu? — Rodrigo gritou, numa bravata.