Ela era morena e tinha um lindo par de olhos verdes. Peitos siliconados e usava uma roupa minuscula, na verdade uns pedaços de pano. Ela olhou Dulce e Anahí de cima a baixo, com um olhar superior. Dulce se sentiu baixa, a mulher era muito alta. Se não tivesse tanto seio, diria que era uma modelo.
- Chris? Quem são elas? - A mulher perguntou à Ucker.
- Dulce e Anahí. - Ucker respondeu, simples.
- Dulce e Anahí? - A mulher riu - Nomes de velha.
Dulce encarou Anahí, não acreditando no que havia terminado de ouvir. A loira tinha a mesma cara dela. Alexandra e Christina riram baixinho, se divertindo com a situação.
- Não fale assim, Angel - Camille disse baixinho.
- Não falar como, priminha? - A tal Angel perguntou, se fazendo de cínica.
Angel era um mulherão. Pelo menos dez centímetros mais alta do que Dulce, fora os saltos. Os cabelos eram longos, e de um castanho que Dulce tinha que admitir, era lindo. Os olhos tinham os mesmos tons verdes da família Cassillas.
- Angel minha querida, deve estar muito cansada da viagem, não? - Perguntou Alexandra, carinhosa.
- Sim, estou titia - Angel disse, suspirando falsamente - Foi uma viagem longa...
- Onde que você mora mesmo, prima? - Christina perguntou.
- Madrid - Angel sorriu triunfante.
Dulce e Anahí ainda estavam embasbacadas. Paralisadas de choque, mal ouviam o que se passava. Poncho estava claramente babando por Angel, principalmente nos seios da morena. Christopher ao menos estava com uma cara de tédio, olhava para Dulce meio irritado e meio cansado; Os outros meninos estavam discutindo sobre algo, provavelmente algum jogo de basquete. Christina e Alexandra babavam Angel de todas as formas, enquanto Camille e Victor murmuravam entre si algo que as duas não entenderam. Christopher se levantou e veio andando até Dulce. Quando chegou perto da namorada, a abraçou e sussurrou em seu ouvido:
- Eu não fazia idéia de que ela vinha.
- Quem é ela? - Dulce perguntou, olhando com o canto do olho para Angel.
- Vamos subir!? - Ele disse e simplesmente a puxou escada acima.
Eles entraram no amplo quarto de Christopher. Dulce se sentou em sua cama e tirou os saltos, enquanto Christopher tirou os cordões e a camisa.
- É a minha prima, Angel - Ucker disse, tirando o cinto.
- Hum - Dulce gemeu.
- Eu não sabia que ela vinha, é sério. Minha mãe e Christina saíram e voltaram com ela, cheia de malas...
- Você já a comeu?
A pergunta ficou no ar por algum tempo. Um clima tenso se estabeleceu.
- Algumas vezes.
- Ainda come?
- Claro que não Dulce - Ucker a olhou indignado - Eu estou namorando você.
- Bem... - Dulce murmurou - Tá. É. Hum... me desculpe, você tem razão.
Ele a puxou pela cintura e colou os troncos
- Não fica assim por causa dela - Disse Ucker, os olhos encarando Dulce fixamente como duas grandes esmeraldas - Você dá de dez a zero nela em todos os sentindos.
Dulce não conseguiu segurar um ligeiro sorriso.
- Obrigada.
Christopher inclinou seu rosto para o dela, e lhe selou os lábios. Dulce sentiu doçura naquele beijo, claro, ele estava tentando acalmá-la. Mas acalmar porquê? Nesse tempo juntos ele havia deixado claro todo o seu amor por ela. E enquanto o beijo rolava, ela tentou esquecer todas as preocupações e voltar a beijar o seu homem, aquele que amava e que sabia também ser muito amada por ele.
- Eu queria ter avisado antes, mas você estava fora... temos um lugar para ir - Disse Ucker quando o beijo foi partido.
- Que lugar podiamos ir em uma terça-feira? - Perguntou desconfiada.
- É um jantar... uma festa formal.
- Não, Ucker. Eu nem comprei roupa nem nada... não quero ir.
- Meu amor, é muito importante. - E puxou Dulce até a cama para dizer: - Lá estará o presidente da máfia francesa, aquela que impôs o bloqueio para Will.
Dulce o olhou, sentindo seu interesse aumentar.
