Fanfic: Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada

Poncho ignorou-o e continuou a conduzir Annie, como se estivesse muito tranquilo.

Assim que chegaram à casa de Poncho, ele ofereceu a Annie seu roupão de banho.

Encontravam-se à mesa da cozinha, onde ela costurava seu vestido de seda. A caneca do café que Poncho preparara estava a sua frente, com o líquido escuro fumegando.

Segurando sua própria caneca, Poncho parecia perdido em pensamentos. A recusa de Angelique não fora uma surpresa completa. Mesmo assim, desapontara-se.

O julgamento que ela fizera sobre sua personalidade tinha algo de correto, precisava admitir, mas fazer planos e man­ter a própria vida sob controle eram coisas das quais não queria abrir mão.

Fitando Annie de relance, notou que suas mãos estavam paradas.

—  Eu não tive culpa, Poncho.

—  É evidente que não.

—  E não costumo me colocar num pedestal, acima das outras pessoas.

—  Você não tem de me explicar nada. Seu ex-namorado estava bêbado, e não costumo levar comentários de pessoas assim em consideração.

—  Mas quero me explicar. Eu preciso.

Poncho se calou, compreendendo os sentimentos dela.

—  Não sou uma esnobe. Apenas muito seletiva.

Poncho sorveu um gole de seu café.

—  Essa é uma boa política nos dias de hoje.

— É o que penso também. — Uma lágrima escorreu por sua face. — Então por que me sinto tão mal?

— Decerto porque dói quando alguém que julgamos que nos ama se vira contra nós.

Ela mordiscou o lábio.

— É assim com você? Quero dizer... em relação a Angelique?

— Sim. Acho...

Poncho a amara, embora não da maneira arrebatada e ardente que Angelique desejara. Sua existência era governada pela lógica, e não pelas emoções. Angelique queria o oposto, e era esperta o bastante para saber que não poderia mudar os hábitos adquiridos por um homem na idade dele.

— Tenho uma estranha urgência de provar a Rodrigo que ele estava errado. Será que é uma loucura?

A mesma idéia passara pela mente de Poncho. Uma ânsia, uma necessidade quase incontrolável de jogar por terra o jul­gamento que Angelique fizera dele. Claro que admitia ter uma tendência para planejar o futuro. Mas quanto a ser acusado de falta de espontaneidade, era um pouco de exagero.

O entrevero com Rodrigo era um belo exemplo. Poncho gos­taria que Angelique tivesse visto todo o episódio. Deixando es­capar um suspiro, encolheu os ombros.

— Parece razoável, para mim.

Annie observou a roupa que tinha no colo, e então colocou a delicada peça sobre o tampo, erguendo-se. Sua voz era pouco mais que um sussurro:

— Você me ajudaria?

Poncho congelou, incapaz de acreditar naquele convite.

—  De que maneira?

—  Provando que sou uma pessoa de carne e osso. Nos últimos dez anos, em todas as decisões que tomei, sempre levei em consideração como algo poderia afetar minha fa­mília. Quero agir pelo menos uma vez por impulso.

Annie soltou a faixa do robe, que abriu-se, revelando cur­vas deliciosas e uma pele bronzeada.

— Por favor...

Poncho engoliu em seco. A lógica o mandava recusar, mas as acusações de Angelique ainda ecoavam em sua memória.

A excitação começou a aumentar. Inclinando-se para a frente, Annie ficou a poucos centímetros. A eletricidade pa­recia preencher o ar entre os dois.

—  Quero momentos de que possa me lembrar.

—  Você não tem de fazer isso, Annie.

Os magnéticos olhos azuis fixaram-se nos dele.

— Sim, eu tenho. Tudo o que peço é uma noite. Nada de compromisso. Amanhã poderemos voltar a nosso relacionamento profissional e esquecer tudo o que houve.

Vendo-a ali, parada, suave e doce, Poncho duvidava que conseguisse esquecer qualquer detalhe.

—  Por que eu?

—  Porque me sinto segura com você, Poncho.

Uma onda incontrolável de desejo tomou conta de Poncho, que estendeu o braço e tocou-a no rosto. Da pele rosada de Annie desprendia-se um aroma de rosas, muito gostoso.

— Tem certeza? — ele perguntou.

Percebendo que sua própria necessidade de conforto era tão grande quanto a dela, Poncho concluiu que, se quisesse agir com sensatez, deveria voltar atrás, levando-a para casa. Porém, jamais fora um perfeito santo.

Annie suspirou, recostando-se contra ele. O roupão abriu-se por completo, ao mesmo tempo que os braços dela enro­dilharam o pescoço de Poncho.

— Mais do que nunca...