Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso
Eu não estava mentindo ao dizer a Annie que ficara com medo de perdê-la quando voltei a Duke para cursar o último ano e reconheço que não lidei com isso tão bem quanto poderia. Com o começo do ano letivo, eu sabia que seria impossível mantermos o mesmo tipo de relacionamento que tínhamos havia nove meses e fiquei pensando em como ela iria reagir à mudança. À medida que o verão passava, conversamos sobre isso algumas vezes, mas Annie nunca parecia preocupada. Sua confiança de que daríamos um jeito era tamanha que ela soava quase casual e embora eu pudesse ter interpretado essa reação como um sinal reconfortante, às vezes pensava que gostava mais dela do que ela de mim.
Eu sabia muito bem que tinha qualidades, mas não as considerava extraordinárias. Tampouco meus defeitos eram horrivelmente graves. Na verdade, eu me achava mediano em todos os aspectos e, mesmo 30 anos atrás, sabia que não estava fadado nem à fama nem ao anonimato.
Annie, por sua vez, poderia ter sido o que quisesse. Há muito tempo cheguei à conclusão de que ela seria capaz de viver bem tanto na pobreza como na fartura, morando na cidade ou no campo. Sua habilidade de se adaptar sempre me deixou impressionado. Considerando todas as suas qualidades – inteligência, paixão, gentileza e charme –, parecia óbvio que ela teria sido uma esposa maravilhosa para praticamente qualquer homem.
Por que, então, ela havia escolhido a mim?
Essa era uma pergunta que me atormentava bastante nos primeiros tempos de namoro e eu não conseguia encontrar uma resposta que fizesse sentido. Preocupava-me pensando que ela um belo dia iria acordar, perceber que eu não tinha nada de especial e me trocar por um cara mais carismático. De tão inseguro, não conseguia lhe falar sobre o que sentia por ela. Eu queria falar, mas o momento passava antes que eu tomasse coragem.
Isso não quer dizer que eu guardasse segredo sobre o nosso namoro. Na verdade, no verão que passei estagiando no escritório de advocacia, minha relação com Annie era um dos assuntos que surgiam com mais regularidade durante o almoço com os outros associados, e eu fazia questão de descrevê-la como quase ideal. Nunca disse algo de que tenha me arrependido depois, mas lembro-me de achar que alguns de meus colegas pareciam sentir inveja por eu estar progredindo não apenas no campo profissional, mas também no pessoal. Um deles, Harold Larson – que, assim como eu, ainda trabalhava no periódico Law Review em Duke –, prestava especial atenção sempre que eu dizia o nome de Annie, e eu desconfiava de que era porque ele também tinha uma namorada. Gail e ele estavam juntos havia mais de um ano e Harold sempre falava naturalmente sobre seu relacionamento. Assim como Annie, Gail não morava mais na região: havia se mudado para ficar perto dos pais em Fredericksburg, na Virgínia. Harold tinha mencionado mais de uma vez que planejava se casar com ela assim que se formasse.
Mais para o final do verão, estávamos sentados juntos quando alguém perguntou se planejávamos levar nossas namoradas à festa de despedida. Isso pareceu deixar Harold incomodado e, quando a pessoa insistiu, ele franziu a testa.
– Gail e eu terminamos na semana passada – confessou. Embora estivesse claro que era um assunto difícil para ele, Harold pareceu sentir necessidade de explicar mais. – Pensei que as coisas estivessem ótimas entre nós, mesmo que eu não tenha ido visitá-la muitas vezes. Acho que a distância foi excessiva para Gail e ela não quis esperar que eu me formasse. Conheceu outra pessoa.
Acho que foi minha lembrança dessa conversa que ditou o tom da última tarde de verão que Annie e eu passamos juntos. Era domingo, dois dias depois que eu a levei à festa de despedida, e estávamos sentados na cadeira de balanço da varanda da casa dos pais dela. Eu partiria para Durham naquela mesma noite, e lembro-me de ter olhado para o rio e me perguntado se aquilo daria certo ou se Annie, como Gail, encontraria outro para me substituir.
– Ei, posso saber por que você está tão calado hoje? – disse ela por fim.
– Estou só pensando na volta à faculdade. Ela sorriu.
– Está achando ruim ou está animado?
– Acho que as duas coisas.
– Pense que faltam só nove meses para você se formar e depois acabou.
Assenti, mas não disse nada.
Ela me examinou com atenção.
– Tem certeza de que é só isso que está deixando você incomodado
Você passou o dia inteiro de cara fechada – persistiu ela.
Remexi-me na cadeira.
– Você se lembra de Harold Larson? – perguntei. – Apresentei vocês dois na festa.
Ela estreitou os olhos tentando se lembrar.
– Aquele que trabalhava com você na Law Review? Alto, cabelos castanhos?
Fiz que sim com a cabeça.
– O que tem ele? – disse ela.
– Você reparou que ele estava sozinho?
– Não, na verdade não reparei. Por quê?
– A namorada acabou de terminar com ele.
– Ah – comentou ela, mas pude ver que não fazia a menor ideia de como isso lhe dizia respeito ou por que eu estava pensando no assunto.
– Este ano vai ser complicado – comecei. – Sei que vou precisar praticamente morar na biblioteca.
Ela pôs a mão no meu joelho em um gesto de incentivo.
– Você se saiu tão bem nos dois primeiros anos... Tenho certeza de que tudo vai dar certo.
– Espero que sim – continuei. – Mas é que, com tudo isso acontecendo, eu provavelmente não vou conseguir vir ver você todos os finais de semana, como fiz neste verão.
– Eu já imaginava. Mas mesmo assim nós vamos nos ver. Algum tempo livre você há de ter. E lembre-se de que eu sempre posso pegar o carro e ir visitá-lo.
