Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

Depois de rejeitar suas sugestões de chamar o médico da família ou providenciar um helicóptero equipado com UTI, ela pediu uma carona até o hospital.

Oh, sim, e poderiam até usar o carro dela.

Alfonso nem respondeu à sugestão absurda. Depois de telefonar para o hospital e preveni-los sobre sua chegada, acomodou-a em sua caminhonete e, com o aquecedor ligado e a jovem desconhecida reclinada no banco do passageiro, seu casaco de pele de carneiro jogado sobre ela para pro­porcionar calor extra, Alfonso finalmente teve alguns se­gundos para pensar em detalhes.

—Trouxe meu celular — disse. — Quer que eu avise o pai do bebê? Só precisa me dar o número e...

—O pai do bebé não está interessado no que vai acontecer conosco — ela cortou com um sorriso forçado. — Mas se puder ligar para Bea e Millie da Padaria Freemont Springs e avisar que não irei trabalhar amanhã... — A voz tremeu e ele soube que outra contração a castigava.

Alfonso tentou distraí-la.

—Padaria Freemont Springs? Não como um daqueles bolos de rum há anos! Eles ainda fazem biscoitos de aveia com cobertura de chocolate? Minha irmã Josie adora as roscas de leite. Millie faz os melhores pães doces que já provei e...

—Pode parar.

Alfonso fitou-a e viu um sorriso doce, apesar do cansaço estampado no rosto delicado. Era um sorriso encantador, cheio de uma ternura que...

Felizmente estavam chegando ao hospital. Aquela jovem e seus sorrisos não eram de sua conta. Só precisava con­duzi-la à sala de parto a tempo, e depois trataria de esquecer que um dia a encontrara em sua porta.

Enquanto percorria o longo corredor que levava à entrada de emergência, notou que ela agarrava o casaco estendido sobre suas pernas. Quando a jovem mordeu o lábio e fechou os olhos, sentiu que algo oprimia seu peito.

O que poderia fazer por ela?

De repente não pôde conter o ímpeto de tocar o pequeno punho cerrado.

Pele fria. Afagou-a com delicadeza até finalmente brecar na entrada da emergência.

Protegendo os olhos contra as luzes brilhantes, desceu da caminhonete no mesmo instante em que alguém passou pela porta empurrando uma cadeira de rodas.

—Parto?

Alfonso assentiu, mas conseguiu chegar antes da cadeira à porta do passageiro. A jovem encarou-o e ele a tomou nos braços, depositando-a delicadamente na cadeira de rodas. Depois recuou um passo. Muito bem, agora ela era respon­sabilidade de outra pessoa.

A cadeira entrou em movimento.

—   Espere! — Como se uma força estranha o dominasse, pegou o casaco de pele de carneiro e correu para colocá-lo sobre as pernas da jovem grávida.

Enquanto agia, a mão tocou seu ombro.

Alfonso levantou a cabeça.

O brilho intenso das luzes do hospital apagava a cor de seu rosto, mas os cabelos brilhavam como a lua e os olhos, azuis como enormes turquesas, o perturbavam.

—   Obrigada. — Um dedo gelado deslizou por seu rosto.
Em seguida a cadeira de rodas entrou novamente em mo­vimento e ela desapareceu além da porta.

Sentado diante do volante, Alfonso respirou fundo e ten­tou relaxar.

Mas era impossível.

O ar no interior do automóvel retinha o perfume suave e fresco da jovem que acabara de transportar. Abriu a janela para permitir a entrada do ar frio de Oklahoma, mas isso o fez lembrar do dedo gelado em seu rosto e do brilho pra­teado dos cabelos claros.

Sabia que ela ficaria bem.

Ligou o motor e pisou fundo no acelerador para afogar os pensamentos no ronco de oito cilindros. Os problemas que tinha de enfrentar no momento eram mais que sufi­cientes. Não precisava inventar novas dificuldades.