Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Dorothy não levou muito tempo para reunir seus modestos pertences numa mala improvisada, um saco de papel pardo de supermercado. Se o Professor estava certo, ela provavelmente tinha um conjunto completo de malas de grife em algum lugar.

Grande coisa.

Lançando um último olhar ao redor do quarto, soltou um suspiro.

Arrumara-o, deixando-o exatamente da maneira como o encontrara no dia de sua chegada, não deixando nenhum vestígio seu exceto o pequeno troféu sobre a cômoda.

Detendo-se na soleira, olhou com anseio para a cama onde tivera tantas noites de paixão com Alfonso e perguntou-se o que a fizera pensar, afinal, que aquelas noites jamais terminariam.

Fechando a porta atrás de si, seguiu pelo corredor em direção à escada. Já telefonara para o abrigo de mulheres dizendo que estaria lá mais tarde naquele dia. Também ligara para o escritório do xerife Gulch e deixara a mensagem de que aceitaria a oferta dele de levá-la a Topeka.

A única coisa que lhe restava era despedir-se. E, então, tudo teria terminado.

Dorothy respirou fundo quando passou diante do quarto de Alfonso, onde passara uma última noite de êxtase em seus braços. A cama estava arrumada e não havia sinal dele.

Ela parou diante da porta do quarto de Alan e ficou surpresa em ver o menino sentado na cama. Nas mãos, segurava o troféu que ganhara na noite anterior.

— Olá. — disse-lhe com suavidade.

— Olá. — Alan ergueu os olhos e ficou evidente que estivera chorando.

Dorothy engoliu em seco e sentou-se na cama ao lado do menino, deixando de lado o saco de papel e sua bolsa.

— Acho que seu pai lhe disse que eu tenho de partir.

Ele meneou a cabeça com ar sério.

— E ele lhe disse por quê?

— Sim. Mas eu ainda não entendo.

Como explicar uma coisa daquelas a um garotinho inocente cujo mundo não ia além dos limites da fazenda onde vivia?

— Olhe bem de perto para o seu troféu. — disse após um momento. — Percebe como consegue ver o seu reflexo no metal?

Alan olhou para a superfície polida do troféu. O formato ai redondado fez com que sua imagem ficasse distorcida.

— Sim, mas está tudo esquisito. Isto não se parece nada comigo.

Dorothy alisou-lhe os cabelos em desalinho.

— É como se você estivesse olhando para outro menino, não é? Um estranho.

Quando o menino meneou a cabeça, ela prosseguiu.

— É mais ou menos assim quando me olho no espelho. A pessoa que vejo é uma estranha, e agora tenho de ir e ver se consigo descobrir quem... quem eu sou.

Alan deixou o troféu de lado e virou-se para abraçá-la, apoiando a cabeça no ombro dela.

— Sei que você tem de partir. Foi o que papai me disse. E ele falou que eu teria de ser corajoso, mas é muito difícil. Eu... acho que não conseguirei ser corajoso o bastante para dizer adeus.

O coração apertado em seu peito, Dorothy abraçou-o com força.

O choro é livre.. :/

Até amanhã :3