Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso
Embora eu tenha me oferecido para preparar um bule de café descafeinado, Annie fez que não com a cabeça, cansada. Os dois dias cheios tinham esgotado sua energia e, depois de um segundo bocejo, ela me disse que estava indo para a cama.
Eu poderia tê-la seguido até o andar de cima, mas não o fiz. Em vez disso, fiquei observando-a subir a escada e relembrando a noite que acabáramos de ter.
Mais tarde, quando finalmente fui me deitar, entrei debaixo das cobertas e me virei para ela. Sua respiração estava regular e profunda e pude ver suas pálpebras tremerem, o que queria dizer que estava sonhando. Com quê, eu não saberia dizer, mas seu semblante estava sereno como o de uma criança. Fiquei observando-a, ao mesmo tempo querendo e não querendo acordá-la, sentindo que a amava mais do que minha própria vida. Apesar da escuridão, pude ver uma mecha de cabelos pousada sobre sua face e estendi os dedos para tocá-la. Sua pele era suave como talco, tão bela que parecia eterna. Ao ajeitar a mecha atrás de sua orelha, pisquei para reprimir as lágrimas que haviam brotado misteriosamente nos meus olhos. Na noite seguinte, Annie me encarou, boquiaberta, com a bolsa pendurada no braço.
– Você conseguiu?
– Parece que sim – falei, indiferente, fazendo o possível para dar a entender que arrumar um bufê não tinha sido nada de muito extraordinário. Na verdade, porém, eu ficara andando de um lado para outro, indócil, esperando Annie chegar em casa.
– Qual você arrumou?
– O Chelsea – respondi.
Situado no centro de New Bern, bem em frente ao meu escritório, o restaurante fica no mesmo prédio em que Caleb Bradham trabalhava na época em que formulou a bebida hoje conhecida como Pepsi-Cola. Convertido em restaurante 10 anos antes, era um dos lugares preferidos de Annie para jantar. O cardápio era bastante variado e a especialidade do chef eram molhos originais e exóticos e marinadas para acompanhar típicas refeições sulistas. Nas noites de sexta e sábado, conseguir mesa sem reserva era impossível e os clientes costumavam brincar de adivinhar que ingredientes tinham sido usados para criar sabores tão distintos.
O Chelsea também era conhecido por seus espetáculos ao vivo. No canto do restaurante ficava um piano de cauda e John Peterson – que durante anos fora o professor de piano de Anna – às vezes tocava e cantava para os frequentadores. Com um ouvido bom para melodias contemporâneas e uma voz que lembrava a de Nat King Cole, Peterson era capaz de tocar qualquer música que lhe pedissem e era bom o suficiente para se apresentar em lugares tão distantes como Atlanta, Charlotte e Washington. Annie podia passar horas ouvindo-o, e sei que seu orgulho quase maternal deixava Peterson comovido. Afinal de contas, Annie tinha sido a primeira na cidade a acreditar nele como professor.
De tão atônita, Annie não foi capaz de reagir. No silêncio que se seguiu, pude ouvir as batidas do relógio na parede enquanto ela pensava se tinha ou não escutado direito o que eu dissera. Ela piscou os olhos.
– Mas... como você conseguiu?
– Conversei com Henry, expliquei a situação, disse o que precisávamos e ele respondeu que cuidaria de tudo.
– Não entendi. Como é que Henry pode dar conta de uma coisa assim de última hora? Ele não tinha mais nada marcado?
– Não faço a menor ideia.
– Quer dizer que você simplesmente pegou o telefone, ligou e pronto?
– Bom, não foi tão fácil assim, mas no final das contas ele concordou.
– E o cardápio? Ele não precisava saber quantas pessoas seriam convidadas?
– Disse a ele que seriam umas cem no total... parecia um número razoável. Quanto ao cardápio, trocamos umas ideias e ele falou que consegue fazer algo especial. Acho que podemos ligar e pedir alguma coisa específica, se quisermos.
