Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso
– Oi, vovô! Oi, pai! – disse ela. – Quando não os achamos no quarto, pensamos que deviam estar aqui.
Virei-me e dei de cara com uma Anna radiante se aproximando. Annie, parecendo cansada, vinha alguns passos atrás. Seu sorriso parecia forçado – eu sabia que aquele era o único lugar em que ela não gostava de encontrar o pai.
– Oi, querida – falei, levantando-me. Anna me deu um abraço forte.
– Como foi tudo hoje? – perguntei. – Encontraram o vestido? Ao me soltar, ela não conseguiu esconder a animação.
– Você vai amar – prometeu ela, e apertou meus braços. – É perfeito.
A essa altura, Annie já se juntara a nós. Soltei Anna e abracei minha mulher como se fazer isso tivesse se tornado natural outra vez. Seu corpo era macio, cálido, e sua presença, reconfortante.
– Venha cá – disse Noah a Anna. Ele deu alguns tapinhas no banco. – Conte-me o que tem feito para se preparar para o fim de semana.
Anna sentou-se e segurou a mão do avô.
– Tem sido tudo incrível – contou ela. – Nunca imaginei que fosse ser tão divertido... Acho que fomos a mais de dez lojas. E você precisava ter visto Leslie! Também achamos um vestido espetacular para ela.
Annie e eu ficamos um pouco de lado enquanto Anna contava ao avô as frenéticas atividades dos últimos dias. Enquanto ia narrando as sucessivas histórias, ela esbarrava em Noah de brincadeira ou então apertava sua mão. Apesar dos 60 anos de diferença entre os dois, era evidente quanto se sentiam à vontade um com o outro. Os avós muitas vezes têm relacionamentos especiais com os netos, mas Noah e Anna eram obviamente amigos e experimentei uma onda de orgulho paterno diante da jovem em que ela havia se transformado. Pela expressão suave de Annie, vi que ela sentia a mesma coisa e, embora não fizesse isso havia muitos anos, passei o braço em volta dela devagar.
Acho que eu não sabia muito bem o que esperar. Durante um segundo, Annie pareceu quase espantada, mas, quando ela relaxou no meu abraço, houve um instante em que tudo no mundo pareceu estar no seu devido lugar. Antigamente, sempre me faltavam palavras em momentos como esse. Talvez no fundo eu temesse que articular meus sentimentos em voz alta fosse de alguma forma diminuí-los. No entanto, percebi naquele instante como estava errado ao não expressar o que sentia e, levando os lábios até bem perto de sua orelha, sussurrei as palavras que nunca deveria ter guardado só para mim.
– Eu te amo, Annie, e sou o homem mais sortudo deste mundo por ter você.
Ela não disse nada, mas a forma como se encostou ainda mais em mim foi toda a resposta de que eu precisava.
As trovoadas começaram meia hora depois, um estrondo que parecia fazer o céu estremecer. Após acompanhar Noah até seu quarto, Annie e eu partimos para casa, separando-nos de Anna no estacionamento.
Ao passarmos pelo centro da cidade, olhei pelo para-brisa para o sol, que brilhava através das nuvens cada vez mais carregadas, lançando sombras e fazendo o rio cintilar como ouro. Annie estava em silêncio, olhando pela Janela, e fiquei observando-a com o rabo do olho. Seus cabelos estavam arrumados atrás das orelhas e a blusa cor-de-rosa que ela usava fazia sua pele reluzir como a de uma criança. Em seu dedo brilhavam os anéis que ela usava havia quase três décadas: a aliança de noivado feita de brilhantes e a de casamento, de ouro.
Chegamos ao nosso bairro. Instantes depois, entramos com o carro no acesso da casa e Annie voltou à realidade com um sorriso cansado.
– Desculpe estar tão calada. Acho que estou esgotada.
– Tudo bem. Foi uma semana cheia.
Levei sua mala para dentro e a vi largar a bolsa em cima da mesa junto à porta.
– Quer um pouco de vinho? – perguntei.
Annie deu um bocejo e fez que não com a cabeça.
– Não, hoje não. Se beber, acho que vou pegar no sono. Mas adoraria um copo d’água.
Na cozinha, enchi dois copos com gelo e água da geladeira. Ela bebeu um grande gole, depois se recostou na bancada e apoiou uma das pernas nos armários atrás de si, em sua postura habitual.
– Meus pés estão me matando. Nós quase não paramos o dia inteiro. Anna viu uns 200 vestidos até encontrar um de que gostasse. E na verdade quem o tirou da arara foi Leslie. Acho que Anna já estava ficando desesperada... Ela deve ser uma das pessoas mais indecisas que eu já conheci.
– Como é o vestido?
