Chegou uma mensagem no celular de Euge. Ela ficou um tempo respondendo sem falar nada comigo.
- Quem é? - perguntei.
- É... A Paula. - ela ficou meio receosa em dizer pois sabia qual seria a minha reação.
- O que essa filha da putaa quer?
Paula é "amiga" da Euge. Ela é a pessoa que eu menos suporto na vida. Alem dela morrer de ciúmes de mim com a Euge, já tentou de tudo pra acabar nossa amizade.
- Ela quer me encontrar. Parece que voltou de viajem hoje.
- E você vai? - não sei porque perguntei, pois, já sabia a resposta.
- Lali.. Não faz isso comigo. - sua voz tinha um tom triste.
- Eu não to fazendo nada, Euge. Você não lembra o que a gente tinha combinado hoje? Se você não lembra, você ia dormir aqui. Mas quer saber? Vai, pode ir. Essa desgraçada voltou e vai tentar acabar com a nossa amizade de novo.
- Da pra você parar, Mariana? Para de ser infantil.
- Ahhhhh, beleza! Agora só porque eu tenho medo de perder a minha melhor amiga eu sou infantil. - disse em alto e bom som.
- Medo? Você ta brincando, né? a Paula nunca conseguiu estragar nossa amizade e não vai ser agora que ela vai conseguir. - Euge me abraçou. - Para com isso.
- Ta bom Eugenia, vai lá ver sua amiga.
Euge revirou os olhos e saiu.
Assim que ela saiu, liguei para o Gaston e ficamos um bom tempo conversando. Queria esquecer o fato da Euge ter ido encontrar a Paula e tentar não ficar com raiva dela. Ela era bem trouxa as vezes. E isso me irritava bastante.
Me despedi de Gaston e desliguei o telefone. Fui até a cozinha preparar algo para comer. Passando pela sala vi Cande se pegando com o Mariano. Passei por lá feito um flash. "Que cara filho da puta", pensei. E acho que pensei em voz alta pois minha mãe, que estava na cozinha me encarou.
- É... Nada não... mãe. - abri a geladeira e peguei um pote de sorvete.
- Você vai comer isso? - perguntou minha mãe.
- Vou!! Por que? - já disse irritada porque sabia onde aquela conversa chegaria.
- Como você quer ser modelo comendo feito uma gorda? - ela tirou o pote de perto de mim. - Assim você não pode ser uma modelo de sucesso.
- E QUEM DISSE QUE EU QUERO SER UMA MODELO DE SUCESSO? - gritei. - Isso é o SEU sonho, não o meu.
- Como você é ingrata, Mariana!
- Ingrata? Eu? Toda a minha vida fiz o que você queria. Até a Candela chegar aqui eu era sua queridinha e você tinha orgulho de mim. - as lágrimas começavam a descer - Sabe de uma coisa? Eu nunca quis ser modelo. Esse tempo todo eu só queria te agradar e você NUNCA reconheceu isso. - a minha voz já começava a falhar.
- O que tá acontecendo aqui? - meu pai perguntou entrando na cozinha.
- Ah, só falta você querer me bater de novo, seu bêbado!
Imediatamente ele me deu um tapa na cara.
- NICOLAS! - minha mãe gritou.
- O que? Você não sabia que seu marido me batia? - eu gritava e chorava ao mesmo tempo - Eu odeio todos vocês, todos!
Subi as escadas correndo. Cande e Mariano pararam de ser pegar e ficaram me olhando subir as escadas.
- Mariano, acho melhor você ir. - escutei Cande dizendo.
Entrei no quarto e bati a porta com toda a minha força. Minha cabeça parecia que ia explodir. Meu coração parecia se repartir em pedacinhos.
Deixei meu corpo deslizar sobre a porta, envolvi meu joelho com meus braço, afundei o rosto ali e deixei que as lágrimas caíssem.
Ainda não acreditava que tinha tido coragem de dizer tudo aquilo e ao mesmo tempo estava com medo, porque sabia que teria consequências.
Eu chorava descontroladamente e me odiava por tudo, porque sabia que parte disso era culpa minha, talvez eu não devesse ter nascido mesmo.
Escutei alguem socar a porta e me gritar. Era meu pai. Eu não respondi e nem me levantei para abrir. Só fiquei ali, chorando e escutando.
- MARIANA, ABRE JA ESSA PORTA. - ele gritava e batia na porta com força. - VOCÊ É UMA INCONSEQUENTE. NÃO MERECE NEM ESSE TETO.
- Deixe-a em paz, por favor Nicolas. - escutei minha mãe dizer. E por esse momento eu a agradeci mentalmente.
- NÃO, ELA TEM QUE APRENDER. - as batidas na porta foram aumentando. - NÃO É ASSIM QUE SE TRATA A FAMILIA.
- Batendo também não Nicolas. Você bate nela e isso já é demais. - ela estava me defendo e isso me confortou um pouco.
Aquela dor que eu sentia, estava se amenizando agora. Mais eu sabia que isso era só porque a minha mãe é contra a agressão e não porque me ama.
Ouvi passos e percebi que cuchichavam, mas não conseguia escutar. Ouvi mais passos e outra vez bateram na porta.
- Lali, sou eu, a Cande. - sua voz estava calma. Eu não respondi e ela insistiu - Abre vai... Eu só quero conversar. - Me levantei com calma e tentei secar o rosto.
Abri a porta e lá estava ela. Seus olhos estavam incompreensíveis, meio que perdidos. Ao vê-lá desabei novamento e sem nem pensar ela me acolheu em seus braços.
Quando me dei conta , eu estava abraçada a Cande e ela acariciava meu cabelo. A olhei e seus olhos estavam na mesma, perdidos e me olhavam com ternura.
- Porque ta fazendo isso ? - me soltei dela. - Sabemos bem que você me odeia.
- Faço isso porque você é a minha irmãzinha mais nova. - ela sorriu. - e quem disse que eu te odeio ? - aqueei a sombrancelha e ela assentiu. - Ta, eu te odeio e quero que você fique mal quase sempre. Mas assim já é demais. Não quero te ver destruída Mariana. Uma dorzinha não causa muitos danos, agora isso, pode te derrubar por completo. E eu não quero que isso aconteça com a minha irmã. Nem a pior pessoa do mundo ia querer isso.
- Obrigada. - foi a única coisa que eu consegui dizer.
Ela sorriu e se levantou.
- Bom, acho que meu trabalho já ta feito. - ela piscou. - fica bem aña, e isso aqui nunca aconteceu. - eu assenti e ela se foi.
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Genteeeez, Peter aparece no próximo cap....