Acho que minha expressão denunciava, ele parou de falar e me olhou preocupado.
- Oque você ta pensando em fazer? - minha voz já saia embargada. - ta pensando em me internar? - sorri sarcástica. - Garoto, você não tinha o direito de sair por ai contando a especialistas sobre uma coisa que você acha que eu tenho. Eu não te dei essa liberdade. - ele voltou a olhar pro chão.
- Eu não disse quem você era. Só... - ele deu uma pausa , estava nervoso. - só queria entender e saber se podia ajudar você. E Mar... - não deixei que ele terminasse.
- Você não entende não é? Eu já disse que não quero a sua ajuda. - o nó na garganta se desfez e as lagrimas já caiam por minha face. DROGA. - E ... não me chame assim, meu nome é Mariana.
Ele se levantou, pude perceber uma mudança em seu rosto. O vi levar as mãos ao cabelo e depois ele olhou pra mim. Não pude identificar, mas tinha algo em seu olhar.
-Você que não entende não é? - as palavras saiam calmamente de sua boca.
Ele parecia calmo, mesmo que sua expressão mostrasse o contrario.
- Você não entende que isso é ruim pra você. Que isso pode acabar com com a sua vida. Não entende e não vê quantas garotas já sofreram com isso e no fim acabaram mal. - ele se virou e ficou de costas pra mim. - Você não entende que eu não quero que isso aconteça com você.
Eu o olhava atentamente e tentava digerir cada palavra do que ele dezia. Então ele se importava mais do que eu pensava? Porque? Eu mal o conheço, e eu só o tratei mal. Oque ele quer? Porque se preocupa? Eu não entendo.
- Porque? - estava com os olhos cavrados no chão, mas pude perceber que ele voltou a me olhar.
- Porque oque? - ele disse confuso. Mas sei que sabia do que eu estava falando.
- Porque se importa? - o olhei, aquela coisa ainda estava em seus olhos e eu não sabia identificar. - Eu mal te conheço, além de só ter te tratado mal. - ele sorriu concordando.
- Sinceramente? - eu assenti e ele continuou. - eu não sei. Sei que parece loucura, mas quando te vi daquele jeito, eu senti uma vontade enorme de cuidar de você. - abaixei os olhos novamente e voltei a mirar o chão. - e acho que isso é demais para uma menina de 18 anos, fala serio, você é uma modelo e parece ser totalmente infeliz com isso e ... - percebi quando sentou ao meu lado e senti suas mãos cobrirem a minha. - sua vida deve ser pior que a minha e já vou te adiantando que a minha é uma merda. - sorri de leve. - Gaston me disse algumas coisas e sei que colocam muita pressão em cima de você. Mas sendo sincero, você não precisa fazer isso, não mesmo.
Isso me pegou de surpresa, ainda estava tentando processar tudo.
Eu o olhava e via ternura em seu olhar. Pela primeira vez não via aquele Peter irritante, via um cara legal que se importa com os outros.
Tentava encontrar as palavras certas para dizer a ele. Eu não quero ajuda. Estou bem assim e fazer isso é o único modo que eu encontrei de me punir por comer demais. Ele abriu a boca pra continuar mais eu não deixei.
- Peter, entendo tudo isso que você disse e realmente tenho problemas demais para 18 anos de vida. - sorri fraco e ele apertou a minha mãe. - Mas a questão aqui é... - fiz uma pausa. - eu não preciso de ajuda. Já falei isso, to bem assim.
- Mar...riana... - o cortei.
- É serio amiguinho do Gas. - ele sorriu. - Obrigada por se preocupar, mas to bem assim.
- Eu não acho. - ele levantou.
- Você não tem que achar nada amiguinho do Gas. - disse limpando o rosto.
- estávamos indo bem Mar. - ele sorriu.
- É, você sempre estraga. - me lavantei. - e é Mariana.
- Eu gosto de Mar. Combina com você. - revirei os olhos.
- Mas é Mariana okay? - abri a porta e fiz um gesto para que ele saísse.
Ele foi até a porta e ficou me encarando por alguns segundos. Sem dizer nada ele se virou e foi em direção a escada gritando algo que eu não quis escutar.
Entrei no quarto e bati a porta. Oque ele disse ficava dançando na minha cabeça. MERDA. Mais uma coisa para me incomodar.
Me joguei sobre a cama, ainda estava exausta. Peguei meu celular e olhei a agenda, não tenho nada pra hoje. "Ótimo, vou dormir o dia todo." Me aconcheguei sobre a cama e fechei os olhos lentamente, apagando segundos depois.
Acordei com meu celular tocando. Não deu tempo de atender. Levantei lentamente e peguei o mesmo para ver quem era. Levei um susto ao ver 29 ligações da Euge, 4 do Gas e 12 do Nico, sim até ele me ligou. Fiquei preocupada, oque pode ter acontecido? A Euge exagera, mas nunca insistiu tanto assim, tem algo errado.
Já estava tendo um colapso nervoso depois de ligar 6 vezes pra Euge e 4 pro Gas e eles não atenderem nenhuma. Caçei o numero do Nico e deixei chamar. Uma, duas, três vezes e nada. Tentei de novo e quando foi na quarta vez ele atendeu. ALELUIA.
- Alô, Nico ? - disse já desesperada.
- Oie Lali. - tinha algo errado em sua voz, mas não dei importancia.
- Hey, você sabe oque aconteceu? - esperei por um segundo, ele não falou nada, então, continuei. - quando acordei tinha varias ligações da Euge e agora ela não me atende. Oque ta acontecendo?
- Ela sumiu Lali.
_______________________________
COMENTEM?!