Uma semana já havia se passado e eu estava na mesma. Na verdade, acho que estava piorando. Não saia de casa desde aquele dia. Ficava o dia todo presa no quarto e não atendia as ligações de ninguém a não ser do Peter. Ele estava me fazendo um bem danado. E eu estava adorando isso.
Eugenia não me procurou nem um dia durante a semana. Nem uma mensagem, nem uma ligação, nada. Isso estava me preocupando. Quanto a Gaston, ele me ligou duas vezes e de vez em quando mandava recado pelo Peter.
Eu gostaria de dizer que as coisas estão voltando ao seu devido lugar, que o cretino do Mariano já esta saindo da minha cabeça, que meu pai ta melhorando e que as malditas vozes foram embora. Mas não posso, porque nada disse aconteceu. As coisas estão piores, minha cabeça é uma completa bagunça. Em todos esses dias, não teve um que eu não pensei no Mariano. Isso é frustante. Meu pai nem olha mais na minha cara. Eu poderia dizer que em vista do que era antes, isso é bom. Só que me parte o coração não ter um pai que se importa comigo. E quanto as vozes, estão cada vez mais presentes na minha cabeça. As vezes acho que estou enlouquecendo. Literalmente.
Tambem estava mais magra. E minha aparência tava parecida com a de uma morta viva.
Minha mãe tentou falar comigo algumas vezes mas simplesmente a ignorei. Eu me sentia sozinha. Como eu já tinha dito, Euge não aparecia. E isso tava me deixando muito mal. Desde o dia que contei a ela sobre o Mariano ela tem sido meio fria. Eu precisava muito dela.
Em meio a minha solidão, escutei baterem na porta.
- Lali, você tem visitas! - minha mãe me chamando de Lali? Que louco.
- Quem é? - perguntei querendo que a resposta fosse "É a Euge".
- É aquele seu amigo.. Peter.
De primeiro não quis deixar ele entrar, mas fui convencida porque ele já tava me irritando.
- Nossa, você tá péssima! - ele me olhou e arregalou os olhos.
- Sou tão feia assim?
- Não é isso, Mar. Você tá com uma aparência estranha. A quanto tempo não sai desse quarto?
- Isso não importa. O que você veio fazer aqui?
- Vim te ver. Não posso? Estava preocupado. Nunca mais te vi e da última vez que nos falamos você não estava bem. - dei um riso fraco e ele sentou na beira da minha cama.
- Eu estou bem, Pitt. - tentei acabar logo com o assunto.
- Não. Não está. O que acha de saímos um pouco daqui? Dar uma volta.. Ta um dia lindo lá fora.
- É, não to afim. - virei as costas pra ele e voltei a me deitar.
- Levanta vai Mar, você precisa sair, respirar ar puro. - ele segurou a minha mão e a puxou. - vamos, vai se sentir bem.
- Não Pitt, eu to bem aqui. - tentei me soltar, totalmente sem sucesso.
Depois de tanto insistência, acabei cedendo. Tomei um banho e coloquei uma roupa básica. Quando descemos minha mãe nos olhou surpresa.
- Você conseguiu fazer ela sair do quarto? - ela perguntou espantada.
- Sim. - ele sorriu. - vamos a sorveteria.
- Não poder ser. Ainda vai levar ela pra comer algo? - ela levou as mãos a boca. - Oque você fez para conseguir isso?
- Ele só foi a pessoa irritante que eu odeio. - me queixei.
Ela sorriu e deu um abraço nele.
- Obrigada. - ouvi ela cochichar no ouvido do Peter.
Saímos de casa e fomos até a tal sorveteria. Peter tinha razão, o dia tava lindo mesmo.
- Você quer sorvete de que? - ele me perguntou antes de pedir.
- Chocolate. - sorri de canto.
- Mas uma chocolatra. - ele revilhou os olhos e sorriu.
- Como assim mais uma? - perguntei meio enciumada. Na verdade, nem eu sei porque me senti assim.
- A minha irmã também é louca.
Ele fez os pedidos e fomos nos sentar já com os sorvetes em mãos.
- Não sabia que você tinha uma irmã. - voltei ao assunto.
- Eu tenho... ela é 2 anos mais nova que eu. - disse pegando uma colherada do meu sorvete.
- Heey, esse é meu. - sorri. - e quantos anos você tem?
- 21 e ela 18.
- Da minha idade. Qual o nome dela? - peguei um pouco do seu sorvete e ele reclamou. sorri.
- Rocio... Ela é maravilhosa, você ia amar se a conhecesse. - ele disse orgulhoso.
- Tenho certeza que sim. - sorri e voltei a atenção ao sorvete.
Tomamos o nosso sorvete entre brigas e risadas. Depois Pitt decidiu que deveríamos dar um passeio no praça. aceitei.
O dia tava maravilhoso, e eu agradecia a Deus por Peter te me tirado do quarto. Eu já estava ficando maluca.
- Porque você nunca falou da sua irmã? - perguntei quando nos sentamos na grama.
- Porque ela passou um momento difícil recentemente e ainda não se recuperou totalmente. As vezes me da uma agonia só de lembrar. E se eu falar dela, tudo volta a minha cabeça. - ele murchou e se apoiou na árvore atrás de nós.
- Ay, desculpa. Desculpa mesmo. - me apoiei na arvore e acariciei seu braço.
- Tudo bem, a culpa não é sua. - ele sorriu.
- Okay. - sorri. - Pitt, duvido você me pegar.
- Oque? - ele disse confuso. Mas entendeu logo depois que me viu levantar e sair correndo. - Aah não. - ele sorriu e veio atrás de mim.
Corríamos feito loucos pela praça e toda vez que Pitt me pegava, eu arrumava um jeito e escapava de novo. Corri até a arvore e me apoiei nela cansada. Pitt veio em minha direção e enlaçou seus braços em volta de mim os apoiando no tronco da arvore.
- Peguei você. - ele cochichou.
Eu queria falar, mas minha voz falhou. Não sei oque me deu. Ficamos parados ali, nos olhandos. Senti que Peter se aproximava e quando pensei em protestar sua boca já estava colada a minha.
________________________________________________
COMENTEEEEEEEEM