– Não, não – disse ela depressa, recuperando a pose. – Está ótimo. Você sabe que eu gosto de tudo o que eles fazem. Mas é que não consigo acreditar. – Ela ficou me encarando, assombrada. – Você conseguiu mesmo.
– É – falei, balançando a cabeça.
Ela abriu um sorriso, então de repente desviou os olhos de mim e virou- os para o telefone.
– Tenho que ligar para a Anna – exclamou. – Ela não vai acreditar.
Henry MacDonald, dono do restaurante, é um velho amigo meu. Embora New Bern seja um lugar onde a privacidade parece praticamente uma utopia, isso tem lá as suas vantagens. Como costumamos esbarrar sempre nas mesmas pessoas – fazendo compras, dirigindo, na igreja, nas festas –, a cortesia acabou se tornando algo onipresente, o que muitas vezes torna possíveis coisas que seriam impensáveis em outro lugar. Todos fazem favores uns aos outros, porque nunca sabem quando poderão precisar de algo em troca, e esse é um dos motivos que tornam New Bern tão diferente de outras localidades.
Isso não quer dizer que eu não estivesse satisfeito com minha conquista. Quando entrei na cozinha, pude ouvir a voz de Annie ao telefone.
– Seu pai conseguiu! – ouvi-a exclamar. – Não sei como, mas ele conseguiu! – Meu coração se encheu de alegria ao ouvir o orgulho em sua voz.
À mesa da cozinha, comecei a separar a correspondência que eu havia pegado mais cedo. Contas, catálogos, a revista Time. Como Annie estava ao telefone com Anna, peguei a revista para dar uma olhada. Imaginei que minha mulher fosse passar bastante tempo conversando com nossa filha, mas, para minha surpresa, ela desligou antes mesmo que eu começasse a ler a primeira matéria.
– Espere aí – disse ela. – Antes de você começar a ler, quero que me conte exatamente como foi. – Ela chegou mais perto. – Então, o Henry vai ao casamento e vamos ter comida para todo mundo. E ele vai ter gente para ajudar, não é?
– Com certeza – respondi. – Não vai poder fazer tudo sozinho.
– E o que mais? Vai ser bufê?
– Achei melhor assim, considerando como a cozinha da casa é pequena.
– Também acho – concordou ela. – E as mesas e toalhas? Ele vai levar?
– Imagino que sim. Para ser sincero, não perguntei, mas mesmo que ele não leve não acho que isso seja um problema. Podemos alugar tudo o que for necessário, caso seja preciso.
Ela assentiu depressa. Estava fazendo planos, atualizando a lista.
– Então... – continuou ela, mas, antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, levantei as mãos.
– Não se preocupe. Eu ligo para ele amanhã de manhã bem cedo para garantir que tudo dê certo. – Então, com um piscar de olho, completei: – Confie em mim.
Ela reconheceu as mesmas palavras que eu dissera na véspera, na casa de Noah, e me deu um sorriso que foi quase um flerte. Imaginei que esse instante fosse passar logo, mas não: ficamos nos encarando até que, quase hesitante, ela se inclinou na minha direção e me deu um beijo na bochecha.
– Obrigada por ter conseguido o bufê – disse ela. Com dificuldade, engoli em seco.
– De nada.
Quatro semanas depois que eu pedi sua mão, Annie e eu nos casamos. Cinco dias depois do casamento, quando cheguei do trabalho, ela estava me esperando na sala do pequeno apartamento que tínhamos alugado.
– Precisamos conversar – disse ela, dando uns tapinhas ao seu lado no sofá.
Larguei minha pasta e me sentei perto de Annie. Ela estendeu a mão para segurar a minha.
– Está tudo bem? – indaguei.
– Tudo.
– O que foi, então?
– Você me ama?
– Amo – respondi. – É claro que amo.
– Então poderia fazer uma coisa por mim?
– Se estiver ao meu alcance, é claro que faço. Sabe que eu faço qualquer coisa por você.
– Mesmo se for difícil? Mesmo que você não queira?
– Claro – repeti. Fiz uma pausa. – Annie... o que está acontecendo? Ela respirou bem fundo antes de responder.
