- Oque você estava fazendo aqui Lali? - ele perguntou preocupado. - você pode ficar doente sabia?
- Eu... eu só queria fugir. - respondi.
- De que? - ele questionou.
- De tudo... eu to cansada de tudo. - deixei que as lagrimas caissem. - Minha vida é uma merda. Eu sou uma merda, porque ele iria me querer afinal?
- Hey, não diga isso... Só para você saber, eu te acho espetacular. - deixei soltar um sorriso. - Viu, e esse seu sorriso é lindo também, só para constar.
- Então porque ele não acha isso? - abaixei os olhos.
- Eu não sei quem é ele. - ele levantou meu queixo. - mas aposto que é um idiota.
Sorri e o abraçei. Sei que a alguns dias atrás eu não o suportava. Só que agora ele é o melhor que eu tenho, e não sei porquer, mas quando me abraçou me senti tão protegida, me senti bem.
- Pitt? - o chamei e ele sorriu.
- Você disse "Pitt"? - Assenti. Ele me soltou e voltou a sorrir. - gostei. Pitt.
- Eu também gostei. - sorri.
Pitt me levou até em casa. No carro, ele não falava nada, mas percebia ele me olhando a cada minuto. Assim que cheguei em casa, dei logo de cara com a Cande. Por um momento senti tudo rodar, minhas pernas tremiam. Evitei olha-lá nos olhos. Por um segundo passou pela minha cabeça ajoelhar ali e pedir perdão pelo o que fiz, apesar de não ter toda a culpa. Passei rapidamente, e ela não fez questão de falar comigo.
Entrei no meu quarto e me joguei na cama, ficando de cara pro teto. Aquela cena, de nós dois juntos, vinha em minha cabeça, eu gostava do que lembrava mas ao mesmo tempo sentia uma culpa enorme. Se Cande descobrisse, me odiaria por toda a minha vida. Lembrei de Pitt. Ele foi tão gentil comigo, mesmo que eu sempre desse patada nele. Ele sempre se preocupou desde o dia que nos conhecemos. Sim, eu não o suportava. Mas depois de hoje, até que estava começando a gostar dele.
Me levantei da cama e fui em direção ao espelho. O que será que havia de errado comigo? Por que ele me usava e preferia a Cande? Será que minha mãe estava certa? Não sou tão boa e bonita como ela? Fiquei horas e horas me olhando no espelho. Antes eu gostava do que via quando me olhava no espelho, agora, não mais. Tudo bem, eu entendo agora. Cande é magra, é divertida, é linda. Não tem porque pensar. Eu também não me escolheria.
Corri para o banheiro, me ajoelhei em frente ao vaso sanitário, coloquei o dedo na garganta e deixei tudo que tinha lá dentro sair. Peguei as lâminas na pratilheira perto de espelho e fiz pequenos cortes no meu pulso. Não sei porquê fiz isso, mas eu fiz.
Meu telefone apitou e era mensagem do Peter.
"E aí, tá melhor? Fiquei preocupado com você."
Confesso que sorri lendo a mensagem, eu consegui me sentir importante pra alguém por alguns minutos.
"É.. Não, mas vou ficar. Obrigada por se preocupar."
Li as mensagens dele novamente e pensei, em porque o Mariano não podia cuidar de mim assim. Eu só queria saber qual era o meu problema. Porque não conseguia esquece-lo e seguir em frente? Já sei, ele me usou e eu fui uma tonta por ter acreditado nele.
Minha cabeça explodia, meus pensamentos estavam embaralhados e mais confusos que eu. Não sei oque eu tinha afinal, mas uma voz surgiu em minha mente.
"Oque você tem? Você não é ela Mariana, você não tem oque ela tem."
Fiquei mais confusa ainda. Não entendia nada. Olhei em volta procurando a origem da voz, não achei.
Comecei a rodar pelo quarto meio desordenada e parei em frente ao espelho novamente. A voz apareceu de novo.
"Consegue ver porque ninguém te ama? Olha só pra você, é horrorosa."
As lagrimas caiam e eu sabia que aquilo era verdade. Aquela voz estava em minha mente e só dizia oque todos queriam dizer e oque eu sabia que era verdade.
" Você não serve para ninguém. Porque iriam te amar?"
Coloquei as mãos sobre a cabeça e comecei a girar pelo quarto. Queria sumir, queria que aquela voz me deixassem em paz. Só queria me sentir bem. Uma vez.
"Se olhe o espelho. Você não serve. É feia. Olha o seu corpo. Ta enorme."
Eu girava sem parar e apertava as mãos na cabeça, tentando sem sucesso fazer com que a voz sumice.
- Me deixa em paz. - sussurrei.
"Porque? Você é baixa. Traiu a própria irmã. Como pode?"
- Cala a boca. - falei em um tom mais auto.
"Não gosta de ouvir a verdade? Você a traiu. Ela vai te odiar mais ainda."
- CALA A BOCA. - gritei.
A voz continuou repetindo isso em minha cabeça " ninguém vai te amar" e eu me sentia cada vez pior. Já tinha perdido o controle, estava completamente fora de mim.
Peguei um jarro de vidro que ficava na cabeceira da minha cama e o lancei contra o espelho, fazendo com que ficassem em pedaços.
Escorreguei para o chão e me lancei entre os cacos.
Peguei o maior pedaço que vi. Olhei a minha imagem nele e a voz soou na minha cabeça de novo.
"Ninguém vai amar você Mariana"
Engoli em seco. Peguei o pedaço e o cravei o mais fundo que pude no meu braço. Eu queria morrer.
Meu corpo amoleceu e a luz começou a falhar. O pedaço de espelho caiu da minha mão e em seguida, eu desabei no chão.