Fanfics Brasil - Capitulo 5 O Casamento AyA (Adaptada)

Fanfic: O Casamento AyA (Adaptada) | Tema: Anahi e Alfonso


Capítulo: Capitulo 5

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Quando fui buscar Annie no aeroporto, lembro que me senti estranhamente nervoso. Era uma sensação esquisita e me senti aliviado ao ver um sorriso atravessar o rosto de minha mulher quando ela cruzou o portão de saída e veio na minha direção. Quando se aproximou, estendi  o braço para  pegar sua mala de mão.


–  Como foi a viagem? – perguntei.


–  Boa – respondeu ela. – Não entendo por que Joseph gosta tanto de morar naquela cidade. É tudo tão agitado, tão barulhento o tempo todo... Eu não conseguiria.


–  Então está feliz em voltar para casa?


–  Estou – respondeu ela. – Estou, sim. Feliz mas cansada.


–  Imagino. Viajar sempre cansa.


Ambos ficamos alguns instantes sem dizer  nada. Passei  sua mala de mão para o outro braço.


–  Como está Joseph? – perguntei.



- Bem. Acho que engordou um pouco desde a última vez em que esteve aqui.


–   Alguma novidade em relação a ele que você não tenha dito  ao telefone?


–  Na verdade, não – falou ela. – Ele trabalha demais, mas é só isso. Detectei certa tristeza em sua voz, algo que não entendi muito bem.


Enquanto pensava no assunto, vi um jovem casal enlaçado, abraçando-se como se houvesse muitos anos que não se  viam.


–  Estou feliz por você ter voltado – falei.


Ela me olhou de relance, sustentou meu olhar e então se virou lentamente para a esteira de bagagem.


–  Eu sei que está.




 


Era nesse pé que as coisas estavam um ano  atrás.



Eu adoraria dizer que tudo melhorou logo nas  semanas que se  seguiram à temporada de Annie em Nova York, mas não foi  assim. Pelo  contrário, nossa vida continuou como antes: seguimos cumprindo nossas rotinas em separado, e os dias se sucediam sem nada digno de nota. Annie não estava exatamente brava comigo, mas tampouco parecia feliz e, por mais que eu tentasse, não sabia o que fazer para contornar essa situação. Um muro de indiferença parecia ter se erguido entre  nós  sem  que  eu percebesse. No final do outono, três meses depois de esquecer nossos 29 anos de  casados, eu estava tão preocupado com nossa relação que sabia que tinha de falar com meu sogro.


O pai de Annie se chama Noah Calhoun e, se vocês o conhecessem, saberiam por que fui visitá-lo. Ele e  a  mulher,  Allie, se mudaram  para a casa de repouso de Creekside quando completaram 46  anos  de casados, quase 11 anos antes. Embora antes eles dividissem a cama, agora Noah dormia sozinho, e não fiquei surpreso ao ver que ele não estava no quarto. Na maioria das vezes em que ia visitá-lo, encontrava-o sentado em  um banco junto ao lago, e lembro que fui até a janela para me certificar de que ele estava lá.


Mesmo de longe, foi fácil reconhecê-lo: os tufos de cabelos brancos esvoaçando de leve ao vento, a postura curvada, o cardigã azul-claro que Kate tinha tricotado para ele não havia muito tempo. Viúvo, Noah tinha 87 anos, as mãos deformadas pela artrite e uma saúde frágil.  Carregava sempre no bolso um  vidrinho de  comprimidos  de  nitroglicerina e sofria de câncer na próstata, mas o que mais preocupava os médicos era seu estado mental. Alguns anos antes, Annie e eu tínhamos sido chamados à casa de repouso e fomos recebidos com uma expressão preocupada. Disseram que Noah estava tendo alucinações, que elas pareciam estar se agravando.  Eu não tinha tanta certeza assim. Pensava conhecê-lo melhor do que a maioria das pessoas, e sem dúvida mais do que os médicos. Com exceção de  Annie, ele era o meu melhor amigo e sempre que eu via sua  silhueta solitária ficava comovido ao pensar em tudo o que ele havia  perdido.




