Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Embora ela e Alfonso se empenhassem para parecerem tranquilos o joviais durante o jantar, Dorothy pôde ver que Alan percebeu que havia algo errado, que captava aquela tensão que permanecera entre ambos.

Por sua vez, sentia-se frustrada, conseguindo pensar apenas em Alfonso, em seus beijos e nas sensações abrasadoras que lhe despertara. Precisando desesperadamente de algo para se distrair, ela retomou as costuras depois do jantar.

Não demorou a perceber que precisaria de Alan para a primeira prova da fantasia. Mas, para sua surpresa, ele não se mostrou radiante como esperara quando lhe contou sobre a fantasia.

Como ela suspeitara, Alan estava preocupado.

Era um menino bastante perspicaz e, provavelmente, notara que a alegria dela e de Alfonso durante o jantar fora forçada.

— Pensei que você e papai gostassem um do outro. — começou, hesitante, quando ela lhe perguntou o que havia de errado.

— E gostamos. É verdade que tivemos uma breve diferença de opinião no início da tarde, mas nós... hã... conversamos a respeito e ludo está bem agora.

Alan animou-se um pouco.

— Fico contente que vocês não estejam zangados um com outro. Luma vivia zangada com ele o tempo todo. — comentou.

Dorothy arqueou as sobrancelhas. Que estranho o menino chamar a mãe pelo primeiro nome.

— É mesmo? Por quê?

Ele deu de ombros.

— Eu não sei. Parecia que ela estava triste o tempo todo. Papai lhe comprava presentes e flores, mas nada disso a deixava feliz. — Ele lançou-lhe um olhar significativo. — Os dois brigavam muito.

— Lamento muito, querido. Sei quanto tudo isso deve ter sido difícil para você.  — Dorothy abraçou-o e engoliu em seco, desejando que as coisas não fossem tão incertas. Para animá-lo, então, sugeriu: — Que tal você experimentar sua fantasia agora?

Quando ele tornou a fitá-la, a preocupação dissipara-se de seus olhos, um sorriso radiante, enfim, iluminando-os.

— Oba!

No silêncio da sala, Alfonso pôde ouvir vagamente os risos contentes de Alan, enquanto Dorothy fazia o que parecia uma imitação de leão.

Ele largou o lápis sobre o livro contábil em que estivera trabalhando na escrivaninha e apoiou o queixo nas mãos.

O que, afinal, estivera pensando naquela tarde ? Quase fizera amor com Dorothy à beira do riacho.

Não conseguira tirar a cena de sua mente pelo restante do dia, o fogo do desejo ainda percorrendo suas veias.

Céus, e se tivessem levado a explosão de paixão adiante? E se ele tivesse se permitido envolver-se a tal ponto com ela, apaixonar-se irremediavelmente e, um mês depois, um homem batesse à porta anunciando que era o marido e a levasse?

E quanto a Alan? Seu filho já estava tão apegado à mulher que sofreria quando ela partisse. Somando aquilo à dor ainda recente de ter sido abandonado pela mãe, o pobre menino se recuperaria?

Ele não conseguia entender como fora tão estúpido.

Como pudera deixar aquilo acontecer? Recostando-se na cadeira, fechou os olhos e, então, soube a razão.

Viu a imagem de Dorothy, deitada naquela relva, os cabelos loiros em torno do rosto angelical feito um halo, olhos azuis como o céu fitando-o, querendo-o, precisando dele tanto quanto precisava dela.

Alfonso esfregou o rosto e abriu os olhos.

Não. Não faria aquilo.

Tiraria Dorothy de seus pensamentos, não apenas pelo seu bem e o de Alan, mas pelo dela também. Se Dorothy ficasse ali muito mais tempo, ele e seus sonhos apenas acabariam destruindo-a.

Como tinham feito com seu casamento.