Vi um bando de pássaros irromper da copa de uma árvore ao longe.
– Talvez seja melhor você me avisar antes de ir. Para ver se eu vou estar livre. Parece que o último ano é o mais puxado.
Ela inclinou a cabeça, tentando decifrar aonde eu queria chegar.
– O que está acontecendo, Alfonso?
– Como assim?
– Isso aí que você acabou de dizer. Parece que já pensou em desculpas para a gente não se ver.
– Não é desculpa. Eu só quero me assegurar de que você entende quanto eu vou estar ocupado este ano.
Annie se recostou na cadeira e ficou bastante séria.
– E daí? – indagou.
– E daí o quê?
– O que isso significa exatamente? Que você não quer mais me ver?
– Não, claro que não – protestei. – Mas o fato é que você vai estar aqui e eu vou estar lá. Você sabe como namoros a distância podem ser difíceis.
Ela cruzou os braços.
– E daí?
– Bom, é que esse tipo de namoro pode estragar até as melhores intenções do mundo e, para ser sincero, eu não quero que nenhum de nós dois fique magoado.
– Magoado?
– Foi o que aconteceu com Harold e Gail – expliquei. – Eles não se viam muito, porque ele estava sempre ocupado, e acabaram terminando por causa disso.
Ela hesitou.
– E você acha que vai acontecer a mesma coisa com a gente? – indagou, com cautela.
– Você tem que reconhecer que as probabilidades não estão do nosso lado.
– Probabilidades? – Ela piscou os olhos. – Você está tentando reduzir a nossa relação a uma equação matemática?
– Só estou tentando ser honesto...
– Em relação a quê? Às probabilidades? O que isso tem a ver com a gente? E o que Harold tem a ver com essa história toda?
– Annie, eu...
Ela se virou para o outro lado, sem conseguir me encarar.
– Se você quer terminar comigo, é só dizer. Não precisa usar a falta de tempo como desculpa. Diga a verdade e pronto. Eu sou adulta. Vou aguentar.
– Eu estou dizendo a verdade – falei, depressa. – Eu quero continuar namorando você. Não queria que as palavras saíssem desse jeito. – Engoli em seco. – Quer dizer... bem... você é uma pessoa muito especial e significa muito para mim.
Ela não disse nada. No silêncio que se seguiu, observei com surpresa uma única lágrima lhe escorrer pela face. Ela a enxugou antes de cruzar os braços. Seus olhos estavam fixos nas árvores junto ao rio.
– Por que você sempre faz isso? – Sua voz estava sentida.
– Isso o quê?
– Isso que está fazendo agora. Ficar falando sobre probabilidades, usar estatísticas para explicar as coisas... para explicar nós dois. O mundo nem sempre funciona assim. Nem as pessoas. Nós não somos Harold e Gail.
– Eu sei...
Ela me encarou e pela primeira vez vi a raiva e a dor que havia lhe causado.
– Então por que você disse isso? – quis saber ela. – Eu sei que este ano não vai ser fácil, mas e daí? Minha mãe e meu pai passaram 14 anos sem se ver e mesmo assim se casaram. E você está preocupado com nove meses? Morando a apenas duas horas daqui? Nós podemos nos falar pelo telefone, podemos nos escrever... – Ela balançou a cabeça.
– Sinto muito – falei. – Acho que só estou com medo de perder você.
Não quis deixá-la chateada...
– Está com medo de me perder por quê? – perguntou ela. – Porque eu sou uma pessoa especial? Porque significo muito para você?
Assenti.
– É, significa sim. E você é mesmo especial. Ela respirou fundo.
– Bom, eu também estou contente por ter conhecido você.
Ao ouvir isso, finalmente entendi. Apesar de eu considerar minhas palavras um elogio, Annie as havia interpretado de outra forma, e pensar que eu a deixara magoada fez minha garganta secar de repente.
– Eu sinto muito – tornei a dizer. – Não quis que as palavras saíssem desse jeito. Você é muito especial para mim, mas o fato é que... enfim...
Tive a sensação de que minha língua havia se enrolado e minha gagueira fez Annie dar um suspiro. Sabendo que meu tempo estava se esgotando, pigarreei e tentei lhe revelar meus sentimentos.
– O que eu queria dizer é que eu acho que amo você – sussurrei.
Ela não disse nada, mas eu soube que tinha me ouvido quando sua boca começou a se curvar em um leve sorriso.
– Bom, você acha ou tem certeza? – perguntou ela. Engoli em seco.
– Tenho certeza – falei. Então, querendo ser bem claro, arrematei. – Eu te amo.
Pela primeira vez durante nossa conversa, ela riu, achando graça da minha dificuldade de dizer aquilo.
– Ora, Alfonso, acho que essa foi a coisa mais bonita que você já me disse até hoje – falou, arrastando as palavras com um sotaque sulista exagerado. Pegando-me de surpresa, ela de repente se levantou da cadeira e se sentou no meu colo. Passou um braço à minha volta e me deu um beijo de leve. Atrás dela, o resto do mundo parecia fora de foco e à luz que caía, como se estivesse flutuando em um sonho, ouvi minhas próprias palavras voltarem para mim.
– Eu também tenho – disse ela. – Tenho certeza de que te amo.
Autor(a): eduardah
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– Não – concordou ela. – Não consigo acreditar que Anna já tem idade suficiente para se casar. Não sei como o tempo passa tão depressa. – O que você teria mudado? – perguntei. – Se pudesse? – Na minha vida, você quer dizer? – Ela olhou para o outro lado. &ndas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40
Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02
Eu ainda estou chorando....
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45
Morri com essa carta ....to chorando rios...
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36
To chorando rios akiiii
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39
Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20
Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...
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hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16
Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46
to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56
ai que beijo lindoooooooo