Fanfic: ♥ DE REPENTE PAI ♥ Vondy - TERMINADA

♥ Capitulo V III ♥

Dulce Maria prendia cuidadosamente os galhos de uma primavera ao redor de um suporte de arame, num ponto do terraço de onde podia ver Roberta brincando na praia com Fuzz, quando um zumbido elétrico avisou-a da aproximação de Luis.

Não demonstrou ter-lhe percebido a presença. Nos seis dias que passara ali, evitara a todo o custo encontrar Luis Uckermann. Ele sempre aparecia para ver Roberta durante o almoço, e Dulce saía sorrateiramente antes que chegasse.

Não via Christopher há cinco dias. Despertara, na manhã seguinte à da chegada, com um empregado trazendo-lhe as malas pesadas, que continham tudo o que deixara em Londres. O marido fizera com que a bagagem chegasse à Sicília durante a noite, demonstrando que aquela era uma situação permanente. Fuzz lhe dera um bilhete de Christopher, em que informava que tivera de regressar a Nova York.

A cadeira de rodas parou a cerca de dois metros de Dulce e, como ela permanecesse impassível, o velho siciliano rompeu o silêncio tenso.

- O jardim sentiu muita falta de seu toque mágico...

- Não tenho nada a lhe dizer, Luis - ela informou, sem interromper o que fazia. - Você é um velho terrível que não merece minha atenção, ou a atenção de minha filha

Surpreendeu-se ao ouvir uma leve risada.

- Quer dizer que aprendeu a falar? - ele zombou.

Dulce voltou-se, menos por desconfiança do que pelo tom amigável daquela voz rouca. Foi seu primeiro olhar franco na direção do homem. Vestido com uma camisa creme de manga curta, aberta no colarinho, e com uma calça marrom, não era mais uma pessoa ameaçadora. A solidez dos ombros e peitos largos, das pernas firmes, dera lugar à fragilidade.

- Por Deus! -Ela sentou-se nos calcanhares, estonteada demais para conter o comentário: - Como você mudou!

Ele sorriu amargamente.

- Odeio isto. - Indicou a cadeira de rodas.

Apesar da compaixão inicial, Dulce percebeu o velho brilho matreiro naquele olhar. O homem ainda era perigoso.

- Quanto a você, está mais bonita do que nunca. A bambina teve a sorte de sair-se à sua imagem: os mesmos cabelos, seu lindo rosto, a natureza doce e gentil...

- Mas fui covarde - Dulce retrucou, ignorando o elogio. - Algo que minha filha não é.

- Com certeza puxou a coragem de meu filho - ele comentou, orgulhoso. - Ou talvez a minha.

- Que os céus protejam minha garotinha - Dulce respondeu, surpresa ao perceber que ele parecia saber exatamente quem era o pai de Roberta. - Tem alguma idéia de quanto ela ficou assustada com o seqüestro que você tramou?

- Eu não raptaria a bambina! Não permitiria que ninguém tocasse num fio de cabelo daquela linda cabecinha!

- Mentira. - Os olhos castanhos de Dulce brilhavam de raiva quando ela se debruçou sobre a cadeira. - Vi sua expressão quando segurou minha filha! Você parecia tão... possessivo!

Ele ofegou, chocado.

- É fácil dizer isso a um velho confinado a uma cadeira de rodas! - murmurou com amargura.

- Não me venha com esse golpe de velho doente! - ela avisou, empertigando o corpo. - Não vai funcionar!

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