Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo XIII

— Estou lhe dizendo, Luther, não gosto deste lugar. — O homem alto e magro olhou em torno da mesa da lanchonete com preocupação. — Você não sabe que lugares que vendem rosquinhas atraem policiais feito moscas?

O companheiro baixo e atarracado franziu o cenho por sobre a xícara de café.

— Com mil diabos, Otis, quer se acalmar? — Baixando a voz para um sussurro ameaçador, acrescentou — Há semanas que sequestramos aquela garota Portilla. Se os tiras fossem nos apanhar, já teriam feito isso.

— É estranho que ninguém tenha vindo atrás de nós quando ela conseguiu fugir, mas temos nos deslocado tanto que é possível que tenhamos despistado a polícia. Ei, acho que temos rostos inocentes.

Luther revirou os olhos.

— Sim, parecemos tão inocentes quanto cordeirinhos. Ouça, não sei por que os tiras não vieram atrás de nós, mas deve haver um motivo. A coisa toda não faz sentido. O problema é que não podemos mais continuar agindo nesta região. — sussurrou. — Logo, vamos ter de encontrar outro lugar para fazermos nossos "serviços". Mas, primeiro, precisamos ter certeza de que não há ninguém mesmo atrás de nós.

Os dois tinham estado em fuga desde que o sequestro dera errado. Haviam se levantado antes do amanhecer naquele dia para se mudarem novamente, fugindo da conta do hotel barato de beira de estrada.

O sino da porta tocou alegremente, anunciando a entrada de dois policiais, que se sentaram à mesa atrás de ambos, e Luther teve de chutar Otis por baixo da mesa quando o comparsa manteve os olhos arregalados por tempo demais.

Lançando um discreto olhar por sobre o ombro, enquanto a garçonete se aproximava da mesa dos recém-chegados, Luther notou que um deles usava a estrela no peito e o uniforme marrom identificava que era xerife, o outro também usava uma insígnia indicando que devia ser capitão, ou talvez até chefe de polícia.

Ao que parecia, Otis estivera certo, afinal. Havia uma primeira vez para tudo. De qualquer modo, os dois atrairiam mais atenção para si se saíssem naquele momento do que se continuassem ali tomando seu café.

Lançando um duro olhar de aviso a Otis para que ficasse quieto Luther manteve-se atento à conversa dos dois homens da lei atrás de si, enquanto fingia bebericar tranquilamente seu café.

— Bem, e então, vai me dizer o que o trouxe ao meu condado Harvey? — perguntou o policial ao xerife.

— Estou num caso bastante estranho de pessoa desaparecida, chefe. Ou talvez eu deva dizer que é um caso de pessoa encontrada.

— Como é? — indagou o chefe de polícia, confuso.

— Lembra-se de quando tivemos aquele tornado várias semanas atrás em Fairweather? No mesmo dia, encontramos uma mulher que alegava não saber quem era devido a uma pancada na cabeça. Acho que é uma criminosa porque o Cadillac que estava dirigindo não tinha placa, nem mais o número do chassi. A estranha está na fazenda de Herrera por enquanto, mas estou de olho bem atento nela.

Luther e Otis trocaram um olhar de aturdimento, o primeiro fazendo novo gesto para que o comparsa permanecesse no lugar.

— Ela alega que a memória não voltou, e não existem mandados de prisão ou fichas de pessoas desaparecidas sobre uma mulher com a descrição dela em lugar algum. — prosseguiu o xerife. — Estou me deslocando de Fairweather até cidades e condados vizinhos para tentar descobrir se alguém sabe de algo. Aqui está a foto. Eu a tirei ontem à noite.

— Nesta fantasia, ela se parece com Judy Garland, em O Mágico de Oz. — observou o chefe de polícia. O xerife soltou um riso sarcástico.

— Sim. E adivinhe, ela atende pelo nome de Dorothy. Não é uma das coisas mais suspeitas que você já ouviu?

— Nunca a vi antes. — O chefe deu de ombros e sorveu um gole de seu café.

Tentando aparentar naturalidade, Luther levantou-se para se encaminhar até a caixa registradora, com Otis nos seus calcanhares. Passando o mais perto da mesa dos homens da lei que se atreveu, esticou o pescoço para ver a fotografia diante do chefe de polícia.

Pela maneira como Otis respirou fundo, Luther pôde perceber que seu comparsa vira a mesma coisa que ele. Era a garota Portilla.

E, com algumas indagações discretas, os dois saberiam onde encontrá-la e a fariam pagar por todos os problemas que lhes havia causado.

Ops :/