Fanfic: Um Amor de Bebê s2 AyA adaptada (Terminada)

Sem saber o que o esperava, acendeu a luz interna do veículo. Um rubor intenso tingia seu rosto, provavelmente resultado do frio, e a respiração era ofegante.

Rápido, apagou a luz e tentou pensar em outra coisa. A temperatura baixa, o organograma da Oil Works, qualquer coisa, desde que conseguisse esquecer aquela boca carnuda e sensual.

Olhando através da janela para a escuridão da noite, respirou fundo e preparou-se para oferecer uma desculpa vaga. Palavras que a convencessem a sair dali, a afastar-se de sua luxúria quase incontrolável.

Podia dizer que estava preocupado com o trabalho. Ou que estava com dor de cabeça depois do dia cansativo. Só não podia dizer a verdade para explicar a rispidez com que pretendia mandá-la de volta para casa.

Mas ela falou primeiro.

-   Bem, é uma pena que não possa sequer olhar para mim.
O comentário o surpreendeu de tal forma que Alfonso virou-se para fitá-la.

-O quê?

-Estou me esforçando, caso não tenha notado.

-Sim, eu sei.

-   Talvez esperasse uma esposa mais bonita e elegante, uma mulher culta e dotada de conhecimentos sobre etiqueta e arte, mas está casado comigo.

Então era isso? Anahí pensava que sentia vergonha dela?

-Ei, eu não a trouxe para cá para escondê-la. Por não estar satisfeito com a pessoa que é.

-Não vou obrigá-lo a dizer o que está pensando. Sei que ontem à noite fui inconveniente e o incomodei com mi­nha falta de modéstia. Podia abrir uma fábrica de cimento, não acha? Argamassa Anahí.

-Argamassa? Do que está falando?

-   Sei que não é assim que me vê. Compreendi desde o início. Sou apenas um meio para você, não uma mulher, e entendo sua posição. Mas podia ao menos ter jantado.

O estômago roncou e ele aceitou o castigo imposto pela natureza.

-   Mas... a que se refere quando fala que não a vejo... assim? Assim como?

Um ruído abafado brotou de seu peito. De repente Alfonso compreendeu porque a jaqueta parecia mais estofada que antes. Abrindo o zíper, ela exibiu o bebê envolto em um cobertor.

Depois executou movimentos estranhos de contorção e balanço que Michael não conseguiu decifrar na escuridão do automóvel. Houve mais um som indecifrável, um estalido insistente, e Poncho ficou quieto.

Alfonso tinha um péssimo pressentimento sobre o que estava acontecendo.

-   Você... não prefere ter um pouco mais de privacidade? - perguntou.

Anahí virou-se no assento e apoiou o cotovelo onde aco­modara a cabeça de Poncho sobre o joelho.

-O que importa?

-Amamentar um bebê não é algo que as mulheres pre­ferem fazer sozinhas?

-Só levarei alguns minutos. Ele está quase dormindo, e só precisa de um pouco de leite para saciar-se e pegar no sono. Além do mais... duvido que esteja incomodado.