– Quero que você vá à missa comigo no domingo que vem.
Suas palavras me pegaram de surpresa e, antes que eu conseguisse responder, ela prosseguiu.
– Sei que você já me disse que não tem a menor vontade de ir e que foi criado como ateu, mas eu quero que faça isso por mim. Mesmo que sinta que lá não é o seu lugar, é muito importante para mim que você vá.
– Annie... eu... – comecei.
– Eu preciso que você vá – disse ela.
– Nós já conversamos sobre isso – protestei, mas ela tornou a me interromper, balançando a cabeça.
– Eu sei. E entendo que você não tenha sido criado como eu fui. Mas nada que você possa fazer significaria mais para mim do que essa simples atitude.
– Mesmo que eu não acredite?
– Mesmo que não acredite – disse ela.
– Mas...
– Nada de “mas” – falou. – Não em relação a esse assunto. Não comigo. Eu te amo, Alfonso, e sei que você me ama também. E, se nós quisermos fazer o nosso casamento dar certo, ambos vamos ter que ceder um pouco. Não estou pedindo que você acredite. Estou pedindo que vá comigo à igreja. Casamento é compromisso, é fazer algo pela outra pessoa mesmo que não se queira fazer. Como eu fiz em relação à cerimônia.
Uni os lábios, já sabendo o que ela tinha achado de nosso casamento no fórum.
– Está bem – falei. – Eu vou. – Ao ouvir isso, Annie me beijou, um beijo etéreo como o paraíso.
O beijo que Annie me deu na cozinha me fez recordar o que ela me dera tantos anos antes. Imagino que tenha sido porque ele evocou a suave harmonia que funcionara tão bem para solucionar nossas divergências no passado: ainda que não fosse um arrebatamento ardente, era pelo menos uma trégua e um compromisso de fazer as coisas darem certo.
Para mim, esse comprometimento mútuo é o motivo de sermos casados há tanto tempo. Foi esse elemento de nossa união, percebi de repente, que tanto me deixara preocupado ao longo do ano anterior. Eu tinha começado a me perguntar não apenas se Annie ainda me amava, como também se ela queria me amar.
Afinal de contas, ela deve ter passado por muitas decepções – todos os anos em que voltei para casa bem depois de as crianças já terem ido dormir; as noites em que só falava de trabalho; as partidas esportivas, as festas e as férias em família perdidas; os fins de semana passados com sócios e clientes em campos de golfe. Pensando bem, acho que eu devo ter sido um marido bastante ausente, uma sombra do rapaz solícito com quem ela havia se casado. No entanto, o que Annie parecia estar dizendo com aquele beijo era: se você ainda estiver tentando, eu também estou.
– Alfonso? Está tudo bem? Forcei um sorriso.
– Tudo. – Respirei fundo, ansioso para mudar de assunto. – Mas e o seu dia, como foi? Vocês conseguiram encontrar um vestido?
– Não. Fomos a algumas lojas, mas Anna não viu nada do seu tamanho de que gostasse. Não tinha me dado conta do tempo que leva escolher um vestido... Anna é tão magrinha que eles precisam alfinetar tudo para podermos ter uma ideia de como vai ficar. Mas amanhã vamos tentar outros lugares e ver o que acontece. O lado bom é que Keith vai cuidar de tudo em relação à família dele, então não precisamos fazer nada. Aliás, falando nisso... você se lembrou de reservar a passagem de Joseph?
– Lembrei – respondi. – Ele chega na sexta à noite.
– Em New Bern ou em Raleigh?
– New Bern. Deve aterrissar lá pelas oito e meia. Leslie conseguiu ir com vocês hoje?
– Não, hoje não. Ela ligou quando estávamos a caminho. Teve que fazer umas pesquisas extras para um trabalho da faculdade, mas amanhã vai poder ir. Ela disse que em Greensboro também tem algumas lojas, se quisermos ir até lá.
– E vocês vão?
– São três horas e meia de viagem... – resmungou ela. – Não queria passar sete horas dentro do carro, de jeito nenhum.
