Christopher estava de cabeça baixa, não queria encarar a namorada nesse momento, pois sabia como ela devia estar. Furiosa, irritada...
- Não faz isso - Dulce susurrou, com um nó em sua garganta - Não se arrisca desse jeito por favor - Pediu abraçando ele com força.
- Eu não posso deixar assim Dul - Disse afagando os cabelos da ruiva - ele fez mal a você, vou me sentir um lixo, se deixar as coisas como estão... - Perdeu o fio.
- Eu prefiro um namorado sem moral do que um namorado morto! - Disse, já chorando.
- Ei - Disse a afastando um pouco - Pára de chorar Dulce, pára com isso, eu não quero ver você chorar - Com um aperto no coração - Eu não vou morrer moranguinho! - Brincou.
- Babaca! - Secou as lágrimas e deu um tapa no braço dele - Eu te peço, te peço por favor, não vai.
Ucker suspirou e secou uma única lágrima que caía do rosto dela.
- Eu fui um idiota né - Disse com um sorriso triste.
Dulce se sentou na cama confusa, e o olhou.
- Claro que você é um idiota - Riu - Mas como assim?
- Eu... eu estuprei você! - Cuspiu as palavras, se arrastando da cama.
Dulce engoliu em seco, não acreditava que ele estava tocando nesse assunto.
- É... - Suspirou - Você fez.
Christopher estava andando de um lado para o outro, passando a mão pelos
cabelos, não sabia porque, mas estava se sentindo um completo lixo.
- Você ... - Engoliu em seco - Você chorou naquele dia.
- É, chorei - confirmou, confusa.
- Eu sou um monstro! - Afirmou atordoado - Eu sou um monstro! Como eu pude fazer isso com você? Como pude ser o motivo disso? - Perguntou enojado consigo mesmo.
- Ucker? - Dulce perguntou assustada.
- Dulce, me desculpa - Disse de repente. - Me desculpa por favor!
- Ucker não precisa disso! - Se levantou da cama - Não precisa - Se aproximou dele.
- Claro que precisa - Disse triste - Me desculpa Dul, me desculpa de verdade!
Dulce o olhou com pena.
- Claro que eu desculpo, é claro que eu desculpo amor - Falou culpada.
- Eu prometo, prometo que nunca mais vou ser o motivo das suas lágrimas - A abraçou com firmeza - eu prometo.
Dulce fechou os olhos e sorriu. O abraço de Christopher era confortável ao extremo, o seu cheiro era único, era a única coisa capaz de acalmá-la, de deixá-la no melhor estado possível de espírito. Devagar, se separou e o arrastou até a cama, onde se deitou em seu peito. E assim eles dormiram, juntinhos.
Às seis e vinte da manhã, o despertador tocou para Dulce. A ruiva apertou os olhos, mas já era tarde, aquele barulhinho horrível já a tinha acordado. Se levantou devagar, se preocupando em não acordar Christopher, e correu para o banheiro. Tomou um rápido banho frio, lavou e escovou os cabelos, os deixando com cachos maravilhosos. Correu até o closet e se vestiu para um dia de calor no outono norte americano. Pôs um short de couro preto com spikes, uma t-shirt estampada com as relíquias da morte, colocou brincos e pulseiras, complementou tudo com um par de botas de cano curto de couro pretas e uma maquiagem básica. Com cautela, saiu do quarto e mandou um beijo para Ucker da porta. Desceu as escadas recarregando a arma, e olhando com superioridade todos aqueles seguranças que mais pareciam fungos em cada canto da casa. Quando chegou à cozinha não havia ninguém, e a mesa do café ainda não estava posta. Então caminhou até a cozinha, procurando algo para comer antes de ir receber a carga de cocaína. Ali teve uma surpresa, Camille e Christina estavam com roupas de academia e suadas, comendo maçãs enquanto conversavam. Para evitar uma confusão, entrou rápido para pegar algo e sair. Mas não encontrava as malditas barras de cereal.
- Pensei que vadias não acordassem cedo - Christina provocou.
Dulce a olhou com vontade de estrangular aquela patricinha.
- Falou comigo? - Perguntou cínica.
- Não - Camille interveio - A Christina não falou nada. E se falou, peço desculpas.
Dulce sorriu.
- Obrigada. - Agradeceu voltando a procurar as barras.
- Isso no seu short é uma arma? - Camille perguntou.
- É, sim - Dulce respondeu, sem virar para olhá-la.
- Pra onde você vai? - Perguntou curiosa.
