Christopher se levantou estressado. Como de costume, com um mal humor dos infernos. Estava descendo as escadas e recarregando a arma, quando o seu celular tocou.
- Que por·ra - Resmungou atendendo - alô?
- Ucker? - Era Victor.
- O que foi?
- Sua irmã.
- O que tem a Camille?
- Ela está mal, Christopher. Muito mal.
- O que eu posso fazer?
- Deixar essa besteira de que a Dulce te traiu e ir atrás da sua namorada!
- Eu já disse que aquela filha da pu·ta não é minha namorada - disse com os dentes cerrados.
- Sua irmã vai entrar em depressão, Ucker! - Victor gritou.
- Pois é uma idiota! Dulce não vai aparecer, que coisa, já fazem dois anos!
Seu pai iria responder, mas ele simplesmente bateu o telefone. Sabia que iria escutar muito por isso, mas não estava nem um pouco a fim de ouvir aquilo novamente, pois seu pai repetia isso a cada dois dias. Já faziam dois anos e Dulce não tinha mais dado sinal de vida, porque daria justo agora?
- Bom dia - Maite sorriu entrando na casa, de mãos dadas com Christian.
- Péssimo dia. Meu pai já me ligou pra encher o saco. - Rosnou aborrecido.
- Sobre Dulce? - Christian perguntou, Ucker assentiu.
- Eu ainda não acredito que ela nunca mais falou comigo - Maite negou com a cabeça, magoada.
- Ela se sentiu culpada, mentiu pra você dizendo que o pirralho era meu - Ucker deu de ombros.
- Não sei - Maite suspirou.
E começou a chorar. Grossas lágrimas escorreram de seus olhos, molhando suas bochechas pálidas e seu queixo pontudo, molhando um pouco a sua camiseta lilás.
- Porque, Ucker? - Ela perguntou - eu gostava tanto dela!
Christian lhe abraçou, e repreendeu Ucker com o olhar.
- Está tudo bem gatinha - Ele a acalmou ao mesmo tempo que Ucker revirava os olhos.
- Eu gostava demais dela. Ela não podia ter feito isso comigo - murmurou com a voz abafada pela camisa de Christian, magoada.
- Não, não podia, mas fez. - Ucker disse, firme. - E a gente tem que trabalhar - Disse à Christian - Quer uma carona até a Deluxe, Mai? - Perguntou andando até a porta.
- Por favor. - Ela fungou.
Os três saíram pela porta, os meninos deixaram Maite na Sex Shop e depois Ucker dirigiu até o seu galpão, onde um cara que ele conhecia muito bem lhe esperava. Depois de subir o primeiro andar e descer dois, se viu no mesmo porão onde, à dois anos, Dulce havia matado um antigo amigo seu, Chaz, que a xingou de pu·ta e todos os nomes possíveis. Ele estava certo.
A sala estava escura como sempre. No meio, haviam duas frágeis cadeiras de madeira, com homens sentados e acorrentados sobre elas, as vestes e o rosto cheios de sangue, provavelmente desacordados, pois tinham as cabeças pendidas. Quatro ou cinco guardas estavam no fundo, e Poncho em um lugar mais perto da escada.
- Chegamos em má hora? - Christian perguntou à Poncho.
- Não estão desmaiados, não batemos neles para tanto. - Poncho comentou.
- Pois faremos isso agora - Christian sorriu e estralou os dedos.
Sem aviso, Ucker acertou um soco a bochecha do mais à direita.
- Acordem seus maricas! - Poncho disse, acertando um chute no lado da cabeça do outro.
Os homens levantaram rápido as cabeças, cuspindo mais sangue.
- Me matem, me matem! - O homem ruivo, que Poncho havia acertado, gritou.
- Cale a boca! - o outro, loiro, gritou. - O chefe cortaria seu p·au se te ouvisse implorar a morte para esse imbecil!
Ucker sentiu seu sangue ferver ao ouvir Will ser citado. Abriu um sorriso maligno.
- O soco inglês - Pediu à um dos guardas. - Fercho? Quer fazer as honras?
Christian sorriu e vestiu o soco inglês.
- Então - Poncho disse ao loiro - Will incendiou as boates do Ucker?
- Vai pro inferno! - Ele berrou.
Ucker se virou para o amigo.
- Christian? - Indagou.
O loiro mirou e acertou um belo soco com a ferramente no queixo do homem loiro. Dois dentes voaram de sua boca.