- Se você quiser, está tudo aberto. - ele continuou, sorrindo. - pode ir.
- Eu não quero. - ela sussurrou - Quero dizer, o Drew está muito ligado a você. Vai sofrer muito se eu os separar. O que eu gostaria muito de fazer. - mentiu.
Ucker sorriu e lhe deu um singelo beijo na bochecha.
- Angel já chega. - avisou e saiu do quarto.
Dulce tomou banho e fez todas as suas higienes matinais. Depois pôs uma calça jeans, uma camiseta amarela de mangas longas e um salto alto azul escuro. Escovou rapidamente os cabelos, passou uma leve maquiagem, perfume, e desceu as escadas para a sala de estar.
Lá já estavam Victor, Camille, Christina, Alexandra, Ucker com Drew no colo e uma mulher que Dulce nunca havia visto na vida. Ela se colocou ao lado de Ucker, que estava em pé e o catucou de leve.
- Quem é? - perguntou apontando a mulher desconhecida.
- Tia Pattie, mãe da Angel. - respondeu aos murmúrios - o pai dela morreu faz tempo, então chamei ela pra ver a vagab·unda que a filha é.
Dulce assentiu e cruzou os braços.
- Ela vai demorar? Vou trabalhar hoje. - Dulce avisou.
- Chega a qualquer momento. - Ucker sorriu - Vou levar o Drew no galpão, tenho umas coisas pra resolver também.
- É seguro levar o Drew num lugar desses? - Dulce arqueou uma sobrancelha.
- Comigo sempre é seguro, baby. - Ucker disse com um sorriso sedutor.
- Cala a boca - Dulce deu um tapinha no braço musculoso dele.
Um segurança veio até os dois e murmurou algo no ouvido de Ucker. Ele apenas assentiu, e o homem saiu da casa.
- Ela chegou. - Ucker disse à Dulce, que sentiu o corpo ficar rígido.
Menos de dois minutos depois as portas foram abertas, e por elas passou uma Angel triunfante, bronzeada, com os olhos ainda mais claros e os cabelos ainda mais sedosos. Sorria abertamente arrastanso sua mala de couro branco, até ver Dulce. Seu sorriso fechou.
- O que ela faz aqui? - a morena perguntou olhando Dulce com certo nojo.
- Vamos resolver tudo, Angel. - Ucker declarou, ficando frente a frente com a morena - Sei que você armou tudo para me separar da Dulce.
Angel olhou para Dulce de esguela e a ruiva sorriu ao ver que ela tremia.
- Quem disse isso? - ela perguntou displicente tirando os óculos do topo da cabeça.
- Seu único álibi era Christina. - ele disse apontando a irmã que estava de cabeça baixa - e agora ela confessou que não te viu na manhã do reveillón.
Angel estava tremendo, nervosa e assustada.
- Não fiz nada - ela deu de ombros - Estava no meu quarto.
- Tem certeza, Angel? - Pattie se levantou e cruzou os braços.
- Mamãe? - Angel perguntou espantada.
- Você não fez nada para essa mulher? - Pattie perguntou, desconfiada.
- Na-não mamãe - ela gaguejou, nervosa.
- Foi ela sim. - Ucker se virou, procurando quem havia dito isso.
Era uma empregada pequena e franzida, que vinha no corredor. Ela estava usando o uniforme preto e branco, devia ter mais de 40 anos, e mancava um pouco. Se aproximou da família a passos lentos, mas decididos.
- Eu a vi no dia dos tiros na cozinha, senhor Uckermann - ela disse à Ucker - Ela foi até lá e fez os disparos contra o vidro. Eu estava vindo da limpeza de um banheiro e vi tudo.
Angel pôs as mãos na boca e Dulce sorriu.
- Tem certeza? - Ucker perguntou.
A mulher assentiu frenéticamente e puxou um celular muito antigo do bolso do vestido.
- Não contei antes por medo, senhor. - ela disse ligando o celular - Mas quando percebi o mal que esta garota havia causado, tive que falar alguma coisa.
Ela se aproximou de Ucker, mas parou a alguns metros.
- Pode se aproximar. - ele disse e ela veio, mancando, com o celular na mão.
Ucker sorriu e pegou o aparelho. Havia uma foto, de Angel, segurando uma arma, na cozinha. Nos detalhes da foto, se via 31/12, a data em que tudo aconteceu. Ele rapidamente enviou as fotos via bluetooth para seu celular e entregou o aparelho à senhora.