- É sério? - Ucker assentiu - Mas o que podemos fazer?
- Eu tenho um plano, mas só acontecerá se estivermos lá, certo?
- Você está me persuadindo! - Dulce o acusou, risonha - Certo, certo. Mas é sério Uckermann, é muito bom que consigamos algo hoje - Cantarolou se levantando e caminhando até a porta.
- Onde vai? - Ucker perguntou, se levantando também.
- Me arrumar querido. Pensa que é fácil eu ficar bonita assim? - Riu apontando para si mesma.
- Você não precisa de reboco para ficar bonita - Disse fofo.
- Não é reboco, seu otário. - Dulce riu - Que horas é a festa?
- Dez - Deu de ombros.
- Dez horas, Christopher? - Dulce perguntou, boquiaberta - Você ficou louco? São oito horas da noite!
- Não faz escândalo Dul, e vai lá se arrumar - Ucker se deitou na cama e ligou a televisão.
Contrariada, Dulce fechou a porta e correu para o próprio quarto. Lá, ela entrou no banheiro e começou seu ritual de beleza, que contava com um banho demorado de água quente, uma demorada hidratação nos cabelos e uma limpeza profunda de pele. Pelo menos suas unhas estavam feitas, pensou enquanto se secava e ligava o secador. Quando terminou de arrumar os cabelos - os deixando lisos com um leves cachos nas pontas - começou a se decidir pela roupa.
- Ele é louco - murmurou para si mesma - Duas horas apenas... eu vou matá-lo.
No fim se decidiu por um longo. Era simples, mas era um de seus favoritos. Ele tinha a cintura marcada, e era de um tom de azul muito escuro. O busto, com mangas curtas, era de tela transparente azul, no mesmo tom do resto do vestido. O charme ficava em uma ousada fenda, que ia do meio de suas coxas até a barra do vestido. Ela se virou assustada quando ouviu batidas na porta. Ainda descalça, a abriu e deu de cara com Camille sorrindo simpática. Ela estava usando um longo vestido lilás, e os cabelos estavam em um penteado lindo.
- Posso entrar? - Perguntou, doce.
- Claro - Dulce sorriu e deu espaço para ela entrar.
Camille caminhou graciosamente e se sentou no sofá roxo que ficava ao pé da janela de Dulce, as mãos em cima do colo.
- Eu queria falar com você antes do jantar - explicou.
- Hum... há algum problema de me explicar enquanto calço os sapatos? - Perguntou olhando o relógio de parede e contastando que faltavam apenas sete minutos para as dez horas.
- Não, claro que não.
Dulce correu até o closet e apanhou um par de saltos altos pretos, com uma tira da mesma cor, como que em estilo bonequinha. Se sentou na cama e começou a calçá-lo enquanto Camille desatou a falar.
- É sobre Angel. Sei que você não gostou dela, ela também não gostou nada de você.
Dulce apenas ouvia tudo, ainda calçando os saltos altos.
- Ela sabe que você é uma forte ameaça, sabe - Camille disse, escolhendo cuidadosamente as palavras - Ela sempre gostou do Ucker, achou que agora finalmente ia conseguir conquistá-lo, e agora viu que ele está com você.
Dulce gemeu, mostrando que estava atenta, mas ainda assim continuava a calçar os sapatos.
- Ela vai querer te derrubar, Dul, e agora que você bateu em Christina e ela e mamãe estão furiosas com você, ela tem mais duas aliadas nisso.
- Mas isso é impossível - Disse Dulce, olhando para Camille - E é um absurdo! Sua mãe e sua irmã não podem interferir no nosso namoro!
- Mas elas vão tentar, Dul. E de muitas formas. Meu pai e eu vamos tentar ajudar, mas você sabe como é minha mãe - Ela disse, corando de vergonha - Só... não aborreça mais elas. Eu sei, sei que elas provocam - Acrescentou depressa vendo que Dulce iria argumentar isso - Mas veja, é apenas uma tentativa. Pelo Ucker.
Lá de baixo, veio o grito de Ucker. Elas estavam dez minutos atrasadas.
- Certo. - Suspirou Dulce, se levantando - Eu ainda tenho que colocar os brincos... mas pode deixar, que eu vou tentar.
Camille sorriu e a abraçou.
- Sei que você é o melhor para o Ucker. Eu amo muito ele, e gosto muito de você! - Sussurrou e saiu do quarto.