Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso
Na terça-feira de manhã, acordei antes de o sol raiar e saí da cama fazendo o possível para não acordar Annie. Depois que me vesti, saí de casa pela porta da frente. O céu ainda estava escuro. Nem mesmo os passarinhos haviam acordado, mas a temperatura era amena e o asfalto estava molhado por causa de uma chuva rápida na noite anterior. Eu já podia sentir os primeiros indícios da umidade do dia que estava por vir e fiquei satisfeito por ter saído cedo.
Comecei a caminhar em ritmo lento, depois fui andando mais rápido à medida que meu corpo se aquecia. Ao longo do ano anterior, passara a gostar dessas caminhadas mais do que poderia imaginar. No início, havia pensado que pararia de me exercitar tanto assim que perdesse o peso que queria, mas em vez disso, até aumentei um pouco a distância que percorria e fazia questão de anotar o horário de início e o de término.
Passara a ansiar pelo silêncio daquelas manhãs, quando havia poucos carros na rua e meus sentidos pareciam mais aguçados. Podia ouvir minha respiração, sentir a pressão de meus pés avançando pelo asfalto, observar a aurora que despontava – no início uma tênue luz no horizonte, um brilho alaranjado acima da copa das árvores, depois o azul-claro que aos poucos ia substituindo o azul-escuro. Mesmo nas manhãs nubladas eu me surpreendia desejando esse momento e me perguntava por que nunca tinha feito isso antes.
Minhas caminhadas em geral duravam 45 minutos e, mais para o final, eu diminuía o passo a fim de recuperar o fôlego. Minha testa ficava coberta por uma leve camada de suor, mas era uma sensação agradável. Quando notei que a luz da cozinha já estava acesa, entrei no acesso que conduzia à minha casa com um sorriso ansioso.
Assim que passei pela porta da frente, senti um cheiro de bacon vindo da cozinha, um aroma que me fez recordar nossa vida de antes. Quando as crianças moravam conosco, Annie em geral preparava o café da manhã para a família toda, mas, nos últimos anos, nossos horários diferentes tinham posto fim a esse hábito. Mais uma mudança que, de alguma forma, havia tomado conta do nosso relacionamento.
Annie apareceu na porta enquanto eu atravessava a sala de estar. Já tinha se vestido e estava usando um avental.
– Como foi a caminhada? – perguntou.
– Ótima – respondi. – Bem, ao menos para um coroa. – Entrei na cozinha. – Você acordou cedo.
– Ouvi você sair do quarto e, como sabia que não conseguiria mais dormir, resolvi acordar – disse ela. – Quer um café?
– Acho que primeiro preciso beber água – falei. – O que tem para o café?
– Ovos com bacon – informou ela, estendendo a mão para pegar um copo. – Espero que esteja com fome. Mesmo tendo jantado bem tarde ontem, eu acordei com fome. – Ela encheu o copo com água e me entregou.
– Deve ser porque estou nervosa – falou, sorrindo.
Ao pegar o copo, senti seus dedos roçarem nos meus. Talvez tenha sido só minha imaginação, mas seu olhar pareceu se demorar em mim um pouco mais que o normal.
– Deixe-me só tomar uma ducha e trocar de roupa – pedi. – Quanto falta para a comida ficar pronta?
– Você tem alguns minutos – disse ela. – Vou começar a fazer as torradas.
Quando tornei a descer, Annie já estava pondo a mesa. Sentei-me ao seu lado.
– Estava pensando se devo ou não ir a Greensboro hoje – ponderou ela.
– E?
– Vai depender do que o Dr. Barnwell disser quando ligar. Se ele achar que o papai está evoluindo bem, talvez eu vá. Quer dizer, isso se não encontrarmos nenhum vestido em Raleigh. Senão, deixo para ir amanhã. Mas levo o celular, para o caso de haver alguma emergência.
Mordi um pedaço de bacon.
– Não acho que vá precisar. Se ele tivesse piorado, o Dr. Barnwell já teria ligado. Você sabe como ele gosta de Noah.
