Fanfic: Segredos Obscuros (Adaptada) | Tema: Vondy
Christopher lutou contra a forte tontura e as pernas fraquejaram tanto que tremeram com o esforço de sustentá-lo.
Ladrões de cadáveres. Sim, já ouvira a respeito. Eles tiravam corpos de criptas e túmulos a fim de vendê-los.
Ele correu os olhos pela paisagem, notando sob o céu cinzento as colinas secas e sem vida, as árvores de galhos retorcidos, desprovidas de folhas. Tornou a observar a mulher desconhecida. Sob a claridade do dia, estudou-lhe a beleza, o ar misterioso.
- Onde estamos?
- Em alguma parte da Inglaterra. Em Cheltenham, Gloucester talvez. Não tenho certeza, mas por ora, você deve se deitar. Está frio para que fique aqui fora.
- Está viajando?
- Sim.
- Para onde está indo?
- Sul – disse ela, como se a resposta curte e seca bastasse.
Christopher ainda estava fraco e logo teria de se deitar. Olhando para Dulce, porém, sentiu-se como se tivesse criado raízes ali, tomado pela sensação de estar em outro tempo. Era como se os dois tivessem sido tirados da civilização e levados a uma era de cabanas de pedra e lareiras escavadas na parede.
E ele se deu conta de que gostava daquilo, da ideia de estar aos cuidados daquela mulher, tirado do túmulo para uma vida nova. Durante anos, sentira-se sufocado. Sua vida nunca parecera lhe pertencer realmente, e o mapa de seu futuro havia sido ocultado dele. Ainda assim, sempre se sentira preso a honra e ao dever, um escravo, jamais livre para escolher o próprio caminho, viver a própria vida.
Brincou com a ideia de não fazer mais perguntas, de apenas prosseguir com essa mulher rumo a um futuro não traçado. Tudo em Dulce era enigmático e diferente, das roupas ao cabelo e incluindo a maneira direta e confiante como falava. Olhando para os convidativos lábios dela, percebeu que gostaria de beijá-los, de explorar a doçura daquela boca sensual.
Por um momento, entregou-se à fantasia de apagar seu passado e tornar-se uma pessoa diferente. Ninguém saberia quem era, quais eram seus títulos e estirpe. Ninguém o olharia com aquele conhecido ar de curiosidade: qual dos gêmeos era o herdeiro? Qual seria o duque? Perguntas para as quais nem mesmo ele sabia as respostas.
Poderia ser apenas Lóchrann.
Dulce e Lóchrann. Imaginou o que o futuro poderia lhes reservar: uma jornada, descoberta, atração primitiva. E se ele e Dulce se apaixonassem não lutaria contra isso, seguiria seus impulsos. Poderia se casar com ela com ambos trocando votos a sós ao estilo antigo, um ritual quase perdido numa época de publicação de proclamas e licenças para casamento. Tais pensamentos o deixaram curioso ao imaginar como seria o corpo dela por baixo daquelas roupas incomuns.
Christopher afastou os pensamentos de imediato, censurando a si mesmo. Onde estava sua lealdade para com Padraig, seus pais e sua noiva? Por que se esquecera tão facilmente da meiguice de Mira e de seus sorrisos radiantes? Deveria estar enfeitiçado por essa mulher exótica, para esquecer tão facilmente aqueles que os importava de fato.
- Você é alguma espécie de bruxa, Dulce?
Ela hesitou apenas por um momento.
- As pessoas pararam de queimar bruxas há cem anos – retorquiu, áspera. – Com certeza, você não acredita numa tolice dessas.
- Isso não é uma resposta, é?
Ela arqueou uma sobrancelha.
- A mecha branca no meu cabelo é uma marca de nascença. Minha mãe a tinha e a mãe dela também. É uma característica de família, não uma marca de Satã.
Christopher sentiu-se tolo de repente. Talvez por causa da convalescença e da desorientação, estava se comportando de maneira tão primitiva quanto os seus arredores.
- Peço desculpas. Não quis faltar com o respeito.
- Nem imagino por que eu me ofenderia – disse ela, secamente. – Afinal, você apenas perguntou a quem eu venero, a Deus ou ao diabo.
- Peço mesmo que me desculpe. – Christopher deu de ombros. – Entenda, acordei em meio a circunstâncias das mais incomuns, despido, ferido, fraco e sem fazer ideia de onde estou e de como cheguei aqui. Ser informado de que foi por ação de ladrões de cadáveres não é algo exatamente tranqüilizador, não acha? Não posso deixar de me perguntar por que homens levam cadáveres a você e por que me trouxe até aqui.
Notou que ela enrubesceu e soube que tocava num assunto delicado. Evitou perguntar todo o restante exceto aquilo que o inquietava mais, pois o esforço de permanecer de pé já era excessivo.
- Por favor, perdoe todas as minhas impertinências e me diga só uma coisa, sim? Em que ano estamos?
Todo o ar enigmático se dissipou e Dulce adquiriu uma expressão preocupada.
- Você perdeu a memória, Lóchrann?
- Não, acredito que não. – ele gostou da maneira como Dulce o chamava pelo nome e não através de tratamento formal. Era algo despretensioso, descomplicado. Íntimo.
