Fanfic: A Aposta - Adaptada | Tema: Vondy

Doze: As Bekazz

Ucker é o tipo de cara que saca as pessoas numa primeira olhada. E o que percebeu, quando Dulce Maria foi apresentada à sala pelo diretor, gritava aos quatro ventos:

“Não se aproxime, eu mordo”.

Como todo garoto inteligente, Ucker entendeu a mensagem. Apesar de estar babando na carteira, Dul não era para o seu bico. O fato se comprovou semanas depois, quando a garota, de saco cheio das Bekazz, resolveu dar o troco.

Nesse ponto, Dulce, Anahí e Maite já eram amigas inseparáveis. Mai possuía no celular uma foto comprometedora do acampamento passado. Na imagem, Belinda, Karla e Fuzz se fingiam de bêbadas e as três levantaram a camiseta até o pescoço, o que revelou que não usavam nada por baixo.

Com os seios à mostra, as três posaram para a câmera de Maite.

Dul sorriu ao ver a tal foto.

Com o auxílio do Photoshop, a garota não precisou de muito tempo para criar o layout.

Gravou a imagem em CD e correu para a gráfica expressa mais próxima de sua casa.

Cem cartazes ao todo e várias mãos femininas dispostas a ajudar na empreitada.

Afinal, nenhuma garota do último ano vai com a cara das Bekazz. Elas roubam namorados, beijam todos os garotos e ainda destroem a autoestima das meninas sempre que podem. Alguém precisava fazer alguma coisa e essa pessoa finalmente havia aparecido: Dulce.

A mulherada do último ano chegou mais cedo ao colégio naquela manhã nublada.

Anahí havia desligado as câmeras de segurança e Dulce distribuiu os cartazes autoadesivos. Cem cartazes foram colados nas paredes do segundo andar do colégio e ou dizer: era impossível arrancar aquilo sem detonar com a pintura. Quando as Bekazz chegaram ao Prisma, o tempo fechou.

Os cartazes eram gigantescos e Dulce não é tão má quanto vocês imaginam. Ela poderia ter usado a foto na íntegra, mas não o fez.

Estrelinhas mínimas cobriam as partes íntimas das três garotas. A fotografia estava centralizada num fundo preto, destacando bem a imagem. Acima, em letras garrafais, o

título gritava: “Bekaradas”. O termo foi inventado por Mai e Dul, numa dessas tardes em que não há nada para se fazer.

— Sua vaca! Foi você, não foi? – Belinda gritava, apontando o dedo de unhas douradas na direção de Dul, enquanto Karla e Fuzz choravam, descompensadas.

— Prove. – Dul mantinha um sorriso desafiador nos lábios.

— Eu sei que foi você! – Belinda aproximou-se, pronta para estrangular a garota.

— Nem pense nisso. –Maite tomou a frente de Dulce. Foi o que bastou para as outras meninas fazerem o mesmo. – Para chegar até ela, terá que passar por cima de todas nós.

Ops. A coisa ficou feia para as Bekazz. Treze garotas contra três? Quem compraria uma briga dessas?

Os garotos apenas riam, doidos para que o quebra-pau começasse. Mas não houve nada além de insultos e xingamentos. E isso também acabou quando o diretor, acompanhado de vários professores, entrou no corredor do segundo andar.

— Se você não me deixar em paz, libero a foto original para todos os celulares do colégio, entendeu? – Dul sussurrava para

Belinda, entredentes.

Belinda não respondeu. Suas bochechas estavam vermelhas e não era pelo excesso de blush.

A passos largos e irritados, o diretor acabou logo com a balbúrdia. Os professores interpelaram os estudantes, mas felizmente, não havia provas contra Dul e ninguém a dedurou. Nem os garotos tiveram coragem para tanto.

Após um tempo longo demais, ficou acordado que os cartazes seriam retirados – com espátula – por todos os alunos do último ano e o corredor seria repintado, também por eles. E assim foi feito, num fim de semana para lá de divertido. Não para as Bekazz, obviamente.

Belinda poderia ter chamado os pais, mas recuou só de pensar na cara do seu velho tendo que encarar aquela foto. Como ela iria se explicar? Não, isso seria humilhante demais. Mas essa história não terminaria naquele corredor cheio de cartazes autoadesivos. Oh não.