Dulce achou duas barras de cereal em um armário baixo, e se levantou para olhar Camille. Ela tinha sido legal até agora, não custava responder sem grosseria.
- Vou receber uma carga de cocaína - Disse indo até a geladeira - Eu também trabalho com isso, sou traficante.
- Me deixa ir com você? -Perguntou antes que pudesse se controlar.
Como se fosse combinado, Christina e Dulce a olharam ao mesmo tempo, chocadas.
- Claro que não! - Christina gritou - Nem pensar eu vou deixar você se misturar com essa aí, imagina o que a mamãe vai falar! - Apontando Dulce.
- Claro que você pode ir, Camille - Dulce disse, cruzando os braços e sorrindo - Mas tem que ser rápido, consegue se arrumar em... quinze minutos?
- Claro, claro! - Camille vibrou e saiu da cozinha aos pulos.
Dulce a observou sair dali, Meu Deus essa família era completamente pirada, como era possível que Camille e Christopher tinham saído de dentro de uma criatura tão asquerosa como Alexandra? Christina pelo contrário era idêntica à mãe, mas não parecia ter uma gota do DNA de Victor. Na beleza com certeza, todos os Uckermanns eram belíssimos. Mas na personalidade...
- Está feliz? - Christina interrompeu seus pensamentos.
- Muito. - Dulce sorriu sarcástica - Mas pela sua cara de azeda, você não está muito, não é? - Fingindo dúvida.
- Como se atreve a falar assim comigo, sua idiota? - Perguntou ofendida.
- E o que te leva a achar que tem o direito de me chamar de vadia, sua patricinha rídicula? - Perguntou apalpando a cintura, para segurar a arma.
- Rídicula é a sua mãe, sua grossa! - Berrou irritada.
- Christina, eu sou muito melhor do que você. - Disse com uma voz mortal - Tenho 18 anos e sou a dama do tráfico, muito mais bonita, e principalmente INDEPENDENTE, pois enquanto você precisa do dinheiro do seu irmão porque não sabe fazer porra nenhuma, eu tenho o meu próprio dinheiro e sabe porque? Porque eu trabalhei pra isso! E é exatamente isso que eu vou fazer. Camille é maior de idade e pode fazer o que bem entender, se você me dá licença, eu vou trabalhar - Se virou pronta para sair, mas se lembrou de algo e sorriu - Já ouviu falar em trabalho, né? É o que as pessoas normais fazem pra ter dinheiro. - E agora sim saiu, cansada.
- Idiota! - Christina gritou enfurecida.
Quando Dulce chegou na sala de jantar, apenas Anahí estava lá. Estava com um roupão de seda cor salmão,os cabelos estavam bagunçados e ela tinha um sorriso idiota no rosto. Dulce conhecia bem aquele sorriso.
- Dá pra no mínimo pentear os cabelos depois de uma foda, amiga? - Dulce riu.
- Ai sua cadela - Anahí reclamou com a mão no peito - Que susto!
- Como foi a noite? - Dulce perguntou se sentando.
- Nossa - Anahí suspirou - Maravilhosa Dul. O Poncho é um escândalo - Mordeu os lábios safada.
- Ai Annie - Dulce se engasgou com o suco - Pelo amor, não preciso dos detalhes - riu - Eu imagino... às vezes acho que o Christopher escolhe os amigos pela potência sabe? - Gargalharam.
- E como ele descobriria...? - Anahí deixou a pergunta no ar, e levou alguns segundos até ambas entenderem o duplo sentido da pergunta.
- Jamais Annie - Dulce negou - Nunca que o Ucker... - Gesticulou - Ah, você sabe!
- Seria estranho o topo poderoso dando ré no quibe - Anahí pensou, no exato momento que Camille apareceu.
- Estou pronta - Camille estava ótima; Usava regata rosa e calça jeans, e combinou tudo com um salto preto. Ela seria uma ótima traficante.
Como era meio loira, ficava muito linda com os cabelos presos em um rabo de cavalo, com a franja batendo acima dos olhos. Na verdade, era idêntica a Anahí. As únicas diferenças eram que o cabelo de Camille era mais escuro, ela tinha franja, e seus olhos eram verdes, não azuis. E Anahí era um pouco mais alta.
- Onde você vai? - Annie perguntou - Com ela?
Dulce coçou a nuca.
- A gente vai receber aquela carga de cocaína, sabe? Da Índia.
- Ai Deus! - Anahí pôs as mãos na cabeça - Eu esqueci completamente Dul, me desculpa! - Pediu, na noite anterior havia esquecido de absolutamente tudo.
