Fanfic: A Aposta - Adaptada | Tema: Vondy
Dezenove: No ônibus
Duas horas depois do desembarque, finalmente o ônibus está pronto para deixar o aeroporto a caminho da balsa. Annie e Mai sentaram-se juntas e quando Dul ameaçou sentar-se com Camila, Ucker a empurrou para o banco de trás.
Ele praticamente a jogou em direção à janela fechando a passagem. Para sair dali, Dul teria que pular por cima dele, o que estava fora de cogitação. Até pensou em gritar, mas os professores já estavam irritados demais com a zona, não seria prudente.
— Você me paga, Ucker. – Dul murmura, num rosnado selvagem.
— Relaxe e curta a paisagem. – Ucker entrelaça os dedos atrás da cabeça, o sorrisinho debochado já se desenhando naquele rosto de traços perfeitos e perigosos.
Ela bufa e cruza os braços, deitando a cabeça no vidro. Ucker se esparrama ao lado, invadindo o seu espaço. Dul aperta a mandíbula com força e tenta se afastar.
Impossível. A perna do garoto roça na sua de forma irritante.
Dul então cruza as pernas, colando-as na lateral do ônibus. Escuta a risadinha abafada de Ucker e tem muita vontade de pular no pescoço do cara e asfixiá-lo.
— A aposta ainda não está valendo, seu babaca. – Dul insulta, furiosa.
— Eu sei. – Ucker fecha os olhos e a inspira, como fez na boate. – Você me hipnotizou, agora aguente.
Dul sente um ardor subir pelas costas, mas não tem nada a ver com calor. O ar condicionado está bem acima de sua cabeça, lançando jatos gelados em sua direção. Ucker se remexe, espalhando-se ainda mais. Está tentando provocá-la, mas ela não cairá no jogo.
Poncho se aproxima, com um violão em mãos. O ônibus dá uma sacudidela e o garoto precisa se segurar para não cair.
— Ei, Ucker, meu camarada, toque algo para nós. Ainda temos uma hora dentro desse busão.
— Manda aí. – Ucker estende a mão e Poncho lhe passa o violão.
— Toque algo para agitar essa galera. O que querem ouvir? – Poncho pergunta, aos gritos.
— Heavy metal! – alguém dos fundos responde.
— Num violão? Tá chapado? – Poncho revira os olhos.
— Classic rock!
— Aí já começa a melhorar. – Poncho concorda, num meneio de cabeça.
— Pagode!
Nem preciso dizer que quem grita essa barbaridade é o Bola, preciso? POncho nem tem o trabalho de responder. Vários papéis amassados voam pelos ares, acertando o gordinho encrenqueiro.
Dul não tira os olhos da estrada. Árvores passam, lagos passam, carros passam, o asfalto corre para lugar algum. De rabo de olho ela nota que Ucker a encara, insistentemente.
— O que foi? – ela metralha.
— O que quer ouvir? – Ucker está afinando as cordas do violão.
— Quero ouvir você dizer que vai desistir da aposta.
— Hum… peça algo possível, Dul. – ele faz uma pausa. – Qual sua banda preferida?
— Não interessa.
— Quero tocar algo para você. – Ucker tomba a cabeça de lado, falando de forma mansa, só para irritá-la ainda mais. – Peça uma música, qualquer uma.
— Não quero ouvir você cantar. – ela rosna, entredentes.
— Vai, Dul, qual sua banda preferida?
Você deve ter uma.
Anahí, incrivelmente irritada com o bate boca entre Dul e Ucker, tira os olhos do livro e grita, sem olhar para trás:
— Creedence! A Dul curte Creedence, pô!
Agora será que dá para vocês dois calarem a boca?
— Valeu, Annie! – Ucker comemora. –
Creedence Clearwater Revival. Quem diria, não? Você tem bom gosto.
— Seu tosco. – Dul gira a cabeça com raiva, seus cabelos acertando o rosto de Ucker.
— Anda logo com isso, Ucker, ou a galera vai destruir o busão antes de chegarmos na balsa. – a emergência no tom de Poncho faz o garoto se levantar. Apesar dos gritos insistentes dos professores, Bola continua a ser atacado por uma enxurrada de papéis amassados e chicletes mastigados.
Ucker coloca os pés no banco e se senta no braço da poltrona, um tanto torto. Ajeita o violão da melhor maneira, testando o som.
