Fanfic: A Aposta - Adaptada | Tema: Vondy

Vinte e três: O jantar de boas-vindas

Estamos agora à beira da piscina.

Candelabros presos nos galhos das árvores, criam uma atmosfera aconchegante e incrivelmente romântica. Uma grandiosa mesa foi posta lindamente, com trinta e seis lugares marcados.

O primeiro dia da viagem chega ao fim. A lua está alta no céu e a trilha sonora vem de um violão elétrico solitário e uma voz melodiosa de um cara que não deve ter mais do que vinte anos.

Dulce senta-se entre Anahí e Maite. Come uma salada de alface com tomates e morangos. A garota só percebe estar com fome quando leva a primeira garfada à boca.

Ucker está do outro lado da mesa, a pouquíssimos centímetros de distância. Vez ou outra seus olhares se encontram, mas ele não parece ser o mesmo Ucker. O que está havendo?

— Lançou mão da nossa estratégia do dia?– Poncho sussurra no ouvido do amigo.

— Fiz o que você disse. Não elogiei o biquíni nem o corpaço. Não foi nada fácil.

— E ela? – Poncho pergunta, um tanto afoito pela resposta.

— Não sei dizer. Acho que ela ficou, tipo…

— Decepcionada? – ele se apressa em arrematar.

— Essa é a palavra. Decepcionada.

— Bom, muito bom, meu camarada! – Poncho dá um tapa dolorido no ombro de Ucker. – Vamos levar essa estratégia adiante até o jogo de amanhã.

O jantar transcorre sem incidentes e até Bola está tranquilo. A única traquinagem do dia foi jogar na piscina todas as cuecas de Nando e Edgard, seus colegas de quarto. Mas o garoto foi pego, como sempre. E foi ele quem caiu na água, de roupa e tudo, para resgatar as tais cuecas.

— Certo, pessoal. Depois do jantar, teremos torneios de poker e sinuca na sala de jogos. Espero todos vocês por lá. – o monitor lança o convite.

Dulce dispensa a sobremesa. Há uma urgência em ficar a sós para pensar na vida.

Anahí e Maite se entreolham, preocupadas.

Dulce jura que está tudo bem e segue para a praia, sozinha.

— O que acha que está rolando? – Mai debate com Annie, observando Dul caminhar entre o passeio florido.

— Algo que eu já suspeitava. – Annie sustenta uma expressão endurecida.

— Acha que ela está, tipo, ela está…? – Mai se sobressalta com a possibilidade.

— Sim. Acho que ela está começando a se apaixonar.

— Não! Isso não pode acontecer! – Mai arregala os olhos, chacoalhando Anahí pelos ombros. – Não podemos deixar!

— O problema nessa história toda é que eu acho que a Dul ainda não percebeu o que está havendo.

Ucker, sem camisa como sempre, observa Annie e Mai de longe. Procura por Dulce entre os alunos do Prisma e não a encontra.

Poncho também não a viu.

— Ela deve ter ido para o quarto. – o pirata se apoia num taco de sinuca, aguardando a vez de jogar.

— Vou procurar por ela, beleza? – Ucker avisa.

— Man, lembre-se do que conversamos.

Mantenha a estratégia. – Poncho aponta o taco para o nariz do amigo.

— Beleza, Cabeçudo.

O garoto demora um bocado para localizar Dulce. Quando a  ê, sozinha, sentada na areia da praia, algo de muito ruim toma conta de seu peito. É um sentimento estranho, quase de infelicidade. Ucker ignora a sensação e se encaminha para o local onde ela está.

Dul não percebe a aproximação. O uivo da brisa é alto e contínuo. Seus cabelos estão presos por um elástico colorido, esvoaçando com o vento. Veste um short preto e uma bata branca, caída na lateral do ombro,  revelando parte do colo e das costas. O olhar se perde em algum lugar do oceano.

Vazio.

Dul nunca havia sentido o vazio antes.

Nem quando seu primeiro namorado partiu sem dizer um tchau. Nem quando Bruno a enganou. Até o dia de hoje, ela não havia se deparado com essa sensação.

Mas o vazio está ali e incomoda. Sufoca-a de forma intermitente. Um desespero toma conta de DULCE, uma ânsia que ela não sabe de onde vem. Algo importante está faltando, algo essencial que preencha o vazio.

Ucker senta-se ao seu lado, sem dizer palavra. Dul não se vira para ver quem é e nem precisa. Já reconhece o cheiro dele a distância.

millamorais_: hm... O que poderemos esperar dessa viagem heim. rs