Fanfics Brasil - Luxúria - 4 Luxúria AyA

Fanfic: Luxúria AyA | Tema: [ADAPTADO] #HOT


Capítulo: Luxúria - 4

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Aqueles olhos azuis estavam fixos nela. Pareceu-lhe, de repente, que eram muito parecidos com os de Quinn, embora Quinn fosse inocente de uma forma que, ela achou, Alfonso jamais deveria ter sido, mesmo quando jovem. Tinham, porém, aquele tom de azul-turquesa que a remetia ao Caribe.


Havia sinceridade naqueles olhos, apesar da arrogância. Ela fugiu de seu olhar, mirando o ponto exato em que os dedos dele acariciavam a xícara de chá. Parecia minúscula na mão dele. Frágil. Como se ele fosse capaz de quebrá-la com uma leve pressão. E os dedos deslizando suavemente pela superfície lisa...


Ela se esforçou para afastar os olhos daquelas mãos, voltando ao rosto.


Não está ajudando nada...


– Estou escrevendo sobre um casal que explora o sadomasoquismo. A mudança de poder, alguma submissão... temas sobre os quais já escrevi antes. Mas dessa vez gostaria de me aprofundar mais. Possivelmente explorar o papel da dor. E quero que tenha alguma autenticidade. Não vou fazer isso de qualquer jeito. Sabia que teria de começar por uma boa pesquisa, conversando com pessoas que vivenciaram essas coisas. Recentemente, encontrei Jennifer em uma comunidade virtual de sadomasoquismo que existe aqui, enviei-lhe um e-mail e perguntei se poderíamos conversar. Entrevistei-a e ela foi muito gentil e aberta comigo. Mas, como submissa, não achou que estava qualificada para me oferecer o quadro completo. É por isso que me indicou você.


Ele assentiu, com um movimento de cabeça.


– É difícil ter uma boa ideia de como é o ambiente de sadomasoquismo e de qual é sua dinâmica e psicologia falando só com uma pessoa. As experiências individuais são distintas e particulares. Se ela é puramente submissa, não pode saber muito bem como funciona uma mente dominante e detalhes de nosso processo.


– Sim, foi essa a ideia que ela me passou. E faz sentido.


– Você nunca escreveu sobre submissão e sadomasoquismo?


– Não. Apenas sobre fetiches menores, um pouco de escravidão na cama, entre as quatro paredes de um quarto, mas nada realmente sério.


– Você acha que o tema submissão e sadomasoquismo é sério?


– Não é? 


Ele não respondeu.


– Você nunca experimentou essas coisas?


– Eu... não.


– Ah... Você gostaria de manter essa discussão no terreno profissional. Estritamente com propósitos de
pesquisa.


– Sim. Com certeza.


Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa; chegou um pouco mais perto até que ela pudesse sentir o cheiro de seu perfume, uma coisa ao mesmo tempo limpa e escura. Como o oceano e a madeira.


Ele abaixou o tom de voz, subitamente fazendo com que a conversa parecesse mais íntima. Talvez com mais intimidade do que ela poderia suportar confortavelmente.


– Vou lhe dizer uma coisa, Anahi, e é a pura verdade. Não há como retratar um estilo de vida de forma acurada se você não entrar nele. Tem de experimentá-lo, mergulhar nele. Há muitos componentes – físicos, psicológicos, emocionais –, e todos sobrepostos. É complexo. Por isso é que nós que praticamos gostamos dessas coisas. A complexidade. A intensidade.


Ele acariciou as costas da mão dela, deslizando os dedos pela superfície. A pele dele era quente. A dela ficou mais ainda.


– Tem a ver com sensação. E com o que se passa em sua cabeça. Pode ser sensual ou sexual. Ou ambos. Você não pode começar a descrever as dinâmicas envolvidas sem ter estado lá.


Anahi ficou com a garganta seca. A ideia não era chocante para ela. Não tanto quanto o toque dele. Pegou a xícara, bebeu um gole de chá, limpou a garganta.


– Imagino que você esteja certo. E esse é um tema interessante. Mas eu não sei. . .


– Pare de fingir que isso não passa de um tema interessante, Anahi. – Ele deslizou a ponta dos dedos no interior de seu pulso, sob a manga do suéter de cashimira. – Eu posso sentir seu pulso acelerado.


– Alfonso…


– Vamos lá, Anahi. Você não precisa repreender essa vontade para mim. Faz parte do contexto da escravidão sexual e do sadomasoquismo. Aquela honestidade fundamental que nos caracteriza.


– Eu ia dizer que você... está certo.


Será mesmo que ela havia admitido? Mas talvez ele tivesse razão a respeito de tudo aquilo – o fato de ela ter de ser honesta com ele para aprender alguma coisa. Teria de mergulhar profundamente, como ele disse.


Não tinha nada a ver com aquela atração ridícula que estava sentindo por ele, não é mesmo?


Anahi puxou a mão, repousando-a em segurança sobre seu colo. – Você e Jennifer devem conhecer alguns homens submissos. Existem alguns em quem confiem e que possam me indicar? E eles aceitariam se relacionar com uma mulher que não tem nenhuma experiência como dominante?


Alfonso riu, recostando-se na cadeira.


– Você está se referindo a ficar por cima, dominando esses homens?


– Sim.


– Ah, Anahi. Não percebe que você é o contrário, a base?


– O quê?


– Notei no exato momento em que a conheci. Podia sentir lá fora, no estacionamento, mesmo antes de conversarmos.


– Não entendi.



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