Fanfic: Em busca de Cinderela [Adaptada] - Finalizada | Tema: AyA; Ponny
Ela não apareceu no dia seguinte. Nem no dia depois desse. Na verdade, hoje faz uma semana que ela literalmente caiu nos meus braços, e eu me convenci de que talvez aquilo tudo não tenha passado de um sonho. Fiquei vendo filmes de zumbis com Bolota durante boa parte da noite anterior, mas, mesmo tendo dormido apenas duas horas, sei que não teria sido capaz de imaginar aquilo. Minha imaginação não é tão divertida assim.
Quer ela volte ou não, continuo sem ter aula no quinto tempo e, enquanto ninguém reclamar, vou continuar me escondendo aqui. Na noite passada acabei dormindo muito, então não estou cansado. No instante em que pego o celular para enviar uma mensagem a Polito, a porta do armário começa a se abrir. Escuto-a sussurrar:
— Você está aí, menino?
Meu coração começa a bater acelerado no mesmo instante, e não tenho certeza se é porque ela voltou ou porque a luz está acesa, mas não sei se quero ver o rosto dela quando a porta se abrir.
— Estou aqui — digo.
A porta mal se abriu. Ela põe a mão para dentro do armário e tateia a parede até encontrar o interruptor e o desligar. A porta se abre, ela entra no armário e fecha a porta depressa.
— Posso me esconder aqui com você? — pergunta ela.
Sua voz está um pouco diferente da última vez. Parece mais feliz.
— Hoje você não está chorando — digo.
Sinto-a se aproximar de mim. Ela roça na minha perna e percebe que estou sentado no balcão, então tateia a área ao meu redor até encontrar um lugar vazio.
Ela se ergue e se senta ao meu lado.
— Hoje não estou triste — diz ela, dessa vez com a voz bem mais perto de mim.
— Que bom. — Ficamos em silêncio por vários segundos, mas acaba sendo legal.
Não sei por que ela voltou nem por que demorou uma semana, mas fico feliz por ela estar aqui.
— Por que você estava aqui dentro semana passada? — pergunta ela. — E por que está aqui agora?
— Estou com um buraco no horário. Não encaixaram nenhuma aula para mim no quinto tempo, então fico escondido, na esperança de que ninguém da administração perceba.
Ela ri.
— Que esperto.
— Pois é.
Ficamos em silêncio de novo por cerca de um minuto. Nossas mãos estão segurando a beirada do balcão e, toda vez que ela balança as pernas, seus dedos encostam de leve nos meus. Depois de um tempo, eu acabo pegando a mão dela e a colocando no meu colo. Parece estranho agarrar a mão dela desse jeito, mas na semana passada nós dois passamos uns quinze minutos nos agarrando, então, na verdade, segurar a mão dela é recuar um passo.
Ela entrelaça os dedos nos meus e nossas palmas se encontram. Em seguida, dobro os dedos por cima dos dela.
— Isso é gostoso — diz ela. — Nunca tinha segurado a mão de ninguém.
Fico paralisado. Quantos anos essa garota tem, afinal?
— Você não está no ensino fundamental, está?
Ela ri.
— Meu Deus, não. É só que nunca segurei a mão de ninguém. Os garotos com quem fiquei parecem se esquecer de fazer isso. Mas é legal. Gostei.
— Pois é — concordo. — É legal.
— Espera — diz ela. — Você não está no ensino fundamental, está?
— Não. Ainda não — digo.
Ela balança a perna para o lado e me dá um chute, em seguida nós dois rimos.
— Isso é meio estranho, não é? — pergunta ela.
— Seja mais específica. Muitas coisas podem ser consideradas estranhas, então não sei do que está falando.
Percebo que ela dá de ombros.
— Não sei. Isso aqui. A gente. A gente se beijar, conversar e ficar de mãos dadas sem nem saber como somos fisicamente.
— Eu sou muito gato — afirmo.
Ela ri.
— Estou falando sério. Se me visse agora, você ficaria de joelhos, imploraria para ser minha namorada e ficaria me exibindo pelo colégio inteiro.
— Muito improvável — diz ela. — Eu não namoro ninguém. Namorar é uma coisa superestimada.
— Se você não fica de mãos dadas com ninguém nem namora, o que é que você faz?
Ela suspira.
— Praticamente todo o resto. Tenho a maior fama, sabe. Na verdade, é possível que a gente já tenha até transado, só não percebemos isso ainda.
