Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo VIII

Alfonso subiu as escadas, tendo parado apenas para lançar um olhar a Alan, entretido com um desenho animado na sala de estar. A cozinha estava impecavelmente limpa e Dorothy não se encontrava mais lá. Ele não a vira tampouco em nenhuma outra parte da casa, nem do lado de fora.

Talvez ela tivesse subido para retomar suas costuras, embora ele não escutasse o som da máquina. Sabia que acabara sendo rude com ela durante a conversa de ambos após o almoço. Não fora sua intenção.

Mas, quando lhe abrira seu coração e a agradecera por estar trazendo alegria à vida dele e a de Alan e Dorothy o fitara com seus belos olhos azuis e lhe sorrira, radiante, Alfonso se dera conta de seu erro.

Já estava sendo difícil o bastante lutar contra aquela forte atração que sentia, a qual se empenhava para tentar suprimir, a fim de não complicar ainda mais as coisas.

Levar Dorothy a achar que estava tudo bem, no entanto, deixá-la ignorar que existia uma outra realidade que poderia mudar tudo de um instante para o outro só poderia acabar gerando sofrimento a ambos... e a Alan.

Apenas quisera fazê-la entender que, embora estivesse contente em tê-la em sua vida, ambos não poderiam se esquecer do caráter efémero que tudo aquilo talvez tivesse. E, tomado por sua própria frustração diante de tal realidade, acabara sendo um tanto brusco demais e era evidente que a consternara.

Fazendo um intervalo em seu trabalho, sentira-se impelido a voltar, compreendendo que devia um pedido de desculpas a ela. Quando ele chegou ao quarto, bateu à porta, hesitante, mas não houve resposta.

— Dorothy. — chamou num Alfonso manso.

Ainda não obteve resposta. Girou, então, a maçaneta e abriu a porta.

Ela, porém, não se achava ali.

Curioso, Alfonso aproximou-se da máquina de costura e examinou o felpudo tecido marrom que havia ao lado. Se ela estava fazendo um vestido de verão, escolhera um tecido bastante estranho para aquilo.

Então, ele pegou um dos moldes que estava sobre a cama, notando que, na embalagem plástica que fora deixada por perto, havia a foto de uma criança numa fantasia de leão. Era evidente.

Ela estava fazendo uma fantasia para Alan usar durante o festival do milho.

Ele sentou-se na cama ao lado de um amontoado de itens de costura... carretéis de linha, zíperes, alguns botões. Pegou um pequeno livro que se intitulava: Costura Fácil.

Dorothy obviamente não entendia nada sobre costura, mas determinara-se a tentar e a dar o melhor de si, como fizera com todas as suas tarefas domésticas. E, apesar dos contratempos, mantivera a determinação e o bom humor.

E ele a encorajara? Não. Seus elogios tinham sido poucos.

Como recompensa por todos os árduos esforços dela, não perdera a oportunidade para lhe passar sermões sobre como não fora feita para a vida numa fazenda, porque provavelmente era da cidade, além de rica e mimada.

Alfonso baixou a cabeça e fechou os olhos com força por um momento. Quando os abriu, notou a ponta de um papel metido entre as páginas do livro.

Era o recibo da caixa registradora pela compra do material. Verificando-o, Alfonso contraiu o rosto. A quantia que ele pudera lhe dar como salário até então fora lastimavelmente baixa. Entre todas as coisas que ela poderia ter desejado e precisado, gastara quase todo o dinheiro num presente para o filho dele.

Foi tomado por nova onda de culpa por causa da discussão de ambos no início daquela tarde. Ela ficara tão contente com suas palavras iniciais e, logo depois, o desapontamento naqueles olhos azuis fora visível.

E fora o responsável por aquilo. Agora, ela não estava em parte alguma da casa.

Ele não a teria culpado se Dorothy tivesse simplesmente partido, mas o fato era que não tinha lugar para ir.

Onde poderia estar?