Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Você acabou tendo de vir até aqui em vão. Lamento ter lhe causado esse incômodo. — Baixando a cabeça, tentou se recompor. Achara que estivera tão perto de recobrar alguma lembrança quando vira a foto daquela universidade...

Maite deu-lhe um tapinha no braço com ar solidário e pousou os anuários na mesa de centro.

— Não foi incómodo algum. Gosto de vir até aqui para ver como vão Alfonso e Alan a cada semana ou duas e havia algum tempo que eu não vinha. Fico contente que estejam contando com você para cuidar deles, mesmo que seja por um breve período. Agora, não me preocuparei tanto.

Dorothy riu secamente.

— Deve estar brincando. Até agora, eu quase os intoxiquei com ração de cachorro e só causei desastres com a maioria dos eletro-domésticos. E estou aqui só há dois dias. A única coisa em que pareço ser boa é provocar risos divertidos com meu jeito desastrado.

— Só esses risos valem muito mais do que você imagina.

Dorothy observou enquanto Maite se levantou e adiantou-se até uma das janelas. Havia um quê de tristeza no sorriso dela.

— O que quer dizer? — Perguntou.

— Quando Alfonso me falou ao telefone sobre seus apuros com a máquina de lavar, foi a primeira vez que eu ouvi rindo assim em...

— Um ano? — completou Dorothy, lembrando-se de Alfonso ter-lhe dito que Luma o deixara havia cerca de um ano.

Vira uma foto dela naquela manhã, quando estivera arrumando o quarto de Alan, a única da casa. Era uma mulher extremamente bonita, de fato, devia ter sido um golpe para Alfonso quando o deixara.

Maite virou-se para fitá-la com ar significativo.

—  Muito mais de um ano. — Tornou a olhar pela janela e pousou a mão de leve no abdômem, da maneira como apenas uma mulher grávida fazia.

Dorothy sentiu-se uma tola por ter estado tão envolvida em seus problemas que não notara o ventre ligeiramente arredondado de Maite até então.

— Quero que Alfonso seja feliz, tão feliz quanto eu. — prosseguiu, pensativa. — Meu irmão não é feliz há um longo tempo, e merece ser. E um homem maravilhoso. Eu não queria vê-lo magoado por nada no mundo. —Lançou-lhe outro olhar significativo.

Dorothy sentiu-se pouco à vontade. Conhecera Alfonso havia apenas dois dias. Maite estaria pensando que estava interessada em seu irmão?

— Bem, é claro que não... não vai querer vê-lo magoado, e tenho certeza de que...

— Ele gosta de você. Posso perceber. E, a menos que eu esteja enganada, você gosta muito dele. De um modo especial.

Dorothy piscou, perplexa.

— Como sabe que eu... eu gosto dele assim?

— Eu costumava balbuciar desse jeito quando falava sobre o meu marido, Christian. — Uma expressão radiante iluminou os de Maite. — Às vezes, ainda faço isso.

— Bem, eu... o que quero dizer é que eu... — ela balbuciava outra vez e Maite ria. Aquela família inteira era tão... exasperante. Fez uma pausa para ordenar os pensamentos, e então prosseguiu: — Alfonso é um ótimo sujeito, mas, às vezes, é tão preocupado, tão intenso. Não é o homem mais fácil de se conviver.

Maite adquiriu uma expressão séria.

— Sim, isso é verdade. — Voltando até o sofá, tornou a sen-tar-se ao lado de Dorothy. — Vou lhe dizer uma coisa sobre meu irmão. Uma coisa importante.