— Impossível. Você se lembraria de mim.
Ela dá outra risada e, por mais que eu esteja me divertindo com ela, seu riso me dá vontade de arrastá-la até o chão junto comigo e beijá-la sem parar.
— Você é mesmo um gato? — pergunta ela, ceticamente.
— Muito gato. — Deixa eu adivinhar. Cabelo escuro, olhos castanhos, abdômen superdefinido, dentes brancos.
— Quase — digo. — Olhos esverdeados, acertou os cabelos, o abdômen e os dentes.
— Impressionante — comenta ela.
— Minha vez. Cabelo louro e volumoso, grandes olhos azuis, um vestidinho branco e charmoso com um chapéu combinando, pele azul e meio metro de altura. Ela ri bem alto.
— Você tem fetiche pela Smurfette?
— Não custa sonhar.
Ela ainda está rindo, e o som da sua risada faz o meu coração doer. Dói porque o que eu mais quero é saber quem é essa garota, mas tenho noção de que, depois que eu descobrir, provavelmente não vou mais querer ficar com ela tanto quanto quero agora.
Ela inspira depois de parar de rir e o armário fica silencioso. Tão silencioso que é quase constrangedor.
— Não vou aparecer aqui de novo depois de hoje — confessa, baixinho.
Aperto a mão dela, surpreso com a tristeza que sinto com essa confissão.
— Vou me mudar. Não agora, mas em breve. No verão. Só acho que seria bobagem voltar aqui, pois vamos acabar acendendo a luz ou então nos distraindo e dizendo nossos nomes e acho que prefiro não saber quem você é.
Passo o dedão por sua mão.
— Então por que veio aqui hoje?
Ela suspira com delicadeza.
— Queria agradecer você.
Dou uma risada baixinha.
— Pelo quê? Por beijá-la? Foi só isso que eu fiz.
— É — diz ela em tom neutro. — Isso mesmo. Por ter me beijado. Por só ter me beijado. Sabe há quanto tempo um garoto não me beija e só? Depois que fui embora na semana passada, tentei lembrar, mas não consegui. Toda vez que um garoto me beija, ele sempre está com tanta pressa para chegar no que vem depois dos beijos que acho que ninguém nunca tinha me dado um beijo de verdade, sincero.
Balanço a cabeça.
— Isso é muito triste — digo. — Mas não fique pensando tão bem assim de mim. Sou bastante conhecido por querer passar logo dessa parte também. Só que semana passada não tive nenhuma pressa porque você beija bem demais.
— Pois é — responde ela, confiante. — Eu sei. Imagina como deve ser fazer amor comigo.
Engulo em seco.
— Vá por mim, já imaginei. Estou imaginando isso há sete dias.
A perna dela para de se balançar ao meu lado. Não sei se a deixei constrangida com esse comentário.
— Sabe o que mais é triste? — pergunta ela. — Ninguém nunca fez amor comigo.
Essa conversa está tomando um rumo estranho. Já dá para perceber.
— Você é nova. Tem muito tempo pra isso. Ser virgem é algo que dá tesão, então não precisa se preocupar.
Ela ri, mas dessa vez é uma risada triste.
Estranho como eu já consigo distinguir as diferentes risadas dela.
— Não sou nada virgem — explica ela. — É por isso que é triste. Tenho muita experiência com sexo, mas quando olho pra trás... nunca amei nenhum dos garotos. E nenhum deles me amou. Às vezes me pergunto se fazer sexo com alguém que amamos é mesmo diferente. Se é melhor.
Penso na pergunta e percebo que não sei responder. Também nunca amei ninguém.
— Boa pergunta — reconheço. — É meio triste, parece que nós dois já transamos, várias vezes, pelo jeito, mas não amamos nenhuma das pessoas com quem fizemos isso. Diz muito sobre quem somos, não acha?
— Pois é — responde ela, baixinho. — Diz muito mesmo. É uma triste verdade.
Ficamos em silêncio por um tempo e continuamos de mãos dadas. Não consigo parar de pensar que ninguém nunca segurou a mão dela. Fico me perguntando se cheguei a segurar a mão das garotas com quem transei. Não que tenham sido milhares, mas foi o suficiente para que eu devesse me lembrar de segurar a mão de pelo menos uma delas.