- Sem problemas Annie... você estava fazendo coisa melhor ontem - Piscou. - Aí Camille - Jogou uma arma pra `cunhada` - Talvez você precise dela.
Camille tremeu de animação ao guardar a arma no cós da calça. Era uma sensação única de adrenalina, saber que poderia ter que guardar a própria vida usando uma coisa tão destrutiva como aquela.
- Estamos indo Annie, qualquer coisa pode ligar - Dulce deu bois beijinhos na loira e saiu com Camille.
- Você também! - Annie gritou de volta.
Olhou seu reflexo em um prato e começou a amassar o cabelo, lembrando da noite anterior, das seis vezes que havia chegado ao seu ápice com Alfonso, ele certamente era diferente, em tudo. Era misterioso, sexy, e muito, mas muito potente - completou. Estava feliz, o que por si só era uma raridade no meio de sua vida tão fria. Mas toda sua felicidade foi pro ralo quando viu entrarem na sala de jantar Christian e Maite, abraçados e sorrindo.
- Bom dia Annie - Maite desejou, contente. Ela estava com o cabelo preso, e com uma camisola branca de seda. Estava linda! Seus olhos brilhavam mais do que dois vagalumes, certamente algo que tinha feito a Christian ou com Christian, e só pensar nisso causou enjôo na loira.
- Bom dia Mai - Desejou, incomodada.
- Bom dia loirinha - Christian disse alheio.
- Bom dia. - Respondeu seca - Desculpa mas eu tenho que sair. - Se levantou.
- Ah Annie - Mai lamentou - Fica mais um pouco vai, você nem terminou a sua panqueca - Disse mostrando o resto da massa.
- Eu não estou muito bem - Mentiu - Eu preciso mesmo subir. Aproveitem o café - Olhou Christian com desprezo e saiu da sala de jantar.
Na garagem, Camille acompanhava enquanto Dulce escolhia um carro. Havia mais de vinte na garagem, e Camille se impressionava mais e mais enquanto passavam por eles. Por fim, Dulce escolheu um Porsche prata, lindo e reluzente. Quando Dulce abriu a porta, apareceram oito brutamontes na garagem. Entre eles... Zach.
- Zach? - Dulce perguntou - Zach é você?
Sim, era ele. Alto, forte, cabelos pretos e olhos incrivelmente azuis. Ele veio caminhando sorrindo na direção de Dulce, a tempos não a via.
- Bom dia, srta. Saviñón - Sorriu - Vejo que ainda está por aqui.
Dulce se lembrava bem dele. O tinha visto algumas vezes pela casa logo quando chegou, uma vez ele a acompanhou com Anahí ao shopping, coitado sofreu tanto! E ainda uma outra vez ela o tinha usado pra fazer ciúmes a Christopher... com todos esses acontecimentos nem havia notado que ele tinha sumido. E aproveitando isso, notou, que havia voltado como dama do tráfico para Christopher a quase quatro meses! Tempo pra caralho!
- Claro que estou porco espinho - brincou - A gente se fala mais tarde falou? Tô bem atrasada - Disse entrando no carro.
- Sem problemas senhorita, já que vamos acompanhá-la até lá - Dulce o olhou sem entender - Ordens do Sr. Uckermann.
Ah claro, a porra dos soldadinhos do Christopher. Na boa, em que mundo estava quando concordou em ser protegida por aqueles idiotas?
- Mantenham distância - Gritou quando acelerou o carro e saiu voando pelas ruas de Miami.
Quando Christopher acordou, o relógio batia quase nove horas da manhã. Procurou Dulce na cama e não a achou, e num instante ficou desperto. Pulou da cama e saiu de fininho para o próprio quarto, onde tomou um banho rápido, pôs uma calça jeans e uma regata branca, com seus inseparáveis supras azuis escuros e os óculos de sol. Vinha descendo as escadas recarregando a arma quando encontrou seus pais se beijando em um canto.
- Eca! - Murmurou.
- Nada de eca Christopher - Alexandra disse se recompondo - Precisamos conversar muito seriamente com você.
Christopher rolou os olhos.
- Filho eu e sua mãe temos diferentes idéias do que é uma conversa séria - Victor disse - Eu realmente preciso falar com você, mas eu esperarei na sala de jantar.
E saiu, deixando Christopher e Alexandra a sós.
- O que foi? - Perguntou cruzando os braços.
- Meu bem - Alexandra começou, cautelosa - eu entendo que você não quis fazer aquela mulher passar vergonha ontem, mas eu quero que você reveja os seus conceitos sobre o que é uma mulher para você...
- Ah não, de novo essa conversa Alexandra?