– Por que vocês não dormem lá? – sugeri. – Assim podem fazer as duas coisas.
Ela deu um suspiro.
– Foi o que Anna sugeriu. Ela disse que deveríamos ir a Raleigh outra vez, depois a Greensboro na quarta. Mas não quero deixar você abandonado. Ainda tem muita coisa para fazer por aqui.
– Pode ir – falei. – Agora que já temos o bufê, está tudo entrando nos eixos. Posso cuidar do que for preciso. Mas não vamos ter o casamento se ela não achar um vestido.
Ela me olhou com uma expressão cética.
– Tem certeza?
– Tenho, claro. Na verdade, estava pensando até que eu poderia tentar encaixar uma ou duas rodadas de golfe no meu dia.
Ela deu um muxoxo.
– Até parece.
– Eu preciso evoluir no jogo e melhorar meu handicap, ué – falei, em um protesto fingido.
– Depois de 30 anos, acho que, se você ainda não melhorou, provavelmente não vai melhorar nunca.
– Isso é um insulto?
– Não. Só um fato. Eu já vi você jogar, lembra?
Assenti, dando o braço a torcer. Apesar de todos os anos que passei aprimorando minhas tacadas, estou longe de ser um exímio jogador de golfe. Olhei de relance para o relógio.
– Quer sair para comer alguma coisa? – perguntei.
– Por quê? Não tem jantar em casa hoje?
– Não, a menos que você queira comer sobras. Não tive tempo de ir ao mercado.
– Estou brincando – disse ela com um aceno. – Não espero que você cozinhe todos os dias, embora deva admitir que tem sido agradável. – Ela sorriu. – Claro, eu adoraria sair para comer. Estou ficando com fome. Me dê só um minutinho para me arrumar.
– Você está ótima – protestei.
– Vou levar só um minuto – disse ela por cima do ombro, já tomando o rumo da escada.
Ela não iria levar só um minuto. Eu conheço Annie e, ao longo dos anos, entendi que esse “minuto” necessário para ela se arrumar na verdade estava mais para 20. Eu tinha aprendido a me entreter enquanto esperava com atividades de que gostasse, mas que exigissem pouco raciocínio. Por exemplo, arrumava minha mesa no escritório ou ajustava o amplificador do som quando nossos filhos tinham sido os últimos a usar.
Descobri que essas atividades inócuas faziam o tempo passar sem que eu sentisse. Muitas vezes eu terminava o que estava fazendo e via minha mulher em pé atrás de mim com as mãos nos quadris.
– Está pronta? – eu perguntava.
– Há muito tempo – dizia ela com desdém. – Já estou esperando você terminar isso aí que está fazendo há 10 minutos.
– Ah, desculpe – respondia eu. – Deixe-me só ver se estou com as chaves e podemos sair.
– Não me diga que perdeu as chaves...
– Não, claro que não – respondia eu, apalpando os bolsos, espantado por não encontrá-las. Então, olhando em volta, completava depressa: – Tenho certeza de que estão por aqui. Eu estava com elas na mão há um minuto.
Ao ouvir isso, minha mulher revirava os olhos.
Nessa noite, porém, peguei a Time e fui até o sofá. Terminei de ler algumas matérias enquanto ouvia Annie andando pelo andar de cima, depois deixei a revista de lado. Estava me perguntando o que ela poderia estar com vontade de comer quando o telefone tocou.
Ao ouvir a voz trêmula do outro lado da linha, senti minha animação se evaporar e ser substituída por um medo gelado. Annie desceu quando eu estava desligando.
Ao ver a expressão no meu rosto, ela congelou.
– O que houve? – indagou. – Quem era?
– Era Kate – respondi baixinho. – Ela está a caminho do hospital. Annie levou a mão à boca.
– Noah – falei.
Autor(a): eduardah
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40
Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02
Eu ainda estou chorando....
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45
Morri com essa carta ....to chorando rios...
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36
To chorando rios akiiii
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39
Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20
Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...
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hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16
Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46
to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56
ai que beijo lindoooooooo