Fanfic: O Preço da Paixão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

— Presumo que ele esteja a caminho.

— Sim. — O xerife consultou o relógio de pulso. — Deve chegar a qualquer minuto. Eu o informei sobre tudo e lhe disse que o encontraria aqui.

Alfonso conteve um suspiro, ocorrendo-lhe que, de fato, aquele dia ia ficando cada vez pior.

— Ei, aposto que é ele chegando agora. — Gulch apontou na direção do heliponto do hospital, que se avistava através da porta dupla de vidro conduzindo ao estacionamento dos fundos. O heliponto era geralmente usado pelo helicóptero de resgate do condado, mas o que pousava agora era um arrojado modelo particular preto e prateado.

— Uau! Que máquina! — exclamou o xerife. — E aposto quel pertence ao sr. Richards. O noivo dela é Michael Richards, da Mineração Richards.

— Quem mais seria? — resmungou Alfonso.

Era uma pena quel não houvesse mar no Kansas, ou o milionário poderia ter feito uma aparição ainda mais triunfal em seu iate.

Ele se lembrava vagamente sobre uma série de reportagens que acompanhara no jornal  sobre a Mineração Richards alguns anos antes. Houvera uma disputa por uma grande área de terras envolvendo interesses da mineradora contra os de um grupo de agricultores. E, evidentemente, a mineradora vencera.

O xerife adiantou-se prontamente na direção da porta dupla de vidro, enquanto Alfonso se mantinha do lado de fora do quarto de Anahí, feito uma sentinela, os braços cruzados sobre o peito os olhos no heliponto.

Apertou os lábios quando viu um homem loiro descendo, seguido de duas outras pessoas.

Era ele, Michael Richards. Alto atlético, adiantou-se na direção do hospital com vigorosas passadas, metido num terno, que parecia caro e sob medida mesmo a distância.

No momento em que o xerife conduzia os recém-chegados ao quarto de Anahí, um dos médicos saíra para o corredor e as apresentações foram feitas.

As pessoas que haviam descido com Richards do helicóptero, um homem e uma mulher beirando a casa dos sessenta, eram o sr. e a sra. Finch, o mordomo e a cozinheira de Anahí. Permaneceram de braço dado, preocupação evidenciando em seus rostos.

— E este, sr. Richards, — começou o xerife Gulch, o peito estufado. — é Alfonso Herrera. É o homem que tem cuidado da srta Portilla ao longo das últimas semanas.

Richards estendeu-lhe a mão, um sorriso amplo no rosto.

— Alfonso, nem sei como lhe agradecer por ter cuidado da minha Anahí. Eu lhe asseguro que será reembolsado por quaisquer despesas que tenha tido.

Ela não é sua Anahí. É minha Dorothy.

Alfonso apertou a mão do homem num gesto maquinal. Podia sentir seu rosto queimando com ressentimento e frustração.

— Não será necessário.

Abruptamente, Richards virou-se para o médico.

— Posso vê-la agora?

— Sim. — disse o neurologista. — Mas procure não lhe aumentar o nível de estresse. Ela está fazendo bastante esforço para tentar se lembrar de como era sua vida antes e, portanto, dê-lhe tempo para fazer isso sem pressioná-la. Ela sofreu uma pancada na cabeça, mas não é nada que não sare facilmente. E quanto a seu estado mental, está confusa no momento. Sua memória parece estar voltando pouco a pouco, mas talvez nunca volte completamente. Anahí está bastante agitada e, desse modo, quando falar com ela, apenas seja paciente. Não espere que ela se lembre de tudo de uma vez.

Richards, que parecia bastante atento às palavras do médico, agradeceu-lhe e foi conduzido ao interior do quarto, deixando Alfonso, o casal Finch e o xerife no corredor.

Alfonso jamais fora tomado por tamanha sensação de impotência em sua vida, enquanto observava outro homem assumindo o papel de protetor de Anahí. Uma vez que parecia não haver nada que pudesse fazer por ela, procurou ao menos acomodar-lhe os amigos.

— Há uma pequena sala de espera logo adiante no corredor. Por que não vamos nos sentar um pouco? — sugeriu.

Os Finch sorriram-lhe com ar grato e seguiram-no até a sala de espera. Alfonso sentou-se diante de ambos e estudou-lhe os rostos tensos, preocupados.

— Ela ficará bem. — assegurou-lhes.

— Oh, felizmente! — exclamou a sra. Finch. — Estávamos tão preocupados.

— Ela tem sido como uma filha para nós desde que seus pais morreram. Quando descobrimos que ela estava em apuros, mal pudemos acreditar. Ainda estamos chocados. — explicou o sr. Finch.

— Preciso lhes perguntar. — começou Alfonso, gentil. — Há semanas que Anahí foi encontrada com amnésia. Por que ninguém apareceu à procura dela?

A sra. Finch pareceu angustiada.

— Pensamos que ela estivesse em alguma ilha tropical aproveitando suas férias... tendo a grande diversão de sua vida. Anahí havia se programado para partir logo depois de uma festa de "boa viagem" que os amigos lhe ofereceram no centro medico da universidade. Pelo que conseguimos descobrir agora, ela foi sequestrada logo depois da festa, antes de ter tido chance de chegar ao aeroporto.

Alfonso meneou a cabeça, lembrando-se do que os sequestradores haviam dito enquanto tinham tentado levar Anahí da fazenda.

— Estranhamos o fato de ela não ter nos telefonado, mas achamos que estava tão ocupada com suas atividades de férias que apenas tivesse se esquecido. — A sra. Finch tomoou um gole sua soda e pareceu acalmar-se um pouco.

— Deveríamos ter imaginado. — O sr. Finch sacudiu a cabeça — Ela sempre foi tão boa menina, tão cheia de consideração responsável que deveríamos ter sabido que algo dera errado quando não houve notícia alguma.

— Mas quando ela saiu, tudo o que disse foi: "Vejo vocês em setembro" — contou a sra. Finch com um suspiro.

— Não se culpem. — disse Alfonso. — Não teriam como saber que Anahí estava em apuros. O importante é que a têm de vocês agora.

E eu a perdi, pensou, o coração apertado.