Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Você fala como se não tivesse sido a maior fã de Luma.

— Pode apostar que não. Aquela mulher conseguia ser tão vaidosa que nem sequer deixava Alan chamá-la de mãe. Disse que isso a fazia sentir-se velha. Pode acreditar numa coisa dessas?

Dorothy sacudiu a cabeça, lembrando-se da vez em que ouvira Alan referindo-se à mãe como "Luma". Havia estranhado o fato do menino viver com o pai, uma vez que os juízes costumavam dar a guarda das crianças à mãe, mas agora começava a entender as coisas.

— Meu irmão fez tudo o que pôde para agradar aquela mulher, mas nada era o bom o bastante para ela. Alfonso acredita em relacionamentos permanentes e levou a sério os seus votos de casamento, mesmo quando ficou claro que Luma não era o tipo de mulher que ela o induziu a achar que era. Estava preparado para fazer o casamento dar certo, a qualquer custo. Teria feito qualquer coisa por ela e, quando o melhor que pôde não se mostrou bom o bastante, isso o fez sentir-se um fracasso. Acho que Alfonso nem sequer a amava mais na época em que ela o deixou, mas, uma vez que nunca se permitira fracassar em nada, o rompimento ainda foi muito duro para ele. — Maite soltou um suspiro. — Felizmente, tudo isso ficou no passado. E, graças a você, Alfonso e Alan estão felizes novamente.

Dorothy sentiu seu ânimo se renovando.

Alfonso não amara mais Luma na época da separação. Parecia egoísmo de sua parte alegrar-se com aquela informação, mas não conseguia evitar.

Não suportava pensar em outra mulher como sendo o amor da vida de Alfonso, mesmo que fosse a mãe de Alan.

Depois de passearem um pouco mais pelo meio da feira de artesanato, as duas resolveram voltar à barraca de Maite, onde Dorothy combinara de encontrar Alfonso e Alan.

A meio caminho de lá, Maite indicou discretamente um homem perto de um arvoredo, para além de uns dois ou três brinquedos do parque de diversões.

— Ora, ali está o Professor.

Tendo acompanhado o gesto de Maite, Dorothy olhou com curiosidade para o homem de compleição pequena que fumava um cachimbo recostado a uma árvore. Usava um grande bigode e tinha cabelos quase totalmente brancos.

— Quem é ele?

— É um vidente da região. Ao que parece, montou sua tenda outra vez no festival este ano.

— E é bom?

— Tão bom que deixa a todos com calafrios. Tem acertado em todos os tipos de previsões.

Dorothy observou o homem entrando numa tenda próxima.

Poderia ser verdade? Aquele homem franzino podia ser realmente um vidente? E, se podia ver o futuro, seria capaz de ver o passado também?

Ela sentiu a pele se arrepiando diante das possibilidades.

Poderia ser aquela uma chance de resolver as coisas entre ela e Alfonso descobrindo sua identidade?

Quando chegaram à barraca de Maite e ela começou imediatamente a trabalhar na venda dos objetos, Dorothy sentou-se por alguns minutos numa cadeira.

Não podendo se conter, porém, levantou-se e começou a andar em torno das mesas e, depois das barracas mais próximas, prometendo a Maite que não iria longe.

Tão logo notou que Maite estava distraída com uma freguesa junto à barraca, ela começou a caminhar na direção da tenda do vidente, como se estivesse sendo atraída por forças que estavam além de seu controle.

Dorothy hesitou diante da tenda do vidente, tentando decidir se deveria ou não entrar, seu nervosismo crescente. Se o homem podia prever o futuro, desvendar o passado devia ser bastante fácil. Mas ela tinha de tomar cuidado.

Se lhe contasse que perdera a memória, ele poderia lhe dizer qualquer coisa que quisesse sem medo de cair em contradição. Mas, talvez, se colocasse a pergunta como um desafio, um teste, o vidente fosse obrigado a dizer-lhe a verdade se conseguisse enxergá-la. E, se pudesse realmente decifrar o enigma da identidade dela, não haveria necessidade de prever-lhe o futuro.

Aquilo poderia fazer por si mesma, se ao menos soubesse quem era.