— Talvez eu seja um desses garotos — admito, envergonhado. — Não sei se alguma vez já segurei a mão de uma garota.
— Você está segurando a minha.
Faço que sim com a cabeça lentamente.
— Estou mesmo.
Mais alguns segundos de silêncio se passam antes que ela volte a falar.
— E se eu sair daqui a quarenta e cinco minutos e nunca mais segurar a mão de ninguém? E se eu continuar a viver como estou vivendo agora? E se os garotos continuarem a não me dar valor e eu não fizer nada para mudar isso e transar várias vezes, mas sem saber o que é fazer amor?
— É só não fazer isso. Encontre um garoto legal, fique só com ele e faça amor todas as noites.
Ela solta um gemido.
— Isso me deixa apavorada. Por mais que eu tenha curiosidade para saber a diferença entre fazer amor e transar... a minha opinião sobre namoros torna impossível eu descobrir isso.
Fico pensando no comentário dela por um tempinho. É estranho, pois ela meio que parece uma versão feminina de mim. Não sei se sou tão contra namoros quanto ela, mas é bem verdade que nunca disse para uma garota que a amava e espero que leve bastante tempo até que isso aconteça.
— Não vai mesmo voltar mais aqui? — pergunto.
— Não vou mesmo voltar aqui — confirma ela.
Solto sua mão, me impulsiono com as palmas da mão e salto do balcão. Mudo de posição, paro na frente dela e ponho as mãos ao lado de seu corpo.
— Vamos resolver o nosso dilema logo.
Ela inclina-se para trás.
— Que dilema?
Movo as mãos e as coloco nos quadris dela, aproximando-a de mim.
— Temos quarenta e cinco minutos para resolver isso. Tenho certeza de que consigo fazer amor com você em quarenta e cinco minutos. Podemos ver como é e se vale a pena assumir um namoro no futuro. Assim, quando você sair daqui, não vai mais precisar se preocupar em não saber como é fazer amor.
Ela ri de nervoso e se inclina na minha direção mais uma vez.
— Como dá para fazer amor com alguém por quem não se está apaixonado?
Eu me inclino para a frente até minha boca ficar perto do ouvido dela.
— Nós fingimos.
Escuto-a arfar. Ela vira o rosto um pouco na direção do meu e sinto seus lábios roçarem na minha bochecha.
— E se nós dois formos péssimos atores? — sussurra ela.
Fecho os olhos, pois quase não consigo assimilar que talvez eu vá fazer amor com essa garota em questão de minutos.
— Você devia fazer um teste de atuação pra eu avaliar — diz ela. — Se me convencer, talvez eu aceite essa sua ideia maluca.
— Fechado.
Dou um passo para trás, tiro a camisa e a jogo no chão. Pego o casaco no balcão e o desdobro, depois o jogo no chão também. Eu me viro de volta para o balcão e a levanto. Ela se segura em mim, enterrando a cabeça em meu pescoço.
— Onde está sua camisa? — pergunta ela, passando as mãos pelo meu ombro.
Eu a deito no chão e me acomodo ao seu lado, aproximando-a de mim.
— Você está deitada nela — respondo.
— Ah. Que gentil da sua parte.
Levo a mão até a bochecha dela.
— É o que as pessoas fazem quando estão apaixonadas.
Sinto o sorriso dela.
— E nós estamos muito apaixonados?
— Completamente — digo.
— Por quê? Por que me ama tanto?
— Por causa da sua risada — respondo na mesma hora, sem saber ao certo se estou inventando ou não. — Amo o seu senso de humor. Também amo a maneira como você coloca o cabelo para trás da orelha enquanto está lendo. E amo o fato de você odiar falar ao telefone quase tanto quanto eu. Amo muito os bilhetinhos que você deixa pra mim, com sua letra linda. E amo o fato de você gostar tanto do meu cachorro, porque ele adora você. Também amo tomar banho com você. Nossos banhos são sempre divertidos.
Deslizo a mão de sua bochecha até a nuca. Aproximo minha boca e encosto meus lábios nos dela.
— Uau — diz, encostada na minha boca. — Você é muito convincente.
Sorrio e me afasto.
— Não saia do personagem — brinco. — Agora é sua vez. O que você ama em mim?