Dulce se aproximou e estendeu a mão como se fosse tocá-lo, como se esse ato tivesse se tornado algo natural para ela, mas então pareceu reconsiderar a decisão e baixou a mão.
- Você está com frio.
- Sim.
- Deve entrar e se deitar diante do fogo.
- Diga-me primeiro.
Ela franziu a testa de leve.
- Estamos em 1806. Agora, por favor, vá se deitar e se aquecer.
Pesar e alívio dominaram Christopher numa estranha mescla de emoções. Sim, tornaria a ver sua família e, não, não estava perdido num mundo diferente onde não conhecia ninguém. Ainda estava noivo de Mira, se casaria e daria netos aos pais.
Era Christopher Uckermann, não Lóchrann. Não desaparecia numa vida nova com aquela mulher. Retornaria para casa e retomaria seus assuntos, sua vida normal. Mas por que, diabos, isso parecia desapontá-lo?
- Não era o que você esperava? – perguntou ela, estudando-o com intensidade. – Em que ano pensou que estivéssemos?
- Suas roupas, este abrigo, achei que talvez... – Christopher interrompeu-se, não querendo admitir alto tão impossível e absurdo.
- Minhas roupas? – ela corou.
- Nunca vi nada parecido, apenas isso. Não quis te ofender. Talvez essa seja a moda no País de Gales? – disse sem jeito e sentindo-se péssimo por ter parecido indelicado. – Você fica adorável nelas – acrescentou. – Combinam com você.
Dulce correu as mãos pelas vestes, e seu rosto refletiu suas emoções: constrangimento, tristeza e orgulho ferido.
- Faço minhas próprias roupas. Não sei costurar bem o bastante para fazer mais algo elaborado do que estas peças. Copiei as formas de antigos vestidos que encontrei no fundo do armário da minha mãe e reformei aqueles que ainda eram úteis para se adequar ao meu tamanho. – Ergueu o queixo com ar desafiador. – Sou pobre demais para me preocupar com o que está em moda e tenho feito o melhor que posso para me vestir com os poucos talentos e tecidos que tenho.
Um silêncio embaraçoso pairou entre ambos.
- Se é tolo o bastante para não saber que deve se abrigar do frio, posso ver porque se confundiu tão facilmente com roupas ultrapassadas – disse ela, sem conseguir ocultar a indignação.
Passando por ele, entrou e foi se ocupar de alimentar o fogo.
Ele era um tolo, pensou Christopher. Tremia de frio àquela altura, mas ignorou o desconforto físico, absorto em seus pensamentos e emoções conflitantes. Apesar de tudo, deu-se conta de que jamais se sentira tão vivo.
Bem, por enquanto é isso... Comentem se puderem, ok? E não desistam de mim, prometo tentar não demorar muito tempo mais.
Beijos!
Autor(a): Soyezinha
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Chester, Inglaterra A chuva fina caía sobre as pessoas que se reuniam diante de uma cripta de pedra, sob o céu cinzento e opressivo. Padraig Uckermann estava ali sem guarda-chuva ou chapéu, ignorando o frio e a umidade. - Abram-na. Os policiais que o acompanhavam encolhiam-se sob os guarda-chuvas, e aquele que estava em poder da chave da cripta fez um ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 49
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
evelyncachinhos Postado em 10/05/2019 - 10:11:53
Aaaaa Continua pff
-
safira_ Postado em 28/06/2016 - 15:57:10
Ei posta mais,amooo muito essa fic
-
emyvondysavinon Postado em 27/06/2016 - 19:12:42
EIIIII!!! Posta mais POR FAVOR! Odeio quando abandonam ainda mais uma fanfic boa dessa!!
-
emyvondysavinon Postado em 04/06/2016 - 10:49:39
Posta Mais!!! Abandona Não!!!
-
juhcunha Postado em 26/02/2016 - 00:01:44
Posta mais
-
talila Postado em 14/02/2016 - 18:18:44
leitora nova!!! Estou apaixonada por essa fic, ela e maravilhosa diferente de td q ja li, AMANDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!CONTINUA.......
-
♛Lyce♛ Postado em 18/01/2016 - 10:51:57
Tudo bem,o importante é vc posta eu amo essa fic sou viciada. Continua eu sempre vou está aqui esperando mais um cap maravilhoso.
-
juhcunha Postado em 17/01/2016 - 21:51:06
Ate que fim posta maisss quero beijo vondy logo
-
millamorais_ Postado em 11/12/2015 - 14:38:53
Ahhh que bom que apareceu, já tava ficando preocupada, achando que ia abandonar a fic rsrs continuoa
-
♛Lyce♛ Postado em 11/12/2015 - 12:23:59
Eu estava com.tantas saudades dessa fanfic amo demais,Christopher já estava pensando em abandonar tudo e ficar com Dulce Rsrsrsrsrsrsrs que poder de sedução e esse que ela desconhece?amei,quero vê o relacionamento dos dois como vai ser daqui em diante,me diz ela vai contar o que o pai dela fazia com os mortos?pq eu estou mega curiosa,continua gatinha.