O casamento de Noah chegara ao fim cinco anos antes, mas os cínicos diriam que foi muito antes disso. Nos últimos  anos  de vida, Allie teve  mal de Alzheimer, doença que eu passara a considerar algo  intrinsecamente ruim. Ela é um lento esfacelamento de tudo o que uma pessoa já foi.  Afinal, o que somos nós sem nossas lembranças, nossos sonhos? Ver o avanço do quadro era como assistir em câmera lenta ao filme de uma tragédia inevitável. Achávamos difícil visitar Allie: Annie queria se lembrar  da mãe como ela tinha sido, e eu nunca a forçava a ir, pois aquilo também era doloroso para mim. No entanto, ninguém  sofria mais do que  Noah.


Mas essa é outra história.


Saí do quarto do meu sogro e segui para o jardim. Estava fresco lá fora, mesmo para uma manhã de outono. As folhas brilhavam sob o sol oblíquo   e o ar recendia a fumaça de chaminé. Lembrei que essa era a época do ano preferida de Allie e pude sentir a solidão de Noah enquanto me aproximava. Como sempre, ele estava dando comida ao cisne e, quando cheguei ao seu lado, pus uma sacola de mercado no chão. Lá dentro havia três pacotes de pão de forma. Ele  sempre me pedia  para  comprar  a mesma  coisa quando eu ia visitá-lo.


–  Olá, Noah – falei. Sabia que poderia chamá-lo de “pai”, como Annie costumava fazer com o meu, mas nunca me sentira à vontade com isso e Noah nunca parecera ligar.


Ao ouvir minha voz, ele virou a cabeça.


–  Oi, Alfonso – disse ele. – Obrigado por ter vindo. Coloquei a mão em seu ombro.


–  Como você está?


–  Poderia estar melhor – respondeu ele. Então, com um sorriso maroto, completou: – Mas também poderia estar pior.


Eram as palavras que sempre trocávamos ao nos cumprimentarmos. Ele deu uns tapinhas no banco e me sentei junto dele. Fiquei  olhando  para  a água. Folhas caídas das  árvores  flutuavam  na  superfície e o lago parecia um caleidoscópio, que também refletia o céu sem  nuvens.


–  Vim aqui fazer uma pergunta – falei.


–  Pois não? – Enquanto falava, Noah partiu um pedaço de pão e o jogou dentro d’água. O cisne inclinou a cabeça em direção à comida e esticou o pescoço para pegá-la.




–  É sobre Annie – continuei.


–  Annie – repetiu ele com um murmúrio. – Como ela está?


–  Bem. – Balancei a cabeça e me remexi no lugar, pouco à vontade. – Acho que ela vem mais tarde. – Era verdade. Nos últimos anos, nós visitávamos Noah com frequência, às vezes juntos, às vezes separados. Perguntei-me se eles falavam sobre mim na minha ausência.


–  E os meninos?


–   Bem, também. Anna agora está escrevendo matérias especiais, e Joseph finalmente encontrou um apartamento novo. Acho que fica no Queens, mas é bem pertinho do metrô. Leslie foi passar o fim de semana acampando com amigos na montanha. Ela disse que arrasou nas provas semestrais. Sem desgrudar os olhos do cisne, ele assentiu.


–  Que sorte a sua, Alfonso – disse ele. – Espero que saiba como é privilegiado por seus filhos terem se tornado adultos  assim  tão maravilhosos.


–  Eu sei – respondi.


Nós nos calamos. De perto, as rugas  do  rosto  de  Noah formavam vincos, e pude ver as veias  pulsando por  baixo da pele cada vez  mais fina de suas mãos. Atrás de  nós, o jardim  estava vazio – ninguém  queria sair, por causa do frio.


–  Esqueci nosso aniversário de casamento – falei.


–  Ah, é?


–  Vinte e nove anos – acrescentei.


–  Hmm.


Pude ouvir as folhas secas estalarem com a   brisa.


–  Estou preocupado com a gente – reconheci por fim.


Noah me olhou de relance. No início, pensei que fosse perguntar por  que eu estava preocupado, mas em vez disso ele estreitou os olhos para  tentar ler minha expressão. Então, virando-se para o outro lado, atirou mais um pedaço de pão para o cisne. Quando falou, sua voz saiu baixa e grave, um barítono envelhecido temperado com o sotaque do sul.


–   Você se lembra de quando Allie ficou  doente?  De  quando eu costumava ler para ela?


