Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso
Noah estendeu a mão saudável e me deu uns tapinhas na perna, como se estivesse me concedendo sua autorização.
– E Anna? – perguntou ele. – Como ela está?
– Bem. Acho que não ficou nada surpresa com a reação de Annie.
– E Keith?
– Está bem, também. Pelo menos foi o que Anna disse. Noah concordou.
– Esses dois formam um belo casal. Ambos têm bom coração. Eles me fazem pensar em mim e em Allie.
Sorri.
– Vou contar a Anna que você disse isso. Ela vai ganhar o dia. Ficamos sentados em silêncio até que Noah fez um gesto na direção da água.
– Sabia que os cisnes escolhem o mesmo parceiro para a vida toda? – indagou ele.
– Pensei que fosse um mito.
– Não, é verdade – insistiu ele. – Allie sempre dizia que essa era uma das coisas mais românticas que ela já tinha escutado. Para ela, demonstrava que o amor é a força mais poderosa do mundo. Antes de nos casarmos, ela estava noiva de outro. Você sabia, não é?
Assenti.
– Achei mesmo que soubesse. Enfim, ela foi me visitar sem dizer ao noivo e eu a levei de canoa até um lugar onde vimos milhares de cisnes juntos. Pareciam flocos de neve sobre a água. Eu já lhe contei isso?
Tornei a assentir. Embora eu não tivesse estado presente, essa era uma imagem nítida na minha mente, assim como na de Annie. Minha mulher muitas vezes se referia a essa história com um ar maravilhado.
– Os cisnes nunca mais voltaram lá – murmurou ele. – Sempre havia alguns no lago, mas nunca mais como naquele dia. – Perdido nas próprias lembranças, Noah fez uma pausa. – Mas mesmo assim Allie gostava de ir lá. Adorava dar comida aos que tinham sobrado e costumava me mostrar os casais. “Olhe um ali”, dizia ela, “olhe outro acolá”. “Não é maravilhoso como eles ficam juntos para sempre?” – O rosto de meu sogro se franziu com um sorriso. – Acho que era o jeito dela de me lembrar de ser fiel.
– Não acho que ela precisasse se preocupar com isso.
– Ah, não?
– Acho que você e Allie foram feitos um para o outro. Ele deu um sorriso saudoso.
– É – concordou, por fim. – Fomos, mesmo. Mas tivemos que nos esforçar: também passamos por momentos difíceis.
Talvez ele estivesse se referindo ao mal de Alzheimer. E, bem antes disso, à morte de um de seus filhos. Havia outras coisas, também, mas esses eram os fatos sobre os quais ele ainda achava difícil falar.
– Mas vocês faziam parecer tão fácil... – protestei. Noah balançou a cabeça.
– Só que não foi. Nem sempre. Todas aquelas cartas que eu escrevia para ela eram uma forma de lembrá-la não apenas do amor que eu sentia, mas também da promessa que tínhamos feito um ao outro. Perguntei-me se ele queria que eu me lembrasse da vez em que sugerira que eu fizesse o mesmo com Annie, mas não disse nada. Em vez disso, fiz uma pergunta que há algum tempo vinha querendo lhe fazer.
– Foi difícil para você e Allie depois que seus filhos saíram de casa? Noah ficou algum tempo pensando.
– Não sei se difícil é bem o termo, mas foi diferente.
– Diferente como?
– Para começar, tudo ficou silencioso. Muito silencioso. Como Allie ficava trabalhando no ateliê, eu passava muito tempo sozinho zanzando pela casa. Acho que foi aí que comecei a falar comigo mesmo, só para me fazer companhia.
– Como Allie reagiu ao fato de não ter os filhos por perto?
– Como eu – respondeu ele. – Pelo menos no início. Nós passamos muito tempo vivendo para as crianças e há sempre algumas adaptações a ser feitas quando isso muda. No entanto, quando ela se adaptou, acho que começou a gostar do fato de estarmos sozinhos outra vez.
– Quanto tempo isso levou? – perguntei.
– Não sei. Umas duas semanas, talvez.
Senti meus ombros murcharem. Duas semanas?, pensei.
Noah pareceu perceber minha decepção e, depois de uma pausa curta, pigarreou.
– Pensando bem – disse ele –, acho que nem demorou tanto assim.
Acho que ela levou só alguns dias para voltar ao normal.
Alguns dias? Dessa vez, eu não consegui nem mesmo reagir. Ele levou a mão ao queixo.
