Fanfic: Uma proposta de amor [Adaptada] - terminada

— Como foi sua consulta? — Dulce quis saber, quando as duas corriam juntas em seu exercício rotineiro.

Annie parou para amarrar os cadarços dos tênis ao mesmo tempo que olhava para uma vitrine decorada, logo adiante.

— Vou ter de encontrar outro médico — disse, em tom casual. — O dr. Ferguson não vai mais poder cuidar de meu caso.

— Oh, meu Deus! — Os olhos de Dulce se arre­galaram. — O que há de errado?

Annie sentiu-se culpada por preocupar a amiga. No re­flexo da vitrine, examinou sua aparência um tanto descui­dada, com a grande camiseta vermelha e o short simples de corrida. Por um instante, desejou ter pelo menos uma parte das curvas generosas do corpo perfeito da amiga.

— Não é nada sério. Bem, é, mas não é. — Annie fez uma pausa constrangida. — Estou esperando um bebê.

— Você o quê?

— Estou grávida.

— Oh, meu Deus! Quando... quem... Não me diga que é de Rodrigo!

— Não é dele.

Pelo menos naquilo o destino lhe sorrira. Só de pensar em tê-lo como pai de seu filho sentia arrepios.

— Então de quem é, Annie? Sei que não saiu com ninguém nos últimos tempos. Na verdade, o único homem que demonstrou algum interesse por você foi... — Dulce interrompeu-se e encarou-a, incrêdula, como se tivesse percebido as implicações do que acabara de ponderar. — Não me diga que teve um caso com...

— ...Alfonso Herrera. Mas não foi um caso. Pelo menos eu não classificaria uma simples noite dessa forma.

— Jesus, tenho de me sentar! — Dulce dirigiu-se a um banco e sentou-se, sendo seguida de perto por Annie. — Não posso acreditar nisso. Você, a jovem convencional e bem-comportada, se entregando a uma aventura.

— Não diga uma palavra. Não se atreva a fazer o que houve parecer uma coisa barata. Na verdade, tudo não pas­sou de uma experiência terapêutica que tive num período difícil para mim.

— Sinto muito, Annie. Sei pelo que passou nos últimos dois meses. E que nunca esperei que pudesse fazer algo tão... tão...

— Impetuoso?

— Sim. Diga, quando tudo isso aconteceu?

— Em dezessete de dezembro.

— Annie, essa foi a noite...

— ...do baile de Natal.

Naquele instante, um casal passou abraçado pela trilha do parque, o que a fez lembrar-se do que sentira quando estivera nos braços de Poncho.

— Meu Deus, Annie! Poncho começou a trabalhar em Crossbow em outubro. Pode ser um grande profissional, mas ninguém o conhecia bem na época da festa.

Annie conteve um sorriso seco. Na verdade, continuava não conhecendo bem Alfonso Herrera, mesmo depois de tudo aquilo.

— O que deu em você?

— Poncho estava com seu carro e me ofereceu uma carona quando eu quis ir embora. — Annie brincava com o tecido da camiseta. — Ele foi muito gentil.

— E você retribuiu a gentileza dormindo com Poncho.

— Claro que não! Nós não planejamos nada. Apenas aconteceu.

Dulce sorriu com desdém.

— E o que todos dizem. Seja como for, ainda não me convenceu de que Poncho não se aproveitou de você. Deve se lembrar de que não estava em condições de pensar direito naquela ocasião

— Minha nossa! Está me descrevendo como uma mulher à beira de um ataque de nervos!

- Conheço pessoas mais fortes que não teriam suportado uma condição tão estressante, Annie. Não sei nem mesmo como eu reagiria se meu tio fizesse algo como o seu, tentando tornar uma situação ruim ainda pior.

— Admito que estava tentando evitar uma desgastante batalha de custódia. Toda nossa família... vovó, Kevin, eu mesma, estávamos caminhando sobre gelo fino.

— O que prova meu ponto de vista. Não estava racioci­nando com clareza, Annie. E, por outro lado, o dr. Herrera deveria ser um pouco mais respeitoso.

— Por favor, não seja dura com Poncho. Tudo o que fizemos foi baseado em uma decisão mútua. Ele não tem do que se envergonhar.

— E ainda o defende?

— Poncho também estava passando por um período complicado.

Dulce cruzou as pernas e inclinou-se para trás, assumindo uma posição mais confortável.

— Tentarei não ser muito dura por enquanto, Annie. De qualquer forma, estou muito curiosa sobre como você conseguiu passar por tudo isso sem me dar a menor pista.

Annie respirou fundo.

— Vou lhe contar como foi. Tudo começou logo depois que me levantei de nossa mesa...

E Annie prosseguiu, sem esconder nada da querida amiga.