*** Abri meus olhos devagar e olhei em volta. Não tinha nada conhecido. Eu estava em uma especie de quarto branco, não sei bem, mas aquilo me assustava. Me levantei e andei pelo local, mas parecia um labirinto. Eu nunca saia dali, nunca sabia onde estava, e estava completamente sozinha, ou achava que estava. Escutei vozes, quero dizer, uma voz. Ela me dizia pra continuar, que ao final encontraria oque procurava. Eu a reconheci, mas não soube identificar. Andei sem parar até que vi uma sombra, bem longe, corri para alcança-lá mais rápido e quando cheguei mais perto pude ver, era ele. Mariano. Estava em pé com um sorriso enorme no rosto.
- Você me encontrou meu amor. - ele me puxou para um abraço e sussurrou.
Eu sorri de canto e levantei o rosto para encara-lo. De repente o vi se distanciar. Ele me olhava com ternura.
- Aonde vai ? - disse sem entender.
- Você precisa me encontrar meu amor. - ele sorriu. - Não podemos ficar juntos. - ele foi desaparecendo. - EU AMO VOCÊ. - foi a última coisa que disse antes de sumir. ***
Acordei assustada, estava suando. Fui até o banheiro, lavei o rosto e tentei esquecer. "Era apenas um sonho" tentava meter isso em minha mente, "ele não me ama e nem eu a ele" disse tentando me convencer.
Voltei para o quarto e olhei a hora, 21:00. Disquei o número da Euge, pensei um pouco e resolvi ligar.
Deu um toque, dois toques e ela atendeu sem que eu precisasse insistir muito.
- Alô. - ela disse calmamente.
- Amiga preciso conversar. - disse nervosa. - desculpa te perturbar de novo, mas você é a única que eu posso contar. - as palavras saiam meio emboladas.
- Lah, primeiro, fica calma e fala mais devagar Okay? e segundo, você nunca me perturba. Tipo, nunca mesmo. Você não sabe como eu fico feliz quando você me liga, me manda uma mensagem e principalmente quando aparece aqui. - sorri.
Mesmo com tantas preocupações e grandes tragedias acontecendo na minha vida, sempre que eu conversava com a Euge podia sentir que tinha uma luzinha no fim do meu túnel e que tudo ia ficar bem, porque eu tenho ela. É meio louco, mas ela salva a minha vida pelo simples fato de existir nela.
- Já sabe o quanto eu te amo néh? - o nó já se formava em minha garganta, respirei fundo e me contive.
- Sei, sei. - não consegui identificar seu tom de voz , mas sorri mesmo assim. - Mas me diz, oque aconteceu ?
- Eu tive um sonho. - ela murmurou um "hmm" como se perguntasse "oque isso tem de mais?". Eu apenas continuei. - com o Mariano. E acho que estávamos apaixonados. Não entendi muito bem, mas ele dizia que me amava e algo como ficar juntos para sempre e depois não poder mais.
- Espera. Eu to confusa. - ela deu uma pausa e continuou. - Nesse sonho o Mariano dizia te amar e isso mexeu com você? - seu tom de voz não era de agrado.
Sei que Euge nunca apoiaria isso, e sei que ela ta certa, porque isso é totalmente errado. Mas oque posso fazer ?
Sabia como ela agiria se dissesse a verdade, então, menti.
- Não, não mexeu comigo. E nem podia, sei que isso tudo é errado Euge. - minha voz saia embargada, quase denunciando a mentira.
- Ai que bom amiga. Desculpa, mas isso é realmente furada. O Mariano é só mais um canalha e nem a Cande merece ele. - sorri falsamente.
Me sentia mal por mentir, mas se dissesse a verdade ela ia surtar. Como posso estar apaixonada por ele? Ela ia surtar mesmo e eu não quero isso. Não quero brigar com ela por estar louca por um canalha que ainda é namorado da minha irmã. Eu sou a errada da história e preciso me livrar disso sem ela saber.
- É, eu sei. - depois de um longo silencio resolvi falar. - Amiga, vou dormir to cansada.
- Ta bom, vou ligar pro Nico. - ela sorriu e desligou logo depois.
Joguei o celular sobre a cama e me virei com a intenção de voltar a dormir, oque não aconteceu. Me virava de um lado pro outro e sono não vinha, ou pior, aquele sonho não saia da minha cabeça. MERDA. Porque eu ainda pensava nele? A essa altura do campeonato eu já deveria ter descartado a hipótese de se envolver com um cara como o Mariano. Afinal, ele é namorado da minha irmã.
Me virei novamente e cobri a cabeça, tinha que voltar a dormir. Fechei os olhos e me concentrei na única coisa que me interessava naquele momento. Dormir. Não sei quanto tempo demorou, mas acabei pegando no sono.
Acordei com a claridade em meu rosto. Abri o olho lentamente e vi minha mãe em pé ao meu lado. Dei um pulo, talvez pelo susto, e levantei cambaleando.
- Oque você ta fazendo aqui? - disse ainda tonta pelo sono.
- Tem um garoto lá embaixo. - franzi o cenho. "garoto?" - ele quer falar com você.
- Que garoto mãe? - disse confusa. Seria o Gas?
- Eu não perguntei o nome Mariana. Só sei que ele é bonito. `Beeem` bonito - ela deu ênfase no "bonito", oque me deixou ainda mais intrigada.
- Okay, diz que eu já vou descer. - fui em direção ao banheiro e ela saiu.
Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa básica e desci. Quando cheguei ao pé da escada vi alguem de costas, só podia ser o tal garoto. Ele conversava animadamente com a minha mãe e ela sorria sem parar.
Cheguei mais perto e ele se virou, sorrindo ao me ver. Bufei.
- Oque você quer Peter? - me esquivei dele e fui em direção a geladeira.
- Quero conversar com você. - ele se virou para a minha mãe e ela sorriu. - a sós, pode ser ?
- Não. Eu não tenho nada para falar com você. - sorri e levei um copo de suco a boca.
- Mariana, não seja mal educada. - minha mãe me repreendeu. Revirei os olhos.
Ótimo, oque eu menos precisava agora era a minha mãe defendendo esse garoto. Oque ele quer? Fazer alianças para acabar comigo? me poupe.
- Peter, oque é tão importante pra falar a sós? - questionei.
Ele se aproximou, levou a boca até meu ouvido e cochichou:
- Quer mesmo que eu diga? - ele se afastou e sorriu. Bufei.
- Vamos pro meu quarto. - sai e ele veio logo atrás.
Abri a porta do quarto, fiz sinal para que ele entrasse e tranquei a porta. Para ter certeza que ninguém ouviria. Me dirigi até a cama e sentei. Ele ficou em pé, me olhando.
- Não vai sentar amiguinho do Gas? - perguntei.
- Não. - ele se ajoelhou a minha frente e começou a falar. - Então, sei que você vai ficar com raiva e vai querer me matar depois disso, mas você já não gosta de mim mesmo e provavelmente já quer me matar, então.
- Oque você quer dizer? Que merda você fez? - ele abaixou os olhos e começou a estalar os dedos.
- Eu procurei saber mais sobre bulimia e procurei uma especialista sobre o caso. - assim que ele começou a falar senti o nervosismo subir.
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OKAY, TA AI OUTRO CAP... COMENTEEEEM PLIS