– Ah, você tem que ver. Tem uma cauda tipo sereia e ficou lindo no corpo dela. Ainda tem que ser ajustado, mas Keith vai adorar.
– Aposto que ela ficou linda mesmo.
– Ficou, sim. – Sua expressão sonhadora me fez perceber que ela estava visualizando o vestido outra vez. – Eu até mostraria, mas Anna não quer que você o veja antes do dia. Quer fazer uma surpresa. – Ela fez uma pausa. – E por aqui, como foi tudo? E no casarão, as pessoas apareceram?
– Todo mundo – respondi, e contei-lhe tudo o que havia acontecido durante a manhã.
– Incrível – comentou ela, tornando a encher o copo com água. – Levando em conta que foi tudo feito tão na última hora, claro.
Da cozinha, olhei para as portas de correr de vidro que levavam à varanda. A luz lá fora já tinha diminuído sob as nuvens cada vez mais densas e as primeiras gotas de chuva começaram a bater no vidro, bem de leve. O rio estava cinza, ameaçador. Instantes depois, vimos um raio seguido pelo estrondo de um trovão e a chuva começou para valer. Ao ver a tempestade liberar sua fúria, Annie se virou para a porta de vidro.
– Você sabe se vai chover no sábado? – perguntou. Achei sua voz surpreendentemente calma. Imaginei que ela fosse estar mais nervosa. Lembrei- me de sua tranquilidade no carro e percebi que ela não tinha comentado nada sobre a presença de Noah no lago. Ao observá-la, tive a estranha sensação de que sua calma tinha algo a ver com Anna.
– Não deveria – respondi. – A previsão é de céu claro. Este deve ser o último temporal a passar por aqui.
Ficamos juntos vendo a chuva cair, sem dizer nada. Tirando o barulho da água, o silêncio era total. Os olhos de Annie tinham uma expressão perdida e um esboço de sorriso ameaçava surgir em seus lábios.
– É lindo, não é? – disse ela. – Ficar olhando a chuva? Costumávamos fazer isso lá na casa dos meus pais, lembra? Quando ficávamos sentados na varanda?
– Lembro, sim.
– Era bom, não era?
– Muito.
– Faz tempo que não fazemos isso.
– É mesmo.
Annie pareceu perdida em pensamentos e rezei para que aquela calma que ela acabara de reencontrar não cedesse lugar à costumeira tristeza que eu agora tanto temia. Mas sua expressão não mudou e dali a vários instantes ela olhou para mim.
– Aconteceu outra coisa hoje – falou, baixando os olhos para o copo.
– Ah, é?
Ela ergueu os olhos de novo e me encarou. Eles pareciam cintilar com lágrimas contidas.
– Eu não vou poder sentar com você no casamento.
– É mesmo?
– É – explicou ela. – Vou ficar lá na frente com Anna e Keith.
– Por quê?
Annie levou a mão ao copo.
– Porque Anna me convidou para ser madrinha. – A voz dela ficou levemente embargada. – Disse que eu era a pessoa mais próxima que ela tinha e que eu havia feito tanta coisa por ela e pelo casamento... – Ela piscou depressa e deu uma fungadinha. – Sei que é uma bobagem, mas fiquei tão espantada quando ela me convidou que quase não soube o que dizer. Isso não tinha nem passado pela minha cabeça. Ela pediu tão bonitinho... como se isso de fato fosse muito importante para ela.
Annie enxugou os olhos e senti um nó na garganta. Pedir ao pai que seja padrinho de casamento era bem típico no sul dos Estados Unidos, mas convidar a mãe para ser madrinha, não.
– Ah, querida – murmurei. – Que maravilha. Estou muito feliz por você.
Outro raio foi seguido por um trovão, mas nós quase não prestamos atenção em nenhum dos dois e ficamos na cozinha até bem depois de o temporal passar, compartilhando aquela alegria silenciosa.
Após a chuva parar por completo, Annie abriu as portas de correr e saiu para a varanda. A água ainda escorria das calhas e pelo parapeito e finas nuvens de vapor se erguiam do chão.
Quando saí atrás dela, senti as costas e os braços doloridos por causa do esforço do dia. Girei os ombros para trás, tentando relaxá-los.
– Já jantou? – perguntou Annie.
– Ainda não. Quer sair para comer alguma coisa? Ela balançou a cabeça.
– Melhor não. Estou exausta.
– E se pedirmos algo para comemorar? Alguma coisa fácil? Algo... divertido.
– Tipo o quê?
– Que tal uma pizza?
Ela levou as mãos aos quadris.
– Nós não pedimos pizza desde que Leslie saiu de casa.
– Eu sei. Mas é uma boa ideia, não é?