— Amo muito o seu cachorro. Ele é um cachorro maravilhoso. Também amo quando você abre as portas pra mim, embora eu devesse preferir abri-las sozinha. Amo o fato de você não fingir que gosta de filmes antigos em preto e branco como todo mundo, pois eles me deixam entediada pra cacete. Também amo quando estou na sua casa e você rouba beijos toda vez que seus pais se viram para o outro lado. Mas o que mais gosto é quando pego você no flagra olhando para mim. Adoro quando você não desvia o olhar e simplesmente continua me encarando, como se não sentisse vergonha de não conseguir parar de olhar para mim. É tudo o que quer fazer na vida, porque acha que sou a coisa mais incrível que você já viu. Amo o quanto você me ama.
— Você tem toda a razão — sussurro. — Amo ficar olhando para você.
Beijo sua boca e depois vou beijando sua bochecha e sua mandíbula. Pressiono os lábios na sua orelha e, apesar de eu saber que estamos fingindo, minha boca fica seca quando penso nas palavras que meus lábios estão prestes a dizer. Hesito, quase desistindo. Só que uma parte ainda maior de mim quer mesmo dizer. Uma parte enorme de mim gostaria que eu estivesse sendo sincero, e uma pequena parte acha que eu seria realmente capaz de dizer isso com sinceridade.
Passo as mãos pelo cabelo dela.
— Eu amo você — sussurro.
Ela inspira fundo. Meu coração está martelando no peito, e estou em silêncio, esperando a reação dela. Não faço ideia do que vai acontecer em seguida. Mas, pensando bem, ela também não.
Ela tira as mãos dos meus ombros e as leva lentamente até meu pescoço. Inclina a cabeça até sua boca encostar no meu ouvido.
— Amo você mais ainda — sussurra ela.
Sinto o sorriso em seus lábios e me pergunto se nos meus lábios também há um sorriso. Não sei por que de repente comecei a curtir tanto isso, mas é assim que me sinto.
— Você é tão linda — murmuro, movendo meus lábios para mais perto da sua boca. — Tão, tão linda. E todos esses caras que não deram valor a você são os maiores idiotas.
Ela diminui o espaço entre nossas bocas e eu a beijo, mas dessa vez nosso beijo parece muito mais íntimo. Por um breve instante, acredito de verdade que amo todas essas coisas nela e que ela realmente ama todas essas coisas em mim. Estamos nos beijando, nos tocando e tirando as roupas que ainda restam com tanta pressa que parece que estamos com tempo contado.
E acho que tecnicamente estamos mesmo.
Tiro a carteira do bolso da calça, pego uma camisinha e depois volto a me acomodar em cima dela.
— Ainda dá tempo de você mudar de ideia — sussurro, torcendo para que ela não mude.
— Você também.
Eu rio.
Ela ri.
Em seguida, ficamos quietos e passamos o resto da hora provando exatamente o quanto nos amamos.
***
Autor(a): lenaissa
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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ponnyyvida Postado em 25/04/2020 - 05:30:57
Amei a fanfic <3 <3 <3 <3
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franmarmentini♥ Postado em 26/01/2016 - 11:56:43
linda história...pena que não acharam o filho e também queria ver mais sobre a intimidade deles..eles na faculdade...mas foi bem legal ;)
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franmarmentini♥ Postado em 26/01/2016 - 11:38:45
kkkkkkkkk até eu fiquei com medo desses irmãos da any kkkk
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franmarmentini♥ Postado em 26/01/2016 - 11:33:22
poxaaaaaaa
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franmarmentini♥ Postado em 26/01/2016 - 11:16:27
nossa...acabou...vou terminar de ler ela então...to com medo kkkkkkk
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marques_ponny Postado em 01/01/2016 - 17:38:34
Corações eternos pra essa fic!!!
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dessa_ponny Postado em 16/11/2015 - 23:14:36
Anemmm vc podia continuar essa fic tão perfeitaaa, q me da ate vontade de chorar oq acaboou, continuaa ela pf.
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jessica_ponny_steerey Postado em 15/11/2015 - 22:16:08
Eles deviam achar o filho poxa mas tirando isso a fic foi mto boa :)
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franmarmentini♥ Postado em 05/11/2015 - 00:43:03
Poxa eles tinham q achar o filho..pq faz pouco tempo q ela deu....nem q demorasse pra eles acharem poxa ;( ela ja ta arrependida q chega ;(
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franmarmentini♥ Postado em 05/11/2015 - 00:28:26
Mas gente....cadê essa criança....