- Alexander você pode ter herdado tudo do seu pai, mas ainda é o meu filho mais novo e me deve respeito! - Alexandra disse se exaltando.
- Respeito? Quem é você pra falar de respeito? - Christopher debochou - Dulce é e sempre será a minha mulher, entendeu? Não me importa o que ela significa pra você, me importa o que ela significa pra mim! Não adianta, eu não vou me separar dela, e entre ela e você, eu a escolho, sem dúvidas. - Saiu irritado.
Na sala de jantar, estavam o pai e Poncho, conversando sobre algumas boates que misteriosamente estavam sendo incendiadas. Ninguém sabia quem era o dono, e muito menos quem as andava incendiando. Pelo jeito, haviam descoberto.
- Nossa, ele ficou puto - Alfonso completou.
- Quem ficou puto? - Christopher peguntou, colocando café na xícara.
- Lewis brow - Poncho disse - As boates eram as Magic. Mas ninguém sabe quem incendiou.
- Pode ter sido o filho da puta que a gente vai pegar hoje - Deu de ombros.
- Que filho da puta Christopher? - Victor perguntou.
- Só um momento tio... - Poncho pediu - Não foi ele não dude.. nenhum dos que viram incendiando tem a tal marca, tatuagem, seja lá o que for.
- Será que foi ela? - Christopher se auto perguntou, chocado.
- Por Deus, algum de vocês pode me explicar o que está acontecendo? - Victor esbravejou, irritado por estar boiando na conversa - quem é ela?
- Dulce - Poncho respondeu, simples.
- E por que diabos Dulce gostaria de incendiar as boates do Lewis? - Victor perguntou, confuso - Ela não parece do tipo que elimina a concorrência, não desse jeito pelo menos.
- Eu e Lewis apostamos em um racha, e eu disse a Dulce que ela podia escolher o meu prêmio - Ucker rolou os olhos - Então ele a xingou e a humilhou, sei lá, ela fez uma tatuagem do Bob Esponja nele e tal, não acho que foi ela Poncho.
- Ela fez uma tatuagem do Bob Esponja no Lewis? Gregory Lewis? Filho de Joe Lewis? - Poncho e Ucker assentiram, Victor caiu na gargalhada.
- Se não foi o Will nem Dulce, quem poderia ser? - Poncho perguntou, Ucker deu de ombros.
- Espera, Willian Baker é o filho da puta que vocês vão pegar hoje? - Victor perguntou, chocado e boquiaberto.
- É pai, esse mesmo.
- Meu filho esse homem é poderoso na faixa norte da cidade - Victor estremeceu - Tentei uma vez entrar lá, quando o pai dele comandava os negócios. Eu o matei, mas resultou nisso - Levantou a manga da camisa e mostrou uma horrenda cicatriz roxa no bíceps. - E dizem que Willian melhorou muito a segurança de lá. Além do ódio mortal que ele nutre por nossa família pela morte do pai, ele nunca sai da zona dele. Não tem como pegá-lo sem entrar lá.
- Ele sai sim - Christopher afirmou, amargo - ele saiu para vir até a minha casa e sequestrar Dulce - Completou com ódio.
- Sequestrar? - Victor se exaltou.
- É tio - Poncho confirmou - Faz quase uma semana, ele a pegou em um momento de distração, e tentou matá-la.
- Meu filho ... - Victor olhou o nada - Isto é muito sério.
- Sim, é. Afinal, onde está Dulce? - Perguntou olhando Poncho.
Como por telepatia, Anahí apareceu na sala de jantar, se sentando ao lado de Poncho.
- Olá - Disse angelical.
- Olá bela moça - Victor falou, galante. Poncho o olhou enciumado - ainda não fomos devidamente apresentados.
- Anahí Portilla, ao seu dispor - Disse gentil.
- Isso me dá náuseas - Ucker rolou os olhos - Dulce saiu?
- Saiu sim - Annie afirmou - Ela foi receber uma carga de cocaína da índia. - Ucker suspirou aliviado - E levou aquela loirinha.
- Que eu saiba a loirinha aqui é você - Poncho riu.
- Quero dizer a irmå do Ucker... Camila, eu acho.
- Camille - Ucker corrigiu - Ué, porque ela ia levar a Camille pra receber uma carga?
- Quem levou a minha filha pra onde? - Alexandra perguntou entrando na sala de jantar.
SE PREPAREM QUE AGORA A POR/RA VAI FICAR SÉRIA! 😬
FAVORITEM E ME INCENTIVEM A CONTINUAR COM CONFIDENT 😘✌