Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo VII

Dorothy sorvia seu suco junto ao balcão da lanchonete, sentindo-se pouco à vontade sob os olhares desconfiados dos outros fregueses. Notara vários trocando sussurros de cumplicidade e observando-a quando tinham achado que ela não estava olhando.

Perguntou-se se aquele era o tratamento dirigido a todos os estranhos na cidade, ou se sua reputação, cortesia do xerife Harvey Giulch, precedera-a. As notícias se espalhavam depressa em cidades pequenas, aquelas sobre problemas em potencial eram as que corriam mais depressa.

Esperara que sua sorte mudasse depois da consulta que Alfonso havia lhe marcado com seu médico de família, como precaução, uma vez que sua amnésia já durava mais do que haviam previsto no hospital.

O médico a examinara, fizera-lhe perguntas e revisara os resultados dos exames, mas não pudera lhe dar esperança alguma. Disera que não poderia lhe dizer quando, ou se, sua memória voltaria.

Ela combinara de se encontrar com Alfonso e Alan ali depois da consulta. Haviam passado a manhã fazendo compras de mercado e outros suprimentos para a fazenda.

Pouco à vontade sob os olhares desconfiados dos fregueses, ela sentiu alívio quando Alfonso e Alan, enfim, entraram, sentando-se nas banquetas que a ladeavam.

— Ora, o que uma linda dama feito você está fazendo numa espelunca destas?  — Alfonso perguntou.

— Tentando não ser fulminada pelos olhares maldosos dos habitantes da cidade, na maior parte do tempo. — Dorothy fez um gesto discreto até uma mesa onde três senhoras de cabelos azulados encaravam-na abertamente.

— Ignore-as. O que quer para o almoço? Já examinou o variado menu?  — Alfonso fez um gesto na direção de uma lousa que exibia a modesta lista de alguns sanduíches.

— O que pedir para você estará bem para mim também.

Enquanto os hambúrgueres que Alfonso pediu eram preparados, Alan adiantou-se ansiosamente até uma antiga máquina de jogos eletrônicos nos fundos da lanchonete com algumas moedas que o pai lhe dera.

Dorothy decidiu aproveitar a chance para lhe dizer algo, embora não sabendo exatamente como abordar o assunto.

Alfonso fora criado naquela cidade e estava criando o filho ali. Aquelas pessoas eram seus amigos e vizinhos e, com certeza, a boa opinião geral lhe era importante, embora parecesse realmente despreocupado com os olhares alheios.

Ela não queria ser a fonte de rumores maldosos que pudessem magoar Alfonso ou Alan.

— Alfonso. — começou, hesitante — Se minha permanência na fazenda se tornar um problema para você e Alan, por favor não hesite em me dizer e eu arranjarei outro lugar para viver.

Ele arqueou as sobrancelhas negras com ar surpreso.

— Não está deixando aquelas velhotas bisbilhoteiras e seus olhares afetarem você, não é mesmo? É provável que não aprovem que uma mulher solteira esteja morando comigo e Alan, mas fique certa de que seus mexericos não me importam nem um pouco.

Dorothy teve de sorrir.

Alfonso ainda a estava protegendo da teoria do xerife quanto a ela ser uma criminosa. Ele sabia muito bem que aquela era a natureza dos falatórios em torno dela, mas decidiu dar-lhes um aspecto menos grave para o seu bem. A consideração do homem deixou-a ainda mais determinada.

— Ouça, tenho certeza de que você não vai querer ser o alvo de mexericos maldosos em sua cidade natal por causa de uma mulher.

— Não seria a primeira vez.

A resposta abrupta deixou-a sem ação.

Ela olhou para o rosto impassível de Alfonso e perguntou-se se ele explicaria, ou se poderia reunir coragem para questioná-lo a respeito.