Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Dorothy recolocou o primeiro volume da enciclopédia na estante e, enquanto decidia se pegava ou não outro, seu olhar pousou num livro próximo de encadernação colorida.

Tirou-o da prateleira e abriu-o... era um anuário de faculdade. Na primeira página, havia uma foto em preto-e-branco da entrada de uma universidade. Um lampejo de reconhecimento percorreu sua mente.

Espalmou a mão sobre a foto como se pudesse senti-la, absorvê-la através de sua pele. Conhecia aquele lugar, conhecia-o bem. Folheou o livro expectante, mas nenhuma das outras fotos do campus evocou aquela mesma sensação de familiaridade.

— Alfonso, você tem mais anuários dessa universidade?

Ele ergueu os olhos de seus papéis.

— Não. Mas acho que minha irmã tem alguns. Ela também cursou essa universidade. Por quê? Viu algo que lhe soou familiar?

— Há alguma coisa nesta foto da entrada... Sei que já vi este lugar antes, mas nenhuma das outras fotos do campus me desperta uma impressão forte como esta.

Alfonso observou-a com ar esperançoso.

— Então, você acha que cursou essa universidade?

— Pode ter sido. — Dorothy tornou a sentar-se na poltrona com o anuário.  — Ou pode ser um alarme falso. Talvez eu apenas tenha visto a universidade no noticiário, ou algo assim.

Alfonso coçou o queixo.

— Eu diria que você e eu temos mais ou menos a mesma idade É possível que tenhamos feito a faculdade na mesma época. Veja se sua fotografia está na parte dos formandos.

— Certo. — Era possível que o nome dela estivesse em algum lugar daquele livro?

Ansiosamente, folheou-o até as páginas com fotos dos alunos e começou a examinar as de cada mulher em cada classe.

— Dois pares de olhos são melhores do que um.

Dorothy levantou os olhos, notando que Alfonso se aproximara para olhar por sobre seu ombro, o queixo roçando-lhe a cabeça de leve, o que fez com que uma instantânea onda de calor a percorresse.

Examinaram todas as fotos juntos. Quando chegaram ao fim, Dorothy fechou o anuário, contendo a vontade de atirá-lo longe. Alfonso pousou a mão em seu ombro num gesto de apoio.

— Que tal isto? Vou ligar para minha irmã e lhe pedir que traga os anuários que tiver na próxima vez que vier para estes lados. Na verdade, é provável que não se importe em fazer uma visita especial.

— Obrigada. Seria ótimo.

Dorothy respirou fundo, enquanto ele devolvia o anuário à estante. Sentira-se tão perto... tão perto de descobrir qual era seu nome, suas origens. Havia decididamente algum elo com aquela universidade.

Na manhã seguinte, após o café da manhã, enquanto Alfonso estava nos campos cuidando do plantio e Alan ocupava-se alimentando os animais, Dorothy olhava consternada para o antigo aspirador de pó e o caos à volta.

Ainda tentava entender como conseguira abrir a tampa e deixar cair o filtro repleto de pó, que se espalhara ao redor e, inclusive, sobre si mesma, enquanto estivera examinando o velho aparelho para ver como funcionava.

— Vejo que Alfonso deixou o filtro cheio demais outra vez. — disse uma voz atrás dela.

Dorothy sobressaltou-se e virou-se. Viu uma morena bonita deixando a sala de jantar e indo em sua direção.

— Pobrezinha. Esse pedaço inútil de sucata já devia ter sido substituído há anos.  — Ela estendeu a mão. — Sou Maite, a irmã de Alfonso. Ele me telefonou esta manhã contando tudo a seu respeito.

Dorothy sorriu e apertou-lhe a mão, notando, pela primeira vez, que a simpática mulher segurava dois anuários. Sentiu uma onda de empolgação ao notá-los.

— Receio que não haja muito a contar. — Maite indicou os anuários. — Talvez possamos remediar isso.

Sacudindo o pó de suas mãos e roupas, Dorothy sentou-se com ela no sofá da sala e começaram a examinar os anuários.

Sua frustração foi crescendo enquanto virava página após página sem ver uma foto de si mesma, ou qualquer coisa que lhe parecesse familiar. Ela fechou o último anuário e entregou-o a Maite com um longo suspiro.