— Ok, pessoas, essa música eu dedico a Dul, a garota selvagem. – quando Ucker profere essas palavras, a galera vai ao delírio e o ônibus sacode ameaçadoramente. Os professores voltam a gritar e a turma se cala, mas não por causa dos gritos professorais e sim pelos acordes de Ucker.
Dul engole lavas no lugar da saliva. Sente uma vontade imensa de pegar o violão das mãos dele e quebrá-lo em sua linda cabeça de cabelos cacheados. Antes que possa dar cabo de seu desejo inflamado, a voz de Ucker invade seus ouvidos, fazendo com que seu coração pare por um instante.
Meu Deus, a voz do cara é perfeita!
Rouca, grave, sublime. Se Dul não soubesse que era Ucker quem cantava “Fortunate Son”, poderia jurar estar ouvindo
o próprio John Fogerty. Ela não consegue se conter e olha para o cara.
Os dedos do garoto deslizam pelas cordas, tão suaves, envolvendo os fios como se estivessem acariciando o instrumento. Ucker parece estar possuído por uma força mágica, mística, invisível. Se Dul pudesse ver auras, estaria vendo a de Ucker se expandir nesse exato momento. Tão à vontade, inteiro, divino.
A forma como ele joga os cabelos encaracolados para trás, a maneira como segura o violão, o jeito com que mexe os lábios…
Ucker empolga a galera e quem conhece a letra, canta com ele, as vozes se fundindo numa só.
Os olhos de Dul não querem se desviar da cena, as pálpebras não estão a fim nem de piscar. Os ouvidos querem escutar mais e mais e mais. Completamente hipnotizada, é o que ela está.
Que droga, pensa Dul. Vencer essa aposta será mais difícil do que ela imaginava.
~~***~~
Boa parte da turma já desceu do ônibus a caminho da balsa. Anahí e Maite pegam as malas de mão no bagageiro acima de suas cabeças. Dul tenta fazer o mesmo e, ainda que na ponta dos pés, não consegue alcançar a raqueteira lá no fundo. Quando faz menção em subir no banco, Ucker a breca.
— Deixe que eu pego. – com vários centímetros a mais, ele pesca a alça da bolsa facilmente.
— Eu posso me virar. – ela rebate, visivelmente enfurecida pela ajuda.
— Largue de ser orgulhosa. – ele puxa a raqueteira e comenta: – Hum, você joga tênis?
— Eu não jogo, eu humilho! – Dul, em sua arrogância típica, arranca a raqueteira das mãos de Ucker.
— É sério? Bom, nesse caso, eu desafio você para uma partida de gente grande.
Quem ainda está dentro do ônibus não se contém ao ouvir o desafio. Poncho, após soprar a franja para cima, solta o famoso grito de guerra:
— Apostaaaaaa!
Se as pessoas pegassem fogo ao seu bel prazer, o ônibus teria ido pelos ares nesse momento. Quem está do lado de fora, corre para dentro. Quem está dentro, não sairá nem a pau dali.
— Está me desafiando, Ucker? Perdeu a noção? – Dul o encara, destemida.
— Você disse que humilha no tênis, então, qual é o problema? – Ucker escancara um sorriso debochado, sua marca registrada.
— Não sabe onde está se metendo. – ela estreita o olhar. – Vou acabar com você.
— Aposto que não. – Ucker cruza os braços e lança uma piscadela no ar.
— O que vão apostar? – Bola pergunta acima do murmurinho, limpando o resto de chocolate dos cantos da boca.
— É! O que vão apostar?
— Tem que ser algo quente!
— Aposta aí, Dul!
— Vai mesmo se arriscar? – Dul empina o nariz, numa superioridade intrépida.
— Adoro me arriscar. – Ucker revida, num tom sedutor daqueles abrasadores.
— Já que é assim, se eu vencer o jogo você corta os pulsos, que tal? – Dul replica.
— Poxa, peça algo que não envolva a minha morte.
— Ok, deixe eu pensar… hum, certo. Se eu ganhar, você será meu escravo por um dia inteirinho. O que acha disso? – dul arranca gritos estimulantes da turma.
— Seu escravo? Um dia inteiro? – Ucker finge pesar a aposta. – Muito bem, se você vencer, serei seu escravo, farei tudo o que mandar.
— Aêêêêêêêêêêêêêêêê! – a manifestação dos estudantes arranha os ouvidos.
— E se o Ucker vencer? – Poncho fixa Dul com o olhar, por cima dos ombros do amigo.