–   Sim – respondi, sentindo a lembrança surgir na minha mente. Ele costumava ler para ela trechos  de  um  caderno que  tinha escrito antes de os dois se mudarem para Creekside. Os  textos  contavam  a  história de como eles haviam se apaixonado e às vezes, apesar  da  destruição provocada pelo  Alzheimer, ela recobrava a lucidez  por  um  instante depois de ouvi-lo. Isso nunca durava muito – e quando a doença se tornou mais grave, parou de acontecer –, mas, quando ocorria, a melhora de Allie era suficientemente importante para que  especialistas  de  outros  lugares fossem a Creekside, na esperança de compreender como aquilo podia acontecer. Não havia dúvida de que ler para Allie funcionava em algumas ocasiões. Por que funcionava, porém, era algo que os experts nunca tinham conseguido esclarecer.



–  Sabe por que eu fazia isso? – indagou Noah. Pousei minhas mãos no colo.


–  Acho que sim – respondi. – Porque ajudava Allie. E porque ela fez você prometer que o faria.


–  Sim, é verdade – disse ele. Fez uma pausa e pude ouvir  o chiado  de sua respiração, como o ar passando por uma sanfona velha. – Mas não  foi só isso. Era também por minha causa. Muita gente não entende.


Embora ele não tenha continuado, eu sabia que não havia terminado de falar e fiquei quieto. No silêncio do lago, o cisne parou de nadar em   círculos e chegou mais perto. A não ser por uma manchinha  preta do  tamanho de uma moeda grande em seu peito, ele era todo branco.  Quando  Noah retomou a palavra, ele pareceu ficar flutuando no mesmo lugar.


–  Sabe o que eu mais lembro dos bons tempos? – perguntou ele.


Eu sabia que ele estava se referindo à época em que Allie ainda o reconhecia e balancei a cabeça.


–  Não – falei.


–  De me apaixonar – disse ele. – É disso que mais me lembro. Nos dias bons de Allie, era como se estivéssemos começando tudo outra vez.


Ele sorriu.


–  Foi isso que eu quis dizer quando falei que fazia  aquilo  por mim. Sempre que eu lia para ela, era como se a estivesse cortejando, porque às vezes, só às vezes, ela se apaixonava por mim de novo, como tinha se apaixonado tanto tempo antes. E essa é a sensação mais maravilhosa do mundo. Quantas pessoas têm essa oportunidade? De que alguém que  amam se apaixone por elas várias vezes?


Noah não parecia esperar uma resposta e não dei  nenhuma.


Passamos a hora seguinte conversando sobre os netos e sobre a saúde dele. Não tornamos a falar de Annie nem de Allie. Depois que fui embora, porém, fiquei pensando no nosso encontro. Apesar das preocupações dos médicos, a mente de Noah parecia mais afiada do que  nunca:  percebi  que ele não apenas já sabia que eu iria vê-lo, como também adivinhara o motivo da minha visita. E, à moda típica dos sulistas, tinha dado a solução para o meu problema sem eu sequer ter de perguntar  diretamente.


Foi então que eu soube o que tinha de  fazer.



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Autor(a): eduardah

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 27



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  • franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 14:55:40

    Ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii ameiiiiiiiiiiii essa fic* todos deveriam ler...é uma lição pra muitos!!! Vale a pena....isso q é amor! Entre duas pessoas q se amam com a alma ;) bjusss

  • franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:43:02

    Eu ainda estou chorando....

  • franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:33:45

    Morri com essa carta ....to chorando rios...

  • franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 13:23:36

    To chorando rios akiiii

  • franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 12:08:39

    Meu deus...a any acha q ele ta tendo um caso ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 22/10/2015 - 11:22:20

    Eitaaaaaa q acabou a fic ;( vou ler o resto...

  • hadassa04 Postado em 05/10/2015 - 08:24:16

    Bom dia flor, vou iniciar a leitura da sua fic agora e de acordo com a leitura deixo meus comentários.

  • franmarmentini♥ Postado em 10/09/2015 - 17:09:21

    OLÁAAAAAAAAAAAAAA AMORE ESTOU POSTANDO UMA FIC* TE ESPERO LÁ BJUS http://fanfics.com.br/fanfic/49177/em-nome-do-amor-anahi-e-alfonso

  • franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:25:46

    to doida pra eles estarem 100% bem e felizes...

  • franmarmentini♥ Postado em 08/09/2015 - 16:01:56

    ai que beijo lindoooooooo


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