Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso
E não é só isso. O fato de Annie demonstrar suas emoções com a espontaneidade de uma criança sempre me encantou. Quando está triste, ela chora; quando está feliz, ri, e aquilo de que minha mulher mais gosta é ser surpreendida por um gesto maravilhoso. Nessas horas ela adquire um ar de inocência perene e, embora uma surpresa seja por definição algo inesperado, para Annie a simples lembrança de um acontecimento feliz é capaz de despertar, durante anos a fio, a mesma sensação de alegria experimentada da primeira vez. Quando a pego sonhando acordada, eu lhe pergunto em que ela está pensando e ela de repente começa a falar, extasiada, sobre algo de que eu havia muito já tinha me esquecido. Devo dizer que isso até hoje me impressiona.
Ainda que tenha sido abençoada com um coração de ouro, sob muitos aspectos Annie é mais forte do que eu. Como muitas mulheres do sul dos Estados Unidos, seus valores e crenças têm por base Deus e a família. Ela vê o mundo através de um prisma que separa o preto do branco, o certo do errado. Toma decisões difíceis por instinto – e quase sempre está certa –, enquanto eu sempre considero inúmeras alternativas e muitas vezes me arrependo do que escolhi. E, ao contrário de mim, minha mulher raramente sente vergonha de si mesma. Essa falta de preocupação com a opinião alheia exige uma segurança que eu nunca tive, e, entre todas as suas outras qualidades, essa é a que mais invejo.
Imagino que algumas de nossas diferenças sejam resultado da maneira como fomos educados. Enquanto Annie cresceu em uma cidade pequena, com três irmãos e pais amorosos, eu, filho único de um casal de defensores públicos, fui criado em Washington, capital dos Estados Unidos, e meus pais raramente estavam em casa antes das sete da noite. Consequentemente, passava boa parte de meu tempo livre sozinho, e até hoje é na privacidade do meu escritório em nossa casa que mais me sinto à vontade.
Como já disse, nós temos três filhos e, embora eu os ame muito, eles são sobretudo filhos da minha mulher. Foi ela quem os gerou e criou, e é na sua companhia que eles se sentem mais confortáveis. Embora eu às vezes me arrependa de não ter passado tanto tempo quanto deveria com eles, sinto-me reconfortado ao pensar que Annie mais do que compensou essa minha ausência. Parece que nossos filhos se saíram bem, apesar das minhas falhas. Hoje são adultos e já moram sozinhos, mas nós nos consideramos sortudos pelo fato de apenas um deles ter se mudado da Carolina do Norte. Nossas duas filhas ainda nos visitam com frequência, e minha mulher tem o cuidado de encher a geladeira com suas comidas preferidas para o caso de estarem com fome quando vêm à nossa casa, o que parece nunca acontecer. Sempre que elas aparecem, passam horas conversando com Annie.
Anna, de 27 anos, é a mais velha. Seus cabelos pretos e olhos escuros refletem a personalidade taciturna que tinha quando pequena. Era uma menina introspectiva, que passou a adolescência trancada no quarto ouvindo músicas depressivas e escrevendo em seu diário. Nessa época ela era uma desconhecida para mim: passavam-se dias sem que falasse uma única palavra na minha presença e eu não entendia o que poderia ter feito para causar isso. Tudo o que eu dizia parecia apenas incitá-la a dar suspiros ou a balançar a cabeça, e, quando eu queria saber qual era o problema, ela me encarava como se a pergunta fosse incompreensível. Minha mulher não parecia achar nada de estranho nesse comportamento, que atribuía a uma fase típica que todas as meninas enfrentavam, mas com ela Anna conversava. Certas vezes eu passava pelo quarto da minha filha e ouvia as duas conversando aos cochichos. Quando elas me ouviam do outro lado da porta, porém, os cochichos cessavam. Mais tarde, quando eu perguntava a Annie sobre o que haviam falado, ela dava de ombros e fazia um gesto vago com a mão, como se o seu único objetivo na vida fosse não me revelar nada.
No entanto, por ser a mais velha, Anna sempre fora a minha preferida.
Não é uma confissão que eu faria a qualquer um, mas acho que ela também sabe disso, e ultimamente passei a achar que, mesmo nos anos de silêncio, gostava mais de mim do que eu pensava. Ainda me lembro de vezes em que estava examinando testamentos ou outros documentos jurídicos no escritório de casa e ela entrava. Ficava andando pelo cômodo, espiando as prateleiras e pegando vários livros, mas, se eu falasse alguma coisa, ela saía tão silenciosamente quanto havia chegado. Com o tempo, aprendi a não dizer nada e ela às vezes passava uma hora inteira lá comigo, vendo-me tomar notas em meus bloquinhos amarelos. Se eu a olhava de relance, ela me dava um sorriso cúmplice, saboreando aquele joguinho. Não o entendo hoje mais do que na época, mas essa brincadeira está gravada na minha memória como poucas outras imagens.
Anna atualmente trabalha para o jornal Raleigh News and Observer, mas acho que sonha em escrever romances. Na faculdade, ela se especializou em criação literária e as histórias que escrevia eram tão sombrias quanto a sua personalidade. Lembro-me de uma na qual uma jovem se prostituía para cuidar do pai doente, um homem que havia abusado dela. Quando acabei de ler, perguntei-me como deveria interpretar aquilo.
Minha filha também é uma mulher loucamente apaixonada. Sempre cuidadosa e decidida nas próprias escolhas, Anna é muito seletiva quando se trata de relacionamentos amorosos e felizmente Keith me parece ser um homem que a trata bem. Ele pretende ser ortopedista e demonstra uma segurança que só quem teve poucas decepções na vida é capaz de exibir. Annie me contou que, no primeiro encontro dos dois, Keith levou Anna para soltar pipa em uma praia perto de Fort Macon. Mais tarde na mesma semana, quando Anna o levou à nossa casa, ele apareceu de blazer, de banho recém-tomado e com um cheiro suave de água-de-colônia. Quando apertamos as mãos, ele sustentou meu olhar e me impressionou dizendo: “Prazer em conhecê-lo, Sr. Lewis.”
Joseph, nosso filho do meio, é um ano mais novo do que Anna. Embora mais ninguém na nossa família costumasse chamar o pai de “papai” depois de adulto, era assim que ele continuava me tratando. Como também acontece com Anna, nós temos pouco em comum. Ele é mais alto e mais magro do que eu, usa calça jeans na maioria dos eventos sociais e, quando vem nos visitar no dia de Ação de Graças ou no Natal, só come vegetais. Quando ele era mais jovem, eu o considerava calado, mas a sua reticência, assim como a de Anna, parecia direcionada a mim em especial. As pessoas muitas vezes comentavam sobre o seu senso de humor, ainda que, para ser sincero, eu raramente tenha percebido que meu filho era bem-humorado. Quando estávamos juntos, eu quase sempre sentia que ele estava tentando formar uma opinião a meu respeito.
Autor(a): eduardah
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40
Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02
Eu ainda estou chorando....
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45
Morri com essa carta ....to chorando rios...
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36
To chorando rios akiiii
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39
Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20
Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...
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hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16
Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46
to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56
ai que beijo lindoooooooo