Fanfics Brasil - 009 Segredos Obscuros (Adaptada)

Fanfic: Segredos Obscuros (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: 009

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Chester, Inglaterra


No gabinete do magistrado, Padraig se esforçava para prestar atenção ao que lhe era dito, mas sentia-se como se estivesse preso num pesadelo. Os homens pareciam distantes, as vozes abafadas, o significado obscuro.


Entretanto, as palavras iam penetrando e gelando seu sangue, deixando a pele quente, suada. Um surto de crupe diftérico, dizia o homem, mais de sessenta passageiros e a tripulação atingidos, e Christopher estava entre eles.


- Na verdade, milorde, foi um grande respeito pela posição do seu irmão que impediu que ele fosse atirado ao mar, junto com os outros. – O magistrado engoliu em seco antes de prosseguir, com evidente relutância em dar notícias tão terríveis. – O corpo do seu irmão foi tratado com o máximo de consideração, eu asseguro, e foi mantido no camarote dele até que o navio aportou, ocasião em que lhe foi concedido um espaço na cripta da nossa cidade. Despachamos uma notícia para a sua família, mas fomos forçados a sepultá-lo imediatamente. Por medo de contágio, como sei que deve compreender.


Padraig cerrou os punhos, inconformado com o que aquele homem dizia, que seu irmão gêmeo, seu melhor amigo no mundo inteiro, havia falecido. Seu coração insistia que Christopher não estava morto. Ateve-se a tal pensamento, o único que fazia sentindo num mundo que subitamente desmoronava.


- Não pode ser verdade – sussurrou, mais para si mesmo do que para os demais no ambiente. – Eu teria sentido.


- Milorde, eu lamento tanto. – Mira Kimball parou a seu lado, tocando o braço dele.


Padraig teve de se conter para não empurrá-la para longe de si.


- Deixem-me – ordenou num tom ríspido. Deu as costas a todos para que não pudessem ver a máscara de horror que contorcia seu rosto. – A deartháir, a leathchúpla, a anam – sussurrou alto, como uma prece. Meu irmão, meu gêmeo, minha alma.


Não podia imaginar a vida sem Christopher. Nada mais de riso, de alegria, de um futuro.


O magistrado pigarreou, constrangido.


- A carta foi enviada por um mensageiro ainda ontem, milorde. Se chegar conforme programado, o senhor duque e a senhora duquesa deverão recebê-la na segunda-feira.


A dor lancinante de Padraig alastrou-se. Pôde ver os rostos dos pais como se estivesse diante de ambos e soube que, assim como o seu, seria o mais tenebroso pesadelos deles.


Perguntas martelaram em sua mente. Ele havia sofrido? Chamara pela família? Morrera sozinho e assustado?


Como se lesse seus pensamentos, o magistrado tirou uma carta do bolso do colete.


- Ele escreveu isso antes de...


Padraig virou-se, pegando o pergaminho com mãos trêmulas. Mira chorava baixinho ao lado do pai, enxugando as lágrimas com um lenço de renda. Por que as lágrimas da jovem o enfureciam tanto? Era a noiva de Christopher, afinal, e tinha o direito de chorar por ele. Num esforço para manter a compostura, ele se curvou de leve, mantendo o olhar distante.


- Com licença. Preciso ficar a sós.


Apanhando o papel que continha as últimas palavras de Christopher, deixou o gabinete, saindo para o ar gelado da tarde. Desenrolou o pergaminho com hesitação. Queria ler, mas tinha medo. Se o fizesse, a morte do seu irmão seria real. No entanto precisava saber... A letra era de Christopher, embora estivesse tremida. Grandes machas de tinta indicavam longas pausas.


Lágrimas anuviaram a visão de Padraig enquanto lia:


Pai, Mãe, Irmão,


É doloroso escrever esta carta, mas temo estar no fim. Muitos já morreram e tenho de considerar que esse deva ser meu destino. Quero viver e estou lutando, mas escrevo isto com medo de não conseguir dizer algumas palavras finais a cada um de vocês.


Esta doença teve avanço rápido e é muito difícil. Como estou fraco, assim também será a carta.


Pai, sou eternamente grato pelo pai que tem sido. Meu respeito por você só é superado pelo meu amor. Perdoe-me, mas lhe pedirei mais uma coisa. No meu velório, erga um copo de uísque e se lembre dos bons tempos. Houve tantos. Sentirei sua falta, pai.