– Ainda assim, vou esperar para falar com ele.
– Claro. E quando o horário de visita do hospital começar vou lá para vê- lo.
– Ele vai estar de mau humor, você sabe. Papai detesta hospitais.
– E quem não detesta? Tirando quem vai dar à luz, não consigo imaginar alguém que goste.
Ela passou manteiga na torrada.
– O que está pensando em fazer com relação à casa? Acha mesmo que vai ter lugar para todo mundo?
Assenti.
– Se tirarmos os móveis, deve sobrar bastante espaço. Pensei que poderíamos pôr tudo no celeiro por alguns dias.
– E você vai contratar alguém para isso?
– Se precisar, sim. Mas não acho que será necessário. O paisagista vai mandar uma equipe bem grande. Tenho certeza de que ele não vai se importar se alguns funcionários tirarem alguns minutos para me ajudar.
– A casa vai ficar meio vazia, você não acha?
– Não depois que pusermos as mesas lá dentro. Eu estava pensando em montarmos o bufê perto das Annielas e deixarmos uma área livre para a pista de dança bem em frente à lareira.
– Pista de dança? Não planejamos nada de música.
– Na verdade, isso estava na minha agenda para hoje. Isso, organizar a faxina e deixar o cardápio no Chelsea, claro.
Ela inclinou a cabeça para me examinar.
– Parece que você pensou bastante no assunto.
– O que acha que fiquei fazendo hoje de manhã enquanto caminhava?
– Arquejando. Resfolegando. O de sempre. Eu ri.
– Olhe aqui, eu estou ficando em ótima forma, viu? Hoje até ultrapassei outra pessoa.
– Aquele mesmo velhinho de andador?
– Ha, ha, ha – respondi, mas estava gostando daquele seu bom humor. Perguntei-me se teria algo a ver com a maneira como ela havia olhado para mim na noite anterior. Qualquer que fosse o motivo, eu sabia que não tinha sido apenas minha imaginação. – A propósito, obrigado por ter preparado o café.
– Era o mínimo que eu podia fazer. Levando em conta toda a ajuda que você tem me dado nesta semana. E você fez o jantar duas vezes.
– É, eu tenho sido mesmo um santo – concordei. Ela riu.
– Eu não chegaria a tanto.
– Ah, não?
– Não. Mas sem você eu agora já estaria maluca.
– Maluca e faminta. Annie sorriu.
– Preciso da sua opinião – disse ela. – O que acha de um vestido sem mangas no casamento? Com a cintura marcada e uma cauda média?
Levei a mão ao queixo para pensar no assunto.
– Parece uma boa ideia – falei. – Mas não sei, acho que eu ficaria melhor de smoking.
Ela me lançou um olhar de irritação e ergui as mãos para fingir inocência.
– Ah, para Anna – falei. Então, imitando o que Noah tinha dito, concluí:
– Tenho certeza de que, não importa o que ela vista, vai ficar linda.
– Mas você não tem nenhuma preferência?
– Não sei nem o que significa cintura marcada. Ela deu um suspiro.
– Homens...
– Eu sei – retruquei, imitando seu suspiro. – É incrível como conseguimos viver em sociedade.
O Dr. Barnwell ligou pouco depois das oito da manhã. Noah estava passando bem e os médicos planejavam lhe dar alta nesse mesmo dia, no máximo no dia seguinte. Respirei aliviado e passei o telefone para Annie. Ela o ouviu repetir as mesmas informações. Assim que desligou, telefonou para o hospital e falou com Noah, que a incentivou a ir com Anna a Greensboro.
– Então é melhor eu fazer a mala – disse ela, desligando.
– Sim, também acho – concordei.
– Tomara que encontremos um vestido hoje.
– Mesmo que não encontrem, aproveite o dia com as meninas. Isso só acontece uma vez na vida.
– Ainda temos mais dois filhos para casar – lembrou ela, feliz. – Isso é só o começo!
