Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Ela se aproximou da abertura da tenda, e o homem ergueu os olhos das palavras cruzadas que fazia sentado à mesa no centro, observando-a por sobre as lentes grossas dos óculos de leitura.

— Entre e sente-se. — disse-lhe cordialmente, indicando a cadeira oposta a sua. Dorothy sentou-se e colocou uma nota de cinco dólares sobre a mesa. — Agora, minha jovem, vamos ver o que o futuro lhe reserva, está bem? — O Professor puxou a bola de cristal sobre a mesa para mais perto de si.

— Ainda não.

— Oh? O que mais posso fazer por você?

— Antes de prever meu futuro, quero saber se você é autêntico. Quero que me diga como minha vida tem sido até então.

— Ah, quer me testar, certo? — O velho vidente abriu um largo sorriso que pareceu incongruente sob o sério bigode. — Muito bem. Que nunca seja dito que eu já fugi de um teste. Além do mais, ver o passado é fácil... faço isso o tempo todo. Na verdade, preciso ler as lembranças das pessoas a fim de prever o futuro. Basta que me dê sua mão.

Oh, não, pensou Dorothy. Como ele poderia ler suas lembranças se não tinha nenhuma?

Hesitante, deixou que o homem segurasse sua mão.

— Agora, preciso que você se concentre bastante em seu passado. — instruiu-a ele e fechou os olhos.

Após alguns segundos, o Professor abriu um dos olhos.

— Você não está ajudando. — disse-lhe, reprovador.

— Eu sei. Isto é, eu queria ver se você consegue fazer isso sozinho.

Ele abriu o outro olho e observou-a com ar cansado.

— Você é dura na queda, não? Está bem, mas não espere que as informações sejam muito detalhadas.

O vidente tornou a fechar os olhos e segurou-lhe a mão com mais força. Em poucos momentos, seu rosto ficou impassível, desprovido de emoção, e começou a gemer ligeiramente. Então, abriu os olhos e piscou, como se estivesse se esforçando para colocar as imagens em foco.

— Vejo duas vidas. — começou num tom monótono. — Com um breve período de violência e perigo entre ambas. Decorrentes tanto das forças da natureza quanto das forças do mal humano. Você terá de escolher entre essas duas vidas. Mas tenha cuidado, pois as forças, do mal ainda não pararam de rondar você.

Dorothy soltou o ar dos pulmões, só agora se dando conta de que estivera prendendo a respiração, e um gélido calafrio de temor percorreu-lhe a espinha.

— Comece do começo. — pediu.

— Desculpem! Com licença! — exclamou Alfonso quando colidiu com um grupo de adolescentes à espera na fila para comprarem sanduíches e refrigerantes.

Estivera andando sem rumo certo pela extensa área do festival, refletindo sobre sua situação com Dorothy e tentando descobrir se existiria um meio de resolvê-la favoravelmente quando a avistara por acaso ao longe.

Aquela altura, já se dera conta de que o festival estava cada vez mais movimentado e que, por certo, não era o melhor lugar para reflexões no momento.

Estava prestes a voltar na direção da barraca de Maite, onde todos tinham combinado de se encontrar de volta, quando vira Dorothy, inconfundível em sua fantasia.

Para sua perplexidade, vira-a entrando na tenda do vidente, e estava levando algum tempo para chegar até lá, enquanto ia abrindo caminho pela multidão. Não havia dúvida para a razão de Dorothy ter ido ver o vidente, que era tão famoso naquela região pela precisão de suas previsões.

E ele estava com uma inexplicável sensação de que tinha de tirá-la daquela tenda quanto antes.

Agora, a tenda estava logo adiante, junto a um arvoredo. Alfonso parou e recostou-se numa das árvores para recobrar o fôlego quando a viu sentada à mesa diante do vidente, através da abertura na tenda.

Afastou-se da árvore, preparando-se para adentrar na tenda, mas as palavras do velho detiveram-no abruptamente e ele ocultou-se nas sombras.

— Você nasceu em berço de ouro, tendo uma vida de riqueza e privilégio. — começou o Professor. — E, antes de sua vida ter mudado, um homem rico e poderoso ia se casar com você.