Mãe, lamento suas lágrimas. Uma mãe não deveria ter de enterrar seu filho e sinto muito por isso. Sempre saiba que tentei ser um bom filho, deixar você feliz e orgulhosa. Você foi uma mãe maravilhosa, a melhor do mundo. Gostaria de poder lhe dar um beijo de adeus. Amo você, para sempre.


Padraig fez uma pausa para esfregar os olhos de onde as lágrimas rolavam. Cada palavra era como um punhal atingindo seu coração. Obrigou-se a ler o restante, a parte destinada a ele. A primeira palavra lhe roubou o fôlego. Dorchadas. Escuridão em gaélico. Christopher era a luz, Lóchrann. O pai de ambos, Rogan, os apelidara com esses nomes quando meninos, dois gêmeos: um com cabelo escuro como a noite, e o outro, dourado, tocado pela luz do sol.


E pareceu mais adequado do que nunca, pois Padraig se sentia como se uma intensa luz tivesse se apagado.


Dorchadas, não sei o que dizer a você, irmão. O que são palavras entre nós, quando você e eu partilhamos nossa própria linguagem? Está sentindo isso, Pad? Sente meu sofrimento agora? Vai sentir quando eu me for? Espero que não. Espero que seja poupado disso, ao menos.


Padraig quis gritar de frustração, porque não sentira nada e sabia que deveria ter sentido.


Se há uma benção nisto tudo para mim é a de que não terei de viver sem você. Você terá de carregar esse fardo, e sinto muito. Não existe eu, nem você. Apenas nós. A morte não pode nos tirar isso.


Viva bem a sua vida. Viva por nós dois.


Meu amor a todos vocês.


Christopher.


Padraig segurou a carta junto ao peito e não se importando com quem visse, caiu de joelhos na calçada, balançando o corpo para frente e para trás, soluçando por seu irmão.



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Autor(a): Soyezinha

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Christopher tornou a acordar e, consternado viu que sua realidade não mudara. Continuava nu e deitado sob mantas diante de uma antiga lareira. Conseguiu olhar ao redor agora, percebendo que estava dentro de uma pequena construção arredondada de pedra e coberta com colmo. Cobertores cobriam as janelas, por onde a luz do dia se filtrava apenas difusamente. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 49



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  • evelyncachinhos Postado em 10/05/2019 - 10:11:53

    Aaaaa Continua pff

  • safira_ Postado em 28/06/2016 - 15:57:10

    Ei posta mais,amooo muito essa fic

  • emyvondysavinon Postado em 27/06/2016 - 19:12:42

    EIIIII!!! Posta mais POR FAVOR! Odeio quando abandonam ainda mais uma fanfic boa dessa!!

  • emyvondysavinon Postado em 04/06/2016 - 10:49:39

    Posta Mais!!! Abandona Não!!!

  • juhcunha Postado em 26/02/2016 - 00:01:44

    Posta mais

  • talila Postado em 14/02/2016 - 18:18:44

    leitora nova!!! Estou apaixonada por essa fic, ela e maravilhosa diferente de td q ja li, AMANDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!CONTINUA.......

  • ♛Lyce♛ Postado em 18/01/2016 - 10:51:57

    Tudo bem,o importante é vc posta eu amo essa fic sou viciada. Continua eu sempre vou está aqui esperando mais um cap maravilhoso.

  • juhcunha Postado em 17/01/2016 - 21:51:06

    Ate que fim posta maisss quero beijo vondy logo

  • millamorais_ Postado em 11/12/2015 - 14:38:53

    Ahhh que bom que apareceu, já tava ficando preocupada, achando que ia abandonar a fic rsrs continuoa

  • ♛Lyce♛ Postado em 11/12/2015 - 12:23:59

    Eu estava com.tantas saudades dessa fanfic amo demais,Christopher já estava pensando em abandonar tudo e ficar com Dulce Rsrsrsrsrsrsrs que poder de sedução e esse que ela desconhece?amei,quero vê o relacionamento dos dois como vai ser daqui em diante,me diz ela vai contar o que o pai dela fazia com os mortos?pq eu estou mega curiosa,continua gatinha.


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