- Pode ir. - ele disse rude, e a mulher saiu.
Ucker pegou seu celular do bolso e vasculhou até encontrar a foto.
- Então esta não é você, Angel? - ele perguntou mostrando a foto à morena.
Angel, não vendo como podia escapar, começou a chorar.
- Eu te amo, Ucker! - ela gritou, se ajoelhando. - Sempre te amei! Te queria só para mim!
Ucker respirou fundo e cerrou o punho na mão que não segurava o filho.
- Fui eu sim! - ela confessou, chorando falsamente - eu atirei no vidro da cozinha para distrair a todos e mandei uma mensagem do celular de Anahí para Dulce! Depois esperei você voltar para o quarto e envenenei você contra ela! - ela dizia aos soluços, falsos.
- U-Ucker - Pattie sussurrou - o que você vai fazer com ela?
Ucker olhava Angel com nojo.
- O jatinho está te esperando, Pattie. Pode voltar para seja lá onde você mora, porque com essa pu·ta aqui eu me resolvo. - ele disse com um brilho doentio nos olhos.
- Não mate a minha filha, por favor! - Pattie implorou.
- Se eu fosse você, Pattie, teria vergonha de chamar essa criatura de filha - Victor se levantou - E fique tranquila que o Ucker não vai matá-la.
Pattie não teve coragem de enfrentar o cunhado e o sobrinho; Ganhava uma pensão dos dois e não estava disposta a perdê-la. Pegou a sua bolsa, passou a mão nos cabelos da filha e rapidinho saiu da mansão. Dulce arrodeou Angel e se agachou ao seu lado.
- Você não presta, sua vadia - sussurrou com ódio.
- Pai - Ucker chamou Victor - Leve Christina e Angel para quartos separados, com água e pão, e as tranquem lá.
- Você vai matá-la de fome! - Alexandra se levantou.
- Não ouviu quando eu disse "com água e pão"? Ela não vai morrer de fome - Ucker respondeu frio - Me resolvo com as duas amanhã.
- NÃO UCKER, POR FAVOR! EU TE AMO! - Angel gritou em desespero.
- Devia ter pensado nisso antes de se meter com a Dulce. - ele respondeu simples - E você - ele acrescentou para Christina - por apoiar vagabu·ndas.
Victor agarrou as duas pelos braços e as levou para o quarto. Ucker entregou Drew para Camille e se virou para Dulce.
- Não vou matar nenhuma das duas, foi uma das condições do meu pai para uma carta branca - ele disse à ex.
- Quais as outras? - Dulce perguntou.
- Sem mutilações ou marcas permanentes. - ele enumerou entediado - em todo caso, darei uma surra nelas, queria saber se vai querer participar.
Dulce mordeu os lábios e assentiu.
- Certo. - Ele sorriu - Ainda vou tomar café, vamos?
- Não, vou tomar no galpão com Anahí e Julian.
- Cuidado - ele disse atencioso - Volte cedo.
Dulce rolou os olhos e bateu continência.
- Sim senhor, capitão.
Ucker riu e pegou o filho no colo.
- Dá tchau pra mamãe, filho. - Ele disse ao pequeno, derretendo Dulce.
Drew colou a mão nos lábios, fez um barulhinho e jogou para Dulce.
- Awn, como eu sou fofinho mamãe - ela fez bico e deu um selinho no filho - Tchau bebê da mamãe. Tchau Cami - ela acrescentou.
Dentro do carro a caminho do galpão, ela começou a pensar em como Ucker tinha várias caras. Havia aquela sexy e selvagem, que ele demonstrava na cama, quando metia nela até o talo - ela se sentiu molhada só de lembrar - e a destratava. E havia o lado pai e namorado de Ucker, como ele era carinhoso tratando Drew e como ele a protegia anteriormente, quando estavam juntos.
Mas quando se descontrolava, ela não reconhecia Ucker. Ele ficava fora de si e não gostava de ninguém, e essa era a sua face que a ruiva mais temia. E ela não conseguia deixar de se sentir magoada por tudo o que o loiro um dia havia feito... quebrou seu coração em mínimos pedaços, que apenas Drew conseguiu restaurar.
A questão era essa. Ela não sabia se queria gostar de Ucker novamente.