– Sempre é. Só que toda vez você fica com indigestão depois.
– É verdade – admiti. – Mas hoje estou disposto a viver perigosamente.
– Não prefere que eu improvise alguma coisa? Deve ter algo no freezer.
– Por favor – insisti. – Faz anos que não dividimos uma pizza. Só nós dois, quero dizer. Podemos relaxar no sofá e comer direto da caixa... Como costumávamos fazer. Vai ser divertido.
Ela me olhou com um ar intrigado.
– Você quer fazer uma coisa... divertida.
Era mais uma afirmação que uma pergunta.
– Quero – falei.
– Você pede, ou peço eu? – perguntou ela por fim.
– Pode deixar comigo. De que sabor você quer? Ela pensou por alguns instantes.
– Que tal uma portuguesa? – sugeriu.
– Por que não? – concordei.
A pizza levou meia hora para chegar. A essa altura, Annie já tinha trocado de roupa – vestira uma calça jeans com uma camiseta escura – e comemos como se fôssemos um casal de universitários no quarto do alojamento. Apesar de antes ela ter recusado uma taça de vinho, acabamos dividindo uma cerveja que encontrei na geladeira.
Enquanto comíamos, ela me contou mais detalhes sobre o dia. As três passaram a manhã procurando vestidos para Leslie e Annie, apesar dos protestos de Annie de que podia “comprar alguma coisa simples em qualquer loja e pronto”. Anna fizera questão de que a mãe e a irmã escolhessem algo que adorassem e que pudessem usar de novo depois.
– Leslie achou um vestido muito elegante. Lindo, na altura do joelho... Ficou tão bom nela que Anna quis experimentar também, só para ver como ficava. – Annie deu um suspiro. – As meninas ficaram tão bonitas...
– São os seus genes – falei, muito sério.
Annie apenas riu e acenou para mim com uma das mãos, com a boca cheia de pizza.
Conforme a noite foi passando, o céu lá fora ficou anil e as nuvens iluminadas pelo luar adquiriram bordas prateadas. Quando terminamos de comer, ficamos sentados sem nos mexer, ouvindo o barulho do sino dos ventos sacudido pela brisa de verão. Annie recostou a cabeça no sofá e ficou me encarando com os olhos semicerrados. Seu olhar era estranhamente sedutor.
– Foi uma boa ideia – disse ela. – Eu estava com mais fome do que pensei.
– Você nem comeu tanto assim.
– Vou ter que me espremer dentro do vestido do casamento.
– Eu não me preocuparia muito – falei. – Você continua tão linda quanto no dia em que nos casamos.
Ao ver seu sorriso tenso, constatei que minhas palavras não tiveram exatamente o efeito que eu esperava. De repente, ela se virou para mim no sofá.
– Alfonso, posso perguntar uma coisa?
– Claro.
– Quero que me diga a verdade.
– O que é? Ela hesitou.
– É sobre o que aconteceu lá no lago hoje.
Pensei na hora que ela estivesse se referindo ao cisne, mas, antes que eu pudesse explicar que Noah me pedira que o levasse até lá – e que teria ido comigo ou sem mim –, ela continuou falando.
– O que você quis dizer com aquilo? – perguntou ela. Franzi a testa, confuso.
– Não entendi muito bem a pergunta.
– Quando você disse que me amava e que era o homem mais sortudo deste mundo por me ter.
Durante alguns instantes de surpresa, eu apenas a encarei.
– Quis dizer exatamente isso – repeti, feito um bobo.
– Só isso?
– Só – assenti, sem conseguir esconder o desconforto. – Por quê?
– Estou tentando entender por que você disse isso – explicou ela, de forma direta. – Não é do seu feitio falar essas coisas do nada.
– Bom... é que me pareceu certo.
Ao ouvir minha resposta, ela ficou bastante séria. Erguendo os olhos para o teto, pareceu estar tomando coragem antes de tornar a olhar para mim.
– Você está tendo um caso? – perguntou ela. Fiquei atônito.
– O quê?
– Você ouviu muito bem.
Autor(a): eduardah
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De repente me dei conta de que ela não estava brincando. Pude vê-la tentando interpretar minha expressão, preparando-se para avaliar a veracidade do que eu diria em seguida. Segurei sua mão entre as minhas. – Não – falei, encarando-a bem nos olhos. – Não estou tendo um caso. Nunca tive e nunca ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 27
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40
Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02
Eu ainda estou chorando....
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45
Morri com essa carta ....to chorando rios...
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36
To chorando rios akiiii
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39
Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(
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franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20
Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...
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hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16
Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.
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franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21
OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46
to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...
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franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56
ai que beijo lindoooooooo