Fanfic: A Aposta - Adaptada | Tema: Vondy

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Hoje o dia será repleto de atividades na Ilha Inamorata. Jogos de futebol, volei de praia, aulas de surf… e à noite, as portas da boate do hotel serão abertas aos estudantes.

As garotas estão na praia, curtindo o último dia na ilha. Muitas já estão chorando e se abraçando, pois quando voltarem para casa, tudo irá mudar.

— Não acredito que isso vá acabar. Cada uma de nós vai tomar um rumo e vamos perder contato. – Camila chora no ombro de Mai.

— Não deixaremos isso acontecer. – Mai acaricia os cabelos dourados de Camila.

— Ah gente, vou chorar também. – Annie tira os óculos de leitura, enxugando os olhos úmidos.

Dul pressente a aproximação de Ucker. Gira o corpo e o encontra sozinho, caminhando de cabeça baixa em direção ao mar.

— Volto já. – ela diz, levantando-se apressada e sem dar maiores explicações.

Seus passos são rápidos e afundam na areia fofa. Desliza os óculos de sol para o rosto e ajeita as bordas do biquíni cor de uva.

Ucker ainda não a viu. O garoto entra no mar e mergulha quando uma onda se quebra sobre ele.

Dul mergulha logo atrás. Hoje as ondas estão altas e fortes, perfeitas para aulas de surf. Ela grita o nome dele quando sobe à superfície. Ucker mergulha novamente quando uma nova onda se quebra. Dul respira fundo e mergulha também.

— Ucker!

Ele se vira. Seus olhos estão baixos como se a luz do sol tivesse sido extinta. Dul sente um arrepio rasgando suas costas.

Uma nova onda se quebra e os dois mergulham. Ucker estende a mão e Dul a pega, deixando-se conduzir para a frente, ultrapassando a zona de arrebentação.

— Vai me dizer o que aconteceu ontem? – Dul pergunta, sem rodeios.

— Não agora.     

— Por que não?

— Porque eu ainda não sei o que está havendo. – Ucker alisa os cachos para trás, com a cabeça fritando.

— Do que está falando?

— Muitas coisas estão acontecendo nessa ilha. Tem pessoas que adorariam ferrar com a gente. – Ucker sustenta o olhar de Dul. – Você precisa manter distância de mim até irmos embora.

— Não farei isso, a não ser que me diga o que está rolando aqui. – Dul fecha a cara.

— Nem eu sei o que está rolando. É por isso que estou pedindo: mantenha distância.

Dul se vê num mar de dúvidas. Deve virar as costas e deixar Ucker sozinho? Ou tentar arrancar dele qualquer informação? Será que o jogo ainda está rolando e ela, burra, teima em não acreditar? Ucker lê todas essas incertezas nos olhos dela.

— Quando voltarmos para São Paulo, contarei tudo desde o início. Mas tem algo que você precisa saber e que eu não posso mais esconder.

— E o que é?

Ucker toma o rosto dela entre as mãos. Algo devastador a inunda nesse instante. É uma sensação grandiosa demais para ser desprezada. Finalmente a névoa se dissipa e ela tem plena clareza de seus sentimentos por ele. Por mais incrível que possa parecer, não está com medo, não se afasta.

— Eu estou apaixonado por você e nunca senti isso antes, por ninguém.

As palavras que Dul tenta proferir se perdem dentro da boca. Todo o seu corpo reage a declaração. A garota não consegue segurar um sorriso, é mais forte do que ela.

Seus poros se abrem, explodindo em êxtase de dentro para fora.

— E é por isso que estou pedindo que mantenha distância até voltarmos. Ninguém pode saber. – Ucker está louco para beijá-la, abraçá-la. Mas não fará isso, não agora.

— Ucker, eu não entendo… – Dul tenta se aproximar e ele recua.

— Entenderá quando eu contar.

— Conte agora.

— Não posso. Não enquanto eu não souber de tudo. – ele olha para o horizonte, um tanto deprimido.

— Está jogando? É isso, não é? – os olhos de Dul se umedecem e não é água do mar.

— Não estou jogando!

— Prove! – ela não queria, mas está gritando.

— O que quer que eu faça? – ele também grita, perdendo o controle.

— Me diga o que está havendo. Prove que isso tudo não é só uma aposta!

— Que droga! – ele soca a água, em fúria.

— Prove, Ucker.

Ele joga a cabeça para trás, fitando o céu azul. Está pesando os prós e contras, cogitando a possibilidade de contar tudo à

Dul sobre a vingança e a chantagem. Teme que ela, de cabeça quente, acabe enfrentando Belinda num duelo nada amistoso. Não pode permitir que isso aconteça.

— Precisa prometer que não fará absolutamente nada quando eu contar o que está havendo.

— E o que está havendo? – Dul estimula, ansiosa.

— Prometa. – Ucker insiste.

— Está certo, eu prometo.

— Me encontre daqui meia hora no Centro de Arborismo. E se notar que está sendo seguida, volte para a praia, está bem?

— Quem iria me seguir? – Dul une as sobrancelhas, confusa.

— Apenas faça isso. – Ucker se põe a caminhar, lutando contra a correnteza.

Dul congela no lugar, perdida. Só começa a se mexer quando Ucker finalmente alcança a praia, encaminhando-se para o Centro de Arborismo.

A hora da verdade chegou.