Sorri.
– Tomara que sim.
Uma hora depois, Keith deixou Anna em nossa casa com uma pequena mala na mão. Annie ainda estava no andar de cima arrumando suas coisas e, quando abri a porta da frente, nossa filha estava subindo a rampa de acesso. Para variar, estava toda vestida de preto.
– Oi, pai – disse ela. Saí para a varanda.
– Oi, querida. Tudo bem?
Ela pôs a mala no chão, aproximou-se e me deu um abraço.
– Tudo – respondeu ela. – Na verdade, estou achando tudo isso bem divertido. No começo estava indecisa, mas até agora tem sido ótimo. E mamãe está adorando. Você precisava ver. Há tempos eu não a via tão animada.
– Que bom – falei.
Anna sorriu e fiquei impressionado ao constatar como ela estava crescida. Parecia que pouco tempo antes ainda era uma garotinha. Como o tempo havia passado tão depressa?
– Mal posso esperar pelo fim de semana – sussurrou ela.
– Eu também não.
– Vai dar tempo de arrumar tudo lá na casa? Assenti.
Ela espiou porta adentro. Ao ver a expressão em seu rosto, soube o que ela iria dizer.
– Como estão as coisas entre você e mamãe?
A primeira vez que ela me fez essa pergunta foi alguns meses depois de Leslie sair de casa. No último ano, perguntava com mais frequência, embora nunca na frente de Annie. Eu no início ficava atônito, mas nos últimos tempos passara a esperar que ela abordasse o assunto.
– Bem – respondi.
Essa, aliás, era a resposta que eu invariavelmente dava, apesar de saber que Anna nem sempre acreditava em mim.
Dessa vez, porém, ela examinou meu rosto com atenção antes de se aproximar e me surpreender com outro abraço. Apertou minhas costas com força.
– Eu te amo, papai – sussurrou ela. – Acho você o máximo.
– Também te amo, querida.
– Mamãe tem muita sorte – completou ela. – Nunca se esqueça disso.
– Bom – disse Annie quando estávamos os dois em pé na entrada de veículos de casa. – Acho que é isso.
Anna já estava esperando no carro.
– Você vai ligar, não é? Se acontecer qualquer coisa?
– Prometo – falei. – E diga a Leslie que eu mandei um beijo.
Quando abri a porta do carro para ela, senti o calor do dia. O ar estava espesso, pesado, e fazia as casas mais acima na rua parecerem envoltas em uma espécie de névoa.
– Divirta-se – falei, já sentindo saudades dela.
Annie assentiu e deu um passo em direção à porta aberta. Ao olhar para ela, soube que minha mulher ainda era capaz de chamar a atenção de qualquer homem. Como era possível eu ter chegado à meia-idade enquanto o tempo poupara Annie? Eu não sabia e não ligava, e, antes que eu conseguisse detê-las, as palavras já tinham saído da minha boca:
– Você está linda – murmurei.
Ela se virou para mim com uma expressão de leve surpresa. Ao ver seu rosto, soube que Annie estava tentando se certificar de que tinha escutado direito. Eu poderia ter esperado sua reação, mas em vez disso fiz o que já tinha sido tão natural para mim quanto o ato de respirar. Cheguei mais perto e, antes que ela pudesse se esquivar, dei-lhe um beijo delicado, sentindo a maciez de seus lábios sob os meus.
Aquele beijo não foi igual a nenhum outro que houvéssemos trocado recentemente, rápido e formal, como dois conhecidos se cumprimentando. Não me afastei e ela tampouco, e o beijo adquiriu vida própria. Quando enfim nos afastamos e vi a expressão em seu rosto, tive certeza de que havia feito a coisa certa.
Autor(a): eduardah
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40
Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02
Eu ainda estou chorando....
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45
Morri com essa carta ....to chorando rios...
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36
To chorando rios akiiii
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39
Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20
Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...
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hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16
Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46
to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56
ai que beijo lindoooooooo