– Na verdade, se não me falha a memória, não foram nem alguns dias – prosseguiu. – Assim que pusemos as últimas coisas de David no carro, começamos a dançar um foxtrote ali mesmo em frente à casa. Mas vou dizer uma coisa: os primeiros minutos foram dureza. Dureza mesmo. Às vezes eu me pergunto como conseguimos sobreviver.
Embora sua expressão continuasse séria ao falar, detectei um brilho travesso em seus olhos.
– Foxtrote? – indaguei.
– É uma dança.
– Eu sei o que é.
– Era bastante popular antigamente.
– Já faz tempo.
– O quê? Ninguém mais dança foxtrote?
– É uma arte que se perdeu, Noah. Ele me deu uma leve cutucada.
– Mas enganei você, não foi?
– Um pouco – confessei. Ele piscou para mim.
– Enganei, sim.
Meu sogro passou alguns instantes sentado em silêncio, parecendo satisfeito consigo mesmo. Então, sabendo que não chegara de fato a responder à minha pergunta, remexeu-se no banco e soltou um longo suspiro.
– Foi difícil para nós dois, Alfonso. Quando eles saíram de casa, já não eram só nossos filhos, eram nossos amigos também. Nós nos sentimos sozinhos e durante algum tempo não soubemos muito bem como agir um com o outro.
– Você nunca comentou nada.
– Você nunca perguntou – disse ele. – Eu senti saudades, mas acho que, de nós dois, foi Allie quem mais sofreu. Ela podia ser pintora, mas era mãe em primeiro lugar, e depois que os meninos saíram de casa era como se não tivesse mais certeza de sua identidade. Pelo menos por um tempo. Tentei imaginar isso, mas não consegui. Não era uma Allie que eu já tivesse visto ou sequer imaginado possível.
– Por que isso acontece? – indaguei.
Em vez de responder, Noah olhou para mim e passou um tempo sem dizer nada.
– Eu já contei a você sobre o Gus? – disse ele, por fim. – Aquele que vinha me visitar quando eu estava reformando a casa?
Assenti. Sabia que Gus era parente de Harvey, o pastor negro que eu às vezes via quando visitava o casarão de Noah.
– Bom, o velho Gus adorava uma história absurda. Quanto mais engraçada, melhor – explicou Noah. – E nós às vezes ficávamos sentados à noite na varanda tentando inventar nossas próprias piadas para fazer o outro rir. Ao longo dos anos, inventamos algumas boas, mas quer saber qual era a minha preferida? A história mais estapafúrdia que Gus já contou? Bem, antes de eu começar, você precisa saber que Gus era casado com a mesma mulher havia 50 anos e que eles tinham oito filhos. Aqueles dois tinham passado por praticamente tudo na vida. Então, um dia, ficamos a noite inteira contando piadas um para o outro e ele falou: “Lembrei mais uma.” Então respirou fundo e, com a cara mais lavada deste mundo, olhou bem nos meus olhos e disse: “Noah, eu entendo as mulheres.”
Noah deu uma risadinha como se estivesse ouvindo aquilo pela primeira vez.
– O fato é que nenhum homem do mundo pode dizer essas palavras para valer – prosseguiu ele. – Isso simplesmente não é possível, de modo que nem adianta tentar. Mas não significa que você não possa amar as mulheres mesmo assim. E não quer dizer que você algum dia deva deixar de fazer o possível para que elas saibam quanto são importantes para você.
Enquanto pensava no que ele acabara de dizer, vi o cisne no lago bater as asas e ajeitá-las. Era daquele jeito que Noah vinha falando comigo sobre Annie ao longo do último ano. Ele nunca me dera um conselho específico nem me dissera o que fazer. Ao mesmo tempo, estava sempre consciente da minha necessidade de apoio.
– Acho que Annie gostaria que eu fosse mais parecido com você – falei. Ao ouvir isso, Noah deu uma risadinha.
– Você está se saindo bem, Alfonso – disse ele. – Está se saindo muito bem.
Autor(a): eduardah
Este autor(a) escreve mais 7 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Tirando as batidas do relógio de pé e o zumbido constante do ar- condicionado, a casa estava silenciosa quando cheguei. Enquanto largava as chaves sobre a mesa da sala de estar, examinei as prateleiras que havia em ambos os lados da lareira. Estavam repletas de fotos da família: uma era de dois verões antes e ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40
Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss
-
franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02
Eu ainda estou chorando....
-
franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45
Morri com essa carta ....to chorando rios...
-
franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36
To chorando rios akiiii
-
franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39
Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(
-
franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20
Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...
-
hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16
Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.
-
franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
-
franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46
to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...
-
franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56
ai que beijo lindoooooooo