Fanfic: Stripper Hot Finalizada | Tema: AyA, Romance e hot

A emoção o deixou com um nó na
garganta, tornando difícil respirar e
mais ainda engolir. Ele tossiu e
balançou a cabeça.
– Só um segundo. – Tentando não
sair aos tropeços, ele se levantou e foi
até o balcão. Seus olhos quase saltaram
quando Aline apareceu.
O rosto se iluminou com felicidade
genuína.
– Er…
– Miguel – disse ele em tom baixo e
urgente. – Só esta noite, Aline. Por
favor.
Semicerrando os olhos, ela fitou a
mulher que ele tinha deixado na baia.
– Existe um bom motivo para você
não revelar seu nome verdadeiro à sua
acompanhante? Seu primeiro nome?
Ele puxou o colarinho.
– Ela me conheceu como Miguel e eu
não quero… – Ele precisava desta noite
para descobrir se poderia confiar
plenamente em Anahi, se poderia
compartilhar sua outra vida, todos os
aspectos de sua vida com ela. A
conversa na qual ele contaria sua
identidade a ela teria de ser abordada
com cuidado. Deixar Aline soltar seu
primeiro nome para Anahi não era bem o
que ele estava esperando.
O olhar perspicaz de Aline o fez
sentir-se completamente decifrado, e a
sensação não era nada boa.
– Você vai contar a verdade a ela? –
A pergunta de Aline pairou perto
demais de uma exigência. – Ninguém
merece ouvir mentiras… – Ela ergueu
as sobrancelhas. – Miguel.
Ele encolheu os ombros.
– Eu não estou me passando por
outra pessoa.
– Se isso fosse verdade, querido, você
não precisaria mentir sobre quem
realmente é. – Ela acariciou o rosto dele
e sacou o bloco de pedidos. – Você quer
pedir agora ou devo ir até a mesa?
– Venha conhecê-la.
Aline inclinou a cabeça, avaliando-o.
– Ela deve ser especial.
– Ela é.
– Tudo bem então.
Ele foi inundado de afeto. Inclinouse
sobre o balcão e deu um beijo no
rosto de Aline, o que lhe valeu um riso
surpreso e uma palmadinha com o
bloco de pedidos.
– Você está muito atrevido hoje.
– Só estou… – Ele arregalou os olhos.
Ia dizer “feliz”. Estivera bem ali, na
pontinha da língua, e ele quase dissera.
Aline exibiu um olhar caloroso. Ela
sabia. De algum modo, ela sabia.
– Estou feliz por você, querido. E vou
estar mais ainda quando você contar a
verdade a ela.
– Em breve – prometeu ele, recuando
em direção à baia.
Sentando-se outra vez, ele estendeu
o braço e tocou as mãos entrelaçadas de
Anahi.
– Esta é a mãe do meu amigo. Eu
gostaria que você a conhecesse.
O olhar de Anahi se voltou ao dele.
– Tudo bem.
Aline colocou dois copos de água
diante deles e sorriu, aguardando
claramente para ser apresentada.
A boca de Alfonso estava tão árida que
ele poderia muito bem ter recorrido a
um programa social de combate à seca.
Ele bebeu um gole de água e pigarreou.
– Aline Maxwell, apresento-lhe Anahi
Wheeler. Anahi, Aline é mãe de um dos
meus amigos mais próximos e a melhor
cozinheira do mundo.
Aline acariciou a cabeça de Alfonso e,
em seguida, apertou-lhe o pescoço.
Afeto ou aviso? Ele não tinha certeza.
– Prazer em conhecer, Anahi.
– O prazer é meu, sra. Maxwell.
– Ah, não, querida. Apenas Aline. Já
deixei de ser a esposa de alguém há
mais de uma década.
Alfonso captou as lembranças sombrias
que flutuaram pelos olhos de Aline. O
desejo de abraçá-la e protegê-la foi tão
excessivo quanto a impossibilidade de
fazê-lo. Aline não permitiria que
ninguém fosse salvá-la.
O sorriso de Anahi foi suave,
compassivo.
– Desculpe se toquei num ponto
doloroso. Por favor, me perdoe.
Com as mãos apertadas no colo, Alfonso
só podia olhar. Ela viu a dor de Aline
também. Que mulher observadora. E
mesmo sendo uma completa
desconhecida, Anahi tinha encontrado as
palavras certas, curtas e simples para
oferecer suas condolências.
A mulher mais velha tocou no ombro
de Anahi.
– Obrigada, Anahi. O preço do amor
às vezes é alto, mas prefiro ter amado
meu marido por todos esses anos a
nunca ter amado ninguém.
Aquilo foi o máximo que Alfonso já tinha
ouvido Aline mencionar sobre o
marido, e a saudade na voz dela fez o
coração dele doer.
– É um sentimento bonito, Aline.
Invejo você por ter lembranças tão
preciosas que nem mesmo o tempo e o
luto podem apagar.
Aline apertou o ombro de Anahi e
fungou, pegando um guardanapo do
porta-guardanapos para enxugar os
olhos úmidos.
– Olhem só para mim. Dezesseis anos
e ainda fico chorosa. É só que… Esta é a
coisa mais linda e perspicaz que alguém
já me disse.
– Por favor, não chore. – Anahi pegou
mais um guardanapo e o entregou à
mulher, com um sorriso genuíno. –
Tenho canais lacrimais muito solidários,
bem como uma reputação profissional
de ser uma bruxa de coração gelado. Os
dois não podem coexistir, então, por
favor, sem lágrimas.
Aline revezou olhares entre Alfonso e
Anahi.
– Ninguém que chora por uma
desconhecida poderia ter um coração
frio, Anahi. Que a verdade sobre quem
você é te beneficie.