Fanfic: Bad Girls- 1st Season | Tema: Originais

O sol batia na janela há não muito tempo, manifestando-se apenas às 06:30, horário em que Victoria Hudgens, a riquinha de Londres, costumava estar dormindo suavemente. Porém, naquele 30 de Agosto, ela não dormia, senão arrumava suas malas para uma viagem. Uma viagem que custaria toda a vida do bom e do melhor que Victoria tinha na mansão de seus pais, como filha única. Seu direito a tardes na piscina, professores de línguas estrangeiras particulares, estudar na melhor escola da cidade, entre outras coisas, acabaria no momento que ela pusesse os pés para fora do carro e se encontrasse no IAIPM (Instituto Acadêmico Interno Para Meninas), dirigido pela Sra. Willians.

O porque de Robert, seu pai, e Yasmine, sua mãe, Hudgens terem resolvido muda-la de vida tão repentinamente, ela não sabia. Se considerava apenas uma garota rica e bonita que merecia ser reconhecida, vangloriada e idolatrada. Merecia se tornar uma atriz famosa, ou modelo, aparecer em capas de revistas e ter o próprio Reality Show. Entrementes, não era o que seus pais, sempre tão humildes, desejavam para Victoria. Eles a deixariam até Julho do próximo ano trancada num Colégio Interno, o que certamente não seria nada divertido.

-Victoria!- ouviu a mãe chama-la, e não tardou muito e a Sra. Hudgens estava parada na porta do quarto da filha. –Já fez as malas?

-Infelizmente sim.- Victoria resmungou como resposta.

-E colocou o que tanto para precisar de três bagagens?

-Vestidos, alguns cachecóis e casacos que compramos em Paris, calças, blusas, aquele biquíni lindo que ganhei da tia Jenny ano passado, e certos acessórios.

A Sra. Hudgens surpreendeu-se a cada peça de roupa que a filha citou. Em IAIPM ela não usaria nada mais que o uniforme, já lavado e passado, pronto para ser usado, casacos, cachecóis, luvas e botas para o Inverno, alguns outros apetrechos como sapatilhas pretas e dois ou três conjuntos de Verão. Apenas isso. Não havia necessidade levar três bagagens.

-E o uniforme?- indagou a Sra. Hudgens, arqueando uma sobrancelha. –Lembrou de adicioná-lo a mala?

Victoria empalideceu. Esquecera-se totalmente do uniforme do IAIPM. Quem sabe o tinha deixado no guarda-roupa? Impossível, tirara tantas roupas de lá que o teria visto. Ou, talvez, o deixara com a empregada, para esta lavá-lo? Não, sua mãe não permitiria.

-Claro que sim.- mentiu. –Está junto com...os casacos. Espero que Maggie o tenha lavado.

-Não foi ela quem fez isso.- disse a Sra. Hudgens. –Fui eu mesma. O deixei na lavanderia. Que surpresa você ter ido pegá-lo, sendo que não vai lá há mais ou menos seis meses. Esperava que nem lembrasse o caminho.

A garota manteve-se quieta, sem saber o que dizer. A mãe sabia que ela não fazia ideia de onde estava o uniforme, tampouco lembrara de coloca-lo numa mala. Percebendo que agora a filha olhava diretamente para o chão, emburrada, a Sra. Hudgens se sentou na beira da cama de Victoria e fez menção para que a mesma repetisse o ato. Victoria andou normalmente até estar sentada ao lado da mãe.

-Vicky, querida, você tem quatorze anos.- a Sra. Hudgens começou. –Não é mais uma criança. Já se tornou adolescente. Precisa criar maturidade e saber o que é o melhor para você. Eu e seu pai planejávamos que fosse para o Instituto desde que você era pequena. Estávamos, todos esses anos, esperando a chegada do momento certo. Decidimos que, agora, é a ocasião perfeita para você ir ao Instituto. Lá é um lugar magnífico. Sabe, sua tia Mary o frequentou.- contou. –Ela tinha só doze anos quando entrou, e adorou logo de cara. Você vai ficar bem, querida. O Instituto preza virtudes como a Inteligência, Lealdade, Força, Amizade e Dinamismo. Tirará grande proveito, além de que também fará verdadeiras amigas.

-Esse é o problema, mãe.- Victoria disse. –Amigas. Eu não preciso de amigas. O Instituto só tem meninas que precisam andar na linha. Eu não preciso. Eu já estou muito bem assim. Não tenho defeitos que precisem ser urgentemente reparados.

A Sra. Hudgens deu um suspiro alto e forte.

-Um dia, Victoria, você vai entender e nos agradecer por tudo que estamos lhe oferecendo a colocando no Instituto. Existem pessoas maravilhosas naquele lugar.

Victoria não respondeu, continuando em silêncio. Pouco sabia sobre o Instituto Acadêmico Interno Para Meninas. Talvez não fosse tão ruim assim. Porém, qualquer coisa que a deixasse afastada de sua vida incrível de patricinha, ainda mais para viver com garotas sem nada de especial, podia ser considerado um inferno. Ninguém em seu juízo perfeito gostaria de ser levado a um Colégio Interno, certo? Principalmente quando esse Colégio Interno aceitava qualquer tipo de menina. Estava correndo o risco de viver entre fazendeiras, caipiras, ou até mesmo mendigas!

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O que a internet lhe informara foi pouco confortador. O Google Imagens lhe mostrava fotos de uma construção grande, espaçosa e antiga, e só o fato de ser velha, provocava nojo em Victoria. O uniforme também não fora agradável. Ela pesquisou por fotos de tudo; dos dormitórios, do Salão de Festas, do pátio, da piscina, das salas de aula, e até da biblioteca, lugar que provavelmente não frequentaria muitas vezes.

Não conseguiu pregar os olhos aquela noite. 31 de Agosto. No dia seguinte, acordaria de manhã para ir ao IAIPM. Era um castigo. Victoria não sabia como agir. Todos seus amigos, ricos e mimados, haviam se distanciado ao saberem da notícia. Ela estava prestes a enfiar a cabeça no travesseiro e chorar. Chorar muito, para que pudesse parecer doente. Isso atrasaria sua chegada em alguns dias. Num dos de folga, ela poderia fugir. Não era uma das melhores ideias, pois abriria mão de sua bela vida de um jeito ou de outro.

Certamente, não havia saída. Victoria logo estaria enfurnada no Instituto Acadêmico Interno Para Meninas, seguindo regras, padrões e não tendo um espaço para própria privacidade.

“Oh, Deus...por obséquio, se for apenas um pesadelo, que eu acorde rápido!”