— Ele pode pedir o que quiser, porque esse jogo eu já ganhei. – Dul mantém uma postura triunfante.
Antes de responder, Ucker umedece os lábios, deixando a expectativa no ar. O cérebro do cara pensa rápido e seus lábios repuxam para os lados com a brilhante ideia. Talvez ele leve um soco. Ou um chute. Ou as duas coisas.
— Se eu vencer, você vai me beijar. De língua. Por um minuto. Contados no relógio.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
É isso o que todos gritam ao ouvir a proposta de Ucker. Annie e Mai se entreolham, perplexas. Poncho dá tapas no ombro do amigo, empolgadíssimo. Será que Dul aceitará?
— Como você é babaca. – ela bufa e estende a mão. – Negócio fechado.
millamorais_: Faculdade é pra acabar com a vida social de qualquer um kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Autor(a): juh_uckermann_Collins
Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Vinte: Na balsa É óbvio que o assunto em todas as panelinhas formadas na balsa é a nova aposta do momento. Ucker e Dul se enfrentarão amanhã, num jogo de tênis de vida ou morte. A garota está tranquila, certa da vitória. Annie e Mai estão temerosas e cercam a amiga na proa, com os olhares arregalados. — ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 52
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
anne_mx Postado em 14/06/2022 - 13:45:18
Meu Deus, quando eu vi a sinopse e a quantidade de capítulos pensei até em desistir de ler por pensar ser grande, mas que bom que não desisti, que fanfic sensível, cheia de amor, uma das mais lindas que já li, o crescimento, a evoluçao dos personagens foi tudo pra mim! Queria que Bola e Bevaca não tivessem feito tantas besteiras mas no geral a fanfic foi extraordinária <3
-
bruna_vondy_love Postado em 02/09/2019 - 15:52:20
como assim acabou!?!? nao acredito nisso! Foi linda, chorei com o casal. o verdadeiro amor não precisa de sexo, um olhar basta... fiquei apaixonada pela sua fic. parabens!!
juh_uckermann_Collins Postado em 02/09/2019 - 15:58:21
rs. que bom que gostou. obrigada!... tem fic nova chegando e uma já postada. rs
-
Annytequila Postado em 02/09/2019 - 15:50:13
QUE FIC, MANO DO CÉU.... Guria ta no meu top das favoritas com certeza.... ARRAZOOOOOU mais uma vez
juh_uckermann_Collins Postado em 02/09/2019 - 15:57:24
muito obrigada por me acompanhar. que bom que gostou. bjoo linda
-
sophibersh Postado em 30/08/2019 - 22:53:46
posta maisssss!!!! e gente, hehe tudo bem?? quem tiver interesse e quiser conhecer minha fanfic eu garanto que não vai se arrepender! O MELHOR AMIGO DO MEU IRMÃO- VONDY. Poncho, na verdade, não é meu irmão. Minha mãe casou com o pai dele quando a gente tinha uns onze anos, e, desde então vivemos na mesma casa. Isso não é um problema, muito pelo contrário. A gente é bem amigo e se dá super bem. Temos gostos parecidos e a mesma roda de amigos. Ou quase a mesma... Christopher, (que vive me enchendo o saco), é o melhor amigo de Poncho, e vive em casa. Ou melhor vivia. Agora ele tá voltando de um intercâmbio, ficou quase um ano na Austrália. O filho da puta deve tá mais gato do que saiu... E mais chato também, com certeza. https://fanfics.com.br/fanfic/59231/o-melhor-amigo-do-meu-irmao-vondy-rbd-vondy
-
Annytequila Postado em 30/08/2019 - 13:32:13
Ahaam , que ela não vai voltar ... uckerzito com um fiozinho de esperança vai desmascarar esses 2 .... cnt em nome de Jesuuuuuuus
-
bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:38:36
Esqueci de avisar, sou leitora nova e assídua por mais capítulos
-
bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:37:59
continua pelo amor de Deus!
-
bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:37:38
continua
-
bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:37:25
como assim a dul foi embora. Ucker chorando me fez ficar de coração partido.! continua linda, por favor, me diz que a dul vai voltar para o Brasil, ela precisa voltar, meu casal precisam ficar juntos. ódio da Belinda.. deveria ser presa e ter pena de morte... continuua
-
bruna_vondy_love Postado em 30/08/2019 - 10:35:08
nossa, que fanfic é essa! continua