Fanfic: Segredos Obscuros (Adaptada) | Tema: Vondy

Padraig adentrou na estalagem onde estava hospedado. Rumou para seu quarto, trocando de roupa, munindo-se da espada e da pistola e jogando o manto por sobre os ombros. Deteve-se por um momento, tomado pela estranha sensação de estar com os pensamentos do irmão na cabeça.

Era uma sensação familiar que o fez querer chorar. Ao mesmo tempo, ele não pôde deixar de acalentar a ideia, ainda que vaga, de que Christopher estava vivo e era capaz de lhe enviar aquela peculiar percepção.

Padraig, porém, não era do tipo sonhador. Avaliava a realidade pelo que podia ver, tocar e medir, e no momento queria respostas concretas.

Foi com alívio que recebeu a informação de que Mira Kimball e o pai haviam saído logo após o desjejum. Além de estar irritado e perplexo com a aparente falta de sofrimento por parte da noiva do seu irmão, não estava com tempo, nem paciência para lidar com a tagarelice dela. Havia algo no comportamento da jovem que o incomodava, um brilho indefinível nos olhos que não combinava com a doçura do sorriso. Tinha a impressão de que ela era uma mulher cuja extrema beleza ocultava uma sombria feiúra por dentro.

Afastando-a dos pensamentos, Padraig deixou a hospedaria e reuniu-se a quem pedira que o acompanhassem ao castelo no País de Gales. Rudes, robustos e com roupas de marujos sob os mantos, eram três e estavam bem armados e tinham sido bem pagos. Juntos, fariam com que o anatomista revelasse seus segredos.

Penarlâg, País de Gales

Padraig avançou com seus homens a galope na direção do castelo, uma construção muito antiga e praticamente em ruínas, com os portões de ferro mal parando em pé. Tinha o coração tão disparado quanto o ritmo em que iam os cavalos. O sangue fervia nas veias só em pensar no que queria fazer com o homem e era inevitável que o estômago estivesse em nós diante da terrível expectativa do que poderia encontrar.

Mal pararam e, atraído pelo ruído dos cavalos, um velho saiu correndo do castelo. Usava roupas antigas e puídas e seus cabelos grisalhos eram compridos e desgrenhados. Parecia um eremita enlouquecido, com as sobrancelhas escuras franzidas com um ar carrancudo e sacudindo as mãos no ar.

- Saiam daqui! – berrou ele. – Saiam! Dêem o fora da minha propriedade!

Padraig apontou a pistola para o homem, esperando que este não estivesse insano a ponto de não entender mais o que era o perigo mortal.

- Sei de tudo que o vigia noturno do cemitério de Chester sabia – avisou-o. – Você comprou o cadáver do meu irmão. Estou aqui para buscá-lo.

- Ele se foi! Ela se foi e o levou! Onde está Dulce? Minha Dulce, minha menina. – O homem saltava e agitava os braços freneticamente, puxando os próprios cabelos. De repente, parou com um olhar vidrado e pareceu prestes a ter um ataque fulminante.

- Você está bem, homem? – indagou Padraig. – Está me ouvindo? Eu vim até aqui buscar o corpo do meu irmão.

- Ele se foi – o homem tornou a dizer. – Ela também. Todos se foram.

Ele caiu de joelhos, balançando para frente e para trás, enrolando mechas de cabelos nos dedos ossudos. Começou a gemer e entoar uma espécie de canto em galês.

Outro homem saiu do castelo. Estava sujo, em desalinho e tinha o nariz vermelho e os olhos injetados de um alcoólatra.

- Seu irmão não está morto – disse ele. – O corpo dele foi trazido até aqui, destinado a uma autópsia, mas ele estava vivo. A mulher da casa, a filha deste homem, pegou-o e fugiu de casa.

Padraig baixou a pistola.

- Meu irmão está vivo – disse com suavidade. Lembrou da sensação que tivera, de como fora forte a impressão de sentir a presença de Christopher, e foi dominado por uma onda de intenso alívio. – É claro – falou para si mesmo. – Christopher está vivo.

- Não sei para onde ela o levou – disse o homem. – Tem apenas um cavalo, uma égua velha que não levará os dois para muito longe. Ela colocou seu irmão na parte de trás de uma carroça e levou suprimentos. – Inclinando a cabeça na direção do louco que resmungava sem parar, acrescentou: - Tenha piedade dele, por favor, milorde.

- Esqueça, tudo o que me importa é encontrar o meu irmão.

Padraig observou o horizonte. Havia uma tempestade se formando, mas isso não o impediria. Enviaria uma mensagem aos pais e seguiria rastros. Aonde quer que Christopher tivesse sido levado, ele o encontraria.

Bem, por enquanto é isso... Sinto muito pela demora, estou com muita vergonha por demorar tanto, mas espero que gostem desses posts, e logo